Pequena Maria escrita por Ryskalla


Capítulo 7
Capítulo 7 - De Guarda a Fada


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo, foi realmente muito divertido escrevê-lo. Ele irá tirar algumas dúvidas sobre o plano e irá apresentar melhor o personagem Hector ^^



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Após abrir o portão, Hector pensou sobre as passadas que o trouxeram ali. Imaginava que, se houvesse pensado sobre eles antes, provavelmente não abriria o portão... Seis dias. Apenas seis dias foram capazes de colocar sua vida de cabeça para baixo e tudo começou com o pensamento daquela manhã, em que seus amigos de infância reapareceram.

Nenhum dos guardas ousava dizer, entretanto, que a falta de juízo da rainha era motivo de preocupação para todos os habitantes do reino. Os boatos de que a rainha estava planejando uma guerra contra o reino vizinho estavam cada vez mais difíceis de conter. Em breve todo o reino saberia e então tudo se tornaria um caos, porque o reino Lycoris não fora programado para guerras por território. Aonde a rainha queria chegar?

Pensando bem agora, Hector refletia se a guerra em Eríale fora arquitetada pela rainha. Era provável, mas aquela guerra não deveria tê-la ensinado algo a respeito? Além do mais, o tão amado rei fora perdido naquele combate... Assim como centenas de Lycorianos. Por que o rei se deixara levar pelas palavras de sua esposa? Era uma teoria que não poderia ser compartilhada, pois a rainha sempre fora muito radical e todos a temiam.

O reino Lycoris era o maior reino conhecido por aquelas terras. Era subdivido em três sub-reinos: Hannonia, Hellebore e, o mais recente, Eríale. O castelo real localizava-se em Hannonia assim como a maioria das moradias. Hellebore e Eríale eram pouco povoadas; Hellebore possuía um clima frio e desagradável para a maioria dos Lycorianos e Eríale ficava próximo a uma perigosa floresta. Apenas os antigos moradores de Eríale moravam lá, somados de alguns soldados e guardas reais. A rainha não confiava completamente naquela parte do reino e o mantinha sob vigilância. Nesse ponto, ninguém era contra, pois era de conhecimento geral o desgosto que Eríaleanos nutriam por terem sido subjugados e tido sua amada terra acoplada ao reino Lycoris.

— Hector, tem um casal aqui querendo falar com você. — Brian o tirara de seus pensamentos com um ar divertido. Do lado de fora da porta uma garota gritara: Não somos um casal! E isso fez com que Hector imediatamente descobrisse quem os aguardava lá fora, mesmo que não pudesse acreditar em tais pensamentos.

— Hector! Nossa, você... Cresceu. — Yui tentava inutilmente esconder a surpresa. Do trio, Hector fora o que mais mudara, de fato.

— Cresci para os lados, você quer dizer. — Sua gargalhada ribombou por todo o corredor. E continuaria crescendo se lhe fosse permitido. Tinha que compensar os anos em que passara fome. — Que surpresa agradável! Ethan continua quieto como sempre, não vai falar com o vel... O que aconteceu com o rosto dele?

— Longa história... — O garoto murmurara cansado. Aparentava ter tido uma noite mal dormida e segurava algo que ele suspeitava ser babosa sobre o rosto. — Há algum lugar onde não há riscos de sermos ouvidos?

Hector ficou em silêncio por um momento. O clima estava pesado, alguma coisa grave estava para acontecer... E se Ethan estava envolvido, era um claro motivo para preocupação.

— Certo. Eu já volto, espere um instante. — E deixou-os no corredor, seguindo para a saleta de vigília 12. Os muros do reino possuíam diversos desses pequenos cômodos, cada saleta ocupada por uma dupla. Um responsável por avisar os outros guardiões em caso de ataque, e o outro pelo controle das armas que retardariam os invasores. — Brian, preciso me ausentar por algumas horas, tem como segurar a vigília sozinho por esse tempo?

— Claro, a não ser que as ovelhas resolvam atacar o reino. — Deu um breve sorriso. Era uma boa pessoa, mas possuía um grave defeito para um guardião: fazia pouco caso das regras. Esse defeito, porém, era uma salvação para Hector. — Só não demore muito.

