The Moon Over Me escrita por _TheDarkMoon
Notas iniciais do capítulo
Quando eu terminei este capítulo, percebi que tinha muitos furos com as duas histórias e tive que reescrevê-lo todinho! Por isso a demora.
Mas aí está ele, espero que gostem.
Hook acordara com um ânimo que não possuía há muito tempo, tinha uma sensação boa de que seus planos dariam certo hoje. Fizera sua higiene e vestira seu sobretudo negro favorito. Passara seu gancho sobre as teclas de seu piano displicentemente, como um anúncio de sua boa sorte. Saiu da cabine e Mr. Smee correu com sua bandeja:
– Seu rum matinal, capitão.
Ganho virou o copo rapidamente e sorriu:
– Ah, hoje será um longo dia! Estão todos prontos?
– Sim, será um longo dia, capitão! Estão todos prontos sim, mas tenho uma notícia ruim...
– Dificilmente irá abalar-me. Diga.
– A vela do mastro dianteiro foi pe-perdida, capitão... Os ventos da noite e o desgaste romperam as cordas e ela foi levada.
Como se esperasse algum tipo de agressão o pirata abaixou a cabeça e aguardou. Mas o capitão apenas suspirou fundo e falou em voz clara:
– Quero todos prontos para a prática do plano imediatamente. Tigrinha estará saindo para caçar em uma hora! – abaixou o tom de voz e falou diretamente para Smee: - Depois resolvemos algo sobre a vela, agora faremos o que já estava planejado.
– Sim, capitão.
Inicialmente, Hook sentira-se bastante pomposo em ser chamado de capitão, mas a frequência que Smee e os outros piratas usavam a palavra começara a irritá-lo. Aliás, Smee o irritava, sua voz, sua postura desajeitada e a forma como era bem educado naturalmente, e como todos gostavam de Smee facilmente e simplesmente detestavam o próprio Hook. Normalmente isso lhe tomava horas de reflexão e pura raiva, mas hoje tudo iria correr bem e ele não se preocupava com isso.
Desembarcaram e Hook contabilizou os marujos entrando na floresta e encaminhando-se para a tribo dos índios para capturar a princesa. Tal feito certamente atrairia a atenção de Peter Pan e em troca da menina, Hook tomaria sua vida. O plano era certeiro e levara uma semana para ser bem desenvolvido com espiões para a menina e para Pan, e agora finalmente se concretizaria.
O capitão analisou seus últimos piratas adentrando na mata e observou a bela praia e suas pedras e sentiu uma movimentação atrás dela. Quando olhou de longe novamente viu uma cabeleira vermelha à mostra.
– Smee, vá na frente com os outros. Tragam-me Tigrinha e depois prosseguiremos com o plano.
– Mas, Ca...
– Vá!
O pirata correu desajeitadamente seguindo os outros companheiros e Hook caminhou sorrateiramente até a grande pedra. Quando o espião percebeu a presença do pirata pôs-se a correr, mas o capitão foi mais rápido e puxou os longos cabelos vermelhos, apertando o corpo esguio contra o seu e fechando suas mãos em torno da garganta fina. Encaixou seu gancho no rosto desconhecido e sorriu:
– Estava apreciando a vista? Que estava fazendo aqui?
Sem resposta e desconfiando do espião que não gritara diante ao forte puxão de cabelo que lhe dera, Hook virou-lhe o rosto para si, e segurou-lhe pelo pulso. Ao olhar seu rosto, seu estômago comprimiu seu rum matinal.
– Você. Foi você que cantou para mim...
Os olhos azuis da garota eram brilhantes e encaravam diretamente os seus. Os lábios eram fartos e avermelhados. Era incrivelmente bela, mas não respondia.
– Responda-me. – mesmo após a ordem ela hesitou e pôs as mãos na garganta. – Você não pode falar?
Ela negou com a cabeça, e Hook refletiu que se ela não podia falar, não podia cantar, e logo não podia ser a garota que lhe salvara. Se a mais semelhante das garotas não era quem ele pensava ser, talvez nunca mais a encontrasse.
