O Caminho das Estrelas escrita por Paola Araujo, GabehLoxar


Capítulo 2
Sabaku No Ame


Notas iniciais do capítulo

olá pessoas, quanto tempo?
Pouquinho não é.
Bom aqui estás a Lola, dando a vocês mais um gostinho de O Caminho das Estrelas que está ficando cada vez mais maravilhosa conforme os capítulos escritos para vocês.

Eu tenho muito que agradecer a Yanagi e ao tio hiro por ter saído uma ideia tão maravilhosa quanto esta história.

Vamos conhecer um pouco sobre os personagens.

Beijos e boa leitura.



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2° Capítulo
Sabaku no ame
Chuva no deserto

Gotas...

Elas se derramavam por sobre seu rosto como uma chuva particular. Logo se perdeu em um de seus pesadelos. Onde tudo era engolido por chamas, gritos rastejavam por entre as paredes lhe fazendo temer.

Quem era ela? Qual seu objetivo? Qual o seu passado?

Porque essas perguntas lhe parecem uma música doentia.

Seus olhos continuavam fechados, ela se via perdida entre o muro escuro deles fechados, enquanto cores, que seu subconsciente tinha prazer em fazer, dançavam a frente dele. O calor inerte - que o lugar coberto de areia tinha - lhe embriagava conforme uma voz ecoava em sua mente. "Acorde, gotinha".

A luz que entrava pelo pequeno buraco lhe doía os olhos. E um curto cabelo escarlate tapou sua visão. Depois percebeu o olhar que ela estava lhe dando. Parecia preocupada. Ela segurava uma garrafa, que colocou em sua boca para lhe ajudar a digerir. Sentiu o frescor que a água estava lhe dando e seu corpo pareceu regenerar enquanto ela descia lentamente. Percebeu que as gotas que caiam por seu rosto, era a água que ela estava lhe dando. O som de um corpo se rastejando a fez olhar em volta procurando o que quer que fosse. E logo ouviu:

–Ela está bem? - outra voz, rouca e abatida, perguntou.

–Está desidratada. E acho que com fome também. - respondeu a ruiva. Um silêncio que pareceu durar horas se instalou, deixando-a inquieta com as pessoas que pareciam ter lhe salvado.

–Dê o meu jantar para ela. - pareceu ordenar a primeira voz que escutara.

–E você não vai comer nada?

–Podemos dividir. - achou que ele deve ter dado um sorriso, enquanto a outra bufou.

–Eu fico com a carne. - finalmente disse, terminando o pacato diálogo entre os dois.

Ela não sentia fome, a única coisa que sentia, era a necessidade que apenas a água poderia lhe proporcionar. Como se este elemento fizesse parte de si... Era como ele sempre estivesse ali. Porém, estar onde ela estava a deixava extremamente fraca, e suas pernas pareciam doer mais do que de costume.

Suas pernas estavam constantemente sempre fracas. Perdendo seus movimentos. Uma caminha que duraria trinta minutos, para ela durava horas. Seu problema era algo que não entendia. Suas pernas pareciam bem a uns quatro anos atrás. E agora parece que elas nem mesmo ouvem seu comando.

–Você tem um cabelo comprido de mais. - retrucou a ruiva. E sentiu o cheiro de comida inebriar o ar em que estava, e seu estômago roncou tão ferozmente que fez a ruiva rir, desmentindo sua teoria de nunca sentir fome, apenas a necessidade de água. - Eu disse que ela estava com fome.

–Ela precisa de roupas? - perguntou novamente a voz, que conseguiu identificar ser um menino.

–Sim... Vou ver se tem alguma. - e a ruiva desaparece por entre um buraco escuro que era o lugar onde estão. Depois seus olhar foi atraído, pela cabeleira dourada que fora tampada rapidamente por um capuz sujo. As mãos apalpando o chão que era terra úmida, por um lugar bom para se sentar. E os olhos cinzas olharem profundamente para os seus.

Viu-se engolir em seco. Suas mãos tremeram, pelo simples toque que ele dera sem querer por entre os seus dedos. E percebeu que ambos estavam sujos. Ele sentou, perto de si, o que a fez tremer mais ainda, mas não era pela fria pele que sentia ter, mas por um sentimento desconhecido que penetrava em sua pele como um parasita.

Ouviu-o pedir desculpas pelo toque, porém, ela achou que já tivesse sentido este toque antes. E um novo sentimento lhe adentrou, mais como um sentimento esquecido, adormecido. Ergueu seus olhos novamente para ele e percebeu o quão próximo parecia dela. A mão dele tão próxima da sua, fazia um calor novo preencher sua alma morta. Coberta de feridas estava as mãos do menino a sua frente, que agora tinha o olhar fixo na parede. As roupas velhas deixavam-no gordo, o cabelo bagunçado dava um pequeno charme a criança.

