Hobgoblins - O Esquadrão Doze e 1/4. escrita por Maxine Evelin
Notas iniciais do capítulo
Espero que tenham gostado do desenrrolar da história até o certo momento.
Tenho demorado um pouco mais para desenvolver o conto, devido a problemas em meu computador.
Mas fiquem tranquilos, a tendencia é aumentar o nível das postagens.
4 -
Um cavaleiro real não deveria fazer este caminho, pensava Comandante Pepeto. Embora o cavalo fizesse todo o trajeto, carregando o homem com sua armadura completa de aço e o estandarte da guarda Riven-DellIana, Pepeto sentia-se exausto, o balançar do pônei ao subir a colina lamacenta fazia-o sentir como uma peça de Lolo*.
*Uma espécie de xadrez do povo Delliano, onde a graça está em jogar embriagado. As peças são pequenos tocos de madeira que devem manter-se equilíbriados, como são muito semelhantes, quase todas as vezes o resultado de suas partidas são alguns hematomas, algumas garrafas quebradas nas cabeça e não raro, o orgulho ferido de algum filho ao botarem a mãe no meio da história.
Ao lado do comandante camimhava em passos firmes o soldado Salsicha*, apoiando com um dos braços o guarda-chuva que protegia Pepeto da tempestade que caia e a outro uma Corneta Ribombante de Delator** devidamente ensopada.
*Devido a sua estatura longelínea e sua postura molenga e sem graça. O soldado era chamado de Água de Salsicha, ou para os íntimos, apenas Salsicha. Não que lembrassem que ele tinha um nome comum como Sálvio, devido a criatividade insana de nomes da população de Riven-Dell.
**Uma corneta padronizada entre a guarda Riven-Delliana. Uma corneta delgada que ao ser tocada tem somente uma nota musical, e muitos dizem soar como um peido. Marca registrada no nome de Delator. Artesão, Musicista e entregador de pizza as Xananas-feira.
– Ouça Ssssssssss - começou Comandante Pepeto, sua mão direta fazendo círculos conforme sua fala se arrastava.
– Soldado? - completou Salsicha olhando para o gordo que parecia um porco enlatado em sua armadura portentosa.
– S-Salsicha! Ouça bem, est-tamos chegando na re-re-reeeeeee...
– Residência, meu senhor? -
– Casa! Estamos chegando na casa d -da Goblin, quero olhos bem a-abe-beee... -
– Abertos? - Completou Salsicha tirando a franja molhada dos olhos.
– Isso! Conhecemos o comportamento desses s-seee-seres inferiores. Eles são extremamente v-violentos, então extrema cautela ao lidar c-com eles. - Terminou Pepeto olhando para a pequena cabana no topo da colina se aproximando depressa.
Conseguia ver a iluminação de chamas transformando as pequenas janelas em quadradinhos alaranjados flutuantes. O comandante abaixou a cabeça e pensando novamente na ordem que recebeu, sentiu o corpo estremecer.
Parecia ser uma péssima ideia.
Chá-Verde estava dobrando sobre a cama as vestes que retirara do varal, quando ouviu um som baixinho, como uma reclamação, vindo da janela. Virou-se devagar terminando de dobrar uma ceroula e viu um Kikiki* em pé na janela gesticulando conforme falava alguma coisa.
* Kikikis são animais semelhantes aos esquilos, porém dotados de uma memória fotográfica enorme e conhecidos por gesticular transformando as patinhas em pequenas "coxinhas" e fazerem os longos bigodes de encanador balançarem com os movimentos frenéticos.
– O que foi pequenino? Porque me parece tão nervoso? - Perguntou Chá-Verde para o Kikiki.
– Kikiki ki! Ki ki, kikiki kiki kikiki ki!* - respondeu o esquilo gesticulando nervoso.
*Para um melhor entendimento do Kikikinês, leia com um sotaque Italiano.
– Entendo, mas não se preocupe Dário, eles são meus convidados. -
Respondeu Chá-Verde abrindo um longo sorriso.
– Kiki ki! Kiki kikiki ki kiki ki? Ki! - o pequenino Kikiki olhou para a face feliz da Goblin, jogou as patinhas para o alto e saltou da janela para a escuridão da floresta.
A Goblin abaixou a cabeça e apoiou as mãos sobre a pia e sua mente em frações de segundo entrou em um estado de meditação profunda, preparando-se para o que estaria à vir.
