Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 9
Omaeda Descartado


Notas iniciais do capítulo

Ola sejam bem vindos.
Façam uma boa leitura.



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Ventava terrivelmente lá fora, e o minúsculo quarto da cabana era impregnado por partículas de areia que invadiam o cômodo. Ela podia sentir o cheiro da maresia, mesmo o mar estando a quilômetros de distância. Então num sobressalto, emergiu de seu sono profundo.

Imediatamente sentiu uma forte cólica.

_ Se eu fosse você não faria movimentos bruscos! – A pequena capitã, demorou a localizar-se, mais ainda a identificar quem se atrevia a falar-lhe com tamanha intimidade.

Então num esforço quase sobre-humano ela pôs-se em posição de defesa, tentando encontrar sua Shikai.

_ É aquilo que está procurando? – Ela focou num canto sua espada, abandonada displicentemente no chão, do que ela identificou sendo uma choupana.

Seu esforço em ficar em pé foi inútil. Logo, suas pernas falharam e ela caiu sobre a cama, sentindo algo vibrar em protesto dentro de seu útero.

_ Foi um belo mergulho no poço, eu diria. – A velhinha disse em tom de zombaria.

Soifon finalmente a reconheceu como sendo uma serva agregada de seu clã.

_ O que faz aqui? – Perguntou ela sem deixar a posição defensiva.

_ Você deveria se acalmar criança... Eu não vou lhe fazer nenhum mal. – Disse a velha parecendo sincera. Soifon aos poucos, mais vencida pelo cansaço do que pela razão, ajeitou-se como pode no futon improvisado.

Estava com os braços cheios de escoriações, tinha um grande corte na testa, mas fora isto ela ficara bem. Sua sorte é que o poço estava seco se não teria morrido afogada.

Um arrepio percorreu sua espinha quando a ideia de morte veio em sua mente. Instintivamente levou a mão a barriga.

Ele ainda estava lá. Seu bebê parecia ter herdado a teimosia da mãe. Sem perceber respirou em alivio ao mesmo tempo achando um absurdo estar feliz por ter perdido talvez a única chance de livrar-se daquele pequeno estorvo.

_ A boa noticia é que seu filho quer viver. – Disse a velhinha remexendo uma colher num caldeirão que lembrava muito bem o das bruxas de desenho animado mais antigos. – A má noticia é que você não levanta daí até que ele nasça. Ou por acaso já esqueceu?

Infelizmente a capitã não se esqueceu dela ardendo de febre numa cama, tremendo como vara verde, enquanto aquela velha cretina enfiava uma agulha em lugares que ela nem sabia que tinha.

_ Eu tive de costurar o seu útero para que a criança não escapasse. – Falou ela com um sorriso orgulhoso de seu próprio ato. – Porém, você não deve fazer movimentos bruscos, ou então os pontos romperão e a dilatação ira aumentar... Como consequência natural você irá abortar e todo o nosso esforço até aqui será inútil.

Soifon ficou quieta. A ideia de ficar acamada a assustava. A ideia de não poder voltar pra casa mais ainda. E ainda ter de “comer pela mão de uma estranha” piorava e muito sua situação. Seus olhos encheram-se de lágrimas.

Estava com dor. Estava com fome. E por que não admitir? Estava com medo. Ela não sabia exatamente de que, mas poucas vezes foi dominada por aquela sensação de quase desespero.

Então, alguma coisa vibrou de leve em sua barriga. Dando sinais de que ela não estava sozinha.

_ Fica quieto, isto é tudo por sua culpa. – Ela murmurou levando sua mão a barriga ainda lisa, sendo tomada pela aquela estranha sensação de ter “alguém” vibrando dentro de sua barriga.

Pensar nisto tudo a fazia voltar a ter vontade de matar certo capitão, no final das contas noventa e cinco por cento da culpa era dele.

_ Onde estamos? – Perguntou a capitã.

_ 66º distrito. – Informou a senhora concentrada em sua “bruxaria”.

_ Isto é muito longe. – Chocou-se a capitã. – É quase...

_ Estamos perto do litoral. – Informou a velha. – E perto da cadeia do diabo.