— Não vou. Obrigado. — Saiu da saleta em passadas rápidas, logo alcançando os amigos de infância que ainda o aguardavam. Ethan levantou-se rapidamente, aparentemente cheio de expectativas. — Minha casa não é muito longe daqui, tenho certeza de que lá é seguro.

Tão logo chegaram à casa de Hector, Ethan começou a falar em um tom urgente uma história absurda sobre resgatar a prisioneira com o maior nível de periculosidade do reino.

— Espere, espere, Ethan. Não posso concordar com isso. Ela é perigosa, está te enganando com toda a certeza. Criaturas como ela têm os mais perversos sentimentos e...

— Como ela poderia ter sentimentos perversos se ela sequer é capaz de sentir, Hector? — Fora interrompido por Ethan, cujo tom se tornava cada vez mais urgente. O que aquela criatura havia feito ao amigo, Hector não saberia dizer, mas sabia que Ethan jamais agia imprudentemente. — Você não entende? Ela precisa de ajuda.

— Ethan, escute. Sei que você nunca age precipitadamente, mas sempre tem uma falsa visão dos outros. E isso faz com que seja facilmente manipulado. — Aumentou o tom de voz quando Ethan fez menção de interrompê-lo novamente. — Você não sabe o que está colocando em risco. Você não viu a aparência das crianças que foram atacadas por ela, mas eu vi. E ainda tenho pesadelos só de pensar nisso. Não quero ver nenhuma outra criança daquele jeito... Você não sabe como é.

— Eu sei como é, porque Noire está cada vez mais próxima de ficar assim! Ela precisa roubar a alma de crianças, mas isso não quer dizer que ela deseje isso. Ela tem pouco tempo e tenho esperanças de que eu consiga reparar a alma dela, Hector... Talvez ela tenha salvação. — Era notável que Ethan estava desesperado, pois nem sequer sentira-se ofendido com as palavras do amigo. Isso fazia Hector hesitar. Deveria confiar em Ethan mesmo que tudo apontasse para um eminente fracasso? Seria o mesmo que domesticar um leão faminto, nada poderia garantir que a garota não roubasse a alma de seu salvador.

— Eu não sei, Ethan... Passá-la pelos muros é o mais fácil. Difícil será trazê-la até aqui. E também, minha folga será daqui a dois dias. Seja qual plano você tenha em mente, tem pouco tempo para isso.

— Eu nunca estive contando com o tempo, por isso pensei bastante a respeito. É arriscado e vou precisar de alguém desesperado... Uma mulher desesperada. — Hector podia ver a insegurança tomando conta no amigo. Podia imaginá-lo repassando o plano diversas vezes em sua cabeça. Fazendo algumas alterações, talvez. — Os guardas não ficam na Praça Pública a noite toda, saem para beber, pois julgam que ela não vai conseguir fugir ou que ninguém irá ajudá-la a sair... Nesse tempo, posso soltá-la e colocar outra mulher no lugar. Seria combinado que ela se revelasse com o passar de dois dias e então diria que a prisioneira que trocara de lugar com ela. Claro que iríamos pagá-la, sei que ninguém faria isso de graça.

— É um bom plano... O problema será arrumar essa mulher... E ela teria que ser parecida com a prisioneira, o que vai ser um pouco difícil. Ela parece um defunto, provavelmente suspeitariam cedo demais, isso sem contar o risco de ela mesma revelar a farsa. E se um guarda olhar pela janela da taverna e ver a cena... — Yui ia listando todas as preocupações que Hector também possuía e Ethan dava um aceno positivo para cada item da lista, pois ele também conhecia esses riscos. — E as chaves. As correntes dela têm fechaduras, só podem ser abertas com uma chave específica. Demoraria muito tempo para falsificar uma.

— As chaves estão aqui. Vocês só precisam... De um cadáver. — A espinha de Hector gelou. Nem sequer iniciaram o plano e já foram descobertos. Olhou para Yui que estava tão branca quanto ele próprio. Contudo, Ethan olhava para o chão com uma expressão confusa.

— E onde você supõe que encontraríamos um cadáver, Aury? — Hector ouviu o amigo perguntar, e logo depois Yui deu um salto da cadeira, enquanto também olhava para o chão.

