Pelo menos por um segundo, todos pararam ao ver o líder dos Titãs estirado no chão sem sinal de que ia levantar. Acabara de ser atingido pelos raios da pistola de Johnny que comemorava ao ver a cena. Estelar num ataque de fúria partiu pra cima do vilão, não com as firebolts, mas sim numa luta corpo a corpo, onde estava saindo em vantagem pela sua força. Johnny ainda tentava pegar as pistolas que haviam caído no chão quando Estelar o atacou, porém Ravena usava a telecinese para tirá-las de perto do motoqueiro.

– Vou levar o Robin para a Torre! – gritava Mutano ao carregar o líder para casa.

Ciborg veio em auxílio à colega de equipe tamareana e segurou Johnny quando ele caía com o forte soco que a alien havia lhe desferido.

A polícia já havia chegado ao local e logo tratou de levar o pertubador da noite para o presídio. Agradeceram aos Titãs por cuidarem de um “bandido” que provavelmente os teria matado em meio minuto, por ter habilidades especiais.

– Vamos, o Robin precisa de ajuda... – disse Ravena ao entrarem no carro de Ciborg.

Robin já se encontrava na enfermaria, e ainda estava desacordado. Era clara a preocupação descontrolada de Estelar, mesmo que ela tentasse esconder. Sabia que as poucas habilidades médicas de Ravena iriam funcionar para que ficasse bem, mas a pequena possibilidade de tudo dar errado a deixou num estado de nervos que poucas vezes acontecia.

– Estelar fica calma, senão eu não vou conseguir ajudar o Robin, seu nervosismo está me impedindo a concentração – disse a empata ao sentir intimamente o nervosismo de Estelar.

– Vem comigo Star- Mutano se responsabilizou por tranquilizar a amiga e mantê-la longe da situação.

– Obrigado Garfield... – cochichou o robô para o amigo verde, antes de se dirigir à cama onde estava o líder – você acha que ele vai ficar bem?

– Sim... – disse Rae ao passar, através das mãos, um pouco de sua magia ao tronco de Robin, e colocá-lo no soro – as pistolas o atingiram, mas ele colocou a capa de titânio na frente, então a energia não o atingiu por completo, mas... de certa forma atingiu, porque o corpo dele está levemente trêmulo...

Ciborg passou as mãos pelo rosto visivelmente cansado.

–Creio que sou o segundo em comando...

–É... -Ravena deu um leve sorriso – Eu acho que sim...

Ravena passou a noite na enfermaria cuidando de Richard. Volta e meia Estelar aparecia e tentava ajudar de alguma forma. Algumas vezes segurava na mão do rapaz... Ravena aconselhou a amiga a descansar afinal não sabiam o que poderia acontecer no dia seguinte. O tempo passava e para se distrair, Ravena lia alguns capítulos de seu livro e por volta das três e trinta e oito da manhã ouviu:

–Estelar... Estelar, eu vou...

– Robin? – ela disse ao levantar da cadeira para ouví-lo mais de perto.

–Estelar, eu não vou deixar que nada te aconteça...

– Tudo bem Robin, não se preocupe comigo... – Ravena fingia ser Estelar, enquanto segurava o riso para não acordar o moço...

– Estelar...

–Descansa Robin, está tudo bem... – ela disse e aos poucos ele voltava a dormir calma e tranquilamente.

Uma felicidade confusa tomava conta da empata. Depois de anos tentando entender o que se passava na cabeça de Richard em relação à Estelar, estava mais do que claro que ele também gostava dela. Mas sua atitude arrogante e quase sempre alheia confundia até a empata que podia ter acesso aos sentimentos, e sinceramente, para Richard, ela tirava o chapéu... Ele era realmente o mestre da confusão. No resto da madrugada permaneceu tudo bem e pela manhã os amigos estavam na enfermaria. Raven tratou logo de confortá-los dizendo que ele ficaria bem em breve, mas não contou sobre seu delírio.

Ciborg anunciou um treino de combate pela tarde, e Ravena estava liberada por cuidar de Dick. E não demorou muito para que ele acordasse...

Ele abria os olhos aos poucos e a luz o incomodava, logo Rae diminuiu sua intensidade.