Novamente um arrepio passou pela espinha da capitã. Aquela era uma das zonas mais perigosas da Sereitei. Nem mesmo um capitão deveria desbravar aquele território sozinho.

E ela estava há poucos quilômetros dele, impossibilitada de lutar e ainda com o desafio de proteger alguém que a colocara nestas condições, pensava ela pensando em seu ventre.

_ Além do mais você tem poucos suprimentos. E se não me pagar eu terei de deixa-la. – Noticiou à velha.

_ Hã? Mas, eu não tenho dinheiro aqui. – Protestou a capitã.

_ Azar o seu... Já fiz muito salvando a sua vida e de seu pirralho. De graça é que eu não vou trabalhar._– Quem sabe quando voltarmos. – Tentou negociar.

– Já disse que nos próximos meses você não levanta dai. – A capitã ficou com uma veia na cabeça.

_ E o que sugere? – Perguntou odiando-se por ter chegado ao ponto de não saber o que fazer.

_ Simples procure ajuda.

#

_ Isto já demorou tempo demais. – Byakuya levantou-se sentindo o corpo pesar tamanha sua tensão nervosa.

_ E o que pretende fazer capitão? – Perguntou Unohana.

_ O comandante geral não quer dizer o paradeiro de Soifon.

_ Já se passaram 48 horas de sua partida. – Disse ele.

_ Sim, mas o prazo mínimo para ser deliberada uma nota de desaparecimento é 72 horas mais 72 horas. – Ukitake repassou as regras que todos conheciam tão bem.

Apenas neste momento Byakuya quase entendia Yoruichi por ter chutado o pau da barraca e mandado tudo as favas.

_ Eu irei contatar o conselho do Clã Kuchiki. Eles irão pressionar o comandante de modo que ele terá de dizer para onde foi Soifon.

_ E se ainda assim não de certo? – Perguntou Unohana.

_ Então, eu irei agir por mim mesmo. – Disse ele levantando-se deixando para trás dois taichou realmente preocupados com a gravidade da situação.

Naquele caso tanto fazer quanto não fazer algo, implicava em sérios prejuízos para Byakuya.

Se ele não agisse Soifon poderia estar em perigo, assim ele perderia seu filho. De outro lado se ele agisse pelas costas do comandante geral, poderia responder um processo por insubordinação, podendo até mesmo perder seu posto como capitão, o que o colocaria em um sério conflito com seu Clã.

#

_ Byakuya! – O capitão reduziu o passo apenas por se tratar de Unohana uma das poucas colegas que ele de fato admirava pela calma e ponderação.

_ Por favor, não diga nada que seja para me dissuadir. – Disse ele surpreendendo-se por estar demonstrando fraqueza para pessoas que ele queria que o vissem como uma fortaleza.

_ Eu apenas acho que você esta sendo precipitado. – Disse Unohana.

Byakuya ia dizer algo, mas foi interrompido pela chegada de Yoruichi.

_ O que o Bya-bo esta tramando dessa vez? – Perguntou a mulher esforçando-se para manter a calma e o bom humor. Mas, a expressão de poucos amigos de Byakuya a fez desmanchar o sorriso.

_ Eu irei convocar o conselho de meu clã para pressionar o comandante geral a falar o paradeiro de Soifon. Talvez você devesse fazer o mesmo, pois duas casas nobres exercendo pressão são melhores do que uma... – O Capitão arriscou um palpite.

Yoruichi sentiu um calafrio só em ter de lidar com o conselho de seu clã mais uma vez. Aquelas raposas de guerra, não se importavam nem um pouco com o que aconteceria com Soifon, para eles ela era apenas uma “cabeça de gado” feita para ir para o “abate”. Sobretudo, depois que ela assumiu uma posição que sempre pertenceu ao Clã Shihouin.

_ Não é tão simples assim. – Disse Yoruichi desconversando.

_ Tem razão. – Disse Byakuya. Após alguns segundos de ponderação. – A única coisa que é simples nessa história é seu descaso com a Soifon. Acho que não se importa nem um pouco com o que possa acontecer. – Disse ele preparando-se para dar as costas e ir embora. Mas, parou quando sentiu a mão de Yoruichi pesar em seu ombro.

