Rachel e Leon aproveitaram a ausência dos carreiristas para pegarem suprimentos e também armas a fim de continuarem competindo os Jogos Vorazes durante. O menino ficou vigiando enquanto a garota pegava alguns suprimentos e colocava dentro da mochila.

A Cornucópia estava no seu melhor momento, com muitas armas e objetos. Os carreiristas mal sabiam disso pois há pouco eles foram expulsos dali. Rachel conseguiu finalmente pegar um arco e flecha que tanto almejava e colocou equipamentos para escalar paredes etc.

Dona, Pearl e Silver correram para a praia. Viram Tiger dormindo tranquilamente enquanto os outros tributos estavam na Cornucópia.

─ Acorda, seu preguiçoso!

─ Dona, por que está gritando comigo desse jeito?

─ Enquanto você está aí tirando um cochilo, aquela maldita do 12 está na Cornucópia se aproveitando. Olha!

Tiger viu os dois saírem do topo da pirâmide. O carreirista saiu correndo atrás e mergulhou na água. Após isso, ele subiu nos degraus e correu para o lado onde os dois fugiram. Rachel viu a aproximação do rapaz quando se virou para trás e preparou seu arco e flecha. Tiger parou no momento exato quando estava na mira dela.

─ Atira nele ─ disse Leon.

Tiger deu um pulo na água para não ser atingido pela flecha.

─ Não precisa. Vamos, temos tempo para encontrarmos um abrigo seguro.

Tiger voltou para a margem tendo que aguentar as reclamações da sua companheira de distrito.

Rachel e Leon entraram na floresta agora com mais facilidade. Ela havia pego um facão e assim puderam passar pelos espinhos sem nenhum problema. Após andarem alguns minutos, eles chegaram perto de um rochedo de pelo menos uns 30 metros e altura. Era algo que lembrava muito um planalto. No alto, havia um buraco lembrando uma caverna pequena.

─ Ok, vamos ter que subir agora.

─ Mas eu não consigo.

─ Vou te ajudar ─ ela pegou o equipamento para escalar como cordas, ganchos etc. ─ Quero que se esconda atrás daquelas pedras. Enquanto isso eu vou preparando a nossa subida.

Ela subiu o rochedo e entrou na caverna. Amarrou a corda com um gancho numa pedra bem firme. Depois desceu e levou Leon junto de si. Depois que subiram, puderam ver a grandiosidade da Arena.

─ Nossa, que vista linda.

─ Rachel, dá pra ver a Cornucópia daqui.

─ Certo, havia comida e água. Pelo que a gente tem dá para uns dois dias.

Ela deu uma marmita pequena para o menino comer. Havia apenas uma colher, portanto a moça esperou o menino comer primeiro.

...

Enquanto isso, Carter e Ben assistiam aos jogos numa praça. Ambos bebiam alguma bebida colorida enquanto conversavam sobre as chances de Rachel continuar viva na arena.

─ Estou muito preocupado com ela. Ainda não recebeu nenhum pára-queda.

─ Ben, Rachel é inteligente. Você viu que conseguiu driblar os carreiristas.

─ Ora ora se não é o meu colega Carter? ─ disse a tutora do distrito 2. Ela era uma mulher bastante bonita, com mais de 30 anos e cabelos curtos e pretos.

─ Raveena. Louise Raveena. É um prazer vê-la aqui. Nunca pensei que você conversaria com os outros tutores. Já se esqueceu que sou do distrito 12?

─ Somos os vencedores, não somos? Livres para irmos aonde quiser. Apenas o Ben nasceu aqui na capital, por isso não sabe das restrições que passamos em épocas pré-vitórias. Posso me sentar?

─ À vontade. A propósito, seus tributos são retardados. Conseguiram ser enganados rapidinho.

─ Carter, é uma questão de tempo. Logo irão acabar com a Rachel. Isso porque os patrocinadores enviaram um aparelho rastreador. Ele permite rastrear apenas 1 tributo e adivinha quem Donatela quis? A sua querida Rachel.

─ Isso é trapaça!

─ Trapaça que nada. Não culpe os meus tributos ou a mim por vocês serem insossos e não conseguirem conquistar a simpatia dos patrocinadores.

─ Como é que é?! ─ disse Carter furioso.

─ Calma, querido. Além disso, o meu belo Tiger leva uma joia de família como amuleto da sorte. Ele leva um anel parecido com uma aliança, de ouro e com o nome “família” gravado em latim. Não acredito em sorte ou amuletos, mas ele sim. Vai que ele vença por causa disso.

Ben escutou o que Raveena havia falado a respeito desse amuleto que o Tiger havia levado e lembrou de algo muito importante.

─ Incrível. Você disse sobre esse anel que Tiger havia levado. Rachel também tem um anel como amuleto com o nome “família” em latim gravado ─ disse Ben.

─ Coincidência? ─ perguntou Raveena.

─ Não. Não acredito em coincidências. Quantas famílias têm joias únicas? Que coincidência teriam dois jovens com formações distintas?

─ Aonde você vai, Carter? O que pretende fazer? ─ perguntou Ben.

Carter saiu sem responder deixando os dois ali à mesa.

O tutor foi até onde estava Maverick. Conseguiu uma permissão para que ele pudesse falar com o diretor dos jogos. Os dois se reuniram numa sala.

─ O que você quer?

─ Quero saber se o tributo do distrito 2, masculino, é oriundo deste distrito ou de outro.

─ Ora, por favor. Eu não posso dar essa informação. É confidencial.

