Valley West escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 7
Capítulo Bônus - Aniversário - Parte II


Notas iniciais do capítulo

AH MEU PAIZINHO CRIADOR DOS LIVROS! DEUS DO CÉU!
Vou parar de escrever em maiúsculas e vou explicar o motivo da minha emoção:
UMA RECOMENDAÇÃO, 18 COMENTÁRIOS, 6 FAVORITOS E 589 VISUALIZAÇÕES!
Pai do céu! Por acaso, meus tributinhos preferidos, vocês querem me matar?
Rafaela329, eu te amo! E amo meus outros leitores lindos e maravilhosos que comentam os meus capítulos.

Aproveitem o capítulo!

P.S.: Uma dica: esse capítulo tem a palavra beijo em quase todos os últimos parágrafos. (Brinks!)



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Quando saí do meu quarto na manhã seguinte, encontrei um cartaz com letras grandes e vermelhas colado na porta do quarto de Katniss. Bem, pensei, se está escrito com letras grandes e vermelhas, acho que é para obedecer.

Durante as aulas, ouvi algumas pessoas comentando sobre Katniss. O modo como ela não entregou as drogas e bebidas no dia anterior e deixou todo mundo na mão. E como ela devia estar triste por ser aquele dia, 15 de abril. Não entendi nada, e, por isso, depois que tivemos a última aula de história, fui atrás de Johanna, que devia ser a “melhor amiga” de Katniss. Apesar de saber que ela não tinha “melhores amigas”, somente colegas. E, bem, eu.

– Johanna? – bati na porta. – Aqui é Peeta Mellark, amigo da Katniss. Preciso te perguntar uma coisa.

Ela abriu a porta alguns segundos depois, me encarando de um jeito chato.

– O que quer? – ela me estudou de cima a baixo.

– Você sabe por que Katniss não saiu do quarto hoje? – olhei para o chão. – E o motivo por ela não querer falar com ninguém?

– Então você não sabe? – ela me olhou com um tipo de dó, ou quase isso.

Apenas neguei com a cabeça, e ela me chamou para entrar. Johanna e eu sentamos lado a lado, então ela começou:

– Bem, quando ela entrou aqui, bem no primeiro dia, era o “aniversário” da morte do pai dela. E naquele dia, Katniss não saiu do quarto. – fez uma pausa. – Mas, o que realmente a deixa muito triste, é o fato de que o pai dela morreu no dia do seu aniversário. Ela me disse que recebeu a notícia pela TV quando arrumava a festa de catorze anos.

Então ela olhou para mim e sorriu tristemente.

– Até os professores entenderam essa tradição dela, por isso, não se incomodam de que ela falte por dois ou três dias. Ajudam com a matéria depois. Ela nunca me disse isso, mas, Peeta, eu acho que ela fica presa lá para pensar, esfriar um pouco a cabeça e se esquecer dos problemas, entende?

– Mas ela nunca conversa com ninguém? – levantei meu olhar para Johanna, que estava direcionado para o chão. – O que ela fica fazendo lá?

– Uma garota que morava no quarto ao lado do dela, o que você está morando, me disse que às vezes ouvia o som de vidro quebrando e gritos. À noite ela também ouvia Katniss gritando por socorro, chamando o nome do pai. Só acho que... – então Johanna parou, soltando um longo suspiro. – Katniss é minha amiga, e acho que ela precisa de ajuda.

– Eu vou ajudá-la. – jurei.

E saí, voltando para meu quarto. Mas, chegando ao círculo de dormitórios central, pude ouvir os gritos e o som dos vidros quebrando que Johanna tinha comentado. Katniss parecia mesmo desesperada.

Quando tentei abrir a porta do quarto 320, ela não se mexeu. Estava trancada. Com um clipe – um truque que aprendi com a própria Katniss. – abri a porta, e a vi, de costas, sentada em cima dos calcanhares, as mãos no chão. Chamei seu nome, mas ela não respondeu. Aproximei-me e percebi que ela respirava rapidamente, como se tivesse corrido quilômetros.

O quarto cheirava a cigarros, vodca e sangue, e me assustei ao ver muitos cacos de vidro espalhados por todo o canto e uma pequena chama começando a surgir do carpete azulado. Katniss tinha deixado um cigarro aceso lá, que quase causou um incêndio se eu não tivesse o apagado com a sola do tênis.

– Katniss? – repeti, o que a fez se virar. – Podemos conversar?

