Love Palace escrita por Johnlock Shipper


Capítulo 5
Disparo




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Saímos novamente para o frio, mas desta vez me agasalhei melhor. Pegamos um táxi e logo partimos pelas ruas de Londres em direção a uma cena de crime. Sherlock acariciava minha mão e batia o pé no assoalho do carro. Ele estava animado por mais um caso ter aparecido. Devo admitir que também estava, apesar do timing não ter sido nada bom.

– Lestrade deu algum detalhe? – perguntei.

– Não dei tempo para que desse. Só peguei o endereço. Prefiro examinar tudo com meus próprios olhos.

– Claro. – murmurei.

A viagem seguiu em silêncio até chegarmos ao local. O prédio, que ficava em uma região mais rica da cidade, estava cercado de viaturas de polícia. Lestrade esperava na porta.

– Olá, Greg. O que temos hoje? – perguntei.

– Oi. Helena Parker, 33. Aparentemente é um suicídio, mas o marido da vítima insiste que ela nunca faria isso... – só então ele pareceu reparar na minha mão e de Sherlock entrelaçadas. Um olhar de surpresa passou por seu rosto, mas logo sumiu. – ... e exigiu nosso melhor pessoal nisso. Podemos? – ele apontou para e porta e entramos.

Lestrade continuou enquanto nos dirigíamos para o elevador:

– Sabe como é esse pessoal, basta ter um pouco mais de dinheiro e já se acha no direito de exigir as cosias.

– Um pouco mais? Greg, você olhou bem o lugar em que estamos? – comentei.

Ele simplesmente revirou os olhos.

Subimos em silêncio e paramos no quarto andar que, segundo Lestrade, era todo de propriedade da família da vítima. O lugar era enorme e incrivelmente decorado. Havia quadros em todos os cantos. Um homem, que com certeza era o marido da vítima, estava na sala dando seu depoimento a Donovan. Quando passamos, ela nos lançou um olhar de desdém, que sempre tinha reservado para Sherlock.

Como era típico em toda cena de crime que íamos, Sherlock observava cada detalhe. Ele não disse uma palavra desde que chegamos, só se concentrou em observar e captar tudo que pudesse estar relacionado ao crime.

Encontramo-nos com Anderson no corredor. Quando nos viu de mãos dadas ele arregalou os olhos. Meu Deus! Todos viviam dizendo que parecíamos um casal, mas quando realmente agíamos como um as pessoas se espantavam. Vai entender... Mas ele pareceu recuperar-se do choque rapidamente ao lembrar-se do porquê de estarmos aqui.

– Ei! Podem ir parando por aí! Não vão tocar em nada sem estarem vestidos adequadamente.

– Ah, não encha, Anderson. – Sherlock respondeu tomando as luvas que ele oferecia. – Quero terminar logo com isso.

Anderson se contentou em nos dar só as luvas. Para ele quanto menos tempo tivesse que passar com Sherlock melhor e isso agilizava o processo. Continuamos até a suíte principal, onde estava o corpo.

Os cabelos loiros da mulher e o carpete em volta de sua cabeça estavam encharcados de sangue. Tiro na cabeça, obviamente. O quarto, assim como o restante do apartamento, também era repleto de quadros.

– John – Sherlock chamou. – Se importa de examinar o corpo?

– Não, claro. – Quando estava estudando medicina nunca imaginei que um dia isso me seria útil para examinar cadáveres de pessoas assassinadas, mas agora isso para mim já tinha virado praticamente rotina. Ajoelhei-me ao lado do corpo e comecei a examiná-lo. Ela havia levado um tipo na cabeça, então não tinha muito que procurar. A julgar pelo estado do sangue o disparo foi feito há umas três horas. Mas o tiro não era a única coisa errada no corpo da mulher.

– Sherlock? – chamei. – Dê uma olhada nisso. – ele aproximou-se. – Essas marcas roxas nos braços dela. Estão fracas, mas estão aí. Veja, nos dois braços. Alguém apertou os braços dela com força, sacudindo-a. Provavelmente foi uma mulher, de acordo com o tamanho das marcas. E há alguns pequenos arranhões também.

Ele se agachou perto de mim e examinou o corpo por si mesmo. Quando terminou levantou-se de um salto e dirigiu-se a Lestrade.

– O celular da vítima, onde está?

– Só um minuto, já volto. – ele respondeu e saiu do quarto para buscar o telefone.

– Então, descobriu alguma coisa?

– Acho que sim. Mas preciso conversar com o marido e examinar mais um cômodo da casa para ter certeza.

