Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 14
Capítulo 14 - Peeta


Notas iniciais do capítulo

GEEENTE, QUE TAAAMANHO DE CAPÍTULO!
Deu um trabalhão danado!
Espero que apreciem :P
Beijos



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Ao acordar, Peeta percebeu que seu braço havia adormecido. A luz que vinha da janela era tão insistente que o fez abrir os olhos. Neste exato segundo, Peeta teve a visão mais incrível do mundo: Ela estava dormindo em seu peito. Seu cabelo estava muito bagunçado, as meias para fora de seus pés e a sua regata levantada até quase seu peito. Perguntou-se de que forma Katniss poderia ter se desordenado tanto enquanto dormira e simplesmente sorriu.

Após o dia anterior, ambos se entregaram ao cansaço e adormeceram. Katniss possuía um semblante tranquilo, o que fez Peeta intuir que ela não estava enfrentando nenhum sonho ruim. Ele não pretendia sair da cama tão cedo, queria ficar o maior tempo possível admirando sua beleza. É verdade que Katniss tinha uma carranca espantosa quando acordada, mas quando dormia envolta de sonhos bons poderia quase identificar em seu rosto aquela menininha alegre que cantava nas salas de aula para encantar aos pássaros e seu coração.

Nunca havia se sentido tão bem ao lado dela. Peeta achou estranho seu pensamento porque eles já haviam tido um momento muito melhor do que o do dia anterior, mas parece que nesse exato instante tudo estava mais real. Katniss finalmente disse com todas as palavras que não iria mais dar para trás. Ela não havia dito que o ama e nem nada parecido, mas a certeza de que ela não iria mais fugir de seus carinhos o fez finalmente se tranquilizar. Katniss estava aparentemente pronta para manter uma relação estável. E ele? Bom, ele nunca teve dúvidas. Poderia ser suicídio assumir, mas o fato dela ter dado um espaço para organizar os seus sentimentos foi bom. Peeta precisava ter certeza de que ela estava nisso tanto quanto ele. Futuramente, ele poderia fazer isso ficar mais sério, mas por enquanto, vê-la dormir estava excelente, não precisava de mais nada.

– Eu prometo que vou te fazer feliz. – Sussurrou Peeta ao tirar uma mecha de cabelo da testa de Katniss.

Ele ficou por um bom tempo olhando ela dormir, não soube dizer ao certo quantas horas haviam se passado, mas não importava. Ela estava linda.

– Peeta?

– Oi Katniss, bom dia. – Disse ele sorrindo.

– Nossa, nós dormimos e eu nem percebi – Disse Katniss enquanto se ajeitava na cama.

– Pois é, nem eu.

– Você está com uma aparência tão melhor, Peeta. – Disse enquanto colocava a palma de sua mão na testa dele. – E sua febre! Não tem febre mais.

– Ah é? Acho que estou curado então. – Sorriu levemente.

– Não, óbvio que não Peeta. Você vai continuar com os medicamos e de repouso, até segunda ordem. – Ordenou ela.

– É? Tá bom. – Ele fez uma pausa ao olhar dentro de seus olhos cinzentos. - Eu tenho escolha?

– Droga – Ela sussurrou enquanto abaixava bruscamente sua regata. – Droga, Peeta! Porque você não me avisou que eu estava praticamente pelada?

– Pelada Katniss? É só a sua barriga. – Disse surpreso.

– Eu sei, mas... – Disse corando e puxando a coberta para si. – nossa que vergonha.- Disse baixinho.

– Não sinta. Não tem nada demais, ok? Você me viu de cueca ontem. – Riu Peeta levemente. – Ou você não lembra?

– Você estava usando short, Peeta. – Disse ela emburrada.

– Tá bom, você ganhou. Me desculpa, vou tirar a imagem da sua barriga da minha cabeça.

– PEETA! – A cor de suas bochechas atingiu o tom mais vermelho possível. – Que raiva! Esquece isso.

– Já esqueci. – Riu Peeta. – A Greasy Sae já está lá embaixo preparando o café da manhã. Pelo cheiro tem chocolate quente. Vamos comer?

– Vamos sim. – Ela sorriu.

Ambos desceram as escadas apressadamente. Peeta não precisou de apoio para se levantar e nem caminhar. Era visível sua melhora, seu rosto já até havia adquirido uma coloração melhor.