─ Por favor digo eu, Maverick. Esqueceu que somos amigos desde o meu primeiro ano de vitorioso? São quase 20 anos. Nunca te pedi nada em troca.

─ Vou verificar pra você, mas só desta vez.

Pouco tempo depois, Maverick trazia um tablet com as informações dos candidatos.

─ Aqui está. O tal de Tiger Hollyster foi do distrito 12 mas se mudou mais cedo para o 2 ainda criança. Parece que a família dele se mudou naquele ano. Só isso?

Carter ficou pensativo.

...

Rachel e Leon conseguiram escapar dos carreiristas e ainda por cima fizeram um abrigo no meio de um rochedo. A caverna não era tão funda mas tinha espaço de sobra. Os dois resolveram ficar por ali nos próximos dois dias e esperarem os demais se matarem para sim conseguirem menos inimigos.

Durante uma conversa amistosa dos dois, Rachel perguntou o que ele fazia no distrito 3.

─ Então eu vou comentar um pouco sobre mim. EU me chamo Leon Valdez, tenho 12 anos, sou do distrito 3. Eu estudo no meu distrito e o meu sonho era ser engenheiro ou técnico mais voltado para a informática. Meu pai e minha mãe trabalham numa empresa onde vendem produtos tecnológicos, são vendedores.

─ Quer dizer que o seu distrito é mais voltado para tecnologia?

─ Sim. É no meu distrito que são feitos os produtos e artigos de luxo como celulares, computadores, hologramas e tudo. Nós exportamos para a Capital. Cerca de 40% da tecnologia daqui é feita no 3 e o resto acho que aqui mesmo eles fazem.

─ Interessante. Claro, você vive num distrito mais próximo da capital. Onde eu moro, passamos fome por sermos pobres e vivermos bem afastados. Moramos perto das montanhas.

De repente, o estouro do canhão revelou mais uma morte na arena. Ninguém sabia quem havia morrido nem onde. A sensação de que dava para quem estava naquela arena era de instabilidade A arena era totalmente volátil e os demais tributos, desconfiáveis.

No lado dos carreiristas, eles conseguiram mais pára-quedas. Nada de armas, mas sim de alimentos. Eram tanta que dava para passar uma semana os quatro. Armaram uma barraca na praia mesmo.

─ A questão é a seguinte: precisamos acabar com esses tributos. Eles estão morrendo muito tarde e isso pode custar muito caro para nós. Um de nós vai sair do grupo para caçar individualmente. Quando terminar de matar uns 3 ou 4, volta para o grupo. Quem é o voluntário? ─ disse Dona.

─ Eu vou ─ disse Tiger.

─ Não precisa, Tiger. Eu estou querendo fazer isso desde ontem. Por favor, deixe eu ir no seu lugar ─ disse Pearl.

─ Tudo bem. Se você quem pede, então...

─ Pearl, você vai na frente ─ Dona entregou o rastreador para Pearl sem que Tiger visse. ─ Amanhã nós começaremos o ataque.

Pearl se levantou da barraca e saiu preparada com um arpão na mão. A garota o distrito 1 saiu deixando o grupo para trás. Na verdade aquilo era só um teatro para os planos nefastos de Dona se concretizarem.

À noite, dava para ver e ouvir o Hino da Capital tocar. Dessa vez com apenas duas vítimas chamadas de Lenoy do distrito 11 e a companheira de Leon que havia comido as amoras venenosas do distrito 3. Com isso ficaram 17 sobreviventes restantes. Isso era raro, pois nos primeiros dias o número de mortes tende a ser maior, por volta de 10 a 15. Somente em duas edições passadas o número de mortes nos dois primeiros não passaram de 7. Foram nas edições 22 e 60. Agora com a edição de número 79, tornou-se a 3ª da lista.

...

No dia seguinte, Rachel e Leon tiveram o difícil trabalho de descerem da encosta para as necessidades fisiológicas. A moça ficou de guarda perto do rochedo enquanto o mais novo ai fazer o 2 lá longe dali um pouco.

Os carreiristas voltaram para a pirâmide já que ainda nenhum tributo havia voltado para aquela praia. Não havia mais armas nem suprimentos essenciais, mas pegaram o resto de objetos como fósforos entre outros. Colocaram tudo numa mochila.

─ Bom, só falta agora a Pearl começar o servicinho ─ disse Dona.

─ Você está tão confiante? ─ perguntou Silver.

─ Claro que sim.

─ Melhor nós sairmos logo daqui. Já vi pelo menos três tributos na praia enquanto estamos aqui. Melhor nós descermos ─ disse Tiger enquanto vigiava.

─ Hoje o dia promete. Que bom que é a mesma arena de ontem. Assim será mais fácil ─ disse Dona.

Rachel continuou esperando por Leon, mas o garoto continuava demorando. Ela sabia que o menino faria o 2 mas custar mais de vinte minutos sem ao menos chamá-la. Ela foi ver o que estava havendo. Assustou-se ao ver Leon preso numa rede e pendurado num galho de uma árvore. Ela rapidamente pegou a faca e cortou a rede. O garoto saiu ileso. Alguém veio por trás.

─ Cuidado! Atrás de você! ─ disse o jovem.

Rachel olhou para trás e só viu um rapaz de um outro distrito empurrá-la e agarrá-la no chão.

Pearl corria rapidamente em direção à sua presa principal. Dia anterior ela havia combinado de matar Rachel para Dona. Agora era momento certo já que Rachel se encontrava sendo atacada por um outro tributo. O que será que vai acontecer?