Radioactive escrita por Artur, Lucas XVI


Capítulo 26
Capítulo 26 : Oblivion


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, desculpem pelo atraso mas é que toda vez que eu tentava terminar o capítulo e postá-lo alguém me interrompia e eu ficava adiando e adiando e adiando... Enfim, mas aqui está! Antes do clássico " Boa leitura " eu gostaria de pedir duas coisinhas. 1° eu queria pedir que os ghosts leitores de Radioactive se revelassem nos Reviews. E a 2° coisa é que o Artur está em um novo projeto " Black ", uma fanfic nova dele e que ele pediu para que eu divulgasse,caso alguém se interesse.
Agora sim, Boa leitura!



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– Continue correndo Lucy! - Gritava Dean, acompanhando Lucy em uma corrida até a entrada da fortaleza. O âmbito outrora povoado pelos ensurdecedores barulhos de tiros agora já havia sido modificado por ação natural das causas. Por consequência da disputa armada e da carnificina, vários Walkers perambulavam dentre a comunidade, cambaleando rumo aos poucos sobreviventes que ainda permaneciam na luta.

A situação ao redor de todos era devastadora, mas mesmo assim Dean decidiu parar em de fronte ao portão de saída para instruir seus companheiros:

– Vamos todos pela estrada, a casa que nós ficamos antes de Leo nos encontrar vai servir por um tempo. - Começou Dean, arfando pesadamente.

– Você vem, Rose? - Perguntou Lucy ao perceber o descontentamento da mulher.

– Vou sim. É só que... - Lamentou Rose, esforçando-se para não deixar suas lágrimas escorrerem por seu rosto.

– Nós entendemos. - Confortou-a Lucy e em seguida olhou ao redor e notou a aproximação de um farto grupo de Errantes. - Mas temos que partir. Já!

E mais uma vez puseram-se a correr, mas não por muito tempo. Quando atravessaram a saída da fortaleza Ryan parou súbitamente:

– Uou! - Exclamou Ryan, forçando os outros a interromperem a fuga. - Não estamos esquecendo de nada?

Dean e Lucy olharam-se desconfortavelmente ao notar do que aquilo se tratava. Rose suspirou e levou suas mãos á cabeça, já em lamento pelo pior.

– Anne... - Murmurou Lucy, preocupada.

– Por Deus, isso não tem fim? - Lamentou-se Rose, em desespero pela morena. - Até a Anne?!

O silêncio entre o grupo se manteve depois daquela frase de Rose, realmente ninguém sabia onde a morena estava ou sequer se ainda estava viva. Mas as evidências do pior eram claras e nítidas... Ao menos para Dean:

– Lamentaremos depois. - Disse Dean, escondendo sua tristeza. E então Ryan explodiu em ira.

– Não pode estar falando sério! - Gritou. - Estamos falando da Anne! Anne, cara!

Dean fechou os olhos por um tempo e suspirou.

– Eu lamento tanto quanto você, Ryan. - Foi só o que disse, preparando-se para retomar a caminhada.

– Eu não vou sem a Anne. Ela pode estar viva até onde sei! - Quando viu que Dean não se convenceria, virou-se para Lucy. - Não podemos deixá-la!

Lucy viu-se em um empasse. Não sabia como se posicionar a respeito do assunto já que as evidências de que a sobrevivência lá dentro era quase impossível, mas levando em conta de quem se tratava...

– Anne é forte, Dean. - Disse a loira, em tom de súplica. - Abandoná-la seria um erro.

– Entrar lá é um erro. - Bradou Dean.

Enquanto os três se olhavam e preparavam seus próximo argumentos, um Walker aproximou-se do grupo de modo quase imperceptível. Quase... Quando estava prestes a cair com suas presas sobre Dean, Rose avança no Errante e enterra sua faca sob o crânio do transformado, chamando atenção dos demais e alertando-os.

– Fala sério... - Resmungou Rose.

