A sexta gravidez de Molly foi a mais inesperada de todas, a guerra estava no auge, tínhamos perdido familiares recentemente, além de ter um bebê com menos de um ano em casa. Confesso que foi a gravidez que menos comemorei não por não gostar da ideia de mais um filho, mas pelas circunstancias em que ele chegaria, pelo medo da guerra que só piorava e principalmente pela incerteza do futuro. Eu quase não parava em casa nessa época e não acompanhei muito a sexta gestação da minha mulher, tão pouco tive expectativa sobre o sexo do bebê, a experiência anterior me fez desejar apenas que nosso bebê nascesse saudável e se fosse outro menino seria muito bem vindo.

            Obviamente o destino gosta de pregar peças e quando entrei em meu quarto naquela tarde de terça-feira de agosto para conhecer o mais novo Weasley fui pego de surpresa por estar diante da primeira Weasley nascida em décadas. O sorriso de Molly era tão intenso que nada mais importava. E quando eu a segurei pela primeira vez, aquela sensação fantástica de pura felicidade estava ali novamente, e durante aqueles minutos olhando minha filha não havia mais nada no mundo, a guerra não importava, as preocupações e inseguranças não faziam o menor sentido.

            Ginevra Molly Weasley não foi um bebê miúdo, pelo contrario ela nasceu forte e com uma saúde de ferro, minha princesa foi um pequeno sonho realizado assim como um novo desafio em minha vida. Quando se esta acostumado a seis garotos a chegada de uma menina parece algo realmente desafiador, mas por mais que Gina fosse minha princesa ela nem sempre agia como uma. Claro que dos sete ela foi a mais mimada, tanto por mim - que sempre fiz o possível para atender suas vontades, fosse na hora de escolher o conto que iria ler para ela e os irmãos na infância ou em outra coisa - tanto pelos irmãos.

            Veja bem quando minha caçula nasceu Gui já era grandinho e muito zeloso em relação aos irmãos então não foi nenhuma surpresa que ele tivesse um instinto protetor um pouco maior em reação a única menina da casa, ela por outro lado cresceu tendo uma grande admiração pelo irmão mais velho. Carlinhos não ficava atrás e nunca foi de negar as vontades irmãzinha, Percy  do jeito dele pensava nela e em seu futuro sempre querendo ser um bom exemplo para a mais jovem se espelhar. Fred e Jorge eram os irmãos para diversão e apontavam com todos menos com ela. Bom Rony e Gina tinham uma diferença de idade realmente pequena e isso sempre gerou certos conflitos entre eles, mas de todos os irmãos ele sempre foi o mais ciumento em relação a minha menina e claro que nunca pensou duas vezes antes de protege-la.

            Era de se esperar que Gina fosse o tipo de mulher delicada já que contou sempre com tanta proteção ao longo da vida, mas desde que nasceu eu vi a força da minha esposa nela, então nunca me deixei enganar por sua aparecia frágil. Claro que ela teve sua fase de inocência, uma inocência em alto nível que foi quebrada de uma maneira cruel com todos os acontecimentos envolvendo o diário de Tom Riddle. Ah! O incidente com a Câmara Secreta a assombrou por um bom tempo, durante o verão ela teve pesadelos e mesmo durante nossa viagem ao Egito pude ver em seus olhos o quanto ela estava abalada.

            Mas sendo filha de quem é não me surpreendi quando ela se torou forte e destemida, era como se ela tivesse um pouco de cada integrante de nossa família. Era inteligente, simpática, autoritária quando queria, ao mesmo tempo que tinha uma personalidade forte também tinha o humor aguçado como os gêmeos, sem contar o grande talento para quadribol. Em Hogwarts jogou como apanhadora e como artilheira, sem contar a carreira como jogadora profissional incrível que teve no Harpias, para que começou treinando escondido dos irmãos minha filha se mostrou um talento nato e claro que essa paixão pelo esporte a seguiu depois da sua aposentadoria dos campos. Eu guardo todas as matérias que ela escreve como correspondente sênior de quadribol do Profeta Diário.

            Mas não é apenas no esporte que ela nos deu orgulho Gina é uma grande bruxa e entrou para Armada de Dumbledore, invadiu o Ministério com os amigos, lutou na invasão da escola e mesmo que contra minha vontade lutou na batalha Hogwarts. Não existe nada que ela tenha feito que não tenha me dado orgulho.

            - Você esta linda. – não era por ser um pai coruja, não era para agradar minha filha estava realmente ainda mais linda do que já era.

            - Obrigada. - ela sorriu de um jeito tão parecido com Molly que sorri de volta involuntariamente. – Não acredito que esse dia chegou! Estou começando a ficar nervosa. – eu sabia que ela sonhava com aquele momento desde  menina.

            - Não tem motivos para ficar. Harry ama você, tudo esta em paz agora. Vocês serão muito felizes filha. Sem contar com o numero de Weasley que ele vai ter que lidar caso não faça você feliz. – brinquei e ela riu.

            - Vendo por esse lado, acho que ele vai continuar me fazendo feliz.

            - Esta pronta?

            - Estou.

Ela segurou meu braço e iniciamos nossa caminhada em direção ao jardim onde os convidados nos esperavam, ali caminhando com ela em direção ao homem que ela havia escolhido amar – desde que era uma menina - senti meu coração apertar.

            Harry era um bom homem e bem antes dele começar a se relacionar com ela eu já o considerava como parte da família, sabia que nenhum outro merecia minha filha mais do que ele, os dois se amavam e eu sabia que ele a faria feliz. Ainda sim era como se não estivesse pronto para entregar minha menina. Independente do quanto havíamos passado, do quanto ela havia crescido e lutado nessa vida ela sempre seria minha menina, a mesma que inúmeras vezes segurei no colo e que contava contos para dormir.