Love Palace escrita por Johnlock Shipper


Capítulo 3
Me concede esta dança?




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Quando acordei já passava das cinco horas. Desci para ver se por acaso Sherlock também tinha preparado o chá, mas ele não estava por lá, então fui para a cozinha prepará-lo eu mesmo. Quando terminei, peguei minha caneca e fui para a sala. Abri meu laptop e fui conferir meu blog. O tempo passou tão rápido que mal percebi. Já estava escuro quando Sherlock apareceu na sala. Percebi pelo barulho de seus passos. Virei-me para perguntar onde ele tinha andado e levei um susto. Ele tinha acabado de tomar banho e à medida que chegava mais perto pude sentir seu perfume. Mas não foi isso que quase me fez pular da cadeira. Ele estava sem camisa. Seu peito branco feito mármore e surpreendentemente bem definido à mostra me fez soltar um gemido involuntário.

– John, você viu minha camisa roxa? – ele perguntou naturalmente.

Levei um segundo para recuperar-me do choque e consegui responder.

– Não! Por que ela estaria aqui na sala? Meu Deus! E você não devia ficar andando por aí sem camisa. Estamos no inverno, você pode pegar um resfriado.

– Tudo bem, vou procurar no meu quarto. – ele disse virando-se para deixar a sala.

– Nossa, como você é um gênio! – eu disse sarcasticamente. – Será que a sua camisa vai estar no seu guardarroupa?

Ele já estava na metade do corredor, mas voltou e disse:

– Você deveria ir se arrumar.

Tentei não ficar encarando seu peito nu. Era bem difícil.

– Para que?

– Para sairmos para jantar, obviamente.

– Por que você não prepara o jantar? Adora se exibir...

– Isso não é abusar de minha boa vontade? Café da manhã e almoço não é o suficiente para você?

– Ah, que seja. – ele saiu para seu quarto e fui para o meu tomar um banho e me arrumar.

Enquanto me arrumava, minha mente divagava. Que droga de experimento era esse que Sherlock estava fazendo? Obviamente tinha algo a ver comigo. Cozinhando para mim, aquelas falas que pareciam ter um duplo sentido. E qual o motivo de aparecer na sala sem camisa? Ele estava me deixando louco! Antes eu conseguia controlar perfeitamente meus sentimentos por ele, mas agora estavam começando a vir à tona. Parecia que ele estava me provocando de propósito. Ok, se ele estava fazendo seu ‘experimento’ eu faria o meu próprio. Vamos ver o quão averso a contatos físicos Sherlock era. A julgar pela marca em meu pescoço, nem tanto. Escolhi uma roupa melhor, mas não tão elegante e usei meu melhor perfume. Duas pessoas podem jogar esse jogo, certo?

Quando terminei, desci para a sala e Sherlock estava deitado no sofá esperando. Ele usava a roupa de sempre: o terno preto com a camisa roxa que estava procurando antes. Ele percebeu que me aproximava e levantou-se.

– Então vamos? – perguntou.

– Quando você quiser. – respondi.

Ele pegou o casaco que estava na poltrona e vestiu-o. Pegou também o cachecol azul, que ele não deixava em casa por nada. Descemos as escadas e quando chegamos à rua percebi que havia começado a nevar e estava bem frio. Sherlock logo conseguiu um táxi. Entramos e ficamos em silêncio. Ok, vamos começar, então.

– Sherlock, o que é isso na sua mão? – tentei soar o mais convincente possível enquanto pegava sua mão direita nas minhas, procurando algo que eu sabia que não estava ali. Sei que era ridículo e que eu parecia um adolescente fazendo isso, mas não consegui pensar em nada melhor, então que se dane.

– Isso o que? – ele perguntou sem parecer incomodado ou surpreso com meu toque e nem puxar a mão de volta.

– Ah, não é nada. – disse acariciando sua mão antes de soltá-la novamente no banco. Sorri para ele. – Pensei ter visto uma mancha ou coisa assim. – Ele me encarava com um olhar curioso e a sombra de um sorriso nos lábios.

Não nos falamos mais até chegar ao restaurante, o que foi bem rápido. O lugar não era muito longe da Baker Street. Sherlock pagou a corrida e descemos. Ele abriu a porta para mim e entramos. Fiquei grato pelo calor que nos recebia, pois o lado de fora estava congelante. Sentamos-nos e logo um garçom trouxe o cardápio.

– Fiquem à vontade, senhores. Logo volto para anotar seu pedido.

O restante da noite foi diferente, foi agradável. Nunca antes poderia descrever nada relacionado a Sherlock como agradável, mas esta noite foi assim. Sherlock me contou sobre alguns casos que resolveu no passado e contei também um pouco sobre minha experiência no exército. Não sei se era efeito do vinho, mas acabamos até mesmo rindo um pouco. Ocasionalmente Sherlock tocava minha mão discretamente e não me incomodei com isso. Pelo contrário, apreciei o gesto e fiz o mesmo.

Terminamos de comer, a conta foi paga e saímos novamente para o frio. A quantidade de neve que caía tinha diminuído bastante, mas o chão já estava todo coberto.

– Se importa se formos caminhando? – Sherlock perguntou.

Eu me importava. Estava frio demais, eu não estava tão bem agasalhado e não estava a fim de ir andando até em casa. Não era uma caminhada tão longa, mas eu estava congelando. Claro que não admitiria que estava morrendo de frio feito uma criança.

