Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 31
Capítulo 31 - Johanna


Notas iniciais do capítulo

LEIAM ESSA NOTA INICIAL! É IMPORTANTE PARA O CAPÍTULO.

Este capítulo vai ter música, então, quando chegar a hora terá um link para vocês clicarem e irem escutando a música de acordo com a escrita, ok? Apreciem porque a música é incrivelmente linda!

Bom, é isso! Espero que gostem s2



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O dia estava claro e estupidamente quente, Johanna acabara de falar com a Annie ao telefone e o sorriso não conseguia sair de seu rosto. Era ótimo quando Enzzo dava mole com o celular, ele era muito abobado para um assassino a sangue frio.

Sim, assassino a sangue frio. Porque Johanna o viu matar umas cinco pessoas nesse meio tempo. Todos capangas seus, todos incompetentes aos seus olhos. Acontece, que Enzzo se transformava quando seu passageiro sombrio assumia. Seus olhos ficavam sedentos por sangue, ódio e pura malícia. Não existia aquele homem que a acolhera para um abraço quando suas lágrimas desceram. Enzzo era frio e calculista, não media esforços. Todos os músculos de seu corpo ficavam rígidos e tensionados, completamente possuídos por outro ser.

. . .

– VOCÊ FEZ O QUE? – gritou Enzzo em plenos pulmões.

– Senhor, eu entrei no quarto da Johanna, ela me atacou... e eu... – disse Jeremy, um dos seus homens.

– VOCÊ BATEU NELA, DESGRAÇADO! EU FALEI PARA BATEREM NELA? – gritou para seus capangas.

Havia pelo menos trinta homens na sala, todos com os olhos vidrados em Enzzo e Johanna. Ele parecia estar domado por alguma entidade desconhecida. Ela estava em um canto, com o rosto sangrando definhado por um grande corte. Johanna estava com medo, pois Enzzo estava abusadamente nervoso e continha uma arma em mãos.

– ACHO ENGRAÇADO ESSA PALHAÇADA. VOCÊS PASSAM POR CIMA DA MINHA AUTORIDADE E BATEM NA MINHA REFÉM SEM AUTORIZAÇÃO. – vociferou.

– Mas senhor... ela poderia fugir... eu não sabia... – tentou se explicar o rapaz.

– NÃO SABIA O QUE FAZER E RESOLVER ESPANCAR A GAROTA? NÃO SABE QUE ELA É MOEDA DE TROCA, ANIMAL?

Por mais que doesse admitir, aquela analogia fizera o estômago de Johanna revirar e seu coração angustiar.

– Senhor... eu não pensei... ela avançou em mim.

– ISSO VOCÊ JÁ DISSE!

– Sim, mas se ela me atacasse, poderia fugir.

– AS COISAS NÃO ACONTECEM ASSIM, JEREMY. TENHO 30 HOMENS NESSA CASA, COMO ELA PASSARIA PELA SEGURANÇA TODA? – ainda gritava Enzzo.

O loiro de olhos azuis se aproximava lentamente de Jeremy, com a arma nas mãos, manuseando como se fosse seu brinquedo.

– Enzzo, eu não pensei na hora.

– E é por isso que você é um inútil, imprestável! Um merda, na verdade. – sua voz abaixou o tom, o que era um mau sinal. – Vamos ver como você se dá no inferno.

– ENZZO, NÃO! – Johanna gritou.

O tiro ecoou pelo local, o silencio se instalara abruptamente e ninguém mais tinha forças para dizer nada. Enzzo estava com um semblante de missão cumprida. Sua camiseta branca estava espirrada de sangue, ele a tirou e jogou perto do corpo.

– Limpem isso. – disse para os homens.

. . .

Johanna não conseguia entender como Enzzo poderia ser assim, talvez pelo grande trauma sofrido por ser filho de Coronalius Snow, mas será que isso não poderia ser revertido? Com algum tratamento médico? Era uma grande tristeza ver um homem tão inteligente, bonito e com um grande futuro desperdiçar sua vida dessa forma.

