Amores De Uma Vida escrita por Sany


Capítulo 7
Rony


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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Confesso que após o nascimento dos gêmeos e com a guerra do jeito que estava não pretendíamos ter outro filho, seria o mais racional afinal nosso mundo estava cada vez mais perigoso e minha situação financeira estava cada vez mais complicada, porém parte de mim desejava tentar mais uma vez, tentar uma menina quem sabe já que com cinco garotos correndo e aprontando em casa esse era um sonho de Molly e o meu também. E embora tivéssemos a consciência que não era a melhor hora para um bebê nunca tentamos impedir a chegada de um sexto filho.

Dessa forma pouco mais de um ano após o nascimento dos gêmeos Molly me contou que estava gravida e se existe algo que posso afirmar com todas as letras é que embora estivesse preocupado fiquei imensamente feliz. Ouvimos muitas criticas de familiares naquela época, mas nada diminuiu minha alegria nem poderia, minha mulher estava esperando mais uma prova do nosso amor e isso era a única coisa que importava.

Estávamos mais do que preparados para a gestação de Molly, dessa forma os meses seguintes foram tranquilos nesse ponto, financeiramente estávamos passando por uma situação delicada, então ter guardado grande parte das roupinhas usadas pelos gêmeos tinha sido muito útil, embora minha mulher tenha tricotado algumas roupinhas novas, na cor rosa caso tivéssemos uma menininha. Estaria mentindo se dissesse que não esperava por uma menina afinal depois de cinco meninos é inevitável pensar assim e mesmo não falando em voz alta Molly desejava também.

E foi em uma manhã de sábado no primeiro dia de março que Molly entrou em trabalho de parto e embora sua gestação tenha sido tranquila foram preciso cerca de dez horas de espera antes de ouvir o choro do meu sexto filho pela primeira vez. Pouquíssimas pessoas sabem, mas quase o perdemos naquele dia. Assim que entrei em meu quarto após ouvir uma movimentação estranha pude ver minha mulher deitada, mas diferente das outras vezes não ouve choro e ela não segurava nenhum bebê. Lagrimas estavam em seus olhos ao invés do sorriso radiante e aquilo me deixou inquieto.

— Ele não chorou Arthur! Ele não chorou! Minha tia o levou e ele não chorou ainda! – senti um aperto no peito assim que ouvi aquelas palavras.

— Vai ficar tudo bem querida. – sentei ao seu lado, sentindo um medo diferente de qualquer outro, um medo que ainda não tinha sentido antes e desejei acreditar em minhas próprias palavras.

Apenas alguns minutos depois que ouvimos aquele som estridente vindo do outro quarto, e confesso que aqueles minutos de espera me pareceram horas, não tenho como descrever o alivio que senti ao ouvir aquele choro. Então lá estava ele sendo entregue a Molly ainda chorando com toda força, minha esposa sorriu assim que o segurou em seus braços e foi o sorriso dela que acalmou meu coração. Foi ai senti aquela alegria sem tamanho. Não sei se foi o susto, mas ali minutos depois segurando meu filho nos braços ele parecia a coisa mais frágil do mundo. E pela primeira vez senti de perto a certeza que por mais que eu tentasse proteger meus filhos do mundo havia coisas que não estavam sobre meu controle.

Ronald Abílio Weasley sempre foi o mais complexo dos meus filhos, não entenda errado, quando digo complexo não é em um sentido ruim, a verdade é que nunca consegui entende-lo de fato. Talvez tenha sido erro meu ou talvez não tenha tido tempo suficiente para ele, mas nunca consegui entende-lo como fiz com os outros.

Talvez tenha sido por ironia do destino, mas Molly sempre disse que Rony foi o mais chorão de nossos filhos quando bebê, embora assim como ela eu saiba que por mais dedicada que ela fosse ela não pode dar a atenção que ele exigia naquela época tínhamos outros cinco filhos em idades variadas exigindo constantemente sua atenção e o fato dela ter ficado gravida alguns meses depois de nascimento de Rony deixou essa tarefa ainda mais difícil.

