Amores De Uma Vida escrita por Sany


Capítulo 6
Fred e Jorge.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471326/chapter/6

Quando Molly anunciou sua quarta gestação muitos nos consideraram loucos. Nosso mundo estava uma loucura, boatos indicavam que Dumbledore estava formando uma ordem para tentar combater Você-Sabe-Quem, mortes ficavam cada vez mais frequentes a cada dia, e o ministério estava cada vez mais preocupado com a situação.

Embora eu temesse todos os dias a guerra que estava cada vez pior, Molly e eu não podíamos estar mais felizes, uma criança é uma dadiva e se nos deram esse presente o receberíamos de braços abertos, Além da guerra cada vez mais eu vinha me preocupando com nossa situação financeira, meu salario não era alto e com três crianças em casa já não estava sendo fácil, não tinha como oferecer muita mordomia aos meus pequenos, Molly por outro lado dizia que as coisas ficariam bem e que daríamos um jeito.

A quarta gestação de Molly não foi fácil, ela ganhou mais peso, e sentiu mais dores do que as demais, os tempos eram difíceis e não podíamos nos dar ao luxo de ir ao St. Mungus. E foi em uma manhã antes de sair para o trabalho que Molly sentiu as primeiras contrações, o pânico foi imediato já que estávamos esperando o bebê para meados de maio e ainda era primeiro de abril. Foram cerca de duas horas de espera antes de entrar no quarto e ter a maior surpresa da minha vida.

Pude ver Molly sentada na cama com dois pequenos embrulhos um em cada braço. Fred e Jorge Weasley nasceram idênticos dos pés a cabeça o que incluía os já conhecidos e marcantes cabelos ruivos da família.

— São dois Arthur! São gêmeos, – foi a primeira coisa que Molly me disse quando me viu parado na porta. – Você esta bem Arthur?

A verdade era que eu estava sem palavras, me aproximei devagar e sentei ao lado da minha mulher, o amor da minha vida e vi aqueles dois bebês tão pequenos e frágeis, os gêmeos nasceram tão pequenos que tive medo de segura-los naquele momento.

— São dois! – não pude deixar de sorrir ao vê-los. – Eu estou feliz em dobro. – Molly sorriu também.

Naquele momento iniciávamos uma nova fase em nossas vidas, quem é pai de gêmeos sabe o quanto a rotina muda com dois bebês de uma só vez, e em nosso caso ainda tínhamos mais três filhos. Ser pai de gêmeos é uma experiência única, vê-los crescer foi diferente dos meus outros filhos. Desde o momento em que nasceram Fred e Jorge tinham uma ligação única, uma parceria acima de qualquer outra sempre foram mais do que irmãos eram amigos quase um só.

Nunca conseguimos separa-los quando crianças era sair com um para o jardim e deixar o outro dentro de casa que começavam a chorar, eles falaram sua primeira palavra no mesmo dia e andaram no mesmo dia. Na infância quando um ficava doente podíamos esperar que o outro logo ficaria também, além de idêntico tinham os mesmos gostos e dividiam tudo um com o outro. Mas acima de tudo juntos eles eram a diversão da família, embora também tenham sido responsáveis por minha calvície devo confessar.

Eles sempre aprontavam juntos também, perdi a conta de quantas vezes os colocamos de castigo, ou melhor, Molly os colocou de castigo. Por mais irônico que seja eu costumava achar graça nas peças e artes que eles faziam e de como eles usavam sua inteligência para aprontar, ou criar coisas então posso contar em uma mão quantas vezes realmente briguei com eles. Se fechar meus olhos ainda posso lembrar-me dos barulhos estranhos que sempre vinha do quarto dos dois.

Molly nunca os confundia, desde o dia em que nasceram ela sabia quem era quem, e quando eles cresceram tinham a mania de tentar confundi-la, trocando o suéter com suas inicias, ou dizendo que ela estava errada, mas ela nunca estava, acho que é coisa de mãe. Não nego que os confundi algumas vezes principalmente quanto eram bebês, com o tempo porém aprendi a reconhece-los pelos pequenos detalhes e manias de cada um.