– Ok.

Lestrade voltou com o celular e o entregou a Sherlock. Aproximei-me, curioso. Sherlock olhou tudo. Desde músicas e planos de fundo até as mensagens de texto, chamadas e fotos, que ele examinou com mais cuidado. Havia muitas de uma garotinha de uns seis anos que presumi ser a filha do casal. A julgar pelas pessoas que apareciam nas fotos eles não tinham muitos amigos. Eram sempre as mesmas pessoas. Outra coisa também muito presente eram os quadros. Meu Deus, qual era a dessa família com quadros?

Quando terminou de analisar tudo ele disse:

– Preciso de alguns minutos com o marido e também dar uma olhada no ateliê.

– E como você sabe que há um ateliê? – Lestrade respondeu em tom um pouco irritado.

– Há quadros por toda parte nesta casa, inclusive fotos no celular. E a mulher tem restos de tinta debaixo das unhas. Obviamente é pintora.

– Sim, óbvio. – ele respondeu, irônico. – Vamos.

Ele saiu do quarto e nós o seguimos. Ao chegarmos à sala ele interrompeu o interrogatório do marido.

– Com licença. Sr. Parker, este é Sherlock Holmes, nosso consultor. – Lestrade disse apontando para Sherlock. – O senhor se importa de responder-lhe algumas perguntas?

O homem estava transtornado. Seus olhos estavam muito vermelhos e inchados. Ele simplesmente assentiu com a cabeça.

– Sr. Parker, como estava seu relacionamento com sua mulher?

O homem pareceu confuso com a pergunta, mas respondeu mesmo assim.

– Bem, eu suponho. Ela andava um pouco nervosa ultimamente, mas dizia que estava sem inspiração e seus quadros não estavam saindo como deveriam.

Sherlock tirou o celular da mulher do bolso, procurou algo nele e mostrou ao homem.

– Quem são essas pessoas? – me aproximei para ver. Ele mostrava uma foto do casal junto com um homem e uma mulher. Mais uma vez o homem pareceu confuso.

– São Matt e Jenna Wood, nossos amigos mais próximos. Eles inclusive moram aqui no prédio no andar de cima.

– Certo. – Sherlock respondeu. – Posso ver o ateliê da sua esposa?

– Claro. É por aqui. – ele deixou a sala e Sherlock e eu o seguimos.

Não era um espaço tão grande, mas cada canto estava repleto de materiais de pintura e... mais quadros! Havia quadros de vários tamanhos e estilos. Vi vários com o rosto da mesma garotinha das fotos. Parker pegou um deles e ouvi-o murmurar com lágrimas nos olhos.

– Ah, Emily! O que direi a ela?

– É sua filha? – era óbvio, mas perguntei mesmo assim. Ele assentiu.

Sherlock andava de um lado para o outro mexendo nos quadros. Pegou um que estava bem no fundo, como se estivesse escondido.

– Sinto muito informá-lo sobre isso agora, mas sua mulher estava tendo um caso.

Ele mostrou o quadro e nele estava o rosto de Matt.

– O que? – Parker disse. – Não! Isso não é possível! Como você faz uma acusação dessas baseando-se somente em um quadro. Ela pode ter pintado ele porque...

– Essa conclusão não é baseada somente no quadro, mas isso já é um indicativo mais que válido. Por que ela o pintou? Há várias telas aqui de sua filha, mas nenhuma sua. Se observar a linguagem corporal de Helena nas fotos em que aparece com Matt é possível perceber uma tensão entre eles.

– Digamos que você esteja correto, Sr. Holmes. Qual a ligação disso com a morte de minha mulher?

– Não é óbvio? – Sherlock perguntou.

Na verdade era bem óbvio dessa vez. Se Helena estava tendo um caso com Matt, a senhora Wood teria um motivo para querê-la morta.

– Não para mim.

Sherlock simplesmente disse:

– Obrigado por responder minhas perguntas, Sr. Parker. Continuarei com a investigação e manterei o Detetive Inspetor informado.

E saiu do ateliê. Eu o segui.

– Ei, Sherlock! Não pode deixar o pobre homem assim!

– Posso se for para encontrar a assassina da sua mulher.

Sherlock andava depressa, quase tive que correr para alcançá-lo. Ele nem falou com Lestrade e já se dirigiu para o elevador. Ele chamou o elevador e o alcancei enquanto ele esperava.

– Sherlock, você tem que avisar a Lestrade sobre tudo isso que acabou de descobrir.

– John, avisar a ele é uma perda de tempo e se você não percebeu eu estou com um pouco de pressa.