— De onde você surgiu? — A garota gritou, exasperada.

— A janela estava aberta. — Respondeu o... Gato? Desta vez, quem levantara em um pulo fora Hector. Olhou de Ethan para Yui esperando alguma explicação de porque havia um gato falante em sua casa. — A respeito do cadáver, eu creio que também consiga arrumar um, só que seria difícil conseguir transportá-lo. E antes que você se recupere do choque para perguntar algo relacionado à minha capacidade de falar, devo esclarecer que eu sou uma entidade em forma felina, e não um simples gato.

Hector engolira em seco, porque de fato pretendia fazer uma pergunta daquelas. Talvez o gato estivesse cansado de tais questões, o que provavelmente era justo. Abaixou-se para pegar as chaves que se encontravam às patas do gato. Analisou-as e percebeu que, para seu espanto, eram legítimas. Eram chaves Reais. Conhecia aquele símbolo muito bem.

— Você roubou essas chaves... Como conseguiu pegá-las? — Hector estava impressionado, assim como ficava impressionado quando Yui roubava algo particularmente difícil. Só que fora um gato que roubara. Roubara as chaves Reais. Que, em teoria, deveriam estar bem protegidas, ainda mais pertencendo às correntes daquela prisioneira em especial.

— Não acho que chaves sejam tão pesadas assim para que eu não possa carregá-las. E, mesmo que eu não seja um gato de verdade, ainda assim possuo muitas de suas habilidades. — E, não dando margem para novas perguntas, continuou. — Seu plano é razoável, Ethan, desde que anulemos as possibilidades de falhas. Ele nos dará algum tempo, o que é bom. Não sei quão determinados eles estão em mantê-la prisioneira, mas... Não creio que estaremos seguros se apenas sairmos do reino.

— Ainda não aceito o fato de estar falando com um gato... — Murmurou Hector, levando Aury a dar um suspiro aborrecido. — Eu me sinto uma fada!

— Por que uma fada? — Indagou Yui, com uma expressão confusa.

— Sua mãe não lia muito para você, não é? — Ethan começara a dizer. — Segundo os contos da Rainha, fadas podiam compreender os animais.

— Sim, e cada animal possuía uma característica chave... — Continuou Hector.

— Eu não sou um animal. Sou uma entidade! — Interrompeu Aury, irritado. — De qualquer modo, os contos da Rainha não são importantes no momento. O importante é dar continuidade ao plano. Ouçam, vocês vão precisar de um cadáver, coisa que eu posso fornecer...

— O cadáver teria que estar fresco. O cheiro denunciaria caso não estiver. — Observou Hector.

— Obviamente.

— Está sugerindo que devemos matar uma mulher inocente para libertar uma ladra de almas? — O rosto de Hector tingira-se de vermelho. Aquilo era uma ofensa para um guardião. Como se não bastasse ter que libertar uma criminosa, ainda teria que cometer outro crime?

— Você sugere algo melhor? — Aury perguntara secamente. — Porque eu não consegui pensar em nada melhor.

— Não posso concordar com isso! É loucura e isso já era loucura o suficiente desde o princípio. — Esbravejou Hector olhando furiosamente para o felino.

— Situações desesperadas pedem medidas desesperadas. E sua ajuda não é de grande necessidade, você pode ser facilmente descartável. Aquela garota já sofreu o bastante! — Os pelos de Aury eriçaram-se enquanto encarava o humano a sua frente com igual fúria. Era um gato ousado, Hector pensava.

— Não espere passar pelos portões de minha rainha, então, bola peluda.

— Os portões não são o único meio de escapar desse reino. E se você soubesse o que sua querida rainha anda fazendo, talvez você não oferecesse sua lealdade a uma pessoa tão indigna.

Quando Hector estava próximo de tentar quebrar o pescoço peludo do gato Yui interrompeu a discussão:

— Bonecas...

— O quê? — Hector e Aury disseram em uníssono.

— Não está falando do Maike, está? A loja dele deve ter fechado há anos. — Ethan olhava fixamente para Yui, cujos olhos estavam fixados em algum ponto perdido no chão.