Quando embarcaram para Hogwarts não foi nenhuma surpresa quando juntos entraram para a Grifinoria, tão pouco quando no segundo ano viraram batedores do time de quadribol. Molly sempre acreditou que seriam monitores já que segundo ela eles tinham um potencial enorme, eu por outro lado sempre soube que isso não aconteceria não por não terem potencial isso eles sempre tiveram. Eram inteligentes principalmente juntos, tinham suas próprias invenções ou como costumava, dizer gemialidades, mas com o numero de cartas que recebíamos sobre o comportamento deles e o numero de detenções que ambos cumpriram eu sabia que não seria possível. Sem contar que eles também nunca quiseram isso, a verdade é que enquanto minha esposa pensava em que cargo no ministério que os gêmeos poderiam ocupar quando se formassem eu não me surpreendia quando ambos voltaram para casa de vassoura dizendo que haviam deixado a escola.

Molly queria a todo custo leva-los a força para prestarem os N.I.E.M.s e se formarem mesmo sabendo que não podíamos força-los já que eram maiores de idade, naquele dia eles garantiram ter um plano para o futuro e pouco tempo depois lá estava os dois inaugurando no Beco Diagonal a Gemialidades Weasley uma loja de logros e brincadeiras com suas invenções. E embora Molly não tenha gostado nada da ideia já que sempre sonhou em vê-los ocupando um cargo no ministério, não pude deixar de sentir orgulho. Eles estavam abrindo seu próprio negocio com produtos únicos inventados por eles.

A loja em pouco tempo virou um sucesso e contava até mesmo com serviço de encomenda e entrega via coruja. Em meio ao inicio da segunda guerra meus filhos traziam um pouco de diversão e entretenimento a comunidade bruxa principalmente as crianças.

 Pensar na guerra e nos gêmeos é algo que me dói até hoje e sei que sempre ira doer, afinal por mais que eu saiba que foi por uma boa causa, e que ele estava lutando do lado certo não existe nada que possa fazer essa dor ir embora.

Nada ira fazer com que os veja juntos de novo, nada me permitira confundi-los novamente ou rir com os dois. Hoje vivemos em paz, o mundo magico é mais tolerante, mais igualitário e seguro graças a batalha daquela noite, mas essa batalha me custou mais do que um dia imaginei suportar. Sei que não fui o único a perder alguém, muitos morreram naquela noite, amigos deram a vida por uma causa justa, alguns deixaram famílias inteiras, sei que não fui o único pai a segurar o corpo sem vida de um filho, sei que alguns eram mais novos do que ele, mas isso não diminui minha dor.

Fred era alegria pura desde o dia em que nasceu, ele junto com o irmão foram responsáveis pela maioria dos meus sorrisos, ele era puro sorriso, vê-lo sem vida naquele salão quebrou meu coração em milhares de pedaços. Era inevitável pensar no dia em que ele nasceu e que com muito medo o segurei no colo tão pequeno e frágil e naquele momento ao segurar seu copo jovem e forte, o corpo de um atleta, sem vida no chão frio do salão em que ele passou tantos momentos felizes eu soube que um pedaço de mim foi arrancado a força pela vida, a verdade é que não entendo porque ele, porque não eu, um pai jamais deveria enterrar um filho ainda mais em situações assim.

Molly ficou arrasada naquela manhã quando tudo acabou, enquanto nosso mundo festejava o fim da guerra, minha família chorava a perda dele, o cemitério naquele dia estava cheio, varias famílias choravam também e embora eu tenha perdido grandes amigos que estavam sendo enterrados ao lado do meu menino a única dor que sentia naquele momento era a perda dele. Embora eu tenha tentado ser forte era inevitável pensar nos planos que ele tinha, nas coisas que nunca faria e na saudade que eu já sentia.

Assim como minha esposa e eu meus filhos sofreram demais a perda do irmão, mas Jorge perdeu uma parte dele, ele ficou inconformado com a morte do irmão por muito tempo. De certa forma ele ficou sem rumo, sem saber o que fazer, nos primeiros dias era uma sombra sem vida, quase não falava, não comia quase nada, ficava a maior parte do tempo no escuro sozinho. Não quis saber de reabrir a loja, e não podia ver um único espelho sem quebra-lo involuntariamente, mas o que mais me preocupava não era a falta de controle da magia dele, o que me preocupava era ele não ter chorado. A primeira vez que chorei a morte do Fred foi após o enterro sozinho no meu velho galpão chorei por horas, pensando em como seria minha vida dali para frente, como viver se uma parte minha tinha sido levada de mim.

