Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 37
Os Três Fundamentos de Soifon


Notas iniciais do capítulo

Ola sejam bem vindos.
Façam uma boa leitura.



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O coração de Soifon batia acelerado.

Nunca havia participado de uma missão de campo.

Seguia seu pai com dificuldade. O homem não diminuíra o ritmo por causa dela, pelo contrário. A criança que contava apenas nove anos arfava logo atrás dele. Mas, o homem estava indiferente as dificuldades que sua filha estava passando.

Ele havia num período de um ano enterrado todos os seus filhos varões. Aquilo era quase como uma maldição para sua família. Sobretudo, por ter lhe restado apenas aquela menina franzina e desmilinguida como semente para as futuras gerações do seu clã.

Uma das mil e duzentas almas que ele havia exterminado deve ter o amaldiçoado.

— Otou-san, para onde estamos indo? – A menina falara reunindo toda a coragem que havia em seu corpo infante.

Mas, encolhera-se ao receber aquele olhar duro como aço. E calara-se.

— Iremos a caça, minha filha. – O homem pousara sua mão sobre a cabeça da jovem.

— Iremos caçar algum animal. – A jovem falara fazendo uma expressão de desagrado que não passara despercebida por seu pai.

— Nós iremos ir atrás de pessoas. – O homem falara estreitando os olhos a medida que a criança arregalara os olhos chocada com essa ideia.

Enfurecido, o homem levara sua pesada mão ao pescoço da garotinha empurrando seu corpo frágil contra uma árvore.

— Você vai erguer sua espada, e cortar o pescoço de todos que aparecerem no seu caminho. Com isso estará honrando nosso clã e a mim. Mais que isto estará honrado os Shihouin. – Ele dissera com um sorriso assustador.

— Que honra há em tirar vidas? – Ela perguntara em meio a um gemido de dor.

O homem por um instante ficara surpreso pela repentina pergunta, mas logo apertara com mais força a garganta ao ponto de tornar-se difícil respirar.

— Que honra a em desobedecer o homem que lhe deu a vida? – O homem dissera arremessando-a contra o chão, ela rolara na terra sentindo a dor da batida. – Não, se esqueça que eu lhe dei a vida, nada me impedira de tirá-la a qualquer momento.

Ele dissera isto enquanto emanava sua reiatsu impregnada com uma intensidade assassina tão forte, que Shaolin não tivera nenhuma defesa, ficara paralisada de medo.

Quando ela achara que seu coração fosse parar de bater a qualquer instante. O homem diminuíra sua pressão espiritual e ordenara que ela o seguisse.

—Aprenda de uma vez por todas, você nascera em uma família de assassinos. - Dito isto Furagu lhe dera as costas. Ela poderia ter ficado para trás, pego qualquer trilha naquela floresta, mas ela acabara seguindo obedientemente porque se quisesse ele a alcançaria, e se ele quisesse ele não teria a menor consideração pela sua existência.

Foi nesta época que ela desenvolvera o primeiro fundamento que a ajudaria a sobreviver o terrível fardo que era viver em um Clã de Assassinos.

— Os fracos devem ser exterminados.

#

Chegaram a uma fazenda lindíssima. Havia um lindo de um casarão cercado por várias sebes que serviam de contorno para as prósperas plantações que cercavam o jardim. Ao longe ela podia distinguir o ruído de vários animais, como cavalos, vacas, ovelhas, galinhas. Só Kami-sama sabia o quanto ela detestava as galinhas.

Fora isto o ambiente estava todo silencioso.

Havia apenas duas janelas com as luzes acesas na grande casa.

Com dificuldade Soifon percebera que há cerca de trezentos ou quatrocentos metros havia várias pequenas construções de madeira onde provavelmente residiam os servos da família principal.

Seu pai ordenara que ela saltasse silenciosamente, coisa que ela fez com facilidade. Já que ela treinara aquele movimento desde que tinha dois anos de idade.