– Eu sei que se tratando da Anne nada é impossível. - Começou Dean. - Mas não arriscarei a vida de quatro por uma. E eu sei que ela faria o mesmo.

– Todos faríamos. - Confirmou Lucy, tristonha.

– Nem todos. - Disse Ryan em tom sério, virando-se de volta á fortaleza.

Dean balançou negativamente a cabeça enquanto via Ryan voltar para a fortaleza, descontente.

– Então vai ser assim? - Gritou Lucy. - Nós devemos ficar juntos!

Ryan fez uma pausa no trajeto e sem se virar, respondeu:

– A Anne também faz parte de " Nós ". - E continuou.

Ryan empunhava em mãos apenas uma arma de fogo que havia pego durante a rebelião, mas mesmo assim ela estava com apenas metade da munição. Ele sabia que seria difícil, mas não vacilou mediante ás dificuldades. E enquanto partia, tentava manter-se o mais firme possível.

– Temos que ir. - Ordenou Dean quando percebeu que Ryan já havia saído de sue campo de vista.

– Eu não vou.

Foi Rose quem se pronunciou mediante á confusão criada.

– Não até o Ryan e a Anne estiverem conosco. O Ryan não consegue fazer isto só. - Explicou Rose.

– É suicídio. - Cuspiu Dean. - Não percebe?

– Eu vou. - Decidiu-se Rose.- Ryan e eu voltaremos com a Anne.

– Nós não vamos esperá-los aqui. - Respondeu-lhe Dean.

– Que assim seja. - Disse Rose, correndo pelo caminho que Ryan fizera alguns minutos atrás.

Dean parecia confuso e furioso ao mesmo tempo, não sabia o que fazer a seguir. Até saberia, mas diante das consequências...

– Dean. - Chamou-o Lucy, em alerta. - Eles estão vindo.

E estavam... Não os humanos, mas sim aqueles que um dia já o foram. E eram muitos deles, alguns viam da mesma direção de onde Rose e Ryan haviam tomado e outros apareceram pelas laterais arborizadas.

– Eu sei que não devemos nos arriscar lá, mas não vamos nem esperá-los? - Questionou Lucy, acompanhando Dean em uma caminhada pela estrada.

– Seria igualmente perigoso. - Disse Dean, ríspido. - Mas eles sã-... - Começava Lucy quando Dean interrompeu-a.

– Esqueça-os! - Bradou. E eles continuaram a andar, os Errantes se moviam atrás deles, mas em uma caminhada lenta demais para oferecer um grande perigo.

– Não posso esquecê-los. - Pensou a loira. - E você também não pode...

Mas nada disse. Os dois caminharam pela estrada durante aproximadamente dez minutos até que os Errantes que os perseguiam começassem a se dispersar para os lados.

– Não devíamos estar mais preocupados? - Questionou-o Lucy, desconfortável.

– Preocupados com o quê? - Respondeu Dean, ignorando sua sugestão.

– Ah, com nada. - Ironizou a loira, parou e então ergueu os braços. - Afinal de contas não é nada demais caminhar junto á uma horda daquilo!

Uma dúzia de Walkers ainda persistiam em segui-los numa marcha lenta e defeituosa atrás do casal. As laterais eram puro verde com uma pequena parte banhada pelo azul de uma lagoa em meio aos rochedos e a sua frente só havia estrada a percorrer.

– A Rose e o Leo nos trouxeram pela floresta... - Notou Lucy.

– Floresta agora que está cheia de Walkers. - Corrigiu-a Dean.

– A estrada parece muito diferente para você? - Disse, ríspido.

Lucy nada respondeu, a loira saiu da rota proposta por Dean e rumou até a lagoa próxima ao acostamento da estrada.

– Não temos tempo para isso. - Advertiu-a Dean, parando.