A verdade é que, depois do ocorrido, Johanna ficou com um pé atrás. Não tinha como saber do que Enzzo era capaz e aquela máscara de bonzinho só aparecia quando estava ao seu lado. Ela ficava apreensiva pensando que seu humor, um dia, poderia mudar e ele poderia atirar em sua cabeça como faz com qualquer outra pessoa. Afinal, ela não era nada além da sua moeda de troca.

Gale tinha toda a razão, ela não poderia parar de focar em seu objetivo. Se pegar Enzzo fosse necessário, ela faria.

– Johanna. – disse Enzzo a trazendo para a realidade.

– Oi, desculpa entrar no seu quarto. É que eu estava precisando de toalhas. – mentiu. – Eu vou te dar a privacidade para se trocar.

Enzzo acabara de sair do banho, estava com uma toalha preta em volta da cintura e os cabelos loiros estavam com um tom castanho claro devido à umidade.

– Ah, não tem problema. Eu me troco no banheiro se você quiser. – deu de ombros. – Você tá bem? Tá com uma cara estranha.

– Estou. – disse rapidamente. – Eu só estou com saudades de casa.

Enzzo se aproximou de Johanna, tão perto que ela pôde sentir as gotas do cabelo molhado caindo sobre seu rosto. Ele era bem mais alto que ela. Johanna se retraiu um pouco, aquele homem a amedrontava.

– Se tudo der certo, você logo vai estar em casa. – ele acariciou seu rosto.

Aquela forma dele a tocar é tão estranha, tão manipuladora, será que ele estava tentando a conquistar para depois a decepcionar?

Enzzo olhava atentamente seu machucado, com dor nos olhos. Como se feri-la fosse a coisa mais terrível que alguém pudera fazer.

Ela não podia mentir, as borboletas no seu estômago reviraram de todas as formas possíveis, mas ela não podia perder o foco. Não podia.

– É...ahm... sim... – disse atropelando as palavras.

– Você fica nervosa quando eu me aproximo? – disse com um sorriso de lado, marotamente.

– Não. É... não sei. – admitiu.

– Fica sim.

Enzzo se aproximou demais do seu rosto, ficando a menos de cinco centímetros dele. O rapaz colocou as duas mãos em volta de si, abrangendo a nuca, o pescoço com uma firme mão e com a outra a maçã de seu rosto. O nariz encostado perigosamente no seu, arrancando-lhe um grande suspiro. Ele com certeza ouvira a ansiedade refletida naquele golpe de ar. Johanna fechara os olhos na expectativa, não sabendo ao certo o que estava fazendo, mas ela precisava sentir muito aquele beijo.

De forma surpreendente, Enzzo a beijou no rosto, levemente e demoradamente. Ela abriu os olhos assustada com tal atitude.

– O que foi? – disse Enzzo com um sorriso no rosto. – Esperava outra coisa?

– Não! – ela disse irritada. – Nossa, nunca deveria ter acontecido.

– Nada aconteceu. – Enzzo acariciou seu rosto com o polegar. – Tá bom?

– Sim. – suspirou aliviada, se afastando lentamente. Por algum motivo, sabia que o que estava fazendo era errado. Ela não poda se envolver com ele, nem ele com ela. Aquilo era errado. – Eu vou para o meu quarto.

– Você vai tentar fugir de novo? – disse referente ao ataque repentino dela a Jeremy. O que Enzzo não sabia era que ela o atacou porque ele tentou abusa-la sexualmente e não por ela tentar fugir.

– Não vou. – disse firme.

– Da próxima vez, não serei bonzinho com você. – ele tinha um sorriso nos lábios.

Como ela tinha medo daquele homem.

– Não será necessário.

– Eu posso te esperar para o almoço? – perguntou. – Hoje eu que vou cozinhar.

– Ah, o almoço. Na verdade, eu não estou com fome. – mentiu. - Vou deixar pra próxima.

– Tem certeza? Eu vou fazer lasanha e...

– Não Enzzo. – disse o interrompendo. – Eu realmente estou sem fome.

– É uma pena. – disse visivelmente chateado.

