Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 29
A Escolha de Soifon


Notas iniciais do capítulo

Ola sejam bem vindos, façam uma boa leitura.



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_ Abelhinha, abelhinha, ABELHINHA! – Yoruichi se vira obrigada a gritar quando se vira arrastada por Soifon que ziguezagueava pelas ruas sem destino certo.

A jovem parara de andar assim que ouvira a voz apelativa de sua ex-mestra. Vendo que a segurava pela mão, Soifon soltou-a imediatamente, com uma espécie de rubor em suas bochechas.

_ Desculpe! – Ela balbuciara tentando afastar o próprio constrangimento.

Yoruichi por sua vez apenas sorriu dando-lhe um de seus sorrisos misteriosos. Ela sempre fazia isto quando as duas estavam juntas, e houve um tempo que este mísero detalhe tinha um efeito devastador sobre ela, mas não mais.

Automaticamente levara a mão ao seu ventre. Ali o bebezinho que crescia parecia dar cambalhotas parecia que estava respondendo em alto e bom som a agitação de sua mãe.

_ Isto é tudo culpa do baka de seu pai. – Ela murmurara para a criança, numa tentativa um tanto inconsciente de acalmá-la. Estar grávida estava sendo uma experiência um tanto traumatizante para ela.

Yoruichi observara a cena com peculiar interesse. Geralmente, ela sempre sabia como agir, mas dali para frente Soifon seria uma incógnita para ela.

Brincadeiras e xavecos não teriam o mesmo efeito de antes disto a ex-taichou sabia.

_ E então para onde vamos? – Yoruichi quis saber. A chinesa ficara encarando Yoruichi como se ponderasse, a morena chegou a abrir a boca para fazer alguma sugestão, mas fora interrompida pela mais jovem.

_ Você eu não sei eu vou passar na divisão para ver como andam as coisas. – Ela falara tentando parecer casual, mas a verdade é que ela não tinha a menor ideia do que fazer ali, na verdade ela nem entendia direito por que havia saído, e tão pouco se iria ou ao menos poderia retornar.

Contudo, Yoruichi pusera sua mão no ombro da menor, mas encolhera ao ver o modo como ela lhe encarava. Tudo estava diferente, e isto se assemelhava um pouco a dançar descalço sobre um braseiro, ou até mesmo um formigueiro.

Ainda assim buscara coragem para lhe fazer uma proposta.

#

_ Yoruichi-sama, a senhora não me disse o que veio fazer aqui... – Soifon falara dando um suspiro não se livraria tão fácil assim de sua ex-mestra.

_ Não é óbvio? – Yoruichi falara lhe sorrindo mais uma vez, mas Soifon apenas erguera uma sobrancelha.

_ Eu acho que você sabe a resposta esta apenas se fazendo de desentendida para me atingir, mas esta sua aura de tranquilidade não me convence.

Soifon aquela altura havia se estirado sobre o fuuton depois de contemplar lentamente os detalhes do lugar.

A velha casa na árvore que Yoruichi usava como refugio. Uma vez ali dentro era difícil acreditar que estavam sobre as copas de várias árvores, ainda mais se considerar o quanto elas eram escassas na Sereitei.

Estar naquele lugar trazia recordações que um dia lhe causaram todo tipo de emoção. Mas, agora seu coração se silenciava entre aquelas paredes.

Como se uma pedra finalmente tivesse sido colocada sobre os cem anos de turbulência que vivera até o retorno da nobre.

_ Soifon... – Yoruichi chamara a jovem que a olhou de uma forma um tanto curiosa. Não havia a mesma adoração de outrora em seus olhos. Tão pouco o ódio que marcara seu reencontro, nem a magoa, nem a euforia. Eles estavam neutros, como se pela primeira vez a jovem taichou observasse uma estranha.

Aquilo não era algo novo apenas para Yoruichi, mas para a própria Soifon que pela primeira vez não tinha necessidade de dizer nada para sua mentora, e foi exatamente isto que ela fizera, mantivera-se em seu silencio, esperando que a morena compreendesse todas aquelas coisas que mesmo mudas pareciam dizer tudo.

#

Byakuya corria as pressas pelo corredor da Sereitei, em busca de qualquer pista para onde Soifon pudesse ido, mas a maldita bakaneko parecera ter aberto um buraco e escondido sua pequena abelha rainha.

Aquela gata azarenta iria ver uma coisa só quando ele a encontrasse.

Byakuya fazia uma jura a si mesmo enquanto sua pressão espiritual tornava-se lentamente mais ameaçadora.

Tanto que os shinigamis randons que tinham o azar de aparecer em seu caminho desviavam deste subitamente, assustados com a expressão bizarra que Byakuya trazia em seu rosto.

Não era apenas, raiva. Era o ciúme que parecia remexer nas ideias em sua mente distorcendo os caminhos traçados pela razão.

Yoruichi não tinha mais nenhum direito sobre Soifon. Eles ficariam juntos e nem Amaranthine nem ninguém mudaria isto.