Ela soltou um gemido baixo e se levantou. Virou-se, e pude ver, pingando de suas mãos, um líquido vermelho e espesso. Depois de perceber vários cacos de vidro alojados em sua pele, entendi que se tratava de sangue.

(...)

– Pode me explicar o que aconteceu, agora? – disse com a voz calma, tentando demonstrar confiança. – Já tirei todo o vidro e coloquei os curativos em suas mãos, e também abri a janela para que possamos respirar. Você também já tomou uma ducha fria. Está tudo bem.

Estávamos sentados frente a frente na sua cama, e ela não levantou a cabeça, encarando suas mãos enfaixadas.

– Katniss – levantei seu rosto com os dedos, fazendo seus olhos acinzentados encararem os meus. –, está tudo bem. Eu juro. Pode me contar tudo o que quiser, agora. Vai ficar tudo bem.

– Meu pai está morto. – disse somente, abaixando a cabeça mais uma vez. Senti o cheiro de seu hálito, e ela estava bêbada. Bem, parcialmente, já que tinha tomado um banho frio. – E hoje é meu aniversário.

– Sim – levantei seu rosto novamente, mas continuei segurando com minhas mãos. –, eu sei, Snow, Effie, Johanna e o resto do campus sabem disso. Quero que me conte o que está acontecendo aí dentro. – apontei para o seu peito, no ponto onde fica o coração.

– Você nunca vai entender. – murmurou.

– Esqueceu que minha mãe também está morta?

– Mas é diferente, Peeta. – ela continuou observando meus olhos. – Você nem chegou a conhecê-la. Você não a amou.

– Não, é exatamente o contrário. Eu a amei, Katniss, e não ter conhecido-a só machuca mais, afinal, nem cheguei a falar com ela, a ouvir dizer um “eu te amo” ou uma “boa noite”. Doía demais ver que meus amigos da primeira série eram levados para casa pelas mães, enquanto eu tinha de ir com uma babá. E eles me perguntavam, faziam questão de me perguntar todo o santo dia, “você não tem mãe?”, e eu respondia que não. Isso é muito ruim, eu te garanto.

– É tudo tão duro quando a pessoa que você já amou na sua vida não está mais com você. Eu era tão ingênua quando cheguei aqui. Chorava todas as noites e me queixava de tudo. Mas aí eu cresci e parei de chorar. As drogas e o álcool são a minha maneira de esquecer, entende? – fez uma pausa. – Quando eu fico bêbada ou entorpecida, não me sinto como “Katniss, a garota sem pai”. Só me sinto... Eu.

E esse desabafo fez com que Katniss abrisse um pequeno sorriso.

– Você me entende. – ela murmurou. – Sabe o que eu estou sentindo aqui dentro. – pegou minha mão e colocou em seu peito, bem no ponto onde fica o coração. Ele estava bem acelerado, de um jeito quase irreal e impossível. – Está sentindo? – sorriu mais abertamente. – Isso significa uma coisa.

– O quê? – já estava com um pequeno sorriso nos lábios.

Ela simplesmente começou a aproximar nossos rosto, até chegar a um ponto que meus lábios roçavam nos dela, macios e quentes, como eu imaginava.

Sabia que teria que seguir com o segundo passo, por isso, segurei sua nuca e juntei nossos lábios, selando um beijo. Katniss tinha um beijo incrível, e, a cada toque dela na minha pele, eu sentia um tipo de formigamento.

Estávamos em uma sintonia perfeita, trocando beijos e carinhos como se fôssemos só nós dois no mundo, como se não precisássemos de mais nada. Foi quando entendi que Katniss era uma chama. A minha “Garota em Chamas”. Ela era tão forte, mas ao mesmo tempo tão frágil, tão encantadora quanto o fogo. Um pouco mais de provocação poderia causar um incêndio impossível de controlar, e poderia matar a todos que estavam à sua volta.

Quando ficamos sem ar nos nossos pulmões, deitamos na cama, eu abraçando Katniss colada ao meu corpo. Eu iria protegê-la, para que ela nunca mais sentisse medo. E ela acabou dormindo ali, comigo.

Katniss ficava tão diferente ao dormir! Parecia um anjo, serena e tranquila, com um sorriso no rosto como se nada no mundo pudesse acabar com sua felicidade quase infantil. E sei que fiquei horas ali, assistindo seu peito subir e descer conforme a respiração e ouvindo o som de seu ressonar.

Perfeita.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Bem, eu pretendia postar esse capítulo mais cedo, mas acabou a luz aqui em Itu e eu tive que tomar banho frio! hehe :p
Reviews?

Beijos
o/