Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 22
Quem Mora com Quem?




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_ Entre! – Byakuya falou ao perceber que a jovem havia parado na frente da casa. Continuava com as mãos cruzadas nas costas.

_ Não seria melhor eu ficar na minha casa? – Soifon falou sem coragem de encarar o homem nos olhos.

Byakuya já havia se acostumado com a versão dela lhe agredindo física e verbalmente, mas aquela versão gentil e bem educada era só mais uma anomalia a qual ele precisaria de tempo para se acostumar.

_ São ordens do Soutaichou. – Byakuya falou de forma pragmática, e suas palavras indiferentes atingiram a jovem em cheio.

Definitivamente isto não era o que você queria escutar.

Suzumebachi dizia a verdade, mas ela deveria negar. Mas, sentiu-se sem ânimo.

Apenas sete meses daquela situação, e então ela teria sua vida de volta.

É isto mesmo o que você quer?

_ Definitivamente não. – Soifon vinha de um clã de assassinos mercenários, era a última filha de um casal que sempre almejou ter seis filhos todos eles homens. Entretanto, ela arruinou seus planos, inclusive ao se tornar a única sobrevivente, entre seus irmãos.

Com exceção de tudo que envolvesse Yoruichi, ela sabia que era necessário às vezes, simplesmente bater o pé contra.

_ Eu não vou ficar aqui, não mesmo. – Ela disse cruzando os braços, e virando o rosto para o outro lado, as bochechas ligeiramente rosadas por conta do constrangimento.

_ Eu já disse que... – O homem ia repetir o que lhe disse, mas, ela lhe calou levando os dois dedos aos seus lábios, o toque fez com que ele sentisse uma faísca por todo o corpo, que o calou por um instante.

_ Esta se repetindo demais. O Soutaichou me concedeu uma licença maternidade, um pouco mais demorada. – Ela falou, enquanto Byakuya e sua Zanpakutou contestava internamente esta versão da história.

_ Mas, ele não disse nada a respeito sobre morar com você. – Ela disse sentindo-se vitoriosa por estar aos poucos assumindo as rédeas de sua vida novamente.

_ Eu sou o seu responsável. – Byakuya falou estufando o peito orgulhoso.

_ Assim como Yoruichi-sama. – Soifon falou permitindo-se sorrir pela carranca que surgia no rosto do homem que não estava gostando

_ Falácia. Ela mora com Kisuke Urahara e você jamais iria abrigar-se com um desafeto. – Byakuya falou tentando recuperar o controle da situação.

Mas, Soifon apenas deu-lhe um meio sorriso.

_ Lady Yoruichi me contou que como eles eram foragidos da Gotei, eles tiveram de se dispersar no mundo dos humanos e nessa centena de anos, ela passou pelos mais diferentes lugares, e a maioria deles, perfeitos para quem não quer ser achado.

Soifon disse deliciando-se ao ver que estava o encostando contra a parede.

_ Você não se atreveria. – Byakuya falou em meio a um suspiro.

_ É você que não pode se atrever a me forçar a ficar onde não quero. – Ela disse voltando a ficar vermelha quando é que as coisas ficaram tão ruins desse jeito para ela? – Eu só quero ir para minha casa.

_ Você está muito abaixo na hierarquia social para fazer exigências minha jovem. – A voz rouca, porém firme veio de uma senhora muito alta e magra, de rosto tão fino que seu queixo parecia à ponteira de uma árvore de natal. Seus olhos eram cinza como os de Byakuya, o nariz era graúdo e desproporcional ao rosto oval, e os lábios de tão finos sumiam em seu sorriso falso.

Soifon apenas ergueu a sobrancelha para a figura que a encarava como se ela fosse um estorvo do qual não hesitaria em se livrar na primeira oportunidade.

_ E você é? – Soifon perguntou com ar desinteressado, mas a nobre fez questão de ignorá-la.

_ Byakuya-san, faça o favor de colocar essa reles serviçal em seu devido lugar! – A velha disse ignorando completamente a presença de Soifon, que ergueu a sobrancelha, enquanto repetia mentalmente as palavras reles e serviçal.

_ E qual seria o meu lugar eu posso saber? – Soifon perguntou cruzando os braços em volta de si.