Contudo, as batidas de seu coração oscilavam junto com a incerteza que pairava sobre a cabeça de Byakuya como se fosse uma nuvem de chuva, a espreita.

Quem dera sua pequena abelha o tivesse socado até a morte, ou feito qualquer demonstração assustadora, seu silencio perturbava de uma forma difícil de descrever, sobretudo conhecendo o gênio de sua amada.

Teria se importado? Ou Amaranthine no fundo tinha razão, havia coisas que ele nunca poderia proporcionar a Soifon por maior que fosse o seu amor?

Maldição, por que sua zanpakutou calara-se justo agora que ele precisava tanto de suas palavras de apoio?

E por que Soifon escondera-se dele? Para onde aquela bakaneko a teria levado?

Foi quando o esboço de uma lembrança surgira em sua mente como um relâmpago desaparecendo logo a seguir.

Mas, mesmo este segundo fora o bastante para fazer com que ele soubesse aonde ir.

#

_ Por que não diz alguma coisa? – Yoruichi fez uma sugestão que abria porta para muitas possibilidades, mas ela deveria saber que Soifon nunca foi dada a sutilezas.

_ O que quer que eu diga? – A mais jovem questionara um tanto emburrada, sua mestra não se dera por conta que ela não queria conversar? Sua preocupação agora era encontrar uma maneira de castigar o idiota do Byakuya e ao mesmo tempo aniquilar o risco de perdê-lo.

Aquela não era a resposta desejada, Yoruichi sentiu-se um tanto desconfortável.

Pela primeira vez uma conversa que tivera há mais de um século com Kuukaku, fazia finalmente sentido.

FLASHBACK ON

_ Então finalmente a pequena abelha caíra em sua teia. – A Shiba dissera de forma despojada enquanto tragava um pouco daquela bebida que os humanos chamavam de cerveja. Uma novidade agradável por seu paladar.

_ Eu só tomando parte do que me vem sido oferecido nestes anos todos. – Yoruichi falara de um jeito bastante despojado.

Kuukaku teria tragado mais um gole, mas ficaria estranhamente pensativa.

_ E o que há agora? Um pouco de diversão não faz mal a ninguém, inclusiva para Soifon. – A morena falara alargando o sorriso.

_ E se algum dia as coisas deixarem de ser somente diversão? – Kuukaku questionou com um estranho brilho no olhar.

Yoruichi não esperava ouvir isto, muito menos da boca de Kuukaku.

_ E por que está perguntando isto? – Ela perguntou em sua habitual calma.

Kuukaku por sua vez havia captado a pequena turbulência que se instaurara no fundo de seu olhar. Mas, nada dissera apenas sorrira de forma inevitável.

_ Então talvez ela acabe um pouco quebrada. – Yoruichi obrigou-se a dizer isto, ao ver que sua amiga não estava facilitando em nada aquele dialogo.

_ Cuidado, com sua confiança Shihouin, pois o feitiço poderá se voltar contra você. – Yoruichi estreitara os olhos, poderia ter dito tantas coisas, mas aquela conversa já havia enchido a paciência.

_ De qualquer forma que seja eterno enquanto dure. – Kuukaku falara de forma um tanto dramática, mas logo caíra na gargalhada, enquanto voltava a beber, Yoruichi acompanhara-a e a bebida que caíra em sua corrente sanguínea parecia dissipar aquelas palavras, mas elas continuaram a assombrando mesmo quando ela não era capaz de lembrar.

#

_ Então... Não vai me contar por que Byakuya? – Yoruichi finalmente fizera a pergunta que não tinha resposta.

_ Isto é uma coisa que simplesmente aconteceu. – “Simplesmente aconteceu”, Soifon repetira mentalmente as duas palavras, sentindo que elas explicavam parte do parecia não ter lógica, mas então as palavras ditas pela anciã voltaram a sua mente:

“Oh, querida quando uma coisa tem que acontecer saiba que o universo conspira para que ela aconteça, e não há o que fazer”. – De repente Soifon sente um estranho calafrio, percebendo isto Yoruichi leva uma manta sobre seus ombros, mas dessa vez não sentira ânimo para entrar embaixo da mesma e ficar bem juntinha da menor, como fizeram tantas vezes no passado.

_ Yoruichi-sama eu a conheço melhor do que qualquer um conhece ou vai conhecer. – Soifon dissera sentindo-se estranhamente calma. – O que você realmente quer saber é por que ele e não você não é mesmo? – Ela poderia negar, mas aqueles olhos cinzentos tinham o efeito de um feitiço que a obrigava a dizer somente a verdade inclusive para si.

_ E eu realmente não entendo por que você se acha no direito de perguntar estas coisas. Afinal, todo tempo que estivemos juntas, nunca houve um nós, apenas um você. Era o que você queria, quando queria, e eu não questionava e você também não se preocupava em buscar nem dar uma justificativa. Minha vida inteira eu fui treinada e preparada, para protegê-la e dar por você minha vida se fosse necessário. O fardo dessa missão eu carrego desde a mais tenra idade. Eu a adorava. Eu a venerava. Fiz de você minha deusa. Acho que foi uma válvula de escape para aliviar um pouco da pressão que todos de meu clã carregam. Não é toa que dizem que a fé opera milagres e foi através da fé cega que eu tinha em você que eu fui capaz de ultrapassar meus próprios limites e estar onde eu estou agora.