– Estou na enfermaria? – ele perguntou um pouco rouco.

– Num jogo de basebol é que você não está... – ela disse indo em direção a ele.

– Ravena... – ele sorriu. – Onde estão outros?

– Treinando.

–Assim que eu gosto...

–Prenderam o Johnny?

–Pode crer!

Ele hesitou por um momento.

–E a Estelar? – ele disse olhando para o teto.

–Ela está bem, estava muito preocupada, quase não consegui cuidar de você...

Silêncio.

–Você falou um pouco dela essa noite...

Assustado Robin se virou para Ravena, e esta riu.

–O que? O que eu falei?

–A verdade – ela dizia em tom de deboche.

– Rachel eu estou falando sério!!!

Poucas vezes Ravena ria, mas aquela situação era realmente inusitada.

– E eu também! Você disse que estava loooooucamente apaixonado por ela e que não vivia sem ela e que faria tudo por ela e blá blá blá...

–Eu não acredito em você Ravena! Ela estava aqui?

– Então é verdade?

–Ela estava aqui? – ele tornou a perguntar.

– É verdade?

Ele respirou.

–É...

–Aha! Você não disse nada disso! E não, ela não estava aqui quando você não disse isso...

– Ravena, mas que droga!!! – ele bufou enquanto Raven lhe lançava um olhar debochado.

– Eu não tenho o direito de contar nada a ninguém, porque sei que você não quer, mas eu estava curiosa...

– Você sabia disso, pode sentir isso nas pessoas... – ele tornou a olhar para o teto.

– Mas você confunde os outros, Dick, as vezes você passa o contrário daquilo que realmente está pensando. E agir como um idiota em tempo integral não me ajudou muito...

–Eu tenho meus motivos...

–Nos quais eu não vou me intrometer...

–Não tem problema... é que...

Os dois ouviram passos e a voz de Estelar na direção da enfermaria.

–Olha, eu ainda não acordei, mas estou bem...

–Ok – Ravena se levantava e ao virar, mirou Estelar aparentemente cansada, mas com um sorriso de esperança do rosto.

– Como ele está? – ela disse sorrindo ao ver a respiração do rapaz normalizada.

– Está muito bem... Já já ele vai acordar – disse Rae dando uma certa entonação no “já já” para que o rapaz que fingia dormir, não insistisse naquilo por muito tempo.

– Hum... – se sentou numa cadeira próxima, um pouco desanimada – Sabe aquele dia em que eu estava chorando?

–Pois é, você não terminou de falar...

– Eu vi o Robin com uma outra mulher... Eu... Eu me senti muito mal, não devia tê-lo seguido.

– Você o seguiu? Pra quê?

–Ele estava muito estranho, em especial comigo. Mas eu me senti mal por fazer isso, já estava indo embora quando o vi abraçado com uma outra mulher... estava... sabe... nu... – disse ruborizada.

Ravena fechou os olhos por alguns segundos, sabendo que Robin ouvia tudo aquilo. E Estelar tornou a falar.

–Era algo que eu já sabia, mas... ver, me fez pensar que nós somos duas pessoas que não... não têm tendência a ficar juntos. Ele está sempre com muitas mulheres e quase nunca me dirige a palavra... Isso me deixa mal.

–O corpo de Richard ficou rígido ao ouvir a última frase. Se sentiu um babaca por um instante, mas fazer aquilo, ao seu ver, era o certo.

–Olha... O Robin é uma pessoa confusa, talvez não tenha se descoberto ainda, e está sempre trabalhando... Tenho certeza que alguma hora ele vai ver que existem outras coisas além disso e vai perceber o quão especial você pode ser pra ele – a empata dizia olhando com sinceridade a amiga, era péssima com palavras, mas algo dizia que estava fazendo a coisa certa – Tenha um pouco mais de paciência, até onde você achar melhor...

– Você tem razão – a tamareana sorriu – Obrigada Ravena – e a abraçou – Eu vou tomar um banho...

–É melhor mesmo...

–Sua boba! - disse Estelar saindo.

Ravena esperou a amiga sair e se virou para Dick que olhava novamente para o teto. Ela o encarava e logo ele fez o mesmo, mas nenhum dos dois falou nada.