Apesar disso, ela não deixava de ser algum tipo de espiã e ele não poderia deixá-la ir e prejudicar-lhe tardiamente. E ainda mais: ela poderia ter-lhe utilidade. Se era alguma espiã de Pan, talvez poderia usar o golpe ao reverso convencendo a garota. Mais ainda poderia entregar-lhe seu esconderijo. Ela seria seu plano B. Se seu plano falhasse, ele usaria a garota para obter a cabeça de Pan.
– Queira me desculpar pelos meus maus modos. – ele curvou-se, ainda sem soltar seu pulso. – Meu nome é James Hook.
Percebeu o quanto era arriscado dar seu nome, mas agora estava feito. Pensou rapidamente em um jeito de mudar a situação e disse:
– Mas me chame de Eric. É meu nome do meio. E nunca me chame ou pense em mim como capitão, estamos entendidos?
Ela assentiu e imitou seu gesto de se curvar, fazendo o pirata divertir-se com a cena.
– Não se curve. Apenas um cavalheiro se curva pra uma dama e não ao contrário. – ela parecia bem confusa, mas aos poucos assimilava o que lhe era falado. Hook percebeu que ainda segurava seu pulso e disse: - Se eu soltá-la, me promete que não fugirá?
Mais uma vez ela acenou positivamente e ele soltou-a. Por um momento, sentiu-se desconfortável em soltá-la e não conseguia compreender o porquê. Olhou-a com mais atenção e percebeu que a garota estava enrolada em sua vela e amarrada com suas cordas.
– Desculpe se for indelicado, mas suas vestes me pertencem. – ele fincou o gancho em uma das cordas e puxou-a para mais perto. – Creio que terá que devolvê-las.
Ele observou o engolir em seco da ruiva: o suave movimento em sua garganta. E ficou impressionado com a beleza e simplicidade daquele gesto.
Retirou o gancho das cordas, deixando-a livre novamente.
– A senhorita não me parece daqui. Teria vindo talvez de Porto Vermelho? De qualquer forma, a senhorita tem algum lugar para ficar? – quando ela negou, ele prosseguiu. – Se importaria de ficar no meu navio? Encarregar-me-ia pessoalmente de manter-lhe confortável e arrumar-lhe vestes adequadas. Viria comigo?
Hook deu-lhe o braço e ela o aceitou, e a sensação de conforto e segurança voltou a ele.
– Deve estar faminta... Se me permite. – ele voltou-se para trás e gritou: - Mr. Smee!
Ariel deu um pulo, sobressaltada com a voz intensa e capaz de lhe dar tremedeiras. Eric deu um leve sorriso, mas logo retornou a sua carranca habitual quando o velho pirata que mais parecia uma barrica apareceu correndo desastradamente:
– Sim, Capitão!
– Avise os outros piratas para procrastinarem até que o primeiro sol esteja no auge. O plano terá procedimento após isso. Depois, retorne imediatamente e prepare uma refeição para a senhorita.
– Mas capitão, está muito cedo para o...
– Eu determino o horário. E é agora. – sua voz se suavizou. – Gostaria de comer peixe, senhorita? – Ariel negou freneticamente. – Certo. Smee, cace algo para a dama e visite plantações em busca de algo como salada. E não demore!
O pirata correu floresta adentro e Hook guiou-a até o navio, continuando a conversa que a princípio mais lhe parecia um monólogo, mas, para sua surpresa, foi fluindo tão bem como nenhuma conversa que tivera outrora. Ele quase conseguia escutar a voz da garota e ela transmitia suas emoções incrivelmente bem apenas com seus olhos.
Ele mostrou toda a parte de cima para ela e explicou que os demais “andares” não seriam interessantes para a moça, já que eram muito deselegantes para ela.