E sem nem ao menos ter um peso na cabeça, ela segurou a mão dele entre as suas. Mesmo suja a mão dele estar, ela beijou seu punho. E novamente sentiu que já tivesse feito isso.

–Vai sarar logo. - sua voz repercutiu ante a atitude, e o viu sorrir.

–Acho que sim. - disse a ela, que também sorriu. Achou estranho ele não ter olhado para seu rosto. Achou então que talvez estivesse suja e passou a se limpar. Passando as mãos no rosto e no cabelo. -

–O que está fazendo? - perguntou ele.

–Yum... Limpando. - respondeu.

–Está se limpando?

–Sim.

–Por quê?

–Porque... Porque... - o som de sua própria voz deixava zonza. Ela nunca falara tanto, e agora se vê em uma situação como aquela que nem ela mesma entendia.

–Está querendo ficar mais apresentável? - perguntou novamente.

–É... É...

–Só se for para a Stella, porque para mim não precisas se limpar. - dissera com a voz baixa, parecendo cair sobre um mundo que apenas ele conhecia.

–O quê.... O quê foi? - perguntou ficando preocupada com a mudança de humor tão repentinamente.

–Eu não vejo, nada. Sou cego. - e simplesmente todas as suas defesas pareciam cair. Abertamente descobriu que seus problemas não eram tão grandes quanto os dele.

–Desculpe... Não percebi. - tentou ela. - Você pode não enxergar, mas eu sim. E acho que você deve ficar mais apresentável. - riram da pequena piada.

–Talvez. Só se um dia sairmos daqui. - dissera ele. E novamente sentiu aquele sentimento desconhecido dentro de si. Algo parecia ofuscar sua mente de procurar por alguma resposta.

–Yum... Já nos vimos antes? - perguntou à ele que tirou o capuz de sua capa, olhando instintivamente para os olhos dela, que eram azuis escuros. Os cinzas de seus olhos pareciam responder sua pergunta.

–Sim já nos vimos. Mas não sei onde e nem quando. -e o som de suas respirações pareceu vagar, até ir para fora do lugar.

O sol já se escondia por meio das montanhas de areias que se erguiam no país. E enquanto ela conversava com o menino cego. Alguém derramava lágrimas pelo céu. Era uma chuva no deserto.

...

As roupas que a ruiva trouxera não eram melhores do que as que já possuía, mas as vestiu, esperando que aquelas durassem mais tempo. Por um momento, quis pedir para que o garoto a deixasse se trocar sozinha, mas lembrou-se que o menino loiro era cego. Trocou-se ali mesmo, espreitando os olhos cinzentos do menino com o capuz, e sendo observada de canto pela ruiva. Quando terminou, tornou a sentar ao lado do menino, e a ruiva sentou-se a sua frente de braços cruzados.

–Comece por seu nome.- Solicitou a ruiva a fitando com os olhos escuros. Sentiu-se encolher um pouco. Suspirou enquanto contava tudo o que sabia de si:

–Simplesmente Yumi.- A ruiva sorriu a sua frente.

–Bom, Simplesmente Yumi. Sou Stella. E este rabugento ao seu lado é Natsuko.

–Shin.- ele disse rabugento, o que fez Yumi sorrir.

–Não disse?- A ruiva apontou acusadoramente para Natsuko. Ele ia dizer algo, mas foi interrompido pela ruiva.- tá, tá, eu já sei. Bem, antes você tinha uma vida, e agora está na hora de deixar ela para trás. Natsuko mudou seu nome no dia em que formamos nosso grupo de apoio. Agora ele é Shin.

–Prazer.- ele comentou estendendo a mão para o lado, em direção a Yumi.

–Quer dizer que... é como se eu começasse uma vida nova?- Perguntou Yumi esperançosa. Acreditar que poderia recomeçar do zero, sem ter que viver todo aquele drama novamente, fizeste seu coração palpitar. Seus olhos brilharam com o desejo de algo novo. Um brilho que sumiu assim que percebeu a feição no rosto da ruiva.

–Mais ou menos.- A felicidade que Stella possuía desapareceu em um piscar de olhos.- Digamos que... os caras para quem vivemos agora, não se importam com nosso passado ou quem somos. É por isso que mentimos para eles. Para eles me chamo Yuu. Para eles, Natsuko se chama Shin. E para eles você também deve escolher um nome. Yumi é um nome bonito demais para se ter em lugar como esse.

Yumi sentiu novamente aquela sensação de o mundo desabar. O silencio vagou por longos minutos, enquanto a menina pensava em sua vida passada.

–Zima- disse de repente. –Este vai ser meu nome.


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Notas finais do capítulo

Lola e Gabeh dizem - comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente comente.....



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