Rony nasceu em uma época complicada, a guerra tinha atingido seu auge, Molly perdeu os dois irmãos pouco depois que nosso filho nasceu, o ministério estava uma verdadeira loucura e eu tinha que trabalhar horas a mais que meu horário habitual quase todos os dias. Menos de dois anos após seu nascimento a guerra teve seu fim e embora o mundo magico estivesse em festa, muitas coisas ainda tinham que ser organizadas, dessa forma continuei com minha rotina de trabalho bem atarefada e acabei perdendo os grandes feitos do meu filho em seus primeiros anos.

Não consegui ouvir a primeira palavra tão poucos as que vieram depois incluindo papai, não vi os primeiros passos e confesso que nos primeiros dois anos dele vi Rony mais dormindo do que acordado e não me orgulho disso.

Rony sempre foi sozinho em meio a todos os irmãos, a diferença de idade entre ele e meus dois filhos mais velhos nunca permitiu um laço de amizade suficiente entre eles, Percy sempre preferiu os livros e não parecia disposto a brincar com o irmão caçula e os gêmeos tinham um ao outro e preferiam aprontar com o irmão a realmente deixa-lo participar de algo. E como disse anteriormente nunca consegui entende-lo de fato, sei que não foi fácil para ele e que muitas vezes ele se sentiu pressionado a ser como os irmãos. Posso afirmar que tive filhos incríveis e não digo isso apenas como pai cada um a seu modo era especial, cada um tinha algo que fazia incrivelmente bem, e com cada um tive algo em comum para compartilhar, algo que de certa forma nos unia, exceto talvez com Rony que muitas vezes parecia perdido.

Desde pequeno ele adorava quadribol como a maioria dos garotos, mas diferente de Carlinhos que torceu para vários times no decorrer da infância Rony sempre teve um time de coração os Chudley Cannons era seu time de coração desde pequeno.

Por volta dos quatro anos Rony começou a jogar xadrez algo que passou a jogar tão bem no decorrer dos anos que nunca presenciei uma derrota dele, embora tenham sido poucas as vezes em que o vi jogar. Ainda me lembro de quando ele começou a jogar tínhamos ido visitar meu pai, era um dia ensolarado de verão, mas diferente dos irmãos Rony não estava no quintal aproveitando o sol, e me surpreendi ao encontra-lo com meu pai aprendendo aquele jogo que confesso nunca tive muito interesse em aprender, mas que sabia as regras e movimentos.

Embora meu pai nunca tenha admitido Rony era seu favorito e ele nunca se importou em ficar horas ensinando o neto a jogar, meu filho adorava a atenção que meu pai destinava a ele naqueles momentos. E eu por outro lado sentia certa inveja da relação dos dois, já que não tinha algo assim com ele. Infelizmente esses momentos não duraram tanto quanto ambos gostariam e meu pai veio a falecer quando Rony tinha sete anos, aquilo abalou meu menino assim como a mim e a única coisa que pude fazer foi dar a ele o velho jogo de xadrez do meu pai. E embora ele reclamasse que era de segunda mão eu sabia que ele não trocaria aquele jogo por nenhum outro, hoje em dia o velho jogo esta no escritório da bela casa que ele divide com a família que formou.

Assim como os irmãos aos onze anos ele recebeu sua carta para começar Hogwarts e ficou extremamente feliz com ela, que bruxo não fica? Ele estava prestes a começar uma nova fase da sua vida, infelizmente nossa situação financeira naquela época não era uma das melhores e naquele ano não conseguimos comprar nada novo para o mais novo estudante da casa. Já que naquele ano Percy virou monitor e além da coruja que escolheu de presente precisou de novas vestes, os gêmeos precisavam de livros que mesmo de segunda mão custaram mais caros do que calculamos, e desse modo ele iniciou o seu primeiro ano com as vestes e os livros dos irmãos, a varinha que um dia tinha sido de Carlinhos e o rato velho de Percy.

Naquele primeiro de setembro não pude acompanhar meus filhos a estação e embora lamentasse não poder ver Rony embarcando pela primeira vez por precisar ir trabalhar fiz questão de me atrasar para vê-lo sair de casa. Você deve estar me achando um péssimo pai para com meu ultimo filho, mas eu o amei da mesma forma que os outros e sempre desejei que em Hogwarts ele conseguisse se achar, e ele se achou.