— Quem é Maike? — Indagou Hector, impaciente. Sentia o clima tenso entre Ethan e Yui, como se ambos estivessem escondendo algo.

— Bom... Conhecemos Maike quando éramos crianças... Foi naquela vez que você pegou uma gripe forte. Ficamos tão assustados que decidimos não contar para ninguém. — Os olhos de Ethan encontraram os seus. Hector sentia-se ligeiramente ofendido com o fato dos amigos guardarem um segredo dele, mas ainda assim queria ouvir a história e Ethan pareceu perceber isso, pois depois de um silêncio desconfortável continuou. — Maike é dono de uma loja de bonecas. Quando Yui e eu passeávamos pelo reino, ficamos curiosos ao avistar a loja dele. Haviam duas bonecas na vitrine e eram bem feitas, mas não tanto. Yui quis me colocar medo dizendo que as bonecas poderiam estar vivas... Ela me arrastou para dentro da loja e lá estava Dulce.

— Dulce? — A voz de Hector perguntara.

— Sim, era a irmã do Maike... Ela era muito amável, nos mostrou todas as bonecas e então nos mostrou o criador delas, Maike... Eu juro, ele não deveria ter mais que vinte anos e isso nos deixou espantados, já que ele era muito jovem para ter uma loja. Ele nos disse que a loja era um negócio de família e, como o pai falecera, ele era responsável por ela. Yui viu um bracelete dourado no braço de uma das bonecas e bem, você sabe como ela é... — Os olhos do garoto desviaram-se para Yui, que continuava a olhar para o chão fixamente. — Dulce pegou o braço da Yui rapidamente, mas a manga do vestido dela subiu demais...

— Ela era uma boneca... — Yui sussurrou, enquanto forçava suas mãos a pararem de tremer. — Quando ela me tocou...

— Sentiu como se algo estivesse sendo tirado de você. — Completou Aury e, ao ver o olhar surpreso de Yui, continuou. — São bonecas, sabe? Não há nada dentro delas, é normal que tentem pegar uma ou duas almas. Elas não precisam fazer isso, digamos que faz parte de sua natureza cruel. Sentem inveja de algo que nunca poderão ser, então tentam transformar os humanos em algo que elas estão destinadas a ser. Um humano sem alma é muito parecido com uma boneca.

— Então todas as bonecas...? — Hector deixara a pergunta suspensa no ar.

— Não, somente aquelas que têm sua consciência despertada. Felizmente, é algo incomum. Contudo, creio que uma boneca possa servir... — O silêncio tornou-se novamente presente. Hector buscava digerir a existência de uma boneca viva, mas, levando em consideração o gato falante, talvez não fosse algo tão surpreendente assim. — Seu rosto está melhor, Ethan, e o seu braço?

— Braço? — A voz de Ethan estava confusa e então um entendimento doloroso espalhou pelo seu rosto. — Ah... Tinha me esquecido dele...

O garoto ergueu a manga de sua camisa, revelando o braço machucado. Ele fez uma cara desgostosa. O esquecimento do ferimento acarretara sua piora e agora estava quase tão feio quanto seu rosto estivera anteriormente.

— Sinceramente, Ethan, sua facilidade para se distrair me espanta. — A amiga respondera desgostosa. Levantou-se e em tom cansado disse: — Vou buscar babosa.

— Como você conseguiu esses ferimentos, Ethan? — Hector perguntara, incapaz de se conter. Ethan nunca se envolvia em brigas, nunca fazia nada particularmente perigoso. O amigo era como toda criança com uma situação financeira um pouco prestigiada: medroso, ingênuo e levemente mimado. Em razão disso, Ethan raramente se machucava e vê-lo com dois ferimentos realmente feios era motivo suficiente para despertar a curiosidade de Hector.

— Ah, isso. Foi uma cena muito bonitinha. Estavam chicoteando Noire e ele entrou na frente. Atitude estúpida, mas adorável. Humanos assim estão cada vez mais raros. — O gato respondia com grande satisfação e Ethan encarava o chão, com um olhar amargurado. Hector não poderia dizer o motivo daquele olhar e isso o preocupava, Ethan sempre fora muito fácil de ler. — Então usaremos bonecas. Yui irá falar com Maike e Ethan...

