Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 20
Capítulo 20 - Peeta


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente.
Me desculpem não ter postado mais cedo, é que o site da Nyah! entrou em manutenção ;D
Bom, espero que gostem do capítulo.
Nos vemos nas notas finais.



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Duas horas se passaram após Katniss ler o bilhete e ela ainda o olhava desacreditada. Provavelmente questionando que pessoa traria a tona o Presidente Snow novamente, que pessoa a atormentaria com seus antigos pesadelos. Seus olhos marejavam e as lágrimas escorriam sem perceber, sua boca estava aberta não ocultando seu espanto, suas mãos tremiam com aquela imunda carta nas mãos. Katniss fitava Peeta assim como Peeta a fitava, ambos sem reação, ambos sentindo o medo voltar.

– Katniss? – disse Peeta se aproximando.

– Peeta.. eu...não... – sussurrou. – Eu preciso sair daqui. – disse se levantando.

– Katniss, não. – falou Peeta enquanto segurava sua mão. - A gente não sabe quem mandou esse bilhete. Seja quem for, pode estar te espreitando lá fora.

– Você realmente acha isso, Peeta? – Katniss o olhou incrédula. – Vai começar...tudo de novo?

– Kat olha, eu não sei o que devemos pensar. Essa noite é melhor passarmos aqui dentro, amanhã conversamos com alguém, ok? – disse Peeta se sentando na cama. – Vem, senta aqui.

– Peeta, o Snow tem parentes, não tem? – questionou Katniss. – E se isso se tratar de vingança?

– Katniss, eu acho muito cedo para presumirmos algo. Mas, vamos fazer assim, nós dormimos e amanhã será outro dia.

– Eu não vou conseguir dormir nessa situação, Peeta. – disse secamente.

– Então nós ficamos conversando a noite toda. – sorriu levemente.

– Tá bom.

[...]

O sol já estava levemente se pondo trazendo um tom rosado ao céu. Peeta passou o dia todo tentando abordar o assunto que tanto insistia em sua cabeça. Ambos estavam ansiosos, sem força para sair de casa, sem coragem para tocar no assunto. Embora Katniss tentasse se demonstrar forte, suas expressões e atitudes não escondiam o medo que sentia. Peeta já havia conversado com Haymitch no telefone e sabia que tinha uma árdua tarefa a fazer. Explicar todos os acontecimentos provavelmente irá quebrar a Katniss, mas as coisas tinham que ser ditas, cedo ou tarde. Se Katniss realmente estava correndo risco de vida, ela tinha que saber.

Peeta estava sentado no sofá da sala acariciando os pelos macios de Buttercup. O gato estava bem diferente do que ele se lembrava, a coloração de seus pelos estava menos opaca, o seu peso havia pelo menos dobrado e sua preguiça triplicado. Peeta sorriu tristemente ao se lembrar de Prim.

– Peeta. – disse Katniss se aproximando.

– Oi Kat, viu quem resolveu te fazer uma visita? – Katniss sorriu ao olhar Buttercup.

– Trégua? – ela perguntou se sentando ao lado dos dois. Como resposta, Buttercup miou manhosamente.

– Acho que isso responde sua pergunta. – sorriu Peeta. Buttercup saltou no chão ao ver um passarinho voando pela janela. – Agora ele vai perseguir sem entender que o vidro os separa.

– Provavelmente. – disse Katniss. Apesar da conversa imparcial, era notável que sua mente estava em outro lugar.

– Kat? Nós precisamos conversar. – disse seriamente.

– Sim, acho que sim.

– Eu vou ser direto. – tomou fôlego ao segurar suas mãos. – Hoje de manhã enquanto você estava no banho, Haymitch me ligou. Ele me disse que já faz algum tempo que Gale está em uma investigação a respeito de uma ameaça que foi enviada a Paylor. – Peeta pausou a fim de ver sua reação, Katniss assentiu com a cabeça demonstrando o sinal para que ele continuasse. - Essa ameaça foi feita em vídeo, mas o maldito obviamente não mostrou seu rosto. – Katniss suspirou angustiada. – Quer que eu continue?

– Sim. – disse insegura.

– A ameaça que ele fez foi indireta, mas é clara Katniss. Ele disse que não está satisfeito com o novo modelo de governo, disse que irá acabar com o símbolo da revolução. – Katniss apertara sua mão com força. – Eu sei que isso deve ser difícil pra você, mas a presidente Paylor não mede esforços pra te ajudar, até a Johanna está morando aqui na cidade. Gale está com toda a tecnologia necessária pra descobrir quem é que está fazendo isso. A investigação está toda nas mãos dele.