Correndo desesperadamente, Smee chegou com pedaços de carne fresca e ensanguentada, correndo para a cozinha. Ariel colocou as mãos na boca nauseada, e divertindo-se com a forma pela qual tudo parecia-lhe novidade, o Capitão riu e disse:
– Fica bem mais apetitoso depois de cozido.
Após isso, lembrou-se de um detalhe importante:
– Estou sendo bastante rude com a senhorita. Qual seria seu nome?
Ela movimentou seus lábios, mas Hook teve muita dificuldade para compreender, captando apenas que, provavelmente seu nome terminaria com u ou com l.
– Perdoe-me mas não compreendo. Poderia chamá-la de Dill? – seu olhos se iluminaram e ela sorriu. – Então está certo.
Finalmente Smee saiu com uma bandeja, correndo para os aposentos do Capitão e colocando a refeição sobre a mesa de jantar, arrumando improvisadamente, acendendo velas, colocando uma flor única flor vermelha no centro da mesa e ajeitando os talheres.
A moça parecia maravilhada com o quarto do capitão que era grande e parecia ter tudo que uma casa precisava. Ao mesmo tempo, também estava impressionada com os gestos rápidos e desajeitados de Barrica.
Hook puxou uma cadeira para ela e esta se sentou, com os olhos brilhando. O outro pirata serviu o vinho e ficou parado.
– Fora, Barrica.
E ele se retirou, batendo a porta sem querer e gritando um “desculpe” desafinado. Ariel encarou Eric esperando um conselho ou uma dica sobre o que fazer, mas ele apenas pegou um cachimbo na gaveta e sentou-se de frente para ela, acendendo-o. Quando se deu conta dos olhos arregalados da garota, sentiu-se muito mal educado por fumar à mesa. Quando ia se desculpar, ela se levantou e esticou sobre a mesa, sorrindo e apontando para o objeto:
– Ah, você fuma? – ele ergueu uma sobrancelha, muito surpreso. – Tudo bem.
Ariel reconhecera o objeto de sua coleção e sabia que aquilo fazia lindas bolhas. Colocou o objeto na boca, ainda esticada sobre a mesa, encarando os olhos azuis de Eric com alegria e soprou.
Para sua insatisfação, não saíram bolhas, mas sim um pó negro que sujou todo o rosto de Hook. Ariel ergueu-se, colocou o cachimbo na mesa e deu um pulo para trás, pondo as mãos sobre a boca. Hook levantou-se bruscamente e encarou-a, e sob a face suja um sorriso surgiu e transformou-se em gargalhada. Ariel riu também silenciosamente enquanto ele limpava o rosto com uma toalha e a água de uma pequena bacia.
– Tudo bem, não é tão fácil quanto aprece. Talvez devamos comer agora.
Eles se sentaram novamente, e ao ver que ela não começava a comer, incentivou-a:
– Está mal passada, mas assim é deliciosa. Vamos, comece.
Sem saber bem o que fazer, Ariel olhou os talheres e reconheceu um deles. Sorriu e pegou o que tinha três extremidades finas, passando-o pelo cabelo.
– Não, não, não. – ele tomou o garfo de suas mão delicadamente, limpando-o em um guardanapo e devolvendo-o, pegando o seu e usando a faca em conjunto para cortar sua carne e comer. – De onde você vem? Parece que não sabe de nada. – a menina abaixou a cabeça e corou. – E isso é adorável.
Ela ergueu os olhos, que se encontraram com os deles de forma confortável. Depois de alguns momentos, ela voltou-se para a comida e obsevando bem os movimentos do Capitão, conseguiu se sair bem cortando sua carne. E então, finalmente levou um pedaço à boca.
Hook quase temeu o brilho no olhar de Ariel. Foi rápido, mas vermelho e doentio, assim como os dele ficavam em momentos de fúria.
Era a primeira vez que Ariel comia qualquer tipo de carne, e seria uma experiência normal se em seu íntimo ela não fosse agora uma sereia de Neverland. O impulso foi tão forte que ela devorou a carne como nunca devorara nada. Com tamanha voracidade, que assustou-se quando reparou que já tinha acabado.