— Eu não vou entrar naquela loja outra vez. — A garota voltara com um pedaço pegajoso de babosa em mãos. Sua voz era soturna e Hector pode perceber um leve tremor percorrer o corpo da amiga.

— Bom, terei que resolver isso de algum modo... Tenho outra missão para você, então. Preciso que você roube algo. Ou melhor, pegue algo de volta. — Todos os olhos se fixaram no felino, mas nenhuma outra palavra saiu de sua boca.

— Roubar? Mas que absurdo! Yui jamais seria capaz de fazer algo assim, não é Yui? — Hector dissera em tom divertido e então o clima tornou-se menos tenso, todos riram com vontade, até mesmo o gato, mesmo que esse fosse o momento mais estranho que Hector presenciara.

Aos poucos o plano foi ganhando forma, cada um fazia uma sugestão para melhorá-lo, apontava algum defeito ou risco que poderia ser contornado. No final, encontraram outro problema que foi resolvido por sua ideia de utilizar o esgoto, parte desagradável que ficou ao encargo de seu amigo medroso. Hector formularia uma maneira fácil de fazer os amigos passarem pelos portões e, por fim, Yui e Aury se encarregariam de “roubar o ladrão”.

E agora lá estavam eles, fugindo de seu lar para ajudar uma completa estranha. Hector só poderia guiá-los até a noite do dia posterior. Era tarde demais para voltar... Mesmo que os Contos da Rainha não saíssem de sua mente.

Infelizmente, o problema maior estava no novo companheiro de viagem. A presença dele quase os denunciara quando Yui soltou um grito que ele tivera que abafar. Aquela criatura era muito apegada a Ethan, embora não pudesse entender como. Afinal, Ethan passara seis dias no esgoto, não havia tempo para terem se conhecido e criado um laço tão forte.

Se bem que o Ethan de antigamente, mesmo que muito cauteloso, adorava ajudar os mais fracos. Pensando agora, era realmente uma sorte que o garoto nunca se machucasse seriamente... Ou talvez o garoto fosse mais calculista que ele pensava e nunca ajudasse alguém mais fraco sem ter a certeza de que poderia sair ileso. Era estranho e triste... Porque parecia que não conhecia mais o amigo. Lembrava-se da briga que tiveram quando crianças e da mudança. O trio já havia se esquecido, qual o sentido em se lembrar daquela briga agora?

Nenhuma daquelas lembranças importava, o importante era que aquela boneca estava atrasando a viagem. Hector foi incapaz de se conter e a arrancou dos braços de Ethan.

— Desculpe, coleguinha, mas o braço de Ethan está machucado e tenho certeza que ele já fez esforço demais. — Killian nada respondeu, apenas continuava olhando fixamente para os olhos de seu amigo, como se houvesse algo de errado com eles. O gato tagarelava sobre os mais variados assuntos e a prisioneira...

Onde ela estava?

— Cadê ela? — Perguntou em um tom nervoso que causou espanto a todos. Menos ao gato. De fato, Noire era tão estranhamente quieta que podia facilmente ser esquecida. O único que parecia vigiá-la constantemente era Ethan, mas infelizmente estivera distraído com a boneca até pouco tempo. — Será melhor para você, bola de pelos, que ela tenha ido utilizar alguma árvore.

— Ela irá voltar em breve... Apenas precisava roubar uma alma. — Podia ver que Ethan tinha um olhar culpado e preocupado. O gato sabia que, de todos eles, aquele garoto era o único que não poderia perder a fé nela. — Ela irá voltar, Ethan... Confie em mim, ela jamais iria lhe abandonar. E se não conseguirem confiar nela, ao menos confiem em mim. Porque eu ainda estou aqui e vocês podem ter certeza de que...

— Ela quer saber... Se pode vir com a gente... — Hector sentiu sua espinha gelar. Se tivesse que odiar alguma coisa, odiava a voz da ladra de almas. Olhou para trás e lá estava ela, com uma menina de não mais que quinze anos a sua frente. — Ela disse que pode cuidar de Ethan...

— Noire, o que você fe... — O gato começou, porém a menina o interrompeu.

— Ela roubou a alma do meu pai. Ela salvou minha vida.


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