Radioactive escrita por Artur, Lucas XVI


Capítulo 27
Capítulo 27: Demons


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, perdão a demora. Agora todos separados e aproveitamos isso para nos aprofundarmos ainda mais em todos os personagens principais.
Adorei escrever esse capítulo, principalmente por causa da música Demons de Imagine Dragons que encaixou perfeitamente bem e é uma das minhas preferidas mas enfim, espero que gostem :)



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Radioactive

Lucy pusera sua mochila no chão vagarosamente enquanto Dean permanece em pé, pensativo. A loira caminha pelo vão da casa que por sinal está completamente vazia, deixando seus pensamentos fluírem intensamente.

– Devíamos ter ido junto a Ryan e Rose. E se eles encontraram a Anne? Talvez estejam procurando por nós dois neste momento. – Esbravejou Lucy em voz alta, sendo interrompida por um gesto nada amigável de Dean, aclamando por silêncio.

– Ah que droga, esses vermes ainda estão aqui! – Murmurou Lucy pensando em voz alta referindo-se a alguns caminhantes que perambulam na frente do casebre enquanto outros, debatiam-se sobre a porta de madeira degastada.

A jovem analisa todos os cômodos da casa com cautela mas não adiantava de nada, havia apenas alguns entulhos e caixas enormes de papelão espalhadas pelos dois quartos, tudo de importante foi levado. Talvez os donos se mudaram antes do apocalipse e a casa ficou abandonada ou outra hipótese viesse ao caso.

– Pelo menos tem banheiro. – Resmungou Lucy enquanto olhava atentamente para Dean, que não esboça nenhuma reação diante do que acabaram de passar, de toda a destruição da fortaleza e de todas as mortes presenciadas na comunidade.

O rapaz apenas se senta enquanto mexia no próprio cabelo, em um gesto de preocupação. Lucy da de ombros e começa a explorar ainda mais o casebre, achando uma pequena porta de cor branca que liga a uma espécie de porão.

A loira desprovida de curiosidade, abre a porta e dá de cara com uma escada que a leva para o centro do porão que por sinal, estava totalmente escuro e sem sinal de vida. Lucy desce degrau por degrau completamente cautelosa e receosa, a jovem reduz a própria respiração quando escuta pequenos barulhos vindos do local. A loira rapidamente apunhala seu pequeno canivete se mantendo atenta em tudo a sua volta.

Quando os degraus se cessaram por fim, os barulhos até então desconhecidos por Lucy, aumentam intensamente após a presença de Lucy, que vaga pelo espaço sem saber do que se tratava. A única fonte de luz vinha da porta aberta por Lucy anteriormente, o que deixava um único feixe de luz no local, mas nada que pudesse melhorar a visão de Lucy.

– Ah que ótimo, porões sempre sombrios. – Esbravejou Lucy sendo surpreendida por algo que toca na sua cintura e a agarra sem devaneios. A loira vira-se a assustada enquanto tropeça em alguns sacos de roupas espalhados pelo porão, e vai ao chão percebendo posteriormente do que se tratava.

Lucy arregala os olhos, o barulho de correntes que se arrastavam pelo chão causa um arrepio na espinha da jovem deixando-a tremula e sua respiração, arfante. A jovem fica boquiaberta ao ver uma garotinha de aproximadamente um metro e meio de altura, com os braços esticados tentando abocanha-la.

A garotinha rosnava baixinho mas, seus olhos amarelados e a pele já sem cor comprovava que aquilo era um errante. Lucy fica escancarada no chão completamente surpresa com aquela cena onde na altura da barriga da jovem, havia uma corrente preta e grossa envolta de um cano de aço grudado na parede.

A corrente se estica, e o caminhante consegue se jogar por cima de Lucy, tentando morde-la a todo custo. Lucy apenas grita tentando evitar a mordida, seu canivete estava no chão mais ao lado porém, estava longe do alcance da jovem que segura os ombros da garotinha tentando afasta-la enquanto a saliva do transformado respinga na face da mesma.

E antes que o pior pudesse ser feito, um disparo se ecoa pelo porão causando vibrações incomodantes, o crânio da garotinha é perfurado por uma bala e a mesma, cai já sem vida sob Lucy que grita assustada. A loira livra-se do corpo do errante, e fita seus olhos em Dean, no topo da escada com uma arma em mãos.