O elevador chegou, nós entramos e Sherlock começou a pesquisar algo em seu celular.

– Aonde vamos exatamente? – perguntei.

– A um bar que os Wood e os Parker costumavam ir.

– Você acha que Jenna pode estar lá?

– Sim. Ela não é uma criminosa muito boa. Nem sei por que Lestrade nos chamou. Como a Scotland Yard não dá conta de um crime tão simples como esse?

Ao chegarmos lá embaixo Sherlock conseguiu um táxi e entramos. O bar em questão não ficava muito longe e chegamos em poucos minutos. Saltamos do carro praticamente ao mesmo tempo em que uma mulher alta e loira saia do bar.

– Mande um SMS a Lestrade com o endereço daqui. – ele disse para mim. – Diga a ele que encontramos nossa suspeita.

Fiz o que ele disse enquanto ele chamava a atenção da mulher.

– Jenna? Jenna Wood?

A mulher nem se virou, somente continuou andando.

– Eu sei o que você fez a Helena. – Sherlock gritou.

Ela parou de andar e se virou. Veio até nós e disse:

– Sinto muito, senhor, não sei do que está falando.

– É claro que sabe. E pretende acabar com seu marido também, não é? Posso ver a arma no cós de sua calça. Não, seu casaco não consegue escondê-la bem. Sinto muito, mas não vou deixar você concluir seu plano.

Ela ficou só um pouco surpresa. Com um movimento rápido puxou sua arma e a apontou para Sherlock.

– Acho que não será fácil fazer isso se estiver caído no chão sangrando até a morte. – ela disse.

– Você já teve sua vingança. A mulher com quem seu marido a traia está morta. Não é o suficiente?

Eu olhava para ele com desespero. Essa mulher podia não ser uma mestra do crime, mas estava apontando uma arma para ele. Muito devagar me aproximei dele. A mulher não parecia me notar.

– Não! – ela gritou. – Não é! Ele foi tirado de mim. O homem que eu amei e a quem sempre me dediquei foi tirado de mim.

– Não, não foi. Você vai tirá-lo de você mesma.

– Não! Helena o tirou de mim! Ela teve o que mereceu e Matt terá o mesmo.

– Por que você não pula essa parte do seu plano e se entrega de uma vez? Sei que não estava preocupada em fugir ou se esconder. Você não fez muito para encobrir o crime. Só fez a morte de Helena parecer um suicídio para ganhar tempo.

– Você não entende, não é? Não sabe o que é ser traída, como é ter quem você ama tirado de você a força. Talvez você deva aprender.

Finalmente ela pareceu me notar e apontou a arma para mim.

– Não faça isso! – Sherlock disse. Ele parecia estar quase perdendo o controle. – Isso não faz parte do seu plano, só vai servir para aumentar a sua pena.

Ao longe sirenes da polícia começavam a soar.

– Você sabe que não conseguirá ir muito longe. Esqueça isso! Por favor! – Sherlock disse.

– Aproveite sua perda. – ela disse e apertou o gatilho.

Logo após o barulho do disparo veio a dor. Cambaleei dois passos para trás e caí de costas no chão enquanto ouvia o grito de Sherlock.

– John!


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Notas finais do capítulo

Este saiu um pouquinho atrasado por causa do feriado, mas aqui está!

Quis dar um toque de drama para a história, gostaram? Espero que sim! (:

Agradeço a todos os comentários e elogios que tenho recebido. É muito bom saber que existem pessoas apreciando meu trabalho. Muito obrigada mesmo, pessoal! ♥

Que tal uma espiadinha no próximo capítulo?

Capítulo 6
As três palavras
[...]
Eu estava lutando para ficar acordado como Sherlock havia pedido, mas estava cada vez mais difícil. À medida que os segundos passavam meus sentidos me escapavam pouco a pouco. Pude perceber vagamente o barulho dos carros de polícia e ambulância chegando e Sherlock explicando o que havia acontecido. Minha visão estava escurecendo mais e mais. Senti pessoas me levantando e me colocando em uma maca. Colocaram uma máscara em meu rosto. Sherlock pegou novamente minha mão.
— John! Vai ficar tudo bem, vão cuidar de você agora. Por favor, John, fique vivo. Por mim. – eu não conseguia mais. Meus olhos estavam se fechando e eu não conseguia mais impedir. – Eu te amo, John. – foi a última coisa que ouvi enquanto sua mão deixava a minha e eu mergulhava na escuridão.
[...]

Até semana que vem! ;)