O Lado Escuro da Lua escrita por MaeveDeep


Capítulo 18
Capítulo Dezoito




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O Lado Escuro da Lua – Capítulo Dezoito

Andrew e Isabella foram se sentar com eles poucos minutos depois, o que era, ao mesmo tempo, bom e ruim. Bom, porque Isabella distraiu Apolo, lhe perguntando um milhão de coisas e rindo de tudo o que ele dizia. Ruim, porque Andrew se sentou bem ao lado de Artemis, fazendo elogios nada sutis e tentando parecer despreocupado e casualmente sexy como Apolo.

Com o loiro sentado do outro lado de Artemis, seria praticamente impossível.

— Onde aprendeu a preparar isso tudo? – perguntou a ele, fingindo um sorriso amigável. Kate havia acabado de arrastá-lo para a cozinha, implorando por um mojito.

— Meu pai é dono de alguns bares daqui – ele respondeu, com uma falsa modéstia que não convenceria ninguém. Ou talvez isso fosse só Artemis, indignada que tudo nele lhe parecesse uma cópia fraca e forçada de Apolo. – E os seus pais?

Pela primeira vez em semanas, Gabriel fez algo certo e se aproximou em boa hora.

— Andrew, eu quero ficar fodidamente bêbado – ele ordenou, muito sério, dedo em riste para o garoto. – Então vá lá e me dê a coisa mais forte que tivermos. E com um guarda-chuva em cima, só porque eu posso – acrescentou, impaciente.

Artemis teria sorrido e revirado os olhos se a expressão do garoto não fosse tão decepcionada. Ela deu uma olhada discreta por trás dele, e não encontrou David.

Ah, Deus. Lá vamos nós.

Andrew não demorou a obedecer, mesmo que de má vontade, e seu espaço vago foi imediatamente preenchido por Gabriel, que se jogou no sofá como se desejasse se afundar ali e nunca mais sair.

— Tão ruim assim? – Artemis perguntou, hesitante, o olhando com atenção. Gabriel estava encarando o teto, parecendo ter perdido o sentido da vida, os cachos castanhos apenas uma confusão no encosto do sofá.

— Ele me rejeitou.

— De novo?

Ele virou o rosto para ela.

— Você é um poço de sensibilidade, não é mesmo?

— Quem é você para falar de sensibilidade?

Gabriel suspirou.

— Eu não entendo – comentou, frustrado. – Não sou aluno dele. Tudo bem, dezessete anos mais novo, mas tem diferenças de idade muito maiores por aí, tipo... tipo aquele velho da Playboy e aquelas mocinhas, sabe? E eu não quero que ele se case comigo, não vou cobrar nada assim. Não tenho DSTs, e a minha bunda é a mais linda que eu conheço. Por que não? – ele concluiu, soando genuinamente confuso.

— Gabriel, eu não sei como te dizer isso, mas nem todo mundo é imoral como você – Artemis começou, lentamente. – E também nem todo mundo é tão sedento por sexo. E também nem todo mundo--

— Nem todo mundo é incrível como eu, eu sei.

Artemis suspirou.

— Desista, ou ele vai acabar movendo um processo contra você – resumiu.

Gabriel arregalou os olhos.

— Artemis, eu não posso desistir. Você já olhou para aquele homem? Cara, eu daria para ele em qualquer lugar.

Artemis foi salva de responder por Andrew, que voltou com um copo para Gabriel e se afastou logo.

— Covarde – Gabriel murmurou, depois de virar metade do copo.

— Hum?

— Andrew. Ele morre de medo de que eu dê em cima dele. – Apontou com a cabeça para o garoto em questão, que havia ido se sentar ao lado de Michael.

Artemis deu uma risadinha.

— Você não pode exatamente culpá-lo, pode?

— Ele nem é tão bonito assim – Gabriel se lastimou, virando um pouco mais do copo. Artemis reparou que suas bochechas estavam ficando avermelhadas. – Dou em cima dele porque é divertido, e porque, se ele um dia se render, eu só tenho a ganhar. Certeza de que Apolo não é gay?

O loiro escolheu esse momento maravilhoso para ouvir o próprio nome.

— Como?

— Que tal uma nova experiência hoje? – Gabriel propôs, subindo e descendo as sobrancelhas.

— Eu passo – Apolo o dispensou, antes de juntar as sobrancelhas. – Quanto disso você já bebeu?

— Argh – Gabriel gemeu, sem respondê-lo, voltando a olhar para Artemis como se ela pudesse ajudá-lo de alguma forma. – Se você fosse um homem gostoso e cheiroso de trinta e poucos anos, para onde iria depois de ter bebido uma garrafa inteira de vinho e dado um fora fenomenal num pobre garoto?

— Você parece bem coerente para alguém que virou uma dose dupla de uísque em menos de cinco minutos – Artemis apontou. – E eu iria para bem longe desse garoto. Gabriel, ele já disse não duas vezes – o lembrou, de forma suave.

— Então vai acabar dizendo sim – Gabriel concluiu, sabe-se lá como. – Não é possível. Sexo bom e de graça, quem recusaria?

Apolo riu.

— Com você? Eu.

— Você leva a Artemis para a cama e depois a gente conversa, tudo bem? – Gabriel disparou, com um gesto de dispensa com a mão, e Apolo riu.

— Acho que ele voltou para o dormitório – o loiro disse, com uma olhadela para a expressão séria de Artemis. – Provavelmente foi pegar suas coisas para voltar para casa.

Gabriel tinha um sorriso agradecido no rosto quando se levantou.