– Acho que não tiveram coragem de mata-la e acabaram deixando ela presa lá em baixo. Que cruel! – Exclamou Lucy, ambos já estavam de volta na parte superior da casa, longe do porão.

– Talvez tenha sido a melhor maneira. – Foi só o que respondeu Dean enquanto Lucy o encara, bastante séria.

– Dean ... – Começou a esbravejar a loira enquanto fazia uma pausa, como se buscasse coragem ou as palavras certas para prosseguir. – O que representamos para você, não estou me referindo a mim, e sim ao Ryan e a Anne. Digo isso porque você simplesmente os abandonou, e eu criei laços com eles!

Dean remexia em uma das caixas amontoadas no canto lateral da cozinha enquanto para a ação e volta-se para Lucy, bufando sem motivo algum. O jovem olha para Lucy, que insiste em uma resposta imediata de Dean, o rapaz apenas andeja na direção da loira, agachando-se ao lado da mesma e por fim, respondendo a questão:

– Não sei, estamos tentando viver num mundo já devastado. Não deveríamos nos importar com quem entra ou sai na nossa vida.

– Nada disso Dean! – Repreendeu Lucy. – Acha que eu não iria me importar caso você morresse? É claro que eu iria! E o mesmo aconteceria com o Ryan e a Anne, eles acabaram se tornando meus companheiros nesse apocalipse.

– Eu tinha planos, planos de vida para a Fortaleza. Estava gostando da vida pacifica que tínhamos lá, de ter vocês ao meu redor mas tudo desabou junto com minha esperança. Assim que aqueles homens adentraram ferozmente derrubando os portões da comunidade e matando todos os sobreviventes ... eu tive medo.

– Não, você não pode ter medo!! – Protestou Lucy, levantando-se enquanto Dean a olhava sem entender a exclamação da jovem. – Se lembra quando conversamos naquela casa? No mesmo dia que a Quinn se foi? Eu disse que você era radioativo, que se você fraquejar ... todos nós fraquejaremos também!

Lucy fez uma pausa enquanto estendia a mão na direção de Dean que permanecia agachado, e o ajuda a levantar-se terminando sua frase.

– Então se você tiver medo, eu também irei ter. – Sussurrou Lucy determinada, enquanto em um movimento impulsivo, Dean a abraça gentilmente. Lucy sabia que Dean estaria ao lado dela independente de tudo e agora, mais do que nunca, Dean descobriu que é importante para definir a trajetória que deve seguir ao lado de quem ama.

....

O ar frio e úmido dificultava a corrida por entre as imensas árvores e plantas da vasta área do local onde Anne juntamente a Logan, corriam procurando manter distancia de uma pequena mas maciça, horda de errantes que perseguiam os sobreviventes a todo custo. O barulho provocado pela respiração ofegante de ambos, misturava-se ao cantarolar das cigarras presentes na floresta durante a noite enquanto os grunhidos dos caminhantes, se fortificavam a cada passo dado.

Anne ia mais a frente, desviando dos obstáculos imprevistos da floresta enquanto Logan estava mais recuado, mantendo a proteção de ambos acertando os errantes mais próximos com sua grandiosa barra de ferro.

– Logan! Consegue agilizar um pouco? Se você ficar para trás não voltarei para te ajudar! – Berrou Anne, com o seu jeito irônico de ser. Logan realiza um sorriso de leve, como se pensasse o quanto aquela mulher era irritante mas logo põe-se a caminhar na direção da morena e se afastando dos caminhantes.

– Você é meio lento sabia? – Continuou Anne ao notar que Logan estava bem ao lado dela, o rapaz nada responde, apenas continua a correr já suando intensamente.

E depois de tanto correrem em meio ao desespero, ambos se deparam com uma espécie de pequena fábrica abandonada, onde o local era cercado por inúmeras cercas que protegiam as pessoas que poderiam residir ali.

– Acha que podemos elimina-los? – Indagou Logan, apontando para uma certa quantidade volumosa de errantes que se aglomeravam diante das cercas apontando suas mandíbulas afiadas na direção dos dois sobreviventes.

– Definitivamente, não. – Respondeu com sinceridade Anne, enquanto buscava fôlego diante da imensa caminhada: - O que temos não irá ajudar muito, se ao menos tivéssemos uma arma ... poderíamos elimina-los facilmente.

Logan nada responde, apenas limpa o suor que escorria por sua testa e sujava sua camisa regata de tonalidade azul, enquanto suspirava de tanto cansaço.