Mas Lucy não se importou, se abaixou próximo á margem da lagoa e ergueu suas mãos em forma de concha sob a água de forma á recolhe-la em pouca quantia, entretanto o suficiente para limpar-lhe a face suja e marcada por cinzas, poeira e sangue. Após a face, Lucy enterrou seus braços na água e esfregou-os com as mãos para tirar toda uma mistura de tecidos decompostos, sangue e cinzas.

– Não quer aproveitar e tomar um banho não? - Provocou Dean, impaciente.

Mas Lucy ignorou-o uma vez mais e apenas conteve-se á continuar com seu ritual de limpeza.

– Porque diabos você está se comportando assim? - Explodiu Dean em pura ira, rumando até a loira e tomando-a pelo braço de forma a apertá-la.

– Refaça a pergunta a você mesmo. - Disse a loira em resposta, livrando-se de Dean com uma sacudida violenta.

Ele olhou-a em expressão confusa enquanto Lucy retornava a caminhada de outrora.

– Eles estão vindo outra vez. - Informou Lucy, sem se virar.

Só então que Dean percebeu que mais uma vez a horda de Walkers já se aproximava, pondo-se a acompanhar Lucy em uma corrida pela estrada.

Mais á frente a estrada descia em uma ladeira larga e acentuada até ir de encontro á um conjunto de três velhas casas de madeiras , que mais pareciam algum tipo de barraca para ambulantes. O caminho até o casebre onde o grupo havia se hospedado antes de encontrar a Fortaleza ainda era grande, e por mais que restasse ainda um pouco menos da metade de uma tarde, o cansaço da constante fuga desgastara-os mais que o esperado.
Sendo assim, uma conversa não foi necessário para que ambos pudessem compreender que uma parada em uma daquelas casas seria mais que um agrado.

– Vamos na terceira. - Ditou Lucy, correndo na frente.

– E porque a terceira? - Quis saber Dean.

– É a única manchada de sangue. - Respondeu.

No primeiro instante aquilo pareceu tão absurdo aos ouvidos de Dean quanto ao de qualquer um outro que pudesse ouvir tal sugestão, mas logo depois veio-lhe á mente de que se o sangue banhava uma parte da porta e do chão em frente a casa só podia significar de que havia tido um confronto ali. Confronto este que supostamente poderia ter exterminado todos os indesejados anfitriões.

Lucy girou a maçaneta e a porta se abriu diante deles, deixando a mostra seu interior totalmente vazio. Desprovido de qualquer ser ou objeto.

– Que deprimente. - Comentou Lucy, adentrando ao casebre.

Dean acompanhou-a e despejou silenciosamente sua mochila sob o chão de madeira, após, se manteu calado e atento.

Lucy abriu caminho para Dean e indicou com o dedo uma na madeira que tinha vista para o exterior da casa, para que pudessem observar caso os errantes os seguissem até ali.

Instantes depois os Walkers surgem no alto da ladeira e seguem marcha até próximo ao trio de casebres, espalhando-se de forma desigual entre os três.

– Eles nos seguiram. - Sussurrou Lucy, assustada.

– Não. - Negou em tom igualmente baixo Dean ao observar que por mais próximo que os Walkers estivessem do terceiro casebre, eles pareciam não obter quaisquer intenções de ataque. - Eles estão aqui por causa do sangue na porta, não vão ficar para sempre.

– E agora? - Sibilou a loira, preocupada.

Dean afastou-se da porta e se sentou silenciosamente, encostando suas costas na madeira da parede:

– Esperamos.

A porta do casebre era de madeira, mas possuí um lacre de ferro onde Dean havia encaixado uma barra de metal, fortificando-a.

– Deve bastar. - Pensou Lucy, duvidosa quanto a qualidade de proteção que a porta oferecia-lhes. - Tem que bastar...

...

Dentro da Fortaleza o fogo já havia se espalhada e atingido meia dúzia de casas próximas as torres de vigilância, inclusive o gabinete de Thomas.

– Anne! - Gritou Ryan enquanto corria pelo ambiente, driblando os Walkers que se colocavam no caminho. - Anne, cadê você?!