— Jorge. – ele não respondeu, era o fim do verão e ele ainda estava trancado no quarto no escuro, abri lentamente a cortina deixando a luz entrar, e ele nada falou continuou olhando o teto, ele tinha perdido peso, mas isso era o de menos, naqueles últimos meses ele tinha perdido a vontade de viver e isso me preocupava, – Sua mãe e eu estamos preocupados filho, você precisa levantar fazer alguma coisa.

— Não tem nada para fazer pai. – ele não olhou para mim ao falar, olhei para o pequeno espaço que por muito tempo foi dividido pelos gêmeos, quase nada deles estava lá, apenas caixas e as duas camas. A que um dia pertenceu Fred estava intacta, o espelho na parede estava coberto por um lençol branco.

— Filho você quer conversar? – os irmãos já haviam tentado falar com ele sem sucesso por fim normalmente eles subiam e apenas ficavam ali ao lado dele por um tempo, olhar para o Jorge era como ver Fred, mesmo sem a orelha suas feições eram as mesmas do irmão.

— Não. – ficamos mais um pouco em silencio, sentei na cama vazia.

— Eu sinto, falta dele todos os dias. – Jorge olhou para mim quando comecei a falar. – Por mais que eu tente voltar à rotina e me ocupe com as coisas do trabalho me dói saber que nunca mais vou vê-lo, quando eu vejo você é inevitável pensar nele.

— Desculpa. – foi a única coisa que ele me disse

— Não tem porque se desculpar, isso é bom, sei que esta sendo difícil para você, já que vocês eram quase que inseparáveis, mas filho você ainda esta aqui, com a gente. Sei que não é fácil, mas você precisa continuar sua vida.

— Eu não consigo pai, vejo as pessoas me olhando e sei que lembram dele, ele sempre esteve comigo, eu nunca me senti sozinho porque ele estava comigo, não consigo ver minha imagem no espelho porque eu lembro dele e de que ele nunca vai voltar, não entendo porque ele me deixou sozinho.

— Você não esta sozinho, sua família esta aqui, seus amigos estão preocupados com você.

— Sempre fomos Fred e Jorge pai, eu não sei ser só o Jorge. – foi nesse momento que ele chorou não sei quanto tempo ele ficou ali chorando, e eu mesmo me segurei para não chorar também.

— Desde o dia em que vocês nasceram, sua mãe e eu sabíamos que seriam mais que irmãos, seriam amigos. Houve um tempo em que não conseguíamos separar vocês de jeito nenhum, vocês sempre dividiram tudo sem reclamar, nunca se importaram em serem confundidos um com o outro. Acho que até gostavam, achavam graça. – ele confirmou com a cabeça. – A verdade é que a ligação de vocês tornou vocês um só, eu nunca pensei muito nisso sabe, mas hoje quando vejo você e me lembro do Fred não é ruim, são lembranças boas de coisas que vocês fizeram juntos. Jorge o Fred se foi mais você ficou, ele pode ter levado um pedaço dele com você, mas ele deixou um pedaço dele com você também, ele sempre vai estar conosco, não tenha medo de se olhar no espelho ou de ser o Jorge, ou de continuar com os sonhos e planos que vocês tinham porque esses planos e sonhos também são seus.

— Eu não vou conseguir sem ele pai.

— Vai sim, porque ele vai estar junto de você o tempo todo mesmo que você não veja. E sua família esta junto com você, não deixe de realizar os sonhos que também eram dele, faça novos planos continue sua vida filho eu sei que eu irmão ia querer isso.

— Como você sabe pai?

— O que você desejava por Fred?

— Que fosse feliz, que tivesse feito tudo que ele queria fazer.

— Tenho certeza que ele queria o mesmo para você, não tenha medo se ser feliz de novo filho. Não é fácil, mas não é errado.

Foi preciso mais algum tempo para que Jorge saísse de casa e continuasse a vida, assim com foi preciso tempo para ele se olhar de novo no espelho. Com o tempo ele voltou a trabalhar na loja, e a sorrir com sinceridade outra vez. Anos depois quando seu primogênito nasceu não foi nenhuma surpresa quando ele deu o nome de Fred para ele.

Minha família continuou a viver um dia de cada vez, tivemos muitas alegrias não posso negar, meus netos trouxeram vida e felicidade ano após ano, mas ainda sinto saudades do meu Fred todos os dias e sei que todos da família sentem principalmente Molly e Jorge. Porém a vida continua e sei que não importa quanto tempo passe meu pequeno maroto esta sempre com a gente, cuidando de nos, esperando nosso reencontro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amores De Uma Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.