Valley West escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 2
Peeta, o idiota


Notas iniciais do capítulo

Hey tributos!
Fiquei triste, afinal, pessoas leram o meu capítulo, mas não recebi nenhum comentário.
Quero reviews, senão, nada de atualizações para vocês!

Aproveitem o capítulo!



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Estava na sala de espanhol, o pó de giz entrando nas minhas narinas me impedindo de respirar sem soltar espirros. Irritada por não poder estar bebendo no meu quarto – ou fumando os meus cigarros –, joguei o apagador para o outro lado da sala, ouvindo o barulho da madeira batendo na parede e caindo no chão. Soltei um grito de ódio que veio do fundo da minha alma.

Não gostava de “trabalho comunitário”, mas tive sorte de poder escolher entre limpar as salas, tirar o lixo dos pátios ou limpar a cozinha depois do jantar dos alunos. Tinha que cumprir dez horas de “trabalho comunitário”. E é claro que eu escolhi as salas.

E tudo isso só porque eu estava beijando o meu namorado em público.

Peguei um pano de dentro do balde de água e me levantei, querendo limpar a lousa, mas o pó de giz só me causou mais uma imensa crise de espirros, que me fez sentar no chão novamente, derrotada. Não conseguiria limpar aquela sala inteira sozinha, não sem que meu cérebro saísse pelo meu nariz enquanto eu espirrasse.

Quando estava pronta a ir até a sala de Effie e pedir logo a minha advertência, a porta de madeira se abriu e Peeta Mellark entrou, com um saquinho de pães em uma mão. Provavelmente os pães da padaria do pai dele. Ele também estava com um balde na outra mão, o rosto sério.

– Não acredito no que estou vendo! – exclamei, sorrindo. – Peeta Mellark, o CDF nerd de Valley West aprontou?

– Para sua informação – Começou, deixando o saquinho em cima da mesa da professora, colocando o balde no chão e torcendo o pano para tirar o excesso de água. –, eu não sou CDF e nem nerd. E, não, Everdeen, para o seu desprazer, eu não aprontei. Só estou fazendo trabalho comunitário porque valoriza o currículo. Além de deixar uma boa impressão para os superiores do colégio e da faculdade que eu pretendo me matricular.

– Isso não é trabalho comunitário. É trabalho forçado. – disse, naquele momento, um pouco mais aliviada por não ter que fazer tudo sozinha. – E você fala igual ao meu avô. Aposto que você irá estudar em Harvard, não é?

– O linguajar avançado também ajuda muito no currículo. Porque não tenta também? – Deu aquele sorrisinho metido e arrogante que ele tinha. – Sim, Harvard.

Mostrei meu dedo médio para ele, o que fez suas sobrancelhas arquearem bastante.

Em silêncio, limpamos a sala inteira, nós dois completamente entretidos no tédio e no trabalho árduo de nossas mãos nada habilidosas.

Quando terminamos, deitei nos ladrilhos, sentindo a umidade da cera recém-passada no chão. Só queria voltar ao meu quarto, entrar no banheiro e ligar o chuveiro para poder fumar um pouco no vapor. Também sentia saudades do meu uísque e da minha vodca.

Peeta jogou o saquinho no meu colo, e senti o cheiro completamente arrebatador dos pãezinhos de grãos. Abri o pacote e os comi loucamente, praticamente engolindo sem nem mastigar. Ele ficou me observando, como se eu fosse um animal sendo estudado.

– O que foi? – perguntei, a boca cheia. – Estou faminta!

– Você é nojenta. – Peeta se sentou na minha frente. – Nem sei como Gale namora você.

– Nos conhecemos quando tínhamos doze anos, na época que todos os garotos achavam as garotas sebosas. E posso dizer que eu não era nem um pouco sebosa, mas bonitinha. Viramos amigos, e, aos quinze anos, ele me pediu em namoro. – Sorri encarando o teto, lembrando-me exatamente do momento que aquilo aconteceu. – Foi tão completamente louco e inesperado que eu aceitei. E estamos juntos até hoje.

– Que história tocante! – Ele ironizou. – Quer dizer que você não era sebosa?

– Continuo sendo a garota mais linda que ele já conheceu. – disse, empinando o nariz.

– Gale não sai muito, não é? – Ele sorriu. – Estuda em um colégio masculino?

Sentei no chão e dei um tapinha fraco no rosto dele, o que só o fez rir. Me levantei e peguei a minha mochila, caminhando até a porta.

– Já acabamos por aqui. – disse, girando a maçaneta e vendo o pátio completamente iluminado pela luz da lua cheia alta no céu. – Estou indo.

– Eu vou também. – Peeta se levantou.

– Não. – Me virei para ele, séria. – Vou sozinha. Não preciso de guarda-costas.

– Mas eu moro do seu lado!

– E daí? – Inclinei minha cabeça para o lado. – Espera trinta segundos e pode ir. – Sorri.

– Claro. – Peeta murmurou. – Tudo que quiser, senhorita Everdeen. Trinta segundos.