– Não me importo. Vamos. – acho que minha voz saiu um pouco trêmula por causa do frio, pois Sherlock veio até mim.

– Ah, você está com frio. Tome. – disse tirando o cachecol do pescoço. – Use isto. – ele passou a peça em volta do meu pescoço não dando tempo para que eu o repreendesse. Eu o encarava perplexo. Ainda com as mãos ajeitando o cachecol disse:

– Não se preocupe comigo. Estou bem. Vamos?

Começou a andar e sacudiu o casaco, levantou a gola para que ela protegesse o pescoço e o puxou para mais junto do corpo. Caminhamos em silêncio até chegarmos a uma praça. Continuamos andando, mas ao invés de seguir na direção de nossa rua, Sherlock foi para o centro da praça atravessando a pequena ponte que dava no coreto que ficava no meio do pequeno lago. A praça estava deserta e uma música tocava em algum lugar ali perto.

– Sherlock, aonde estamos indo?

– Ao coreto, não é óbvio?

Revirei os olhos.

– Para fazer o que?

Ele não respondeu. Quando chegamos ao coreto ele parou encostado na mureta olhando para o lago que estava coberto de neve, como tudo mais. Parei ao seu lado e o observei. Ele estava com as mãos no bolso e tinha um olhar sério.

– John – ele começou a dizer – tem uma coisa que quero te dizer. E eu nunca disse a ninguém a minha vida toda e até ontem pensei que nunca diria, mas com você as coisas são diferentes.

Ele virou-se para mim. Jesus! Não podia ser o que eu estava pensando, podia? Não! Sherlock Holmes não estava prestes a dizer que...

– Eu sou apaixonado por dança.

Não! Comecei a rir loucamente. Esqueci completamente minha ansiedade por pensar que ele estava prestes a se declarar para mim. Eu queria parar de rir, mas não conseguia.

– Não... acredito... que você... acabou... de fazer... uma piada. – consegui dizer entre risos. Ele me olhava, sério.

– Não é uma piada. Não sei por que você pensou que fosse. O que há de engraçado em gostar de dançar?

Consegui controlar minha crise de risos.

– Eu não acredito. Cozinhar, tudo bem, é uma atividade útil. Mas não vejo por que você deixaria uma coisa como dança preencher um lugar no seu precioso cérebro.

– Vejo que terei que provar para você, não é, John? – ele tirou as luvas, guardou-as no bolso do casaco e me ofereceu sua mão, convidando-me para dançar. Dei uma pequena risada.

– Sei que vou me arrepender disso, mas que seja. – também tirei minhas luvas e aceitei sua mão. Estava quente apesar do frio que fazia e a sensação de seus dedos nos meus era ótima. – Que fique claro: eu não sei dançar. Nunca dancei na minha vida, então se eu pisar em seus pés a culpa é toda sua.

– Você não vai, porque eu estarei conduzindo. Não vou deixar você errar. – ele me disse. – Agora coloque sua outra mão nas minhas costas.

Obedeci. Ele arrumou minha mão em suas costas da maneira correta e depois colocou sua mão livre nas minhas costas.

– Agora é só seguir meus movimentos, John. É fácil.

Mesmo com nossa diferença de altura seu rosto estava bem perto do meu, mais perto do que jamais esteve. Tive vontade de beijá-lo ali mesmo, mas me contive e só admirei seus olhos, que eram ainda mais lindos vistos tão de perto. Não era mesmo tão difícil e não pisei em seu pé nenhuma vez. Seguimos no ritmo da música dando voltas por todo o coreto. Seus olhos não deixaram de olhar para os meus em momento algum. A música foi ficando mais lenta e suave, até assumir um ritmo que não nos permitia sair do lugar, só ficar balançando de um lado para o outro.

Sherlock soltou minha mão e me envolveu em seus braços. Deixei-me envolver e o abracei também. Nem lembrava mais que era inverno, pois o calor do seu corpo me mantinha aquecido. Lembrei-me da marca em meu pescoço, de meu sonho em que ele me beijava e decidi que precisava beijá-lo, senão enlouqueceria. Comecei a pensar nas consequências que esse ato traria.

– Oh, John! – o ouvi murmurar. Isso me fez sorrir. Respirei fundo, sentindo seu perfume. Ah, fodam-se as consequências.

Afastei-me um pouco, mas sem soltá-lo, e olhei em seus olhos. Nunca antes os vi tão vivos. Baixei meu olhar para seus lábios e não tinha outro jeito: eu teria que beijá-lo se quisesse continuar com a mente sã. Não poderia deixar esse momento passar. Aproximei mais meu rosto tentando ignorar o fato de que tinha que ficar na ponta dos pés para fazê-lo. Sherlock estava sorrindo. Por fim ele terminou com a distância entre nós e senti seus lábios quentes contra os meus.


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Notas finais do capítulo

E aí, galera? O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado! :)

Reviews são muito bem-vindas, ok? ;)

Mais uma vez uma espiadinha no próximo capítulo:

Capítulo 4
Todo seu
[...]
— Não estamos bêbados agora. – observei.
— Não, não estamos, John.
— Vamos nos lembrar perfeitamente amanhã, certo?
— Certo. Hoje eu sou todo seu. – ele disse de forma bem sedutora. – levantou-se e puxou-me pela mão. – Vamos para o meu quarto.
[...]

Até semana que vem! ;)



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