Levantou a cabeça e pôs seu melhor sorriso no rosto quando ouviu o bater na porta, abriu-a em um puxão vagaroso, ouvindo as dobradiças molhadas rangerem junto ao som da calha enchendo-se de água. Duas figuras engraçadas estavam a sua frente, um humanoide pequeno em cima de um pônei e um humanoide alto e esguio como uma vassoura ensopado de água. Segurou o riso e manteve o sorriso no rosto. O rapaz alto, aproximou e levantou uma corneta e assoprou-a fazendo um som de peido molhado conforme a água esguichava de seu interior.
– Ih! Falhou! - Salsicha olhou para o comandante que deu um tapa em sua própria testa. - Bem... - O jovem soldado pegou um pergaminho molhado do bolso e começou a ler em voz alta e em tom de dúvida - Em nome da Rainha...
– Caham! - Pigarreou forçosamente Pepeto.
– Lady? - Caham! - Arqueduquesa? - Cahaaaaam! - P-p-princesa? - Salsicha deixou escapar essa última fala entre dentes cerrados.
– M-m-mmmm! - Pepeto levantou os braços e voltou rapidamente a frente do corpo em uma palma. - Matriarca!
– Oh sim! Claro! É que Ta difícil de ler. Tá muito molhado... - Salsicha espremeu os olhos aproximando o papel de seu rosto como um velho míope. - Em nome da 18ª Matriarca, Linda, a Bela* você foi convocada para comparecer ao castelo de Riven-Dell. O comandante Pepeto Saleiro irá escolta-la até a Grande Sala.
* Linda, a 18ª Matriarca é realmente bela, sem trocadilhos intencionais, sério.
– Bem, agradecida , Comandante Pepeto. Devo pedir um tempo para arrumar minhas coisas então? Entrem, não vou demorar. - Respondeu Chá-Verde com um arqueando o corpo para frente em um comprimento formal dos humanos*.
* Geralmente os Goblins quebram-cocos, depois dizem oi.
Os soldados entreolharam-se e fizeram ambos uma careta de "não faço ideia do que aconteceu aqui", o comandante baixinho desceu de seu pônei e caminhou para dentro da cabana com a postura imponente de um Gnomo de jardim com uma espada.*
*Um evento raríssimo ver um Gnomo espadachim, mas muito perigoso. Para o Gnomo, lógico.
Os soldados entraram devagar, Pepeto observava atentamente os cantos da pequena cabana, acreditando em uma possível emboscada, embora fosse apertado demais para os três. Chá-Verde andava apressada de um lado para o outro pegando papéis e arrumando uma pequena maleta com algumas peças de roupa. O comandante observava com escrutínio cada movimento, no fundo imaginando em sua pequena cabeça, que todas as mulheres eram iguais, independentes de sua raça ou origem.
Salsicha inclinava-se para não bater no teto baixo, seus olhos jovens observavam com deleite infantil o livro sobrevoando por entre frestas e seguindo a Goblin como uma ave de estimação. Demorou alguns minutos até que a Goblin terminasse de arrumar suas tralhas. O grimório pousou em sua mão direita como uma pena e fechou-se, puxando uma pequena tranca presa a sua aba em um clique.
– Pronto, peço desculpas pela demora. Havia muito o que se fazer ainda, vocês chegaram mais rápido do que tinha previsto. - Disse Chá-Verde indo a sua cama e pegando Sr. Cenourinha que estava encostado em um dos travesseiros.
– Ah. S-se-senhoriiiiiita - começou Pepeto - T-t-tem certeza que v-v-vvvvvvvv -
– Vai.- continuou Salsicha.
– Isso... Vai levar esse co-cooooo-coelho? - Apontou o comandante para Sr. Cenourinha. - Aonde vamos n-n-não vai poder ficar b-brincando com bonecos.
Chá-Verde olhou para o baixinho e sua expressão mudou de uma face alegre para uma austera, e foi suficiente para o comandante engolir seco suas palavras.
– Vou sim, ele é extremamente importante, não saio sem ele. - Continuou Chá-Verde virando o rosto e seguindo junto com Salsicha em direção a porta.
Pepeto ficou parado no lugar por alguns instantes, arrumou a armadura que naquele momento parecia-lhe pesar vinte quilos a mais e após a sensação horrenda passar, balançou a cabeça em negação.
Parecia que o Coelhinho caolho tinha virado a cabeça para olhar para ele e mostrara a sua linguinha de pano.
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