Diana estava sentada com Lúcia, Susana, Edmundo, Pedro e Trumpkin. Eles estavam comendo tranquilamente e conversando até que a princesa lembrou que seu irmão existia e que ele não estava ali. Onde aquela criatura se meteu ?

–- Alguém viu meu irmão ?

–- Hum... Eu vi ele indo para a Mesa de Pedra –- respondeu Lúcia –- Por que quer saber onde ele está ?

Uma sensação estranha invadiu Diana. Ela não sabia por que, mas de repente ela sentiu que seu irmão estava em perigo, como uma especie de sexto sentido.

–- Para a mesa de pedra ? O que a criatura iria fazer lá ? –- perguntou Pedro, subitamente interessado no assunto.

–- Vai ver ele foi meditar, pensar ... –- disse Lúcia.

Meditar ? Pensar ? Isso definitivamente não combinava com Caspian. Caspian era a pessoa mais impulsiva que Diana conhecia –- sem contar ela, é claro –- ele jamais meditaria sobre um assunto. Normalmente ele age e depois pensa nos danos.

–- Não, isso não é comum vindo do meu irmão. É melhor irmos lá para ver o que ele está aprontando –- respondeu a princesa.

–- Aprontando ? –-Susana disse –- O que ele pode aprontar na Mesa de Pedra ?

–- Muita coisa ...

^.^

Era demais para Diana processar o que estava vendo.

Caspian estava dentro de um circulo sendo segurado por um lobisomen. E estava sangrando, oque claramente não era um bom sinal. Perto deles tinha uma vovó-urubu-assassina-de-irmãos-mais-velhos que claramente precisava usar um creme anti-rugas.

Como se isso não fosse bizarrice o suficiente,ainda tinha um painel de gelo com a imagem de uma mulher. E o pior : Diana conhecia aquela mulher.

Edmundo atacou o lobisomen. Trumpkin avançou sobre Nikabrik e Pedro foi para cima da Vovó Assasina. Mas Diana continuou parada, o que não era normal da parte dela.

É difícil explicar, mas era como se o mundo inteiro tivesse apagado e só restasse aquele painel de gelo. O painel de gelo era como uma pedra magnetica, atraia a atenção da menina, era quase impossível se concentrar ao redor.

Caspian se aproximava cada vez mais do gelo. Diana sabia que tinha que impedir isso, mas não sabia como, era como se de repente ela estivesse esquecido como era andar.

–- Venha –- A mulher chamou. Por um momento Diana ficou confusa. Aquela mulher estava chamando ela ou Caspian ?

Então Pedro empurrou Caspian para o lado. Caspian caiu de cara no chão e quase quebrou os dentes. Diana teria rido dessa cena se a situação não fosse tão tensa.

–- Fique longe dele! –- Pedro gritou para a mulher.

A Feiticeira colocou a mão para dentro do gelo novamente, assustada.

–- Pedro, querido –- A mulher falou, suave e tão doce que até podia acreditar que ela estava preocupada com o garoto –- Que saudade. Venha. Só uma gota.

O menino baixou espada, hesitante.

–- Sabe que não consegue sozinho –- disse persuativa estendendo mais a mão para alcança-lo .

Gelo. Mulher. Feitiço.

Tudo se encaixava estranhamente para Diana. Aquela mulher era a Feiticeira Branca !

–- Pare ! –- A princesa gritou, se aproximando com as adagas apontadas para a mulher.

A feiticeira riu.

–- Diana ! Minha filha quanto tempo !

–- Filha? Como assim ?

Aquela mulher doida estava a chamando de filha ? Será que além de cruel, a feiticeira também era doida.

–- Oh, você não sabe ? Seus pais adotivos nunca te disseram nada ?

– N-não

Pela primeira vez na vida, Diana estava extremamente confusa e com medo. E se a mãe dela fosse aquela feiticeira ...

–- Pobre criança, não sabe de nada –- continuou a mulher –-Sua mãe adotiva, a rainha, queria ter uma filha, mas não podia engravidar depois do nascimento de Caspian. Então ela me invocou. Eu a muitos milênios atrás tive uma filha, mas sabia que não era a hora para uma herdeira. Então lhe coloquei numa dimensão em que nunca envelheceria ou morreria, permaneceria sempre um bebê. Quando a rainha me convocou eu lhe retirei desa dimensão e te entreguei a ela.

Diana piscou. Aquilo era mentira... tinha que ser. A feiticeira devia estar tentando persuadi-la, só isso.

–- Você está mentindo ! –- A garota falou, reunindo toda sua coragem –- Você estava morta, como poderia me tirar de uma dimensão ? E por que você me daria de presente para a rainha sem exigir nada em troca ? Pelo que eu saiba, você não é uma bruxinha boazinha que atende pedidos sem pedir nada em troca, apenas por pura bondade.

A bruxa riu novamente. Ela estava achando incrivelmente engraçado a reação da princesa.

–- Duvida de mim ?Tudo bem então posso lhe provar que estou dizendo a verdade .

Então a imagem no gelo mudou. Não era mais a feiticeira branca.

^.^

Estavam num quarto de castelo . Tinha uma mulher ruiva na frente de um painel de gelo, idêntico aquele. A feiticeira branca estava na frente da ruiva que olhava para o gelo fascinada.

–- Eu lhe estou dando minha própria filha. Espero que cuide dela –- disse feiticeira entregando para a ruiva um bebê enrolado num pano branco com pedaços de gelo.

–- Cuidarei dela. Prometo.

^.^

Tão repentinamente como apareceu, a imagem se dissolveu.

Diana queria acreditar que tudo era uma mentira, que aquela mulher estava manipulando a mente dela ... Mas não conseguia. Olhou ao redor e percebeu que todos também estavam boquiabertos olhando o gelo. Não foi só ela que viu.

Foi como se tudo despedaçasse de repente. Ela viveu sendo enganada. Ela sempre pensou que seus pais eram o rei e a rainha que estavam mortos, e se sentia triste por esse fato. Agora ela nem podia ficar triste em paz, por que sabia que sua mãe estava morta por que mereceu. Ela era filha de um monstro.

–- Por que você me entregou a ela sem exigir nada em troca ? –- foi a única pergunta que ela conseguiu fazer.

–- Por que sabia que um dia você seria útil para me libertar –- respondeu a feiticeira como se aquilo fosse a coisa mais obvia do mundo –- Agora seja uma boa menina e faça esse garoto dar seu sangue –- apontou para Pedro.

Pedro abaixou a espada, sem ação.

Clang

O painel de gelo se quebrou. Foi tão repentino que Diana quase infartou. Atrás do gelo estava Edmundo segurando a espada.

–- Eu sei, você estava conseguindo.

Aquilo fez Diana voltar á realidade. Ela era filha da Feiticeira Branca, não devia esperar que fossem amigáveis com ela. Então ela se virou e saiu correndo daquela maldita sala.