Wake Up escrita por Neli


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira fic que escrevo me baseando em algum anime, mangá, série ou qualquer outra obra. Sempre tive completo bloqueio para escrever usando personagens de outros, mas pela primeira vez consegui *O*

Originalmente era pra ser um único capítulo, mas como ia ficar absurdamente grande, resolvi dividi-lo em três. Postarei os outros dois em alguns dias ^-^

Como eu disse essa é a primeira vez que escrevo usando personagens de alguma história que amo, então estou meio insegura .-. De qualquer forma espero que gostem >_



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Ele estava sempre me observando. Me analisando, procurando qualquer sinal, seja de alegria, desagrado, ou o que for. Eu sabia que era uma pessoa de poucas expressões, uma pessoa que dificilmente conseguia demonstrar algum tipo de sentimento ou emoção, mas de alguma forma aquela pessoa conseguia decifrar até mesmo os sinais mais imperceptíveis, conseguia enxergar até os sentimentos que eram desconhecidos a mim mesmo. Ele me via com uma clareza e facilidade que eu nunca imaginei ser possível. Dizia ele que isso era consequência do fato de ele me amar, de eu ser a pessoa mais importante da vida dele e que por isso era impossível para ele perder mesmo a menor das expressões, a mais insignificante das reações. Afinal ele queria saber tudo sobre mim. De todas as maneiras possíveis.

No começo eu não conseguia compreender o que ele dizia. Eu sabia que o que eu sentia por ele não era uma simples amizade, pelo menos isso consegui perceber por mim mesmo, mas nunca havia cogitado a possibilidade de ser este tipo de sentimento. Que um dia poderíamos ter este tipo de relação. Mas, pensando bem, mesmo quando éramos crianças, talvez tudo o que vivemos e passamos foi para esse momento. Para descobrir esses sentimentos, e nos dar coragem necessária para dar esse passo.

Ainda me lembro bem da primeira vez que ele disse que me amava, que sentia mais do que uma simples amizade por mim, que me desejava de uma forma nada puritana. Eu fiquei surpreso. Não só por sua declaração, mas por notar que ela não havia me deixado enojado ou aterrorizado, como a razão me dizia para ficar. Surpreso por notar que aquela declaração, feita de forma firme, porém obviamente envergonhada, havia me deixado, de alguma forma, feliz. Eu estava feliz por saber que o Rin me queria, me amava como mais do que um amigo, que eu era realmente especial em seu coração e em sua vida, que eu de fato possuía um lugar em seu coração que jamais poderia ser roubado ou abandonado.

E quando me dei conta disso não pude evitar abraça-lo. Foi uma decisão impensada e impulsiva, e pude notar que essa era a última coisa que ele poderia esperar. Ele tremia em meus braços, prova do quão nervoso estava ao dizer aquilo, do quão assustado ele estava com a ideia de que eu pudesse rejeitá-lo também como amigo. O que ele não sabia, e nem eu mesmo entendia naquele momento, era que eu jamais poderia rejeitá-lo, de nenhuma forma. Seu rosto vermelho, seu olhar baixo, o modo como seu corpo tremia...tudo isso só fez com que eu o abraçasse mais forte, mais desesperadamente. E segundos depois ele pareceu entender que aquilo estava de fato acontecendo. Seus braços subiram por minha cintura até se agarrarem as minhas costas, retribuindo meu abraço com uma força e necessidade muito maiores do que eu esperava. Não sei dizer por quanto tempo ficamos daquela forma, agarrados um ao outro como se nossas vidas dependessem disso, apenas posso dizer que em certo momento pude sentir as lágrimas dele molhando meu ombro, enquanto sentia meu próprio rosto se tornar úmido. Eu podia ainda não entender bem o que se passava em meu próprio coração, mas tinha certeza absoluta de que, fosse o que fosse que nos esperasse no futuro, eu jamais deixaria que aquela pessoa saísse da minha vida novamente. Eu o queria perto de mim, aonde eu pudesse toca-lo, ouvir sua voz, nadar com ele. E eu jamais permitiria que ele fugisse de minha vida como havia feito anos atrás. Eu jamais sentiria aquela dor e desespero novamente. Jamais!