_ Eu não sei o que você ganha em me atacar assim. Porém, nem você nem ninguém tem o direito de falar em nome de meus sentimentos. Estes são meus e eu não divido com ninguém. – Yoruichi argumentou.

_ Este é o ponto sentimentos foram feitos para serem compartilhados. A vida inteira você zombou de mim por conta de meu jeito de lidar com as pessoas como se o seu fosse melhor. Pelo menos eu não brinco com os sentimentos das pessoas.

Yoruichi resignou-se em dar um suspiro. Ela não via sentido nenhum naquela discussão. Continuar trocando as farpas com Byakuya não iria trazer sua discípula de volta.

_ Eu estive com Urahara. – Ela percebeu Byakuya revirar os olhos nesse quesito ele estava ficando pior do que a Soifon, por isso ela resolveu ignorá-lo.

_ Ele tentou usar o Bip para rastreá-la, mas o sinal esta fora de alcance. – Disse Yoruichi esforçando-se para tornar aquela dialogo mais técnico do que sentimental. No fundo ela era uma pessoa que tinha mais facilidade em lidar com a razão do que com a emoção.

_ E no que isto pode ajudar? – Perguntou Byakuya impaciente.

_ O raio de alcance do Bip é 360 km. – Disse Yoruichi.

_ Isto é muito longe. – Disse Byakuya em choque.

_ Mas, já é alguma coisa. – Falou Unohana esperançosa.

_ Ainda assim é como buscar uma agulha no palheiro. – Byakuya disse um tanto desanimado.

_ Nós iremos encontra-la. – Yoruichi rebateu com determinação.

_ Você realmente quer acha-la? – Perguntou o capitão cético.

Porém, a shinigami exilada não teve tempo de responder, um forte ruído chamou a atenção tardiamente dela, que se viu atingida junto a seus companheiros por um barril que veio a toda velocidade rolando pela rua, indo em direção aos capitães que foram atingidos como se fossem pinos de boliche.

Num instante eles estavam numa roda conversando no outro eles estavam voando a três metros do chão tendo uma multidão observando atenta a inusitada cena de Unohana, Yoruichi e Byakuya voando pelos ares com um barril psicótico rodopiando atrás deles.

Byakuya então usou sua espada para despedaçar o barril do qual Omaeda saíra satisfeito por ter se libertado do que era para ter sido seu esconderijo perfeito. Mas, tamanho foi seu desespero quando recebera um soco de Yoruichi reforçado com Shunko direto no estomago, indo em direção ao chão onde caiu com um forte estrondo.

O fukataichou achou que sua mais nova rodada de punição havia terminado, contudo assim que sua cabeça parou de latejar, ele sentiu uma aura assassina milhares de vezes pior do que a de sua superior.

_ Unohana-taichou! – Disse o nobre azul como uma pedra de gelo.

_ Omaeda muito mal... Precisa ser disciplinado! – Disse Unohana, num tom que fez tremerem dos pés a cabeça.

_ Receba minha punição... – Disse Unohana aproximando suas perigosas mãos do ricaço que só fazia rezar de olhos fechados, para sua “santa capitã” prometendo-lhe que lhe daria todo seu suprimento de biscoitos, jujubas, e tudo mais que ela quisesse se ela o salvasse.

Foi então que um pássaro aterrissou sobre o bumbum de Omaeda que havia escondido a cabeça no chão para não ver seu terrível destino.

Os três capitães olharam céticos o pássaro voar em volta de Omaeda, na busca pelos biscoitos que ele provavelmente tinha no bolso.

Mas, não foi isto que chamou a atenção neles e sim o envelope, com a letra caprichada daquela que eles tanto queriam saber o paradeiro.

#

_ Então Omaeda é o pai de seu filho? – A velha perguntou enquanto servia uma sopa para a convalescente capitã.

_ Oh, não diga isto nem de brincadeira! – Protestou a capitã imaginando-se com um filhote gordo e glutão para criar.

_ No momento ele é tudo com o que eu posso contar. – Disse a capitã sem acreditar que estava colocando sua vida nas mãos gordas de seu irritante fukataichou.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura e até o próximo.