Johanna saiu do quarto, um pouco atordoada com o que havia acontecido. Enzzo era tão sedutor e tão perigoso, ela não era de se envolver com pessoas assim e nem poderia, ainda mais com Enzzo.

Seu coração não podia ficar palpitando toda a vez que ele estava perto. Vontade, paixão, amor, seja o que for que ela estivesse sentido, sabia que deveria parar agora.

Duas horas se passaram e Johanna ouviu de seu quarto a movimentação dos talheres da cozinha, entregando que Enzzo já deveria estar almoçando a essa altura. Seu estômago fez um estrondoso barulho, mas ela não iria o escutar agora. Ela tinha que ficar o mais longe possível daquele homem.

– Johanna? – alguém bateu na porta.

– Sim? – ela abriu e viu um dos capangas de Enzzo com um prato de comida.

– O senhor Enzzo me mandou trazer isso aqui para você.

Johanna assentiu com a cabeça aceitando muito agradecida.

Ao pegar no prato, sentiu um pequeno envelope embaixo.

Curiosa, deixou a comida em cima da mesinha e pôs se a logo a ler o bilhete.

Johanna,

Desculpe-me pelo o que fiz a poucas horas.

Eu não queria confundir seus sentimentos.

Sei que vai querer ficar afastada de mim por um tempo.

Então, prometo que não vou lhe perturbar.

Se precisar de mim, você sabe em que corredor fica o meu quarto.

Enzzo Snow.

Aquele homem era uma incógnita. Talvez não fosse necessário nenhum gênio para compreender que ela havia se sentido estranha aos toques de Enzzo mais cedo, mas existia bondade nesse homem. Existia alguma coisa ainda que fazia valer a pena lutar por ele.

Quem sabe depois que tudo isso acabasse, se ele fosse preso, Johanna não poderia ajuda-lo a se recuperar, a retomar sua sanidade e bom censo. Afinal, aquele garotinho que debatia com seu pai sobre os Jogos deveria estar em algum lugar. Perdido dentro da sua nova personalidade obscura.

O estômago de Johanna deu mais um sinal de sua fome. Sua cabeça já doía pela falta de alimento no organismo.

Ela se deliciou com a comida, incrível como um homem que vivera sempre rodeado de governantas e avox sabia cozinhar.

Após terminar de comer, sabia que não tinha muitas coisas para se fazer, só restava ficar deitada e devanear em seus pensamentos.

Gale. Foi a primeira coisa que veio em sua mente. Afinal, o que foi aquela crise de surto que ele teve ao telefone? Certo que ela havia dito muitas coisas absurdas para ele, e provavelmente sentiu-se traído pela missão, mas parecia ter outra coisa em sua voz. Ciúmes? O Major não era de se apegar a ninguém, ainda mais alguém como Johanna. E o outro óbvio motivo: Sua paixão desenfreada por Katniss.

A verdade, também, é que eles não passaram muito tempo juntos, não havia como Gale iniciar um sentimento por Johanna em tão pouco tempo. Apesar de que vivenciaram vários momentos divertidos, dividindo a caneca de chá, discutindo quando um fazia mais barulho do que o outro na madrugada, andando sob a ponta dos pés para não acordar Hazelle e as crianças, preparando comida quando a mãe do Gale saia para passear, brincando com a Posy nas horas vagas, Gale emprestando suas camisetas quando as roupas de Johanna estavam no varal.

Gale era um bom amigo, uma ótima pessoa para confiar e provavelmente daria um excelente namorado, mas seu sentimento por Katniss jamais se esvaecia. Ele a amava com todo o coração e nunca amaria alguém como ela em toda sua vida. Johanna também não queria nem pensar na probabilidade de se envolver com Gale, aquilo era inviável. Nunca daria certo. Apesar de que ele lhe rendia vários suspiros. ‘”Mas que droga! Eu devo ser a pessoa mais confusa do mundo! Estou presa em cativeiro e estou pensando em quem vou namorar? Como se um dos dois fosse alguma opção.

Johanna se afastou dos pensamentos enquanto estava cantando uma melodia gostosa em sua mente.