– Gale e Johanna estão trabalhando juntos nisso? – disse surpresa.

– Sim, eles estão tentando ajudar você. – disse calmamente.

– Eles não podem me ajudar, Peeta. Eu não quero mais ninguém envolvido nisso, entendeu? Quero que Gale pare com toda a investigação. Seja quem for só vai parar quando me tiver.

– Para com isso, Kat. Gale é Major da F.A.P ele sabe o que está fazendo. Johanna tem treinamento também, você sabe que ela é esperta e é boa em combate.

– Isso não vai parar você não entende? – Katniss estava com os vermelhos, indicando que iria chorar – Se eles me querem tanto assim, que seja! Eu não tenho mais ninguém da minha família, a minha vida aqui é totalmente sem sentido. Minha mãe está tão traumatizada por tudo que nem sequer me liga! Eu não vou mais a floresta, não tenho mais motivos. Eu estou vivendo a fachada de uma vida perfeita que nem sequer eu quero.

Peeta não pôde esconder a tristeza ao ouvir as afirmações de Katniss, ela acabara de dizer que a vida ao seu lado era uma fachada e claramente não estava feliz.

– Katniss, você realmente acha isso? Quer desistir de tudo o que lutou e simplesmente se entregar? – disse Peeta segurando o choro e a frustração. – Você é a pessoa mais forte que eu conheço. Você luta pelos teus objetivos, enfrenta a Panem inteira, faz o impossível e assassina a Coin na frente de todos porque sabe que ela seria pior do que o Snow. Você mais do que ninguém vê a verdade e luta pela liberdade.

– PEETA, EU NÃO QUIS NADA DISSO! – agora ela estava gritando. - Eu não quis ser o símbolo da revolução, eu não quis ser o tordo! Era para eu ter morrido naqueles jogos e ter feito você vitorioso. Se eu tivesse feito isso Prim não teria morrido, Boggs, Finnick, Leg 1, Leg 2... – Katniss estava chorando em demasia. – Tantas pessoas que matei, tanto sangue em minhas mãos.

– Katniss, você não sabe o que está falando. Essas pessoas acreditaram em você, acreditaram na liberdade.

– EU NÃO PEDI PARA ACREDITAREM EM MIM, PEETA! EU NÃO QUIS QUE NADA DISSO ACONTECESSE!

– Kat, você está exaltada. Por favor, tenta compreender o que eu estou te falando.

– EU MATEI SUA FAMÍLIA TAMBÉM, PEETA! - soluçou os prantos. – Matei todos eles. – disse no seu último fio de voz.

– Não foi você quem jogou a bomba aqui, Katniss! – Peeta exaltou-se – Você lembra quanto tempo de terapia eu tive que fazer até estar bem para voltar pra casa? Demorou muito tempo para eu distinguir o que era verdadeiro ou falso. Por favor, não é bom falarmos disso.

– E tem você! Oh, Peeta! Se eu não tivesse feito tudo aquilo... você não teria sido telessequestrado! – disse acariciando seu rosto. - Não teria passado por tudo o que passou.

– Mas eu estou bem agora, Katniss. – disse fechando os olhos.

– Você acha que eu não o vejo se agarrando nos lugares de vez em quando? Acha que não vejo sua pupila dilatar e você lutar contra seu demônio interior? Acha que eu não sei que você pode surtar a qualquer momento?

– Katniss, eu tenho o total controle sobre mim. Por favor, não vamos falar sobre isso agora.

– Temos que falar sobre tudo, Peeta! Sobre o quanto eu sou a maldita da responsável por todo o sofrimento da Panem. Você era o rapaz mais doce que o mundo já conheceu e até a sua personalidade mudou. Você mudou! Pode ser carinhoso comigo, mas eu vejo que existe um pequeno fio de personalidade do antigo Peeta ainda em você.

– E por isso você quer deixar tudo pra trás, porque tem medo de mim? – agora suas lágrimas não se continham mais.

– Peeta, eu não tenho medo de você. Eu só preciso de paz. – disse ponderadamente.

– E você acha que vai encontrar paz se entregando? Você imagina o que eles poderiam fazer com você? – Peeta a abraçou mesmo se sentindo magoado. – Podem te torturar, fazer coisas piores do que fizeram comigo. – sussurrou em seu ouvido. – Eu não posso deixar isso acontecer.

– Peeta, para de lutar por mim. – Katniss afagou seu rosto no pescoço de Peeta e se debulhou em lágrimas.

– Nunca, eu nunca vou desistir de você.