_ Oh, ela fala? Não sabia que selvagens como essa dai sabiam alguma forma de comunicação inteligente que não a força bruta. – Byakuya sentiu um arrepio na espinha no instante em que Soifon estalara os dedos em sinal de irritação.

Era uma péssima ideia pisar no calo de uma assassina com pavio curto e que vinha passando por um sério turbilhão hormonal, decorrente de uma gravidez indesejada, com um pai igualmente indesejado que por sinal vivia a contrariando.

_ Er... Deixa-me que resolvo isto. – Byakuya disse se colocando atrás de Soifon apenas para garantir.

_ E você pretende resolver isto se escondendo atrás de uma mulher que não chega a sua altura nem ao menos fisicamente? – A desconhecida perguntou com desdém, Byakuya se contorceu, mas não teve tempo de dar uma resposta isto por que teve de conter um pequeno furacão em forma de uma mulher que como bem sua tia, era muito menor que ele, ainda assim forte como um potro indomado.

_ Me solta imbecil, deixe-me que eu mostro a essa chita velha quem é a selvagem aqui. – Soifon falava entre dentes.

_ Oh, não tenho dúvida que já está dando uma mostra convincente disto. – Byakuya falou ao pé do ouvido da moça, pressionando o máximo o corpo dela ao seu, e ele tinha de admitir, era gostosa a sensação de tê-la assim, mas não durou muito tempo.

Primeiro foi uma pisada no pé direito, depois no esquerdo, uma cabeçada que lhe tirou sangue do nariz, e nem assim ele a soltou.

Mas, foi a bundinha arrebitada dela que levou a melhor quando ela acertou-lhe sua masculinidade intumescida com tanta força que ele caiu sentado para trás.

_ Byakuya venha me defender! – A velha berrou assim que vira Soifon ir para cima dela, vendo que seu protegido não se movia, ela correra para trás do primeiro cidadão que apareceu, e estes foram Shunsui e Ukitake.

O primeiro gemeu, ainda com suas costelas doloridas, depois de quatro delas terem sido dilaceradas pela explosão causada pela taichou que vinha atrás da “indefesa” senhora que se escondeu atrás dela, como uma lebre assustada.

_ Por que eu? – Shunsui perguntou.

_ Honre o berço em que nasceste Kyoraku ou seus avôs e seus pais irão amargar o dia que deixaram a chave de seu clã em sua mão. – O capitão coçou o ouvido, tratando aquele papo como uma abelha incomoda.

_ É um belo dia não acha Taichou Soi Fong? – Ukitake foi quem se entrepôs entre Shunsui e Soi Fong que tinha uma aura assassina.

_ Vai ficar melhor depois que eu arrancar a língua dessa geringonça velha que esta escondida atrás de vocês dois. – Soifon disse de um jeito bem assustador, que até Ukitake sentiu os joelhos tremerem.

_ Quanta violência taichou isto não vai fazer bem para o seu bebê. – Ukitake disse em seu tom amável de sempre.

_ Oh, que não vai fazer bem é ele crescer com a família do pai dele me desdenhando em praça pública desse jeito. – Soi Fong falou e por um instante Ukitake percebeu o quanto aquela situação a deixava triste.

Byakuya também sentiu que deixara Mikoto Kuchiki ir longe demais.

De todos os membros do conselho de seu Clã, ela era a mais apegada às normas aristocráticas que fizeram a vida dele e de tantos outros nobres, algo similar a um inferno.

Mas, uma vez ele defendera Hisana desses carnívoros, ele não via razão de não fazer o mesmo com Soifon.

_ Já basta Mikoto. – Byakuya falou voltando ao seu modo frio e que dizia a cada atitude “ponha-se no seu lugar eu sou melhor do que você”.

A velha o olhou do mesmo modo, sobretudo quando ele puxara Soifon mais para perto de si, puxando-a o mais perto que a raiva dela permitiu o que não foi muito, mas já foi o bastante para mostrar que ela estava sobre sua proteção e ele não permitiria mais nenhuma palavra contra sua pessoa.

_ Essa jovem está carregando o futuro líder dos Kuchiki, então é você quem deve respeitá-la, não o contrário.

Byakuya disse ponderando muito bem suas palavras.