Soifon falava de forma pausada, e não parecia surpresa que suas palavras estivessem fazendo um efeito inusitado em sua ex-amante.

_ Contudo, se eu olhar para trás eu realmente não consigo entender em qual ponto eu confundi as coisas. Deixei-me levar talvez por um desejo egoísta de ter de volta um pouco do que eu lhe dava. Você era linda, sedutora, o exemplo de tudo o que eu não poderia ser, mas ainda assim continuava desejando alcançar, que me entreguei sem pestanejar quando você veio até mim. Talvez eu esteja só divagando, e sinceramente entender o porquê não vai mudar o fato de que eu finalmente superei você e tudo que um dia eu pensei ter sentido por você.

Uma única lágrima descera pelo rosto de Yoruichi fazendo sua pele de ébano reluzir no reflexo dos diáfanos raios de sol que conseguia penetrar primeiro as copas da árvore e depois as vidraças da janela.

Mas, depois disto seu rosto fora moldado por um sorriso que não irradiava seus olhos que continuavam vazios.

_ Vejo que minha garotinha cresceu. – Ela falara enquanto bagunçava os cabelos negros da mais jovem.

Seu rosto parecia tão enigmático naquela hora, mas não tanto quanto a real natureza de suas emoções. Esta era uma coisa sobre a qual a nobre dificilmente falaria, isto por que a vida inteira ela fora preparada para operar pela razão e somente pela razão, seu lado mais humano deveria ser constantemente mascarado por aquilo que mais lhe convinha.

Uma máscara de uma mulher jovial e espirituosa que sempre jogava com a vida e com as pessoas sem se importar muito com as consequências de seus atos, uma manifestação indireta de uma faceta mais impulsiva daquela que enquanto soldado e membro importante da Sociedade das Almas tinha que levar a vida como se estivesse num eterno jogo de xadrez.

O que havia detrás da máscara? Talvez nem mesmo Yoruichi soubesse e naquele momento sua última grande chance de descobrir escorria pelos seus dedos, aquele era resultado de sua escolha, de sua negligência, de seu medo de amar e ser amada pelo que era e não pelo que representava.

_ Até parece que sou sua garotinha. – A grávida falara com um bico ela odiava ser tratada como criança, sobretudo, por Yoruichi.

Foi quando a morena aproximou seu rosto da menor, fazendo-a corar. Não é que ela nutrisse ainda algum sentimento amoroso por Yoruichi, se é que alguma vez na vida ela tivesse sentido algo assim.

É que independente do quanto ela tenha crescido ela ainda continuava sendo uma pessoa tímida e retraída que se desconcertava facilmente quando alguém transpassava alguma barreira imaginária naquele caso, a barreira física.

_ Você é e sempre será. – Yoruichi falara deslizando seus dedos no rosto da mais jovem, que sentiu um desconforto muito grande ao ouvir tais palavras.

Soifon ia protestar, mas acabara sorrindo permitindo-se confortar com aquelas palavras. Ela que sempre teve medo de expressar seus sentimentos por medo do que eles poderiam causar, estava descobrindo que falar às coisas que sente fazia bem ao coração.

Naquele momento ela levara a mão ao ventre sentindo seu bebê estremecer, e se surpreendera ao sentir a mão de Yoruichi ali deslizando, fazendo com que o (a) pequeno (a) se aquietasse diante daquele toque.

Foi quando ela teve certeza de que Yoruichi encontraria uma maneira de continuar fazendo parte de sua vida.

Elas teriam permanecido naquele silêncio confortado, mas elas não tiveram tempo de provar a teoria de que somente grandes amigos conseguem ficar lado a lado por horas no mais absoluto silencio desfrutando a companhia um do outro.

Tudo por que, uma reiatsu muito conhecida emanara sobre o local, gerando calafrios na menor, e tirando um sorriso cínico de Yoruichi que parecia ter pressentido algo que Soifon não fizera.

#

Num piscar de olhos Soifon estava sentada no fuuton com Yoruichi a sua frente no outro ela estava no colo da mesma que havia ido parar no galho da árvore que ficava bem ao lado do velho esconderijo, ou melhor, do que restara nele já que ele havia sido destruído.

Mas, não foi isto que chocou Soifon e sim, Byakuya sentado no meio do escombro com um galho cheio de folhas servindo como adorno em sua cabeça como se não o bastante um enorme galo brotava bem no centro de sua testa.

O nobre estava com uma expressão assustadora, mas não tão assustadora quanto à reiatsu de Soifon tornara-se naquele instante.

“Como aquele pedaço de excremento ousava em espioná-la?”.


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Notas finais do capítulo

Obrigado pela leitura e até o próximo.

P/S Façam uma autora feliz e não deixem de me dizer o que estão achando, críticas construtivas e sugestões serão sempre bem vindas.



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