Via-se de tudo no ambiente: Cabeças rolando, Walkers mordendo os que ainda persistiam em evitar a morte, invasores lutando contra os habitantes que restavam, invasores lutando em parceria aos habitantes que ainda restavam contra os Errantes. Via-se o fogo e os escombros de uma cidade. Pessoas gritando de dor e se contorcendo enquanto algum ser reanimado devorava-as. Ryan viu de tudo enquanto corria... Menos o que procurava.

– Anne! Anne cadê você?! - Gritava Ryan em desespero enquanto finalizava a dupla de Errantes que barravam seu avanço. O rapaz viu uma movimentação perto de uma casa em chamas e resolveu chegar mais próximo. Evitou os Errantes no caminho, mas continuou á chamar por Anne:

– Anne? Anne!? - Quando estava se aproximando o suficiente para identificar do que se tratava a movimentação, a casa desmoronou. As chamas consumiram-na de forma lenta e eficaz. E então umas mescla de uma nuvem de poeira branca com o negro da fumaça subiu ao ar, limitando a visão de Ryan.

– Anne?! - Continuava enquanto se distanciava junto com a fumaça pelo local. - Anne!?

Durante um de seus chamados acabou por inalar mais fumaça do que o esperado e foi atacado por uma crise de tosse, deixando-o desprevenido ás causas ao redor.

– Anne!? - Persistia. Levantou sua camisa de forma á encobrir sua boca e seu nariz, e prosseguiu. Mas não por muito tempo. - Droga!

Exclamou o rapaz quando notou a silhueta de pelo menos um trio de Walkers se formar em meio á fumaça e a névoa do local. Tentou atirar contra eles, mas sua visibilidade era muito pouca e tudo o que conseguia foi desperdiçar um terço de sua pouca munição. Os Errantes aproximavam-se em um círculo ao redor de Ryan, não havia tempo de correr. E disparar seria gastar sua munição em vão.

– Tenho que esperar eles se aproximarem para atirar. - Refletiu, mantendo-se calmo. - Só terei uma chance. E então ele esperou.

Um dos Errantes precipitou-se á frente dos outros três e atacou Ryan tentando prendê-lo com suas mãos descarnadas e persistentes. Ryan resistiu e empurrou o Walker para trás, ganhando tempo para carregar a arma. E, mais uma vez o mesmo Errante atacou-o, desta vez diretamente com seus dentes. O Walker inclinou sua cabeça até o braço que Ryan mantinha levantado para atirar, e em uma movimento lento porém preciso, o Errante trincou seus dentes, levando á sua boca o que estava ao seu alcance. Mas Ryan retraiu seu braço por um instante e voltou a mudar a posição doo re revólver de forma á deixá-lo sob o local a ser mordido pelo ser reanimado. E quando o Walker abriu sua boca para mordê-lo Ryan enfiou o cano do revólver dentro da boca do transformado e apertou o gatilho. Espalhou sangue, miolos, tecidos apodrecidos e decompostos sobre toda a sua face e roupa.

– Isso! - Comemorou Ryan.

Mas os dois Errantes se aproximaram logo após o terceiro tombar no chão, ferozes. Ryan tentou repetir o processo com os dois restantes, mas desta vez os dois permaneceram no mesmo ritmo enquanto avançavam sobre o rapaz. Não havia tempo ou espaço suficiente para Ryan agir como outrora, ou tentar uma fuga.

– Talvez também não haja tempo para eu sentir a dor da morte. - Pensou Ryan, conformado.

Mas quando por fim os dois Errantes alcançaram o rapaz Ryan sentiu... Sentiu duas mãos frágeis puxarem-no para longe da trajetória da dupla de Walkers, salvando-o. E depois a Dona das mãos que o salvara jogou-se armada á aço contra os Errantes, cravando sua lâmina sobre a cabeça de um e sob o pescoço do outro. Tendo uma admirável precisão levando em conta sua visibilidade diminuída.