Aos poucos fomos nos acalmando até nos darmos conta de nossa situação. Quando finalmente decidimos nos afastar o suficiente para olharmos nos olhos um do outro pude ver o medo e a gratidão em seus olhos. Medo do que viria a seguir, mas gratidão por eu não tê-lo afastado. Depois de alguns segundos ele pareceu ter uma ideia. Uma de suas mãos tocou meu rosto com delicadeza. Seu olhar era penetrante e seus lábios se aproximavam dos meus em uma velocidade que me pareceu assustadoramente lenta. Eu fiquei paralisado. E, por um instante, assustado. Assustado com o que viria a seguir, com os sentimentos que poderia descobrir com aquele gesto e, novamente de maneira impensada e impulsiva, o afastei. Me arrependi imediatamente de tê-lo empurrado mas já era tarde demais. Pude perceber facilmente sua expressão surpresa e logo depois magoada. Ele baixou os olhos e mordeu um dos lábios obviamente chateado, mas fazendo o possível para não me deixar perceber. Tentei dizer algo, que sentia muito, que não tinha sido minha intenção magoa-lo, qualquer coisa! Mas as palavras simplesmente se recusavam a sair. Ele deve ter percebido meu desconforto, pois forçou um pequeno sorriso e disse com toda a confiança e controle que pôde juntar em poucos segundos:

– Não se preocupe Haru. Eu sei que você deve estar confuso com tudo isso...o que eu disse deve ter sido completamente inesperado, e eu já estou grato e feliz o bastante por saber que você não ficou enojado ou com raiva pelo que sinto. – seu olhar estava no chão e seu sorriso era fraco - Afinal eu nunca tive esperanças de tê-lo mais do que como um amigo...mas ao mesmo tempo eu não podia mais suportar ficar ao seu lado sem dizer claramente o que sinto. – ele respirou fundo e me olhou nos olhos - Mas não precisa se preocupar. Eu não estou pretendendo fugir ou me afastar de você novamente...nem seria capaz eu acho. – riu de maneira triste. Seus olhos vermelhos se fecharam por um instante e ele pareceu pensar no que diria a seguir – Não...precisa me dar uma resposta. Sei que sempre serei apenas um amigo pra você, e isso é o bastante pra mim. Eu apenas queria que você soubesse o quão importante e querido você é...sempre foi...e sempre será.

Dizendo isso ele se virou e começou a andar. Seus passos eram firmes, mas suas costas estavam curvadas, como se, mesmo que ele tivesse dito tudo o que queria, o peso do mundo ainda o pressionasse para baixo. Pude sentir meus olhos se arregalarem ao mesmo tempo em que novas lágrimas surgiam. Não conseguia acreditar no que havia acontecido. Não conseguia entender porque não havia dito nada! Confusão não parecia um motivo bom o bastante para ter permitido que ele partisse daquela forma. Senti minhas pernas fraquejarem e meu corpo cair de joelhos no chão. Não conseguia mais manter a expressão fria e impassível que sempre fora minha companheira. Me sentando no chão e abraçando meus joelhos comecei a chorar como uma criança. Estava em um parque perto da minha casa, já era tarde e provavelmente ninguém apareceria ali naquele momento, e eu provavelmente não conseguiria chegar em casa naquele estado, então me permiti desabar ali mesmo. Chorar e dessa forma tentar colocar para fora tudo o que estava sentindo, todos os sentimentos ignorados e escondidos durante anos, todo o medo e frustração. Tudo.

Não sei quanto tempo passei ali, nem como consegui juntar forças para ir para casa, mas assim que cheguei em meu quarto tudo o que pude fazer foi dormir. Um sono profundo e sem sonhos que tinha a única finalidade de me fazer esquecer, pelo menos por algumas horas, a expressão triste e os ombros curvados daquele que a muito tempo havia se tornado o mais comum visitante dos meus pensamentos e sonhos.


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