Peregrinar pelo mundo afora foi muito bom para ele, não negaria.
Seus olhos muito bem treinados, encontraram tudo que puderam, e Sasuke relatou cada detalhe de algum possível perigo ou ameaça para Konoha. Contudo, seus olhos civis sentiam gratificação por absorver toda a beleza que a natureza oferecia.
Acompanhou as estações caminharem lentas no decorrer de suas viagens, sempre comparando-as com as pessoas que passaram por sua vida. Desde sua família e amigos, até aos inimigos que enfrentou. Certamente era um bom passatempo. Porém, quando chegava em Sakura, terminava todas as comparações com descomunal saudade. Então escrevia poucas palavras em um pergaminho e esperava que isso suprisse a crescente ansiedade em encontrá-la.
Só não dizia ser tempo jogado fora, porque chegou a conclusão que nada que a envolvesse, pudesse de fato significar perda de qualquer coisa que fosse. Falar em perda era assumir que ele já havia perdido demais, e ligar a figura de Sakura a um mínimo ganho ou achado, era o que fazia sentido.
Em todos os momentos que tiveram juntos e lugares por onde passaram desde o dia em que a conheceu, era impossível não notá-la e tentar afastar a garota era uma missão fadada ao fracasso. Ela sempre estaria lá por ele.
Esteve pronta, como um efeito curativo em todas as missões. Durante e depois. O infindável e reconfortante calor de primavera. E mesmo que Sasuke achasse o sobrenome dela um perfeito significado para a pessoa que era, ainda gostava da ideia de que — se dependesse dele — nunca mais responderia por Haruno.
Esteve pronta para seguí-lo a todo custo, quando nem ele mesmo se sentia tão preparado para ser um ninja renegado, destinado ao ódio. E até mesmo quando decidiu que matá-lo era a solução, Sakura apenas queria trazer salvação para ele. Talvez não tenha entendido tão bem na época, porque confusão era a única coisa que podia defini-lo.
Havia acabado de enfrentar o passado, acreditando cegamente no ódio. Acreditando que a razão de sua existência ainda fazer presença no mundo, era matar Itachi. E o garoto estava fadado à ambiguidade de sentimentos que aquela atitude traria. Deveria existir alívio, certo? Depois de todas as coisas impostas à sua cabeça desde a morte de seus pais, Sasuke perseguiu seu objetivo e com ele concluído, era egoísta sentir-se aliviado? Mas ainda era seu irmão, sua dor nunca cessaria. Afastou tudo e todos, com força total. Enfrentou o inverno da solidão tantas vezes que por fim, abraçou-o e se permitiu congelar.
Então a guerra ameaçou seus objetivos autoritários outra vez. Lutou ao lado de seus atuais e antigos companheiros, mas até conseguir perceber que Sakura derretia sua causa congelada mais uma vez, foi um pouco tardio. Ora, eles estavam no meio de uma guerra, como ele poderia compreender? Porém o fez. Quando ela usou tudo o que tinha para manter Obito e o portal para que ele voltasse a dimensão onde estavam, Sasuke finalmente entendeu: ela estaria sim ao seu lado.