Faz a voz do dragão, tio Sherlock? escrita por Wi Fi
Notas iniciais do capítulo
Oie! Minha primeira one-shot de Sherlock, espero que gostem! Como já disse, tem spoilers de O Hobbit.
John e Mary haviam saído para comemorar seu aniversário de casamento. Como não tinham com quem deixar sua filha, Sherlock era sua melhor opção.
– Você é mesmo detetive? – perguntou Miranda, encarando o padrinho, que lia o jornal.
– É claro que sou, e você sabe disso – respondeu Sherlock, sem mover os olhos.
– Então me conte algum dos seus casos interessantes, tio Sherly! – pediu ela.
– Você é uma criança, não iria entender.
– Você também era criança quando começou!
– Como sabe?
– Papai me contou.
– Seu pai é um linguarudo.
Miranda deu uma risadinha.
– Vou contar pra ele – disse.
– Já nos xingamos de coisas piores – lembrou Sherlock - Idiota, assassino, sociopata...a lista é longa.
– O que é “sociosapato”?
– Sociopata – ele corrigiu – Você é muito criança para entender.
Miranda se levantou e foi até seu quarto. Depois voltou com um dicionário. Depois de alguns minutos, ela fechou o livro e bufou.
– Não tem aqui – disse Miranda, irritada – Você inventou essa palavra! É uma farsa.
A palavra trazia más lembranças à Sherlock. Ele virou a folha do jornal.
– Não inventei. É apenas algo que as pessoas não se importam em colocar no dicionário porque ninguém quer saber o que é.
Miranda resmungou alguma coisa e se jogou no sofá ao lado do padrinho.
– Tio, porque a sua namorada não veio também? Ela parece ser legal.
– Não tenho namorada.
– Achei que a Srta. Hooper fosse sua namorada.
Sherlock respirou fundo e contou até três. Seria uma longa noite.
– Estou entediada – Miranda disse.
– Você não tem amigos? Porque seu pai não deixou você dormir na casa de um deles?
– Eu tenho amigos! – defendeu-se ela – Mas eles são muito... bagunceiros. Ficam gritando e correndo e pulando durante a aula. Eu prefiro prestar atenção ou ler um livro.
Sherlock sabia como ela se sentia, mas preferiu não demonstrar nenhuma emoção.
– Gosta de estudar? – ele perguntou.
– Sim, é interessante. Gosto de aprender coisas novas.
– De que matérias gosta? Educação Física?
– Não! Eu odeio Educação Física! Gosto de Ciências. A professora contou para a gente sobre uma coisa chamada Química, eu achei bem interessante. Queria aprender mais.
O detetive deu um sorriso de canto de boca.
– Eu sei bastante sobre Química – disse Sherlock.
– Pode me ensinar?
– Não. É muito complicado para sua pequena mente de seis anos.
– Eu tenho onze!
– Não você não tem.
– É claro que tenho! – exclamou Miranda – Fiz em maio!
– Ah certo. É verdade. Mas isso é irrelevante – comentou Sherlock.
Ela revirou os olhos.
– Pode me contar sobre seus casos? - ela perguntou de novo.
– Não, você é muito pequena, ainda tem dez anos.
– Onze, acabei de falar isso.
– Eu sei, queria ver se estava prestando atenção – disse o detetive – Olha, eu queria te mostrar, mas seu pai me mataria se fizesse isso. E sua mãe dançaria em cima de meu túmulo.
Miranda deu risada.
– Então quando vai poder me mostrar algum deles? - perguntou.
– Talvez daqui uns dois anos.
– Dois anos?
– Se for boazinha, talvez menos. Vá ler algum livro.
– Não estou encontrando o que estou lendo agora – ela respondeu – Se chama O Hobbit.
Sherlock entregou à ela o livro, que estava ao seu lado.
– Peguei ele,abri em uma página aleatória e li algumas páginas – ele disse – Não entendi muita coisa.
– EI! Perdeu a página onde eu estava! – reclamou Miranda.
Ela folheou o livro até encontrar a página onde parara sua leitura.
– É um livro muito legal. Você não entendeu porque não leu desde o começo. Tem um hobbit, chamado Bilbo, que é muito caseiro e detesta aventuras – Miranda contou, animada – Mas aí, um dia, um mago chamado Gandalf e um monte de anões entram na casa dele sem avisar! E o rei dos anões, Thorin, quer recuperar a Montanha de seu povo e...
– Ele morre – disse Sherlock, despreocupadamente.
Miranda ficou pálida.
– QUÊ?
– Ele morre. Esse tal Thorin.
– NÃO! NÃO PODE SER! ESTÁ MENTINDO!
– Não, eu li essa parte. Ele realmente morre. Página 281, se quiser conferir.
Miranda, aterrorizada, abriu o livro na tal página e seu rosto ficou branco.
– Mas...mas, mas, mas...não! Ele não podia morrer!
Ela agarrou uma almofada e começou a balançar-se para frente e para trás.
– É só um livro, vai passar – consolou Sherlock, dando um tapinha no ombro dela – Continue a ler e depois me conte a história – ele estava tentando ser um bom padrinho, estava mesmo.
Miranda, ainda decepcionada, deitou-se com a cabeça no colo de Sherlock e continuou a ler. Em outra situação, o detetive teria sentado em outro lugar, mas estava começando a gostar de Miranda. Ela não era uma criancinha imatura como as outras de sua idade. Sherlock se via um pouco naquilo.
Alguns minutos depois, Miranda comentou:
– O dragão fala nesse livro. Como seria a voz de um dragão?
Sherlock pegou o livro das mãos dela.
– Qual é a fala dele? – perguntou.
– Aqui ó – ela apontou a linha.
– “Bem, ladrão! Posso sentir seu cheiro e seu ar. Ouço a sua respiração! Venha! Sirva-se de novo, tem muito e de sobra!” – leu Sherlock, com uma voz mais grave e sombria.
Miranda deu risada.
– O que foi? – perguntou ele.
– É realmente assim que eu imagino que a voz de um dragão seja – ela disse, ainda rindo – Você parece um dragão.
– Não pareço não!
– Parece sim! Você poderia totalmente ser o Smaug!
– Não. Eu sou um matador de dragões, não posso ser um.
– Isso não vai me fazer mudar de ideia, tio.
Miranda pegou o livro de novo e continuou a ler. Alguns minutos depois, bocejou.
– Já está na hora de você dormir – lembrou Sherlock – Está tarde.
– Mas amanhã eu não tenho escola!
– Não interessa, você tem que dormir.
– Certo. Eu estou com sono mesmo.
Miranda foi para seu quarto, colocou um pijama, mas antes de dormir, botou a cabeça para fora de seu quarto e disse:
– Boa noite, tio Sherlock!
Ele fingiu não ter ouvido. Miranda, meio sem graça, deitou em sua cama e apagou a luz. Sherlock parou na soleira da porta.
– Boa noite, Miranda – ele respondeu.
Ele saiu andando de volta para a sala, mas no meio do caminho, parou e voltou ao quarto dela. Então, simplesmente rosnou, na voz que usara para o dragão:
– Rawrr.
E isso fez a garota Watson rir muito antes de conseguir voltar a dormir.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
e aí? gostaram? kawaii o suficiente?