– As pessoas podem se machucar, eu não posso permitir ninguém mais se ferir por minha causa.

– Hey. – Peeta a soltou do abraço e levantou seu queixo delicadamente a olhando nos olhos. – As pessoas querem te proteger, nós temos forças agora para que nada de mal aconteça. Haymitch é prefeito, nós temos a presidente Paylor ao nosso lado, Gale é Major da F.A.P, a Johanna também está no exército. Você não tá sozinha nessa.

– Não me trate como se eu fosse frágil, Peeta.

– Vem cá.

Peeta a abraçou novamente. Sentiu que o dever de protegê-la jamais sairia de seu encalço. Katniss era uma mulher forte, há muito tempo ambos deixaram de ser adolescentes, mas apesar de todas as feridas que a Revolução lhe trouxe, ela ainda tinha o medo de ser abandonada, de se sentir sozinha.

Após algumas horas, Katniss adormeceu em seus braços, sua respiração estava leve e tranquila, seu coração batia em um compasso suave. Katniss estava sem pesadelos. Peeta aproveitou esse tempo para ponderar o que Katniss havia dito e uma dor emanava em seu peito. Será que Katniss esta comigo por estar? Tudo o que ela disse, será mesmo verdade? Ela esta infeliz ao meu lado? E-ela disse que me amava, será mentira isso também? Peeta passou um bom tempo chorando silenciosamente, tentando dissolver aquela dor que conhecia muito bem. Quando finalmente se livrou de seus pensamentos, ele soube o que tinha que fazer. Talvez Katniss estava sentindo falta, saudades de alguém mais próximo, saudades de uma pessoa que infelizmente se afastou.

– Alô?

– Oi Senhora Everdeen, aqui é o Peeta. Desculpa ligar tão tarde.

– Peeta! Oi filho. Não se preocupe com o horário, eu estou com o meu fuso trocado devido ao hospital. Aconteceu alguma coisa? – disse a mãe da Katniss.

– Na verdade, sua filha sente sua falta, mas ela é orgulhosa demais para assumir.

– Eu sei, Peeta. Eu pretendo ir visita-la em breve, mas acontece que o hospital precisa muito de mim.

– Srª Everdeen, a Katniss também precisa muito da senhora.

– Eu sei, amanhã pela tarde eu ligo pra ela. E você, como está?

– Minhas visões melhoraram.

– E a Katniss, como está lidando com a vida nova?

– Bem. – mentiu. – Mas precisando da senhora.

– É complicado, Peeta. Amanhã eu prometo resolver isso.

– Então tá certo, dona Everdeen. A senhora se cuide, ok?

– O mesmo Peeta, nos falamos em breve.

Ao desligar o telefone, Peeta pensou no quanto isso tudo deve ser difícil para Katniss. Ela perdeu Prim e sua mãe está afastada. Ela se sente culpada pela Revolução e por todas as mortes que ocorreram em função desta. Katniss estava carregando um mundo invisível em suas costas. Por mais que Peeta tentasse demonstrar a ela que absolutamente nada daquilo era sua culpa, ele sabia que ela se castigava.

Enquanto Peeta se encaminhava a cozinha para preparar um lanche, teve a sensação estranha de ter escutado alguém o chamar. A princípio ignorou e continuou caminhando, mas novamente a voz o chamou.

– Peeta.

O garoto ficou em silencio por um longo tempo para tentar descobrir da onde surgia esse sussurro.

– Peeta. – disse novamente.

Rapidamente Peeta encontrou a fonte do barulho, vinha do lado de fora de casa. Encaminhou-se lentamente para a porta da frente e agarrou um abajur que estava na mesa de canto da entrada. Para sua surpresa, ao abrir a porta não encontrou nenhum brutamontes de dois metros, mas sim um Gale ofegante, suado, apavorado e pálido.

– Gale? Mas o que...

– Johanna, Peeta. – disse Gale enquanto buscava o ar. – Pegaram a Johanna.

– Como que... – Peeta não teve tempo para concluir sua frase e logo sentiu como se tivesse recebido um forte soco em seu estômago. Gale apontou um sapato preto sujo de sangue em suas mãos e instantaneamente perdeu o ar de seus pulmões.

– Eles a pagaram, Peeta. Pegaram a Johanna.


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Notas finais do capítulo

E ai, teeenso né? Agora vai ter que todo mundo se ajudar :D
Katniss como sempre cabeça dura e Peeta como sempre um anjo.
Espero que tenham gostado
Babi Olih a mãe da Katniss está voltando o
Beijos e não se esqueçam de comentar ^^