– Podemos tentar eliminando aqueles que estiverem mais próximos das cercas, e depois cuidaremos do resto. Se existir algum sobrevivente lá dentro, trocaremos algumas palavras.. quem sabe eles não nos aceitam? – Propôs Logan enquanto segurava sua barra de ferro com força, e caminhava na direção de uma das cercas.

Anne joga as sacolas pretas na qual haviam inúmeros alimentos pegos na Fortaleza, e andeja ao lado de Logan olhando-o de relance enquanto retirava seu pequeno machado da cintura. Os dois sobreviventes param bem na frente das cercas, onde os errantes esticavam os braços tentando alcança-los, Logan começa o movimento fincando a ponta de sua barra de ferro no crânio do primeiro errante, que cai mole sendo pisoteado pelo restante. Anne vira o machado, direcionando o cabo do mesmo no crânio de um outro errante já que a ponta do machado não atravessaria as aberturas da cerca.

– Acho que temos companhia. – Resmungou em sussurro Anne enquanto virava-se para alguns errantes que surgem na lateral das cercas, do lado de fora. Logan põe-se a frente da jovem, oferecendo-se para eliminar os andarilhos.

– Eu vou. Sabe que consigo derruba-los em segundos né? – Brincou o moreno, caminhando bastante determinado na direção dos novos invasores, Anne realiza um único e simplório sorriso enquanto voltava para as cercas, continuando a eliminação dos caminhantes.

Logan agarra o primeiro walker pela argola da camisa, jogando-o na direção das cercas fazendo o mesmo cair no chão após a colisão. O moreno, bastante inteligente, rapidamente finca sua barra de ferro no crânio do errante e logo andeja com pressa, na direção dos demais abatendo-os com grande facilidade e precisão.

Anne continua fazendo seu dever mas logo a morena é surpreendida por um errante que estava deitado no solo e com o braço, ultrapassando as brechas da cerca, agarra Anne puxando-a para baixo.

– Droga! – Berrou a morena sendo levada ao chão enquanto seu machado caia mais a frente. O errante puxa a perna da jovem na direção da sua própria boca, o que era impossível graças a cerca porém, os outros transformados que se debatiam sobre a cerca, ficaram agitados e pressionavam a cerca prestes a ceder.

– Anne!! – Gritou em tom alarmante Logan, enquanto virava-se para a jovem que estava em uma situação nada favorável.

Logan elimina o errante mais próximo com rapidez e quando já se preparava para ajudar Anne, eis que mais zumbis surge pela lateral forçando Logan a recuar o passo e voltar-se aos demais seres.

Os dois primeiros transformados andejam lado a lado na direção de Logan, que sabiamente, crava a barra de ferro no crânio de um dos dois errantes e, em um movimento preciso, atinge com a outra ponta da barra de ferro, no outro transformado eliminando-os com rapidez.

– Aguenta só um pouquinho! – Exclamou o moreno após escutar os gemidos de Anne que tentava se soltar do errante que insistia em devora-la enquanto a cerca, iria brevemente desmoronar.

Logan continua sendo obrigado a eliminar os errantes que surgiam por alguma passagem da fabrica para o exterior entretanto, a necessidade de ajudar Anne era maior e por isso, o rapaz corre na direção da morena pegando o machado largado por Anne e realiza dois movimentos idênticos sob o braço estendido do errante que agarrava a perna de Anne, soltando-a por fim.

– Me agradeça depois. – Brincou Logan arfando enquanto voltava-se para o restante dos transformados que o encurralavam, Anne se levanta com a ajuda do rapaz e logo ajuda o mesmo a derrubar os caminhantes, sem nenhum imprevisto.

Após derrubarem todos os errantes que ali estavam – incluindo os transformados da cerca -, Logan observa que existia uma passagem por uma das cercas laterais, de onde os errantes surgiam surpreendo-os. Os dois sobreviventes decidem se instalarem no interior da fábrica abandonada apenas por uma noite, visto que a enorme abertura nas cercas, facilitaria a entrada de errantes no local.

– Você foi inteligente ao ter pego essas sacolas. – Enalteceu Logan, remexendo no conteúdo das três sacolas pretas recheadas de mantimentos.

– Agradeça aos homens que invadiram a Fortaleza, eles que saquearam as residências e pegaram todas as comidas mas graças a você, consegui pegar três dessas dai. – Retrucou Anne encolhida diante do vasto local com seus braços envolta das próprias pernas.