– Ryan. - Disse a mulher, saindo da fumaça e revelando-se.

– Rose. - Sussurrou Ryan, alegre. O rapaz ergueu-se do chão e bateu a poeira de suas vestes. - Você veio.

– É... - Disse a ruiva, parecendo desconfortável. Só então que Ryan olhou para Rose e analisou-a por completo.

– Sua perna. - Disse Ryan, desesperado.

– É, eu já percebi. - Disse, em um sorriso forçado.

A ruiva andou lentamente até Ryan, que ajudou-a assim que pôde. Colocou-se a apoiá-la sob o ombro, afastando-se dali.

– Esse ferimento... Ele...? - Perguntou Ryan, preocupado. O ferimento na perna de Rose tratava-se de uma ferida exposta. O osso não havia sido deslocado, mas um corte largo se ramificava de seu tornozelo até um pouco abaixo do joelho de Rose, banhando sua perna direita em sangue.

– Não que eu tenha certeza, mas não senti ninguém me mordendo. - Disse a ruiva, demonstrando um mínimo de alivio.

– Menos mal. - Respondeu Ryan, rumando para fora da comunidade com Rose apoiada no ombro.

– Espera, não vamos procurar a Anne? - Estranhou Rose.

– Com você assim, não. - Falou o rapaz, destemido.

– Mas a Anne ainda pode estar viva, você mesmo falou. - Rebateu Rose, em tom baixo e cortado pela dor.

– Você me salvou. Eu ia morrer por esta causa, agora você ia morrendo por minha causa. - Explicou Ryan. - Eu adoro a Anne, mas não está a meu alcance salvá-la.

– Sinto muito. - Disse Rose, deixando algumas lágrimas escorrerem por sua face. Lágrimas de tristeza e dor.

– Tem alguma ideia para onde ir? A estrada deve estar infestada de Walkers. - Perguntou Ryan enquanto já em frente á saída.

– Eu tenho, mas... - Rose parecia confusa, apesar da dor. - Dean e Lucy?

– Eles estão por conta própria, podemos até encontrá-los, mas seguindo outro caminho. Então por enquanto apenas esqueça-os. Vamos cuidar de você.

– Certo. - Disse Rose, sendo amparada por Ryan até a floresta, desaparecendo dentro da imensidão verde.

...

Anne caminhava de forma lenta e á passos irregulares mediante ao que sobrara da fortaleza. Havia vagado em busca de seu grupo por quase meia-hora, tendo até tido a ilusão de ouvir a voz de Ryan chamá-la.

– Eu estava cansada. Só isso. - Pensava a morena.

Mas mesmo assim a esperança preencheu-a e ela havia corrido até o local por onde a suposta voz de Ryan ecoava. Mas chegando lá só consegui vez a negritude da fumaça e ouvir os grunhidos de alguns Errantes, o que a fez desistir e retornar antes que pudesse ter a chance de seguir adiante e conferir com certeza do que se tratava.
Após o incidente, a morena decidira que precisava se manter equilibrada. E para começar, trataria de conseguir mantimentos a casa onde se abrigara junto a Dean e o resto do grupo. Mas para o seu azar, as proximidades de sua residência temporária estava ainda em guerra.

– Eles ainda continuam? - Irritou-se Anne ao notar que ainda havia invasores naquela parte da Fortaleza.

A morena estava só e munida apenas com seu facão, então tudo o que estava a seu alance naquele instante era esconder-se dos invasores e tentar não ser percebida pelos Errantes. Anne caminhou de maneira sigilosa até próximo a um carro tombado e parcialmente chamuscado, abaixando-se de forma a se ocultar perante os demais.

– São só três deles. - Observou a morena. Tratava-se de um homem musculoso e grisalho acompanhado de um rapaz esguio e um jovem loiro de porte forte.