Mas, cachorros costumam ser perspicazes. Eles começaram a latir, mas seu alarido durara apenas o tempo que o homem levara para silenciá-los em meio a um grunhido que causara um arrepio na espinha de Shaolin que chegara a impulsionar-se para implorar para que seu pai poupasse ao menos um dos filhotes, mas o homem a silenciou com um olhar aterrador.

Com agilidade, eles moveram-se nas sombras. Usando desde as árvores até as diferentes construções do local, para camuflar sua presença. Era possível perceber que se tratava de uma família abastada. O percurso fora relativo tranquilo, Shaolin ingenuamente torcia para que seu pai não encontrasse ninguém na fazenda desse modo eles poderiam ir para casa.

Mas, para seu horror um dos servos da fazendo movera-se justamente na direção de seu pai. Que numa velocidade que a pequena não pode acompanhar sacara sua espada, a cena chocante fizera com que lágrimas escapassem dos olhos da futura taichou.

— Observe. Espere. Mas, na hora que tiver de agir, não hesite.

Fora o segundo fundamento. Dois contrapontos.

Ao mesmo tempo que ela tinha de ser fria para analisar as situações. Ela precisava ser impulsiva o bastante para não hesitar, e portanto não cometer erros estúpidos. Um eterno jogo de cara e coroa, entre as duas faces de uma mesma moeda. Ou melhor dizendo, de um mesmo coração.

Depois de um tempo que parecera uma eternidade. Eles finalmente pararam a um metro da casa principal. As sebes haviam dificultado o caminho que mais parecera um labirinto. Mas, seu pai a pegara nos braços e saltara no exato ponto onde eles se encontraram. Shaolin estava com as bochechas vermelhas ao constar que aquela era a primeira vez que seu pai a pegava no colo. Mas, o encanto se quebrou quando ele a largou como um saco de batata no chão. E quando mais quatro sombras moveram-se em sua direção.

Ela logo reconhecera, seu tio, dois primos e um servo.

— Hm. É a abelha insignificante? – Um dos seus primos dissera.

A garota fizera um bico, aquele apelido irritante a perseguia desde que ela conhecia-se por gente.

— O que faz aqui? Vai ser gritando como uma garotinha e berrar? – O outro provocara segurando os cabelos dela dolorosamente e afastando-a de modo que seus chutes não o atingisse.

Ele já havia aprendido por experiências anteriores, que aquele filhote de anão batia forte quando queria.

— Furagu o que significa isto? A iniciação é com quinze anos, essa menina mal chegara a dez! – O mais velho do grupo questionara de um jeito que pareceu bem zangado. Shaolin não conseguira evitar achar graça de ver seu pai tomando bronca de outra pessoa, já que a vida inteira ela o vira brigar com todo mundo.

— Se não bastasse enterrar seus filhos você quer acabar com a sanidade da única filha que lhe resta?

Ele olhara de um jeito esquisito para Soifon que encolhera-se.

— Cuide de sua vida, que da minha filha cuido eu.

Por ser muito pequena e inocente, ela considerara aquelas palavras uma prova de amor incondicional. Seu pai estava propondo-se a “cuidar” dela, então ela tinha de confiar que o caminho que ele sugeria era o melhor para ela ir adiante.

O homem que dava sermão de seu pai a olhara de um jeito que a deixara incomodada, um misto de piedade e condolência.

O homem abaixara-se na sua altura.

— Eu só espero que sobre algo de seu coração depois dessa noite, princesa.

Uma vez que a porta fora arrombada, a carnificina havia se iniciado. A mansão estava silenciosa. Não havia ninguém no andar de baixo. Mas, no quarto dos fundos, havia um grupo de servos que serviam na cozinha da casa.

Eles não tiveram a menor chance. Foram pegos dormindo. E nem mesmo as crianças que estavam no recinto foram poupadas.