O que houve com a ideia do casamento? – A voz de Suzumebachi bradou no fundo de sua cabeça, trazendo a tona um incomodo, que Soifon tratou de enterrar de novo no fundo de sua mente, junto com sua Zanpakutou, a qual ela lamentou não ter morrido afogada no poço.

_ Você não tem nem como ter certeza se esta criança é sua mesmo! – Neste momento Byakuya e Soifon tremeram ao mesmo tempo.

_ Nani? – Ambos perguntaram em uníssono, Soi sentiu seu pequeno embrião vibrar em sua barriga, parecia que ele queria desde ali afirmar sua presença como um Kuchiki.

Seu traidorzinho. – Soifon murmurou.

Quem puxa os seus não degenera. – Suzumebachi não perdeu a oportunidade de provocar sua mestra que novamente a ignorou.

_ Nunca mais repita isto você me entendeu. – A voz firme de Byakuya fez a própria Soifon voltar a si, e estremecer, num misto de surpresa e raiva.

_ O filho que Soifon carrega é meu e quem disser o contrário terá de enfrentar a lâmina de minha espada e não sucumbir a ela para pelo menos me fazer duvidar. – Ele dissera com calma e desprezo. – Inclusive você. – Ele falara as duas ultimas palavras num tom ameaçador do tipo que nunca ninguém o viu usar.

Mas, Mikoto após recuperar-se do choque, não se intimidou.

_ Como se atreve? Você sabe com quem está falando? – A velha falara em tom altivo.

_ Você é minha tia, irmã de meu pai, não fez um bom casamento, é odiada pelos meus primos por que arruinou suas vidas ao força-los a um casamento por interesse e agora vive de minha generosidade. Por isto deveria mostrar mais gratidão votando pela minha felicidade e não indo sempre contra ela.

_ Felicidade? – A velha riu em sinal de amargura agora saindo das costas de Shunsui que se sentiu aliviado, por livrar-se do risco de levar mais uma “Ferroada Explosiva no meio da cara”.

_ Chama este dedo podre para mulher de felicidade é muita ingenuidade para uma só pessoa mesmo. – A velha disse rindo com escarnio, mas seu sorriso desapareceu no momento que o punho direito de Soifon acertou-lhe em cheio o meio do nariz.

Nem Shunsui, nem Ukitake muito menos Byakuya conseguiram reagir a aquele inesperado desfecho.

_ Ih, eu queria cortar a língua dela fora e não que ela engolisse. – Soifon disse dando de ombros como se não tivesse batido numa idosa, oriunda de uma casa nobre e integrante do conselho o qual Byakuya teria de convencer que ela não era uma ameaça a integridade do clã Kuchiki.

Mas, como fazer isto?

_ Vamos para dentro agora! – Byakuya falou meio sem saber se socorria sua tia ou carregava Soifon para dentro de um quarto com trezentos Bakudou em volta, apenas para garantir que ela não sairia até aquele inferno astral passar.

_ Nem pensar, agora mesmo que eu não moro com você. – Soifon falou de forma manhosa. – Ah, não ser que você me deixe quebrar o nariz de seus conselheiros um a cada dia. – Ela falou fazendo-o suar frio. – É o único jeito de eu não quebrar você por ter me colocado numa situação como essa. – Ela encerrou seu discurso em tom orgulhoso.

_ A culpa não foi só minha. – Byakuya se defendeu esquecendo-se de sua tia inconsciente nos braços de Ukitake, que fizera um aceno para Shunsui leva-la dali para o quarto de Unohana.

_ E por que será que eu não me lembro de nada? – Soifon perguntou com uma expressão emburrada.

_ Por que você é uma irresponsável que bebeu além da conta. – Byakuya falou dando de ombros.

_ PINGUÇA. – Quando menos esperavam a tia de Byakuya voltara a si, e ciente de que estava nos ombros de um dos taichou mais fortes da Sereitei, ela gritara a plenos pulmões, mas encolhera-se quando Soifon reagira.

_ Agora sim, eu arranco sua língua sua franga mal passada de um olho só – Soifon falava arrastando os pés no chão, mas sem sair do lugar, foi quando ela percebeu que Byakuya puxava seu uniforme, com cara de tédio.

_ Qual o seu problema? – Ela deu meia volta e perguntou fazendo um esforço em vão de ficar cara a cara com ele.