– Nunca vi você lá na Fortaleza, mas acho que você trabalhava no Centro de Controle e eu nas missões de reconhecimentos, por isso nunca nos encontramos. – Quebrou o silêncio Logan enquanto fazia uma pausa e recordava de toda sua vida na comunidade. - É ... isso vai deixar saudades, todo aquele lugar ... é uma pena que tenha se esvarrido em tão pouco tempo.

– Você é bem calada sabia? Vamos fazer o seguinte, como mal nos conhecemos que tal revelarmos como chegamos na Fortaleza? – Propôs Logan mas Anne apenas fica calada, observando-o.

–Bem, eu começo então ... – Sussurrou Logan ao ver o desinteresse da morena. – Acredite se quiser mas eu tinha uma esposa, e um filho de treze anos. Andávamos a procura de um local realmente seguro, meu filho nos apelidos de nômades já que sempre éramos obrigados a fugir de tudo, principalmente quando todos os grupos de sobreviventes que ficávamos, era atacado.

Anne observa atenta a conversa do rapaz enquanto tentava abrir um enlatado qualquer.

– Mas um dia algo aconteceu, nos deparamos com uma horda enorme de errantes na rodovia principal. Não tínhamos saída, era só eu minha esposa e meu filho porém, só eu sabia manusear uma arma. O final de tudo isso você já sabe, mas enquanto eu chorava diante do corpo do meu filho e via minha mulher sendo destroçada, Thomas surgiu em uma caminhonete, me oferecendo ajuda. – Explicou por fim, Logan.

– Acho que é minha vez, certo? – Indagou irônica Anne, recebendo um olhar atento de Logan. – Estive com um pequeno grupo durante um bom tempo em um acampamento no meio da floresta, o acampamento foi atacado e fomos obrigados a fugir, fora isso aconteceram milhares de coisas e a perda de uma companheira deles.

– Deles? – Questionou Logan ao estranhar o fato de Anne não se incluir no próprio grupo.

– Sim. – Anne assentiu, cabisbaixa. – De alguma maneira, eu não me encaixava naquele grupo. Era vista como uma idiota arrogante por todos eles, além de ser completamente ignorada até tentei cometer suicido mas enfim, vagamos um bom tempo até encontrar a Rose e o Léo, e eles nos levaram até a Fortaleza.

– Então esses são os seus demônios? – Perguntou Logan, arrastando-se até o lado de Anne ficando sentado ao lado da morena que o olhar sem entender a pergunta.

– Seus demônios ... todo mundo já fez algo de ruim na vida, todos nós fizemos algo que nunca nos perdoaremos, algo que nos tortura a cada dia e que fica aprisionado dentro de nós, esses são os nossos demônios. – Explicou Logan, elevando a cabeça enquanto fitava o céu azul e estrelado.

– Bem ... acho que não. – Concluiu Anne enquanto buscava coragem para poder responder a pergunta de Logan. – No inicio do apocalipse, era apenas eu e minha filha de seis anos. Eu era tão ingênua e inocente que não sabia nem para onde correr, por isso fiquei apenas em uma casa abandonada mas isso não adiantou de nada, dois errantes invadiram ela e pegaram minha garotinha.

– Morderam-na no pescoço, consegui eliminar os dois zumbis mas não consegui eliminar minha própria filha que se transformara em um deles. Não tive coragem, apenas me imergi em lágrimas ao ver minha doce filha tentando me morder, acabei prendendo-a no porão da casa, deixando-a acorrentada. Provavelmente, deve estar agora mesmo se debatendo sob a parede e as correntes no porão, me culpo por não ter protegido ela e não ter coragem o suficiente para acabar com o seu sofrimento.

Após o desabafo, os olhos escuros de Anne ficam lacrimejados enquanto Logan, estava firme diante da morena, olhando-a com profundidade, olhando-a no fundo dos olhos escuros da jovem e entendendo o que ela sentia naquele instante. Logan então, surpreende Anne beijando-a de leve enquanto ambos, ficam sentados no chão da fabrica e descobrem, cada um de seus demônios.

When you feel my heat Quando sentir meu calor

Look into my eyes Olhe nos meu olhos

It's where my demons hide É onde meus demônios se escondem

It's where my demons hide É onde meus demônios se escondem


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, o próximo será do Lucas e veremos como o Ryan e Rose estão após a queda da Fortaleza :)



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