Por mais ameaçadores que parecessem, com todas as suas armas e músculos, os invasores não pareciam dar a miníma para a busca pelos habitantes ou sequer demonstravam preocupação com os poucos - porém marcantes - Walkers que cambaleavam naquela região.
Viu o homem grisalho indicar uma casa qualquer para o rapaz esguio checar enquanto ele e o rapaz loiro ficavam de vigília á porta. Minutos depois, Anne observou o mesmo rapaz esguio sair da casa com uma sacola de pouco mantimentos e duas armas de fogo. Foi então que ela percebeu que eles estavam saqueando os casebres que ainda se mantinham em pé.

Anne teve de esperar, não podia sair de seu esconderijo até que eles fossem embora. O problema é que eles resolveram olhar todas as casas daquela parte da comunidade... Inclusive a dela.

A morena havia observado o comportamento do trio de invasores durante e após os saques. Notou que o homem grisalho demorava mais nas buscas, observou que o rapaz esguio sempre demorava entre três e cinco minutos e sai com pequenas porções de mantimentos enquanto o jovem loiro nunca era mandado só para vasculhar as casas. Parecia atrapalhado.

Eles não seguiam uma ordem padrão sobre quem invadiria qual casa, mas Anne ficou feliz quando viu que o homem grisalho seria o responsável pelo saque da vez.

Não vou ter outra chance. Preciso dos mantimentos e preciso sair daqui também. - Refletiu a morena.

Quando por fim o homem grisalho arrombou a porta da ex-residência de Anne, ela soube que era hora de agir. Para começar, a morena cortou um longo pedaço de pano de sua camisa, despindo seu ombro. Anne usou a faixa de pano para encobrir seu facão e prendê-lo a seu braço, ocultando-o parcialmente. O resto foi mais difícil. A morena tinha que dar conta dos dois para então surpreender o terceiro quando este saísse.

Peto do carro em chamas, Anne encolheu-se e pôs seus braços sob os joelhos, como em uma lamentação. A mulher encenou um choro baixo, mas audível, enquanto erguia-se um pouco mais para deixar a mostra seus cabelos.

– Ouviu isso? - Perguntou o rapaz loiro, assustado.

– Não só estou ouvindo, como estou vendo também. - Respondeu o rapaz esguio, indicando o carro chamuscado que servia de esconderijo para Anne. - Bem ali.

– Não devemos avisar a ele? - Questionou o loiro, referindo-se ao homem grisalho.

– É uma mulher. Não se garante? - Disse o rapaz esguio, erguendo sua arma a riste e caminhando até Anne, sendo seguido por seu colega.

Anne ouviu-os se aproximar, deteve-se quieta e manteve a encenação de choro enquanto apalpava a lâmina sob o fino tecido da camisa.

– Fica aqui. - Disse o moreno esguio. - Eu cuido disso.

O jovem loiro afastou-se um pouco mais mediante as ordens de seu comparsa que avançava lentamente e com a arma apontada para Anne.

– Olhe o que temos aqui. - Disse o moreno ao se pôr em frente a Anne. - Uma ratinha.

E riu. Anne nada fez, só continuo com o falso choro, á espera.

– Me deixe ver sua cara. - Ordenou o moreno, carregando a arma e preparando-a com a mira sob o crânio de Anne.

Anne hesitou, mas obedeceu. A morena ergueu sua cabeça e olhou para o invasor com uma expressão ensaiadamente triste e amarga, enquanto que recebia olhares maliciosos e um sorriso maquiavélico do rapaz esguio.

– Vai ser rápido, certo? - Disse o rapaz em tom de escárnio.

Por garantir-se além do necessário, o rapaz deteu-se para gloriar-se mais antes de puxar o gatilho, o que rendeu tempo o suficiente para que Anne se erguesse em um salto e direcionasse a lâmina do facão á garganta do invasor, dilacerando-a em tiras rubras e irregulares. O invasor golpeado tentou gritar, mas sua voz sufocou enquanto ele se afogava no próprio sangue, caindo ao chão instantes após, morto.