_ Eu que pergunto. – Byakuya falou um tanto frustrado era vergonhoso alguém como ele levar mais de uma hora para fazer alguém dois palmos menos do que ele entrar em sua casa.

_ Quando é que você vai parar de fazer as coisas tão difíceis? O que custa entrar na minha casa? Eu reservei o melhor quarto. A melhor prataria e os itens mais refinados de cama e banho. Cinco criadas para atendê-la em tempo integral, e dois cozinheiros para cozinhar o que você quiser. Entenda que nenhum esconderijo barato que a bakaneko lhe leve, oferecera isto a você nem... – Byakuya fez uma pausa para estudar suas reações e ela ficara estoica como de costume, quem sabe estivesse voltando a razão. – Para o nosso filho.

Ele disse baixinho temendo levar um golpe que não veio. E isto foi pior do que um de seus chutes, cabeçadas e afins. Por que seus olhos tornaram-se frios.

_ Você tem razão... – Ela falou desviando o olhar do sorriso que brotava dos lábios dele. – Talvez não me ofereça nenhuma dessas coisas refinadas. Mas, sabe de uma coisa? Até mesmo aquele homem desprezível (lê-se Urahara) poderia me oferecer uma coisa que você vem me negando desde que você ofereceu sua casa para que eu ficasse.

Byakuya estreitou os olhos não entendendo onde ela queria chegar.

_ Sua hospitalidade. – Ela disse levando as mãos ao seu ventre onde seu bebezinho vibrava.

Aquilo a fazia chorar como uma torneira mal fechada. E isto lhe deixava furiosa. Ela odiava chorar, muito menos na frente dos outros. Desde pequena ela aprendera que chorar é um sinal imperdoável de fraqueza.

Apesar de até sua Zanpakutou internamente estar reconhecendo pela primeira vez, que Soifon estava sendo forte, ao mostrar pelo menos um mínimo do que sentia.

Na verdade ela vinha fazendo isto há séculos, mas talvez aquela fosse a primeira vez que ela o fazia de forma apropriada, sem necessitar do álcool para incitá-la. Seria um progresso ou apenas mais um sintoma de sua gravidez?

_ Não seja melodramática, eu não venho fazendo nada além do que isto desde que soube de sua situação. É você que não quer saber. Está sempre na defensiva ou na ofensiva, tratando-me como se fosse o seu inimigo. – Foi à vez de Soifon fazer uma cara de quem não estava entendendo o que ele queria dizer, até suas palavras seguintes, quase sacramentais.

_ Já passou da hora de você entender que eu sou tudo o que você precisa.

Pela segunda vez ela a surpreendeu aquela noite a ponto de ela deixar seu queixo cair. Perplexa pela sinceridade que havia em seus olhos. E assustada também.

Ainda assim, ela sentiu que precisava reagir e ela fez do jeito que fazia. Dando-lhe, um chute certeiro em seu joelho esquerdo.

Byakuya arfou, sufocando de raiva. Ele deveria começar a mentir, como Yoruichi fazia constantemente quem sabe assim obtivesse um pouco mais de respeito.

Mas, acabou tendo seu raciocínio interrompido, por duas mãos pequenas, mas fortes, que o puxaram até que ele finalmente ficasse cara a cara com ele.

_ Se quer a minha confiança então confie em mim, e não tente fazer as coisas somente do seu jeito. É irritante, degradante... Pare de agir como se estivesse acima de meu mundo. Faça parte dele uma vez... Por que do seu eu já tive o suficiente por uma vida.

Só por birra ele queria contrariá-la.

Se acalme e ouça o que ela diz. – Sua Zanpakutou que quase nunca se manifestava, fez com que ele calasse as palavras que estavam por vir.

Vendo que ele não lhe respondia ela o soltou. E para surpresa dele, ela puxara um pequeno aparelhinho preto, com um botão vermelho. O bip que Yoruichi lhe dera, Byakuya empertigou-se não iria deixar a bakaneko levar a melhor naquela, nem que tivesse de agir pela força.

Contudo antes que o casal recomeçasse seu ritual de pega e larga, Ukitake se entrepôs entre os dois, puxando-os quase para um abraço.

_ Acho que esta é a deixa para um conselho! – Ele dissera sorridente, esforçando-se para transmitir uma aura de calma e sensatez, que era tudo o que faltava para aqueles dois.


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