Com o tempo, foi percebendo que essa música realmente estava tocando e estava próxima. Ouvia algum som de violão, provavelmente um dos capangas de Enzzo.

Curiosa, saiu de fininho pela porta e foi seguindo a música, ela já havia a escutado em algum lugar, mas a melodia parecia estar chegando ao fim.

Quando finalmente chegou à biblioteca. Avistou Enzzo de costas, com um violão na mão. Ele estava sentado em uma poltrona, com um gravador ao seu lado direito. Ele estava terminando a última estrofe da música.

I’ll try to fix you...

Ele apertou um botão encerrando a sua gravação.

Johanna se escondera atrás da porta, pensando que se levantaria, mas ele permaneceu sentado. E rapidamente, apertou o play para gravar novamente.

– Essa música é de minha composição. – deu uma pausa. - Give me Love, por Enzzo Snow. – disse próximo ao bocal.

“Afinal, quem era aquele homem? Assassino, terrorista, conquistador e músico? Que tipo de pessoa ele é.”

Enzzo preparou o violão, afinando algumas cordas e já iniciou uma batida, leve e deliciosa.

Give me love like her 'Cause lately I've been waking up alone. Pain splattered teardrops on my shirt. Told you I'd let them go.

(Dê-me amor como ela porque, ultimamente, eu tenho acordado sozinho. A dor espalhou lágrimas na minha camisa. Eu disse a você que os deixaria ir).

And I'll fight my corner maybe tonight I'll call ya. After my blood turns into alcohol. No I just wanna hold ya.

(E vou lutar pelo meu canto talvez hoje à noite eu vá chamar você. Depois que o meu sangue se transformar em álcool. Não, eu só quero segurar você).

Give a little time to me, we'll burn this out. We'll play hide and seek, to turn this around. All I want is the taste that your lips allow.

(Dê um pouco de tempo para mim, vamos queimar isso. Vamos brincar de esconde-esconde, para virar esse jogo. Tudo que eu quero é o gosto que seus lábios permitir).

My my, my my oh give me love. My my, my my oh give me love. My my, my my give me love

(Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor. Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor. Minha nossa, minha nossa, dê-me me amor).

Give me love like never before 'Cause lately I've been craving more and it's been a while but I still feel the same. Maybe I should let you go.

(Dê-me amor como nunca antes porque, ultimamente, eu tenho desejado mais e faz algum tempo, mas eu ainda sinto o mesmo. Talvez eu deveria deixar você ir)

You know I'll fight my corner. And that tonight I'll call ya. After my blood, is drowning in alcohol. No I just wanna hold ya.

(Você sabe que eu vou lutar pelo meu canto. E que esta noite vou chamar você. Depois que o meu sangue estiver se afogando em álcool. Não, eu só quero segurar você).

Give a little time to me, we'll burn this out. We'll play hide and seek, to turn this around. All I want is the taste that your lips allow.

(Dê um pouco de tempo para mim, vamos queimar isso. Vamos brincar de esconde-esconde, para virar esse jogo. Tudo que eu quero é o gosto que seus lábios permitir).

My my, my my, oh give me love. Give a little time to me, we'll burn this out. We'll play hide and seek, to turn this around. All I want is the taste that your lips allow.

(Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor. Dê um pouco de tempo para mim, vamos queimar isso. Vamos brincar de esconde-esconde, para virar esse jogo. Tudo que eu quero é o gosto que seus lábios permitir).

My my, my my, oh give me love. My my, my my oh give me love. My my, my my oh give me love. My my, my my, my my, oh give me love, love.

(Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor. Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor. Minha nossa, minha nossa, oh, dê-me amor)

Enzzo apoiou o violão em seu colo e por um momento ficou muito pensativo. Johanna não podia acreditar, ele tinha uma voz incrível e ainda era um ótimo compositor.

Ela soube que ele poderia ser o que for por fora, mas por dentro não passava de um garoto assustado, brincando com uma psicopatia que não tinha. Ele ainda tinha solução.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Espero que sim :D
Mandem reviews!
Beijos e até o próximo.