A amizade com Harry foi algo maravilhoso, pela primeira vez ele tinha um amigo e mesmo sem se destacar ao lado dele pela fama do garoto que sobreviveu a amizade deles foi algo além, ambos salvaram um ao outro literalmente falando e são praticamente irmãos, poucas amizades são tão verdadeiras assim.

Mas não foi apenas ao nascer que Rony me fez sentir medo de perdê-lo, a cada ano um novo perigo surgia. Descobrir que meu filho ganhou uma das melhores e mais difíceis partidas de xadrez dos últimos anos em Hogwarts para ajudar os amigos a impedir que a pedra filosofal caísse em mãos erradas me deixou orgulhoso claro, assim como saber que ele tinha tentado salvar a irmã na câmara secreta, mas isso também me assustava afinal meu filho vinha demostrando uma coragem que sem duvida colocava sua segurança em risco e ano após ano isso só veio se mostrando mais nítido. Ele esteve envolvido no ocorrido na casa dos gritos e na batalha do ministério isso tudo antes mesmo de completar a maior idade bruxa.

Alias exatamente dezessete anos após temer perde-lo pela primeira vez quase o perdi novamente, ser chamado em Hogwarts porque seu filho foi envenenado é algo que assusta e vê-lo frágil em uma cama da uma sensação de impotência que eu confesso ter sentido mais vezes do que gostaria nos últimos anos. Obviamente aquela não foi a ultima vez, quando a guerra enfim estourou no verão de 1997 ao mesmo tempo em que senti orgulho por ele acompanhar os amigos em uma missão que eu nem ao menos sabia sobre o que era, senti medo afinal Harry era o mais procurado por Você-Sabe-Quem e meu filho estava com ele.

Foram meses sem noticia em um tempo onde pessoas desapareciam todos os dias, onde ninguém estava seguro, e devo dizer que poucas coisas são piores do que a angustia de não saber onde e como esta um filho, de pensar se você o verá novamente com vida, a falta de noticia é angustiante e por mais que eu tentasse convencer Molly que eles estavam bem, que saberíamos se o pior acontecesse eu sabia que era em vão, já que nem eu mesmo acreditava nisso.

A guerra não o levou de mim e hoje ele é um homem feito, pai de família e bruxo conhecido, eu o amo e me orgulho dele dia após dia. Ainda não o entendo como gostaria, mas de certa forma penso que talvez hoje ele me entenda um pouco mais.

— Você prefere o Hugo. – assim ouvi a afirmação da minha neta parei próximo a porta aberta do jardim.

— Mas é claro que não, amo vocês dois igualzinho. – observei Rony sentado no degrau ao lado da pequena.

— Não ama não. – se existe algo que minha neta havia herdado de Hermione era a convicção com que afirmava algo.

— Rosa, não seja injusta você sabe o quanto o papai te ama.

— Então por que só ele foi ver o jogo com você?

— Não planejei ir ao jogo filha, foi de ultima hora. Você estava com a sua mãe, e tenho certeza que se divertiram também.

— Você só sai com o Hugo pai esse é o problema. – ela se levantou passando por mim como um foguete sem ao menos me ver.

— Rosa! – Rony chamou em vão pela filha, me aproximei e observei o semblante cansado do meu filho. – Oi pai.

— Problemas? – perguntei me sentando ao lado dele onde Rosa estava alguns segundos atrás.

— Ela anda enciumada ultimamente, colocou na cabeça que amo mais o Hugo.

— E você ama? – eu sabia a resposta, mas perguntei mesmo assim.

— Não! – disse rapidamente e sorri – Amo os dois da mesma forma, mas com Hugo e mais fácil ele se parece comigo, gosta das mesmas coisas, Rosa se parece com a Mione, e esta crescendo. Não é fácil agrada-la, odeio vê-la assim não sei o que fazer.

— Amamos os filhos igualmente sempre, mesmo eles sendo diferentes, as vezes um é mais fácil do que outro, se parece mais com a gente, mas isso não muda o que sentimos e uma hora ela vai entender. – ele concordou com a cabeça.

Naquele momento soube que ele me entendia um pouco mais, entendia que eu sempre o amei da mesma forma que os outros, por mais que nossa relação fosse diferente, um pouco mais distante eu o amava da mesma forma.


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