Depois disto, Anne pegou a arma deixada pelo morto e levantou-se contra o jovem loiro que também já mirava para a morena.

– Abaixe a arma! - Disse o jovem loiro, engolindo saliva.

– Não. - Disse a morena.

Anne estava pronta para pressionar o gatilho, e o fez, mas não como queria. Forçou o tanto quanto pôde para que a bala saísse, mas não saiu.

– O gatilho emperrou logo agora?! - Pensou, furiosa.

– Eu disse para abaixar a arma! - Gritou o loiro, atirando aos pés de Anne, em alerta.

A morena deixou a arma cair no chão e ergueu seus braços ao alto, rendida.

– Eu poderia jurar que morreria por causa diferente. Que merda!Bradou Anne, raivosa.

– Que seja. - Respondeu o loiro, firme em suas palavras. E em seus atos...

O invasor loiro ajustou a mira de sua arma até o peito de Anne, objetivando um único e certeiro disparo... Pôs o dedo indicador rente ao gatilho, movimentando-o. E então um tiro ressoou. Grave, ligeiro e certeiro...

Contra o crânio do invasor.

– Você está bem?! - Gritou um homem alto e forte vestindo uma camisa azul, surgindo da região lateral do local, próximo ao altar divino.

– Estou. - Mentiu Anne.

Não estava, a morena estava abalada, cansada e com medo. E ele percebeu isto:

– Mente mal. - Disse o homem de azul, se aproximando- Vamos sair daqui.

– Olhe outra vez. - Disse a morena, indicando sua antiga residência ao recém-chegado.

O homem grisalho saiu ás pressas do casebre ao escutar o som do tiro que matara o último dos seus vigias, estava acompanhado de três sacolas cheias de mantimentos e sua arma á cintura.

– Mas o que diabos?! - Praguejou o homem de cabelos grisalhos, atrapalhando-se ao pegar sua arma. - Seus miseráveis!

O homem grisalho apontou para o recém-chegado que iniciou uma série de disparos mal-sucedidos contra o mesmo.

– Morra! Morra de uma vez ! - Por mais inútil que os disparos fossem, mantiveram-se constantes contra o homem de camisa azul que vira-se obrigado a se proteger atrás da estátua Divina.

Enquanto atirava, o homem grisalho avançava para perto do salvador de Anne. O que deu á morena tempo o suficiente para correr até o jovem loiro, pegar sua arma e disparar meia dúzia de vezes contra o corpo do último inimigo, finalizando-o.

– Estamos quites. - Ofegou o homem de azul, saindo de seu abrigo e caminhando até Anne.

– Obrigada por me ajudar. - Disse a morena, abaixando a arma.

– Não foi nada. - Começou o homem. - Meu nome é Logan.

– Sou a Anne. - Apresentou-se.

– Eu adoraria conversar mais aqui, mas não deveríamos ir antes que ele s retornem? - Sugeriu Logan, se referindo aos três mortos.

– Um momento. - Pediu Anne dirigindo-se até o corpo caído do homem grisalho. A morena se abaixou e pegou suas três sacolas, enfiando-as em desordem dentro de sua mochila. - Agora sim.

Logan pôs-se ao lado de Anne.

– Sabe para onde ir? - Perguntou o homem.

– Para longe daqui. - Respondeu Anne, dissimulada.

Ele sorriu e caminhou junto com a morena até a saída dos fundos da comunidade, sem rumo definido. Quando estavam ultrapassando os limites da Fortaleza Anne pegou-se recordando de seu antigo grupo... Dean, Lucy, Ryan...

– Esqueça-os Anne. - Refletiu a morena consigo mesma. - Esqueça-os.


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Notas finais do capítulo

E ah, me desculpem pelos erros que encontrarem por aí! E também peço perdão pela dimensão do texto, é que me empolguei demais ;S



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