Furagu puxara Soifon hesitante até o andar de cima. Havia uma criada que estava descendo com alguns lençóis ela tentara correr, mas sua mobilidade humana não era nada comparada com as de um shinigami.

Seu pai a apunhalara pelas costas e arrancara seu coração.

Sem conseguir controlar-se, Shaolin se pusera a vomitar sem conseguir assimilar o horror de tudo o que estava vendo.

Seu pai teria lhe batido mais uma vez, mas alguém o atacara das sombras. Alguém com uma habilidade de esgrima o bastante para manter-se no páreo com seu pai vários minutos.

Mas, o líder do clã Fong era mais experiente e logo conseguira tirar-lhe a espada e acertara o nariz do sujeito com o punho da espada, este gritara e caíra no chão. Shaolin encolhera-se achando que ele estava morto, mas como num filme de terror ele abrira os olhos, e se deparara com o rosto infante da herdeira dos Fong.

“Uma criança? O que faz aqui? Fuja?” – O homem dissera arregalando seus orbes verdes de um jeito que Shaolin nunca esquecera. Mas, então estes se fecharam quando seu pai perfurara seu abdômen e rasgara a carne até ceifar sua vida.

— Provavelmente contrataram mercenários, eles já sabiam que nós viríamos.

— Maldito, Yano. Fazendo pouco de nosso senhor como sempre. Mas, dessa vez ele não terá chances.

Furagu olhara para Shaolin e ordenara com tenacidade.

— Nosso espião entregara um mapa com a posição de todos os alvos.

Furagu olhara rapidamente para a folha de papel. E então olhara para sua filha com a mesma severidade de sempre.

— Seu alvo fica no final do corredor a esquerda. Elimine-o sem hesitar.

— Você ficou louco FURAGU. – Seu tio protestara, mas fora calado por um olhar gélido do líder do clã.

— Existem um monte de mercenários, espalhados por todo o pavilhão eles podem ataca-la. – Seu tio insistira.

— Se ela não puder se defender nem sobreviver, não serve para ser minha filha. – Furagu falara olhando-a de um jeito que atiçou sua raiva.

Ela definitivamente iria mostrar para ele que era digna de ser sua filha. Dera-lhe as costas com um vigor que ela abandonara logo que chegara a um corredor escuro e deserto. Podia ouvir gritos e gemidos por toda parte. Havia uma aura de tristeza, desespero e morte que a oprimia. Mas, mesmo com suas pernas trêmulas ela obrigara-se a ir em frente.

Até que seu instinto fizera com que ela parasse. Durara um milésimo de segundo, mas uma sombra movera-se de um lado para o outro. Ela não captara nem mesmo sua silhueta, mas seu instinto percebera sua intenção. Alguém queria ataca-la. Levará sua mão para sua recém descoberta Zanpakutou. Ela sabia que toda Zanpakutou tem uma palavra de liberação, ela havia despertado a mesma, mas o processo ainda estava incompleto. A fada aparecia, mas não lhe dizia nada. Só a chamava de irritante e desaparecia.

Teria de lutar no corpo a corpo, se quisesse ter uma chance. Fizera o que seu sensei lhe ensinara, montara guarda e esperara não gastara energia fazendo o primeiro movimento, e sim ampliando seus sentidos.

Primeiro passo, percepção. Ela conseguira identificar a movimentação do oponente a sua esquerda.

Segundo passo, defesa. Ela defendera o golpe com extrema dificuldade a diferença de forças era colossal.

Terceiro passo, analise. O sujeito atacara usando sua mão esquerda, significava que ele era canhoto e tinha menos força na mão direita. Então, ela tinha de girar sua espada num ângulo que dificultasse a eficácia de seu ataque e diminuísse o impacto que a força dele tinha sobre ela.

Quarto passo, contra ataque. Assim ela o fizera, usando a flexibilidade de seu corpo, para força-lo a mover a espada num ângulo em que ele era forçado a mover o braço mais para fora o que o obrigara a abrir mais a sua guarda.

