Valley West escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 3
"Papai"


Notas iniciais do capítulo

Hey tributos!
Como vão?
Bem, eu quero muito agradecer à PumpQueen e à Parawhore, que deixaram reviews me incentivando.
Amo vocês!
Esse capítulo foi dedicado às duas (apesar de estar curtin, curtin... =/).
*Dei o nome de "Pliny" para a madrasta de Peeta.

Aproveitem o capítulo!



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– Mais um zero para a sua coleção, Katniss. – Plutarch, o professor de história, começou, o rosto sério e as sobrancelhas cerradas. – Até quando você vai fingir que não se importa com a bolsa de estudos?

Abaixei os olhos até um ponto invisível nos meus All Star. Não gostava de Plutarch, nem de sua matéria, muito menos quando ele resolvia ter “conversas francas” comigo depois da aula.

– Eu sei que você não gosta da minha matéria. – O professor quebrou o silêncio. – E também sei que você não gosta de mim. Mas se quiser continuar estudando aqui até entrar na faculdade, aconselho que comece a estudar para o segundo bimestre. Se não...

– Se não o quê? – voltei-me para ele, cortando sua frase. – Terei que voltar para casa e te aturar aos beijos com minha mãe? Cara, depois que você entrou na minha família, minha vida está uma grande merda!

– Porque você me odeia? – Ele pegou uma das minhas mãos, fazendo-me olhar para os seus olhos.

– Porque você fez meu pai ser esquecido! – gritei, puxando minha mão em um ímpeto. – Prim te adora, e quase nem se lembra do meu pai! Do nosso pai! Você está destruindo a nossa família! A família que eu cuido desde meus doze anos, quando meu pai morreu na explosão da plataforma de petróleo! Aí você chega com seu sotaque sulista e sua “beleza” – Fiz aspas com os dedos. –, tira minha mãe da depressão e destrói tudo que eu lutei por anos para manter!

Lágrimas começaram a nascer em meus olhos. Não podia falar do meu pai com alguém sem que começasse a chorar igual a um bebê.

– Eu sou seu pai, agora. – murmurou. – Você terá que aceitar isso algum dia.

– Não! Você nunca será meu pai! – gritei novamente, me levantando da cadeira. Joguei-a para longe, apontando o dedo acusador para ele. Estava chorando. – Eu te odeio!

Corri até a saída e fui até meu quarto, fechando a porta atrás de mim com um estrondo. Desde o momento que Plutarch Heavensbee chegou em casa abraçado em minha mãe, toda a memória de meu pai que eu mantinha com tanto empenho por anos estava se desintegrando em dias.

Sentei no carpete, entre minha cama e o armário, e fiquei. Estava chorando igual ao dia em que recebi a notícia da morte do meu pai. Tudo estava ruindo e caindo na minha cabeça sem dó. E tudo por culpa de Plutarch.

Peguei um cigarro e comecei a fumá-lo sem nem tomar as precauções para que ninguém o percebesse. Drogas e álcool sempre me ajudavam a relaxar e esquecer-me dos problemas. Estava de olhos fechados para absorver a fumaça, dando longas tragadas, quando ouvi uma voz na minha frente.

– Está com problemas? – Peeta Mellark perguntou.

– Te dei autorização para entrar no meu quarto? – perguntei, ainda sem abrir os olhos.

– Não. Mas eu entrei do mesmo jeito. – Sentou-se à minha frente. – O que aconteceu?

– Minha vida não é da sua conta, Mellark.

– Plutarch vai te reprovar?

– Não. – Abri os olhos. – Bem, ainda não. Mas isso não é importante para você, já que você é inteligente e rico. Nunca acontecerão problemas na sua vida.

– Eu não tenho uma vida tão perfeita quanto você pensa, Katniss. – murmurou, abaixando a cabeça.

– Ah, não! Tinha me esquecido! Sua vida é uma merda porque Pliny Mellark proíbe o querido filhinho de pintar! – exclamei, irônica. – Isso é uma merda mesmo, Mellark. Não posso negar.

– Pliny não é minha mãe. – Peeta disse.

– Como assim? – Tirei um dos meus sapatos e esmaguei a bituca do cigarro na sola, colocando-o novamente.

– Eu nem cheguei a conhecer a minha mãe. Ela morreu no parto, e desde que me conheço por gente, Pliny estava em casa. No começo, ela e meu pai eram só amigos. Mas o tempo passou e eles se casaram. E ela me odeia.

Fiquei em silêncio, por isso, Peeta continuou:

– Está vendo isso aqui? – Ele apontou para o rosto, onde pude ver uma cicatriz na bochecha. Uma cicatriz que eu nunca percebera. – Foi ela que fez. Estava pintando e ela ficou nervosa porque sujei o tapete novo com tinta verde. Me bateu, e quando meu pai chegou em casa, disse que eu tinha caído enquanto jogava futebol. Tentei falar com meu pai, dizer a verdade, mas eu era criança. Ele não acreditou em mim. Porque está apaixonado por aquela... – E ele parou.

– Aquela vadia? – Pendi a cabeça para o lado.

– É. Aquela vadia. – Peeta riu. – Mas e você?

– Bem, Plutarch é meu padrasto.

Peeta ficou de boca aberta, me observando.

– Isso é sério?

– É claro que é. – disse. – Mas não pense que eu gosto disso. Eu o odeio.

– Por quê?

– Ele apagou a memória do meu pai. Quando meu ele morreu na explosão da plataforma de petróleo, minha irmã tinha sete anos. Agora ela está com doze, e nem se lembra mais do rosto do nosso pai. Não se lembra nem da música que ele cantava para nós na hora de dormir.

E, depois daquele momento, nós ficamos em silêncio. Por incrível que pareça, Peeta me pediu um cigarro. Claro, no começo, ele tossiu muito e nem conseguiu tragar, mas depois de ensinar como fumar, ele pegou o jeito.

Em algum momento, ele encostou a cabeça no meu ombro e começou a chorar. E eu também. Não sabia ao certo a razão por estar chorando daquele jeito, mas não me importei.

Fumamos quatro maços de cigarro em menos de uma hora e meia, chorando e colocando um atrás do outro em nossas bocas, sem saborear a fumaça.

Antes de Peeta ir embora, dei de presente a ele dois maços de cigarro e um isqueiro especial, e ele me agradeceu com um beijo no rosto e um “obrigado” murmurado, com um pequeno sorriso nos lábios.

Quando ele saiu, joguei-me na minha cama, exausta, pensando em como Peeta Mellark era um tremendo bipolar e sem noção.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Gostaram?
Tentarei postar o mais rápido possível, mas quero muito que tenham reviews nas minhas atualizações.

Beijos
o/