Ele viu seus lábios sujos com o sangue da carne mal passada, e refletiu que se fosse qualquer outra pessoa, acharia infame e terrível pelos maus modos. Mas com Dill, era quase revigorante. Ainda mais quando reparou no seu rosto ficando vermelho e na delicadeza com a qual limpou seus lábios com o guardanapo.
– Bem, você estava mesmo com fome. – sorriu. – Deguste ao menos o vinho com calma.
E assim o fez enquanto Eric terminava de comer. Após isso, eles recolheram os pratos e ele os levou para a cozinha – coisa que o Capitão nunca fazia, mas Smee não estava mais no navio. Quando retornou aos seus aposentos disse:
– A senhorita ficará em meus aposentos. Providenciarei outro para mim, não se preocupe. Também não permitirei que ninguém lhe incomode. Fique bem à vontade. – encarou-a. - Amanhã mostrarei a você a ilha. Creio que você adorará ver as belezas naturais da Terra do Nunca. Por enquanto procure relaxar e tomar um banho quente.
O capitão sorrira pensando na sorte em que tivera em não ter tomado banho pela manhã. As vantagens de ser um pirata. Agora poderia oferecer seu conforto à Dill.
Lembrou-se que há muito tempo atrás, ordenara a Smee a fazer belos vestidos para uma madame distinta que serviu para tentarem persuadir uma das meninas que Peter Pan levara a ilha a abandoná-lo e ir morar em seu navio, sendo a mãe de seus piratas. O plano deu errado, pois Smee fizera um vestido para uma lady de verdade, e não para uma criança que fingiria ser. Logo apresentou-se muito grande e a menina rejeitou.
Por um momento, cogitou se Dill não seria uma das mães que Peter buscara, mas descartou a ideia ao levar em consideração que ela era mais do que uma criança e que ela não falava, logo não podia contar histórias. Além disso, ele ainda tinha Wendy, que já estava com o garoto há cerca de um ano, bem mais do que as outras costumavam ficar.
De qualquer forma, finalmente o vestido teria serventia. Pegou um deles de um baú e estendeu-o na cama.
– Creio que este vestido lhe ficará muito bonito no corpo. Bem mais do que esta vela. – e então ele viu que, mesmo amarrada em uma vela, ela estava incrivelmente bonita. Bem mais do que qualquer outra pessoa que vestisse o mesmo. – Apesar disso, esta vela lhe cai bem. Ainda assim vista-o. Irei cumprir umas obrigações. Demorarei um pouco, mas voltarei à noite se tudo der certo. Peço que não saia.
Ela assentiu e Hook observou-a mais uma vez, tendo dificuldade em abandonar aqueles olhos tão expressivos na solidão de seu aposento:
– Voltarei em breve, Dill.
****
Ariel estava incrédula com sua sorte. Tomou seu banho de espuma e brincou com as bolhas repassando toda a sua manhã e início de tarde maravilhosa. Até os vexames lhe pareciam agradáveis perto de Eric e ela se sentia incrivelmente feliz com isso.
Ela pôs o belo vestido rosa longo, com mangas e detalhes brancos. Tinha as mangas próximas aos ombros bufantes e ela divertiu-se com isso por uns momentos. E pôs-se a girar, entretida com o movimento do vestido. Riu e dançou, mas quando tentou cantar, quase se sentiu triste.
Para tirar o pensamento da cabeça, pulou na cama e por fim deixou-se cair nela, suspirando ao lembrar-se dos olhos azuis. Ergueu-se, disposta a ver se ele já estava de volta e ver a bela vista.
Mas então por um momento, os mesmos olhos azuis profundos e cativantes, tornaram-se intensos e impetuosos em seus pensamentos. A porta estava trancada.
Ela não era sua convidada. Era sua prisioneira.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Nesse cap eu explorei um pouco mais a relação Hook-Ariel / Eric-Dill ou vice versa.
Manifestem-se! Até o próximo capítulo.