– Com licença. - Murmurei, ele virou sua atenção para mim. - Tudo bem aqui, senhor?

– Ah, tudo bem sim. - Ele murmurou um pouco nervoso. - Sou o novo diretor, me chamo Jiraya. Tsunade... Bem... - Ele falava meio que tropeçando nas palavras. - Ela saiu em viagem, a negócios... Isso, assunto particular do colégio... - Ele já estava quase suando frio. Ele não tinha preparado uma resposta para um aluno normal que perguntaria sobre Tsunade. Eu soltei uma risada.

– Ou ela teria ido salvar a irmã no Reino dos Demônios? - Olhei para ele e sorri. Ele arregalou levemente os olhos.

– Ah, então é você. - Ele disse ainda surpreso, porém relaxou e sorriu de volta pra mim. - Poderia ter me poupado saliva e nervos. - Ele disse e cruzou os braços.

– Ok, ok. - Eu disse, suspirando. - Pense em uma resposta se alguém lhe perguntar de Tsunade. Assunto particular do colégio? Por favor. - Falei e ri. Ele me olhou sério.

– Quer ser a diretora, menina? Porque eu não pedi para estar aqui. - Ele disse irritado. Credo, tá de TPM o velho. - Não preciso aguentar menininhas como você me dizendo o que fazer. Agora saia.

– Nossa, vai tomar um calmante. - Murmurei. - Já estou saindo.

Sai daquela sala já sentindo falta de Tsunade. "Ele está a altura do cargo", ela disse. Ah sim.

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No outro dia, fui até a enfermaria ver Sasuke, ele provavelmente já poderia sair, mas estaria confuso, seria uma longa conversa, com certeza. Quando entrei, ele estava sentado na cama, Koyuki estava checando sua febre, ela me viu e sorriu, já Sasuke nem olhou para mim.

– Certo, ele está bem, já pode ir. - Ela disse. Olhei para ela e ela entendeu que eu queria conversar um pouco com Sasuke. - Ah, certo, vou conversar com Jiraya, tenho que pedir para conseguirem mais suprimentos para a enfermaria. - Disse e saiu.

Fui até Sasuke e me sentei em sua frente. Ele olhava para o nada, seus olhos estavam opacos e sem vida.

– Sasuke, como se sente? - Perguntei, e ele pareceu finalmente ter notado minha presença. Me fitou com aquele mar negro que eram seus olhos, que agora não brilhavam do jeito que sempre brilharam.

– Normal. - Ele respondeu, o que me surpreendeu.

– Você lembra? Do que aconteceu ontem. - Perguntei, temendo a resposta.

– Lembro.

– E, não está assustado? Curioso? Nada? - Perguntei, nervosa.

– Não. - Suspirei e abaixei a cabeça. Ele continuou. - Eu só quero saber, por que arriscou sua vida por mim. - Ele me encarou sério.

Essa pergunta tinha mil e uma respostas. Eu poderia dizer a mais racional: Eu precisava proteger o príncipe dos anjos. Ou eu poderia dizer a mais sensata: Eu sempre protegeria meus amigos. Ou então, eu poderia dizer a mais verdadeira: Eu não sabia por que, mas só de pensar em perde-lo, doía em mim. O motivo era maior do que ser príncipe, ou do que ser meu amigo. Era algo completamente novo para mim, e que já vinha martelando meu coração desde que o vira pela primeira vez.

– Não sei te responder... - Eu disse. - Nem posso fazer isso. - Terminei.

Ele tocou meu rosto com as pontas dos dedos. Fechei os olhos, sentindo seu toque.

– Sakura, eu não mereço ser salvo, por ninguém, principalmente por um... Por alguém como você. - Ele disse, agora colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Eu sabia que ele diria a palavra "anjo".

– E se esse "anjo", só estivesse protegendo alguém de sua mesma espécie? - Retruquei, abrindo os olhos e o encarando. Vi seus olhos se arregalarem.

– O que quer dizer com isso? - Ele perguntou. Eu não sabia o que dizer, ainda era muito cedo, ele não entenderia. Precisava ser explicado aos poucos, e eu sabia que ainda não era a hora.

– Nada. - Respondi. - Apenas saiba que meu dever é, e sempre será, te proteger.

– Desculpe, por ter gritado com você dias atrás, e por ser o grande idiota que eu sou. - Ele disse, abaixando a cabeça.

– Não precisa se desculpar. - Falei, e então senti seus olhos sobre mim novamente.

Ele inclinou-se para frente e me abraçou, afundando o rosto na curva do meu pescoço.

– Eu só queria saber o porquê. Por que você me protege, só quero saber. - Ele murmurou.

– Você vai saber, Sasuke. Algum dia. - Suspirei e passei os braços ao seu redor, o abraçando também.

Senti sua respiração se afastar de meu pescoço, continuou com as mãos em minha cintura, porém voltou a me encarar. O brilho voltara a seus olhos.

– Obrigada. - Ele sussurrou. Coloquei um dedo sobre seus lábios como se mandasse ele se calar.

– Não me agradeça. Apenas me deixe cuidar de você. - Eu sussurrei para ele. Ele tirou meu dedo de seus lábios.

– Só se me deixar cuidar de você também. - Ele sussurrou de volta, seus olhos me encaravam e eu pensei que morreria hipnotizada pelo anjo em minha frente.