– Bom dia meninos. Vocês dormiram a beça hein? – Disse Greasy enquanto preparava a mesa.

– Greasy, você sabe que não precisa fazer isso, né? Deixa eu te ajudar. – Disse Katniss. – Por quanto tempo nós dormimos?

– Bom, pelo visto quase vinte e quatro horas. – Riu Greasy.

– Nossa, Greasy. Acho que estávamos cansados. – Complementou Peeta.

Peeta e Katniss tomaram o café da manhã tranquilamente. Peeta fez a todo o momento piadas sobre o dia anterior e sobre a reação de Katniss ao acordar cedo e ver sua regata toda torta. Ele só implicava com ela pra poder vê-la corar e dava certo. Greasy plantava um sorriso toda a vez que os olhava daquele jeito, era aparente o quanto ela torcia pela felicidade deles.

– Bom, meninos eu vou embora. Preciso passar no Haymitch para ajuda-lo a desencaixotar algumas coisas. – Disse Greasy enquanto pegava sua bolsa. – Katniss, eu já deixei alguma coisa pronta para o almoço na geladeira, mas se vocês quiserem preparar eu fiz algumas comprinhas e tá tudo no armário.

– Claro Greasy, muito obrigada pela sua dedicação. – Disse Katniss a acompanhando até a porta.

– E então, o que vamos fazer hoje? – Disse Peeta.

– Eu queria fazer algo do tipo... olhar os seus quadros secretos. – Sorriu Katniss maliciosamente.

– Meus quadros secretos? É assim que você os chama? – Riu Peeta. – Não, esses você não vai ver, pelo menos não agora.

– Hunf – Bufou Katniss.

– Eu tenho uma ideia, queria te mostrar uma coisa e eu acho que você vai gostar. Vem comigo. – Disse Peeta enquanto a puxava pela mão e subia as escadas.

Katniss parecia o olhar curiosa, Peeta não sabia ao certo qual seria a reação que ela teria quando olhasse a surpresa mas o objetivo era esse.

– Katniss, eu preciso que você troque de roupa, está frio lá fora. – Disse Peeta.

– Mas o quê? Peeta, não! De hipótese alguma vamos sair. Você não tá legal.

– Não, Katniss. Eu estou sim, vou me agasalhar e nada vai acontecer.

– Tem certeza? – Disse ela duvidosa.

– Absoluta.

Ambos trocaram de roupas rapidamente e se encaminharam para rua a fora.

O dia estava gelado como todos os anteriores, mas a neve havia parado de cair. Peeta não conseguia reprimir a felicidade ao olhar o mundo pelo lado de fora. Fazia dias em que não sentia a brisa da manhã. Estar ao lado de Katniss naquele momento era tudo o que ele mais queria. Peeta a olhava com ternura enquanto encaixava seus dedos aos dela. Katniss como resposta segurou sua mão mais firme. Um pequeno ato que já dizia tudo.

– E então, para onde você está me levando? – Disse Katniss ansiosa.

– Estou te levando para o meu ateliê. Só vou te adiantar isso. – Sorriu Peeta.

– Isso é no mínimo interessante, Mellark.

– No mínimo, Everdeen. – Peeta a olhou atentamente parando para ficar de frente a ela. – Katniss?

– Sim.

Peeta se aproximou até seus corpos ficarem atidos. Colocou suas mãos na cintura sem em nenhum momento tirar os olhos precisos dos dela. Ela já sabia o que estava para acontecer, dava para notar em sua respiração. Peeta não negava que estava ofegante, mas vê-la dessa forma fazia seu coração bater com força. Saber que a respiração de Katniss estava descontrolada por sua causa era algo que aquele menino tímido e apaixonado da escola jamais poderia sonhar.

