A selva nem é assustadora. Aposto que o cabelo de menstruação ali só está se fazendo de medrosa para ficar agarrada no Sasuke. Vadia.

Havíamos entrado fazia algumas horas, o sol está começando a se pôr, então estamos procurando algum lugar bom para dormir. Karin não pode ouvir um pio que ela já acha que vai morrer e se agarra no Sasuke, gritando. Inútil, muito inútil.

– Aaaaah, eu vi alguma coisa se mexendo ali! Socorro, Sasuke! - Ela gritou pela centésima vez.

– Será que dá pra você calar a boca?! - Eu gritei, massageando as têmporas logo depois. Aquela garota já estava me dando dor de cabeça.

– Cala a boca você, até parece que não está morrendo de medo, só se faz de corajosa! - Ela gritou, brava. Me deu uma imensa vontade de rir, e foi isso que eu fiz. - Do que está rindo?!

– De você, é claro. - Respondi. - Não tem nada pra se ter medo aqui. - Terminei olhando ao redor, procurando algum lugar bom por perto. Vi algo passando entre as árvores, um pouco rápido demais para ser um animal, um pouco pequeno demais para ser uma pessoa. Apenas ignorei. - Sasuke, pode vir aqui um instante? - Pedi para ele se aproximar. Vi que a ruiva vinha agarrada nele. - Eu disse Sasuke, apenas. Entendeu ou quer que eu desenhe? - A encarei séria, pois minha paciência já estava indo pro espaço. Parece que ela entendeu, então soltou o braço dele.

Ele então se aproximou de mim, estávamos um pouco afastados de Karin.

– O que foi? Sentiu algo? - Ele perguntou cochichando, para que Karin não ouvisse. Fiz sinal negativo com a cabeça.

– Eu vi algo suspeito em meio às árvores, estava pulando pelos galhos. - Cochichei também. - A ruiva pode ser um problema se algo nos atacar.

– Por que? - Sasuke perguntou. Acho que estava bem na cara o porquê. Se Sasuke gostava da Karin, eu só tinha uma coisa a dizer: Eca.

– Sasuke, querido, eu não sei se você esqueceu, mas os humanos não estão acostumados a ver gente que voa. - Respondi revirando os olhos.

– Ah, claro. Concordo com você, mas ela não vai me largar tão cedo, então como vamos fazer? - Ele perguntou, sorrindo torto. Eu tenho uma ótima ideia.

– Vamos largar ela aqui de isca enquanto nós nos escondemos, esperamos a coisa atacar Karin, e depois que ela morrer nós atacamos a coisa! É perfeito! - Falei com os olhos já brilhando de ansiedade. Mas Sasuke acabou com a minha alegria.

– Não podemos deixá-la morrer, Sakura. Você sabe. - Ele disse. Fiz cara de emburrada e cruzei os braços.

– Estraga prazeres. Ok, vamos continuar, se alguma coisa acontecer batemos nela até ela desmaiar, daí ela não vai ver nada! Outro plano perfeito! E sem mortes. - Falei sorrindo para ele, na esperança de que desse certo, mas ele me olhava com cara de "lógico que não". Ok, Sasuke é um chato.

– Vamos fazer o seguinte, se algo acontecer, nós vemos o que vamos fazer, mas por enquanto vamos continuar, sem preocupação. Tudo bem? Sakura? - Enquanto Sasuke falava, senti algo na minha cabeça, como se meu cérebro estivesse a ponto de explodir, era uma dor quase insuportável, mas não conseguia gritar, apenas arregalava os olhos, estava estática. - Sakura? Ei, você está bem?

– Sa-suke... - Tentei falar, mas saiu quase como um sussurro. Eu sabia muito bem o que estava acontecendo, e se eu estivesse certa, aquilo era péssimo. - Saia daqui. - Me ajoelhei no chão, segurando a cabeça, em uma tentativa de fazer a dor parar.

– Sakura! O que foi?! - Sasuke se ajoelhou ao meu lado, me apoiando.

– Saia daqui agora! São eles! Pegue a Karin e fuja! - Gritei desta vez, esse garoto não aprendia nunca. Estava demorando para um Kannabi aparecer. Kannabi é a segunda raça mais forte dos demônios, acho que ainda não falei sobre isso.

Os demônios tem raças, que os dividem em mais forte ou mais fraco, as raças são quatro, em ordem do mais fraco para o mais forte: Teerabi, Hikabi, Kannabi e Makabi. Os Teerabi são os mais fracos, mas ainda assim não podem ser subestimados, Konan era uma Teerabi. Hikabi são superiores aos Teerabi, mas não são considerados tão perigosos quanto seus superiores, Tayuya era uma dessas. Kannabi são os segundos no ranking, são bem fortes e muitos os temem, só vi um deles até hoje, Nagato, que fora fazer uma visitinha à minha escola. E os mais fortes, guerreiros diretos do palácio do Reino dos Demônios, os Makabi. Nunca vi um, na verdade, quem os vê geralmente não vive para contar. No Reino dos Anjos também temos essas classificações, mas não vou citá-las agora, porque o momento está meio crítico aqui.

A questão é, um Kannabi tem a capacidade de penetrar na mente dos inimigos e matá-los por dentro. É o que está acontecendo agora, e o idiota do Sasuke não está entendendo que precisa fugir.

– Sasuke, por favor, é diferente da Tayuya, eu não posso te proteger contra um desses, você tem que sair daqui! - Gritei novamente, tentando fazê-lo entender. Eu tinha chances contra um Kannabi, não teria tantos problemas, desde que não tivesse alguém envolvido na batalha, que era o caso agora.

– Não se preocupe, não vou lutar contra você agora, anjo. - Escutei uma voz falando, vinha de cima da árvore, olhei para lá. Um demônio, ruivo, olhos castanhos, me encarava. - Só quero dar um aviso: Não se meta conosco, não atrapalhe nossos planos, acho que você sabe, por experiência própria, que não temos piedade.

– Quem é você? - Perguntei.

– Já nos encontramos antes, Sakura. Não lembra de mim? Estou magoado. - Ele disse colocando as mãos no rosto, fingindo indignação. Seu rosto realmente me era familiar.

– Espera, você é... - Murmurei, lembrando. Meus olhos se arregalaram.

– Sasori no Akasuna. Estou realmente ofendido, querida.