Não deu em nada. Ela soubera disso quando a lâmina da espada rolara por sua bochecha abrindo um pequeno corte. Ela gemera de dor, sentindo os olhos lacrimejarem.

— Aposto que é um brotinho. Eu não vou te matar, não até enfiar meu pai até o talo no teu c* apertado. – Ele dissera coisas que a pequena Shaolin ficara indiferente. Mas, novamente seu instinto fizeram-na reconhecer uma ameaça.

Então, ela mudara sua estratégia, usara investidas mais rápidas e imprevisíveis, usando sua flexibilidade para desviar dos golpes já que sua guarda ficara um pouco mais aberta com esse modo. Ela poderia usar os pés ou a cabeça, mas seu orgulho teimava em vencer aquele confronto na espada.

E isso acontecera, porque ela pendera o corpo mais para trás, forçando o seu inimigo a pender o corpo mais para frente, e isto afetou seu equilíbrio. Foi só então que ela girara a espada e acertara a perna do sujeito perdera a firmeza da mesma. Ela havia cortado uma das articulações. Então fazendo o mesmo movimento do seu pai ela acertara a cabeça dele com o punho da espada.

Pela primeira vez, ela sentiu-se grata por aquelas aulas chatas de anatomia. O homem enfurecido tentara revidar, mas ela conseguira atingir a mão dele perfurando-a fazendo-o gritar de agonia. Aquilo a tirara do estranho transe que só então ela percebeu que se encontrava. Era como se uma força invisível tivesse se apossado dela, mas agora que ela via o homem ensanguentado e atordoado pela dor, ela deu-se por conta que não era o que desejava.

— Se não me cortar, eu vou cortar você todinha... Depois de preenche-la com meu gozo... – Novamente ela batera com a espada em sua testa fazendo-o desmaiar.

Virara a lâmina para baixo e a erguera no ar. Suas mãos tremias, seu coração quase saia pela boca, ela sabia que era agora ou nunca. Baixara a espada com ímpeto, mas parara no meio do caminho. Tentara novamente, mas errara o golpe num ângulo que denunciava que ela tinha de fazer isto. Uma lágrima escorrera de seus olhos, ela sabia que se não fosse até o final não teria lugar no mundo para voltar.

Com ansiedade buscara o que estava impedindo de cumprir o seu destino. Então ela percebera que o que estava a impedindo era uma emoção que ela nunca havia sentido, algo que anos mais tarde ela aprenderia que se chamava piedade, compaixão. Sentimentos que não deveriam fazer parte de sua vida. Fechara os olhos buscando maneiras de bloquear aquele sentimento que ao mesmo tempo que lhe fazia tão bem, aquilo era um empecilho para o único caminho de ela ter ao menos o orgulho de seu pai.

Foi quando ela lembrou-se das palavras de seu tio.

 "Eu só espero que sobre algo de seu coração depois dessa noite, princesa".

O coração era o problema. Os sentimentos eram um equivoco. As emoções uma estupidez. Que para tornar-se uma legítima assassina ela teria de acabar com tudo isto.

Foi quando ela estabelecera o terceiro fundamento, o mais importante de todos.

— Mate o coração.

Então, com determinação erguera a espada do mesmo jeito e tentara mais uma vez sendo detida por uma voz infante que:

— O que está fazendo?

— E então Guree no Me. Tá gostando da sua visitinha o passado? – Amaranthine perguntara para Soifon, tentando alcançar seu rosto sem conseguir.

As pupilas da taichou pesaram-se, ela só queria dormir, embora ela soubesse que perto de um inimigo como Amaranthine ela precisava manter-se alerta.

Mas, quando seus olhos cinzentos, os azuis tão celestiais da sua sequestradora, ela enxergara o mesmo olhar da garotinha que um dia a chamara de irmã.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura e até o próximo.