Seus lábios tocaram tão devagar que o mundo parecia estar em câmera lenta. Katniss entrelaçou seus dedos fortemente no cabelo do Peeta o que o fez intensificar o beijo. Peeta cogitava com dúvida se esse contato físico mais presente faria Katniss recuar com medo de se entregar tanto assim a alguém. Era evidente que embora ambos tenham passado por muita coisa, ela ainda não se sentia totalmente a vontade do lado dele e isso o segurava. Mas não agora. Peeta não quis que seus pensamentos atordoassem aquele incrível momento e impulsivamente aproveitou um pequeno espaço de suas bocas e pediu passagem com a sua língua, delicadamente. Katniss por um milésimo de segundo demonstrou surpresa, mas logo corrigiu retribuindo o beijo da mesma forma. Eles nunca haviam se beijado daquele jeito, era algo inédito mas doce. Enquanto suas línguas descobriam novas maneiras de se aproveitarem, suas mãos da mesma forma não pareciam ficar paradas. Todas as maneiras para sentir um ao outro. Era exatamente isso o que ambos queriam demonstrar, ambos precisavam se sentir. E se não daquela maneira, de qual forma? Katniss pareceu simplesmente ter adorado tudo aquilo porque ambos só se soltaram para recuperar o ar.

– Esse foi o nosso melhor beijo. Verdadeiro ou falso? – Disse Peeta.

– Verdadeiro. – Katniss se aproximou dele e levemente tocou seus lábios, formando um rápido beijo o que fez ambos sorrirem.

– Vamos? – Disse Peeta.

Alguns passos a mais e o centro já era visto. A Cidade estava a todo vapor, algumas construções ainda por fazer, mas já estava claro o fato de que toda a população começara a tocar suas vidas. Katniss apertou fortemente a mão de Peeta, talvez em meio a alguma lembrança.

– Você está bem? – Disse Peeta suavemente.

– Sim, é que... ainda é estranho. – Sua voz era contida.

– Para mim também. Você quer voltar?

– Não. Eu quero ver a surpresa! Mal posso esperar. – Disse Katniss sorrindo.

Quando chegaram ao ateliê, o local estava vazio, mas praticamente pronto. A obra estava concluída, só faltava mobiliar e começar a dar andamento ao negócio. Peeta se sentiu orgulhoso de finalmente poder fazer algo que ama. Ele adorava trabalhar com a padaria e também vai continuar com o negócio de sua família, mas desenhar e pintar era algo fascinante. O prazer que se tinha ao compreender e fazer as nuances da vida era um desafio. A paixão pelas cores e pela arte fazia seu coração saltar.

– Katniss, eu preciso que você coloque isso em seus olhos. – Peeta se aproximou dela e a vendou.

– Ah não, Peeta. Isso é completamente injusto. Eu não consigo andar cega, né? Vou cair.

– Eu não vou te deixar cair. Vem. – Peeta a pegou no colo o que a fez soltar um pequeno grito.

– Que isso Peeta, me solta! – Disse Katniss se debatendo.

– Não me bate, Katniss! Faz parte da surpresa. – Riu Peeta divertido.

Peeta abriu uma pequena porta que havia nos fundos de seu ateliê e desceu as escadas com a Katniss em seus ombros.

– Eu pareço um saco de batatas. – Bufou ela.

Peeta a soltou levemente e a colocou em pé, foi correndo acender a luz enquanto ela tirava a venda de seus olhos.

– Não tem nada aqui, Peeta. – Disse ela olhando ao redor atentamente.

– Aí que você se engana. – Peeta se aproximou de um fundo e tirou lentamente um lençol em meio a uma grande bagunça. Quando Katniss percebeu o que era, não se conteve.

– Meu Deus! – Katniss cobriu sua boca lentamente com as mãos. – Você me pintou?

– Eu fiz esse quadro quando tinha provavelmente uns doze anos, mas era algo demorado e eu não havia terminado. No ano entre a nossa vitória e a turnê pelos distritos eu o completei. Claro que eu tive o trabalho de fazer outros quadros para apresentar como meu hobby para todos da Panem, mas eu sempre dediquei meu maior tempo neste. Espero que você tenha gostado. – Peeta envolveu seu braço direito nos ombros de Katniss.

O quadro era excessivamente perfeito. Praticamente denotava uma ordem cronológica do amor de Peeta pela Katniss. A obra era tão grande que cobria uma parede inteira. No canto superior esquerdo podia ver claramente a Katniss pequenina entrando com um vestido inocente e juvenil em seu primeiro dia de aula. Logo após algumas pinturas dela ao lado de seu pai comprando algo em sua padaria. Seguido dela ao lado de sua mãe passeando pela praça. Ela ao lado de Prim ambas pequenas. Katniss e Gale na escola após o terrível acidente de seus pais. Katniss junto a linda cabrinha Lady. Katniss ao lado de uma presa na floresta. Ela na floresta com o arco e flecha em mãos. Katniss colhendo a dente-de-leão. Katniss sorrindo ao lado de Madge. Ela ao lado dele, de mãos dadas para o público da Capital. Katniss com seu vestido em chamas na entrevista do Caesar. Katniss correndo muito distante de sua visão na arena. Katniss ao lado de Rue. Katniss o beijando na caverna. Katniss e Peeta com as amoras cadeado. Tudo em sequência, uma imagem completando a outra para contar sua história.