— Ah, uma caminhada agradável. Divirtam-se, vocês dois – disse, piscando para Apolo de forma óbvia e caricata antes de se afastar.

— Acho lindo que vocês se divirtam às minhas custas – Artemis suspirou. – E David não vai abrir a porta para ele.

— Eu também não abriria.

— Você sabe o que aconteceu da outra vez? Esse não é o primeiro fora do Gabriel, mas ele não quis me contar o que houve da primeira vez.

— David não fala comigo sobre isso.

— Sorte a sua – Artemis comentou, observando Isabella se levantar de seu lugar e ir até onde Emma estava. – Bella ficou chateada porque você deixou de falar com ela – observou.

— O que eu posso fazer? Escolher entre você e ela... – ele deu de ombros. – Não é uma competição justa.

Artemis não pôde evitar sorrir, enlevada pelo súbito elogio.

— Ela com certeza sairia com você amanhã. Eu não vou – deixou bem claro.

— Essa sua negação está me cansando. Por que não aceitar logo que está interessada? – ele pareceu frustrado, e Artemis achou ter entendido a pergunta por trás.

Sou tão ruim assim?

Talvez fosse impressão sua. Apolo não era o tipo de garoto que se sentiria mal por não ser suficiente, era perfeito.

— Em você? Sem chance.

Apolo franziu os lábios, seus olhos a observando com toda a atenção do mundo.

— Queria que você visse a forma que você me olha – comentou, em tom baixo. – Não dá para acreditar que não está interessada, Artemis.

Seu estômago se contraiu, e Artemis sentiu o rosto esquentar.

— Então é verdade que as ruivas coram fácil – ele constatou, como se não fosse nada demais, ainda naquele tom baixo, o canto de seus lábios se curvando para cima.

Artemis procurou pelo que dizer.

— Qualquer garota dessa cidade se acharia a garota mais sortuda do mundo se você a chamasse para sair. Eu sou a única que não quer. Por que você não escolhe o caminho mais fácil e me deixa em paz?

Ele estudou seu rosto.

— Porque eu não sou do tipo que pega o caminho mais fácil. E, Artemis, você quer sair comigo. Por que não iria querer? – Ele parou, e então teve uma ideia.  – Eu quero três bons motivos.

— Eu não devo satisfações a você! – Artemis se defendeu, indignada.

— Deve sim, se quer que eu pare de insistir. Três bons motivos.

Artemis encarou aquele rosto perfeito, se lembrando da sua risada e do seu cavalheirismo. Procurou por pelo menos uma razão plausível, e não encontrou nenhuma.

— Hum, você apareceu seminu aquele dia – tentou.

Apolo pareceu surpreso.

— Eu pedi três motivos para não sair comigo, e não o contrário.

— Você se tem mesmo em alta conta, não é? – Artemis o encarou, cética.

— Você chegou a me ver ou estava muito ocupada sendo insuportável?

É claro que Artemis o vira. Lembrava-se bem demais do abdômen magro, da pele bronzeada, dos músculos firmes e dos ossos do seu quadril. O jeans estava mal preso pelo cinto de couro, e a garganta dela secava só de pensar naquilo.

— Por que desceu daquele jeito?

— Eu estava me trocando quando vocês chegaram, e não quis deixá-las esperando. – Ele sorriu. – Até então, ninguém tinha reclamado.

— Eu preferiria ter sido deixada esperando – Artemis comentou, com toda a dignidade que conseguiu.

Apolo riu.

— Artemis, você mente muito mal. Mas vamos lá, mais dois motivos. Ou três, porque esse aí não foi convincente.

— Apolo, eu não quero sair com você. Fim.

Por algum motivo, ele sorriu e inclinou a cabeça para o lado.

— Não conseguiu pensar em nenhum motivo, não é?

— Você é uma criança patética.

 Apolo teve a ousadia de se aproximar.

— Você só precisa dizer sim.

— Eu não vou dizer – ela o fuzilou com o olhar.

Ele pareceu exasperado.

— Está se recusando a dizer algo que nós dois já sabemos, ou seja, que você me quer. Por que não seguimos em frente?

Porque eu não posso. E eu sempre menti muito bem, e me livrei de todos aqueles que me perturbaram. Não sei por que não consigo fazer isso com você.

— Apolo, você é a pessoa mais irritante que eu já conheci.

— Passei o Gabriel? – E ele levantou as sobrancelhas, ofendido.

Artemis não queria sorrir, mas ele era tão lindo, e estava tão perto. Ela podia sentir que o corpo dele seria morno se ela o tocasse, e se assustou quando sentiu uma pequena parte de si querendo fazer isso.

— Eu preciso subir – disse, mordiscando seu lábio inferior. Apolo desviou sua atenção de seus lábios para seus olhos, parecendo decepcionado.

— Foi um convite? – Tentou.

— Com certeza não. – Ela se levantou, pela primeira vez, em muito tempo, tendo dúvidas se estava fazendo a coisa certa. – Boa noite, Apolo – disse, sem nem pensar.

— Boa noite, Artemis. Até amanhã – ele acrescentou, com um sorriso.

Enquanto subia as escadas, Artemis se perguntou quando foi que havia se tornado tão boba.

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Notas finais do capítulo

E foi aqui - nesse ponto dramático - que o Nyah! apagou a primeira versão de OLEDL porque as minhas notas da autora não estavam nessa caixinha. Perdi mais de quinhentos reviews e seis recomendações. Falem-me sobre aprender com os erros, porque DEUSES - nunca mais abandono essa caixinha cinzenta e.e Gostando, amores?