– Certo. – Fiquei confusa, afinal, como tinha conseguido dobrar Peeta Mellark, o garoto mais metido que eu conheci? – Até amanhã, Garoto Com o Pão.

– Até, Garota em Chamas. – Sorriu, mirando seus olhos azuis para dentro de mim.

Ele me acha quente? Em chamas?

(...)

Minha cabeça latejava, e eu ainda estava na quarta pergunta. Realmente não foi uma boa ideia beber e fumar um pouco antes de fazer uma prova de história.

Levantei meus olhos e Peeta Mellark estava lá, na última pergunta, sorrindo e satisfeito com sigo mesmo. Ele virou-se para mim, como se soubesse que eu estaria o observando, e seu olhar pareceu preocupado. Só neguei com a cabeça, ouvindo o som do final da aula. Apenas chutei qualquer letra nas outras perguntas e entreguei a prova.

(...)

– Mellark? – Bati na porta. – Eu trouxe a sua prova. Você não apareceu para o jantar, e o professor pediu para te entregar.

– Claro. – Sua voz soou abafada de dentro do quarto.

Pude ouvir o som de alguma coisa sendo arrumada e arrastada do chão. Quando ele abriu a porta, estava sério, de meias brancas nos pés.

– Belo A+, Garoto Com o Pão. – ironizei, apertando o papel em seu peito largo.

– Obrigado. – murmurou, estudando o resultado de sua prova. – Mas e você? Quanto tirou?

– Eu nem olhei a nota. Queimei o papel no pátio, e até levei uma bronca da Effie por isso. – Coloquei minha mão em sua cabeça e baguncei seu cabelo loiro. – Posso entrar? É claro que posso.

Entrei, sem esperar uma resposta e sem pedir licença, me jogando no beliche de baixo. Ele voltou da porta e ficou me encarando. Percebi uma pequena manchinha vermelha em seu rosto, fazendo-me levantar e andar até ele.

Coloquei meus lábios bem perto dos seus e olhei fundo em seus olhos azuis brilhantes, que se arregalaram a me ver tão perto.

– Está com uma manchinha bem aqui. – falei, a voz baixa, passando o dedão tentando limpá-la. – Andou mexendo com tinta? – Sorri, feliz por ter conseguido a reação que eu queria nele.

– Acho que nunca falei isso para ninguém, mas acho que posso contar para você. Afinal, você me admitiu que não era sebosa aos doze anos. – Sorriu também.

– Vamos! – Me joguei no beliche de baixo novamente, sentando para ouvir sua história. – Adoro segredos obscuros!

– Não é um segredo obscuro, Katniss. – Meu nome soou estranho na voz de Peeta, afinal, ele só me chamava de “Everdeen”. – É só um segredo.

– Deixe tudo sair.

– Apesar de minhafamília não gostar muito disso, eu gosto de pintar.

– Pintar?

– É. Telas, retratos, paisagens, flores. Esse tipo de coisa. Nada muito extraordinário, mas eu gosto do que faço, entende?

– Você me deixaria ver alguma dessas pinturas? – Pendi a cabeça para o lado, deixando o cabelo escuro solto cair no meu rosto.

– Acho que posso. – Peeta murmurou, ajoelhando-se no chão e pegando uma tela debaixo da cama.

Quando ele retirou o pano manchado que cobria a tela, um pôr do sol rosa alaranjado cheio de detalhes e traços perfeitos estava lá. Parecia realmente uma fotografia.

Fiquei sem palavras.

– Peeta... – murmurei. – É perfeita.

Ele apenas sorriu e me abraçou. Enroscou seus braços à minha volta, me deixando assustada. Não fiz nada, só fiquei esperando que ele me soltasse.

A porta se abriu e um garoto entrou, mas eu o conhecia. Era Finnick Odair, o cara que comprava minha êxtase toda a semana. Drogas leves, mas potentes.

– Hum... Mellark, o que você está fazendo? – Ele perguntou, as sobrancelhas cerradas. – Achei que Katniss tinha um namorado.

– Eu tenho um namorado. – disse secamente, saindo de seus braços e de sua cama. – E preciso voltar para o meu quarto.

– Katniss... Posso pedir uma demanda maior de êxtase essa semana? – Finnick perguntou, parecendo um pouco envergonhado. – É que a Annie vai experimentar.

– Namorada nova? – perguntei, abrindo um sorrisinho em meus lábios.

– É. Annie é bem especial, entende?

– Tão especial que até aceitou experimentar as drogas da Everdeen? – Peeta perguntou, cético, cruzando os braços. – Para mim, isso se chama burrice.

– Você é um idiota, Mellark. Por isso que é tão solitário. – me virei para ele, abrindo a porta do quarto e fechando-a com um estrondo. – E ninguém gosta de você! – gritei do lado de fora, no pátio.

Mais uma vez, Peeta tinha me mostrado que só era idiota, e que não merecia o meu afeto ou minha amizade.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Gostaram?
Terei reviews?

Beijos
o/