Os olhos de Katniss estavam marejados e ela ainda não havia tirado suas mãos da boca.

– Você gostou? – Disse Peeta.

– Isso é a coisa mais trabalhosa e perfeita que já vi na vida. Quanto tempo você demorou para concluir algo assim? – Disse ela ainda surpresa.

– Eu levei muito tempo para fazer, mas não sei ao certo quanto. Fiquei muito feliz por eu ter levado isso para a Aldeia dos Vitoriosos antes de tudo acontecer. Se não, não teria sido salvo.

– Peeta... eu não tenho palavras. – Suspirou Katniss.

– Palavras não são necessárias. Vem cá. – Disse ele enquanto a abraçava.

Aquele abraço era absurdamente acolhedor, Katniss soluçou em seu peito, se deixando chorar sem pudor. Peeta ficou extremamente chateado consigo, porque seu objetivo não era tê-la feito chorar. Obviamente aquilo tinha retomado dolorosas lembranças de seu passado.

– Katniss, por favor. Me perdoa? Eu não quis fazê-la chorar. – Disse Peeta com dor em sua voz.

– Não Peeta... é que você é tão complementar e eu sou tão quebrada. Você sempre sabe o que fazer, sempre tem as coisas mais lindas para me mostrar, sempre tem as palavras certas formadas em sua boca. Eu nunca sei o que te dizer, de que forma te agradar. Eu sempre acabo fazendo merda. Eu te afasto de mim, te coloco de escanteio e ainda omito coisas de você. Eu sou tão patética e injusta. – Soluçou. – O Haymitch estava certo quando disse que posso viver 100 vidas que nunca vou te merecer.

– Hey, hey. Não fala algo assim nunca mais. Olha pra mim, Katniss. – Disse Peeta ao colocar seu polegar em baixo do queixo dela fazendo-a olhar diretamente em seus profundos olhos azuis. – Você é absolutamente perfeita comigo. Você fala essas coisas pra mim como se eu nunca tivesse feito nenhuma merda com você, né? Eu esqueci quem você era, deixei minha mente aceitar a ideia de que era uma bestante. Eu... eu te machuquei. – Disse ele ponderando as palavras.

– Você se apaixonou por mim... duas vezes. – Disse ela secando as lágrimas.

– Sim. Eu me apaixonaria três, quatro, quinhentas vezes. – Ele sorriu tristemente. – Eu poderia nascer e morrer diversas vezes, conhecer o mundo inteiro... se você estivesse lá de que forma fosse... eu sempre iria te amar.

– Você sempre iria me amar? – Disse Katniss o fitando completamente.

– Eu sempre vou te amar.

Os seus rostos estavam tão próximos que não foi necessário mais do que dez centímetros para fazer seus lábios se encostarem. O beijo era delicioso e lento, como sempre carinhoso. Peeta sentia sua barriga esfriar e aquecer ao mesmo tempo e podia-se dizer que para Katniss isso não era diferente. Ela poderia ter o tratado de todas as formas no passado e no presente. Peeta sabia que quando suas bocas se encostavam, era claro como a água o quanto um pertencia ao outro. Não havia dúvida alguma de que Katniss o amava mas um dia, se ela estivesse disposta gostaria de ouvir essas palavras.

– Eu tenho outra surpresa para você. – Disse Peeta cuidadosamente.

– Outra? – Disse ela maravilhada.

– Sim. Essa eu quero que você veja em casa, tá bom? – Disse ele entregando um velho envelope empoeirado para ela.

– Ok, então. – encolheu os ombros. - Vamos para casa?

O trajeto foi mais rápido do que poderia parecer, chegaram em casa quando o sol estava em seu auge. A neve já estava começando a derreter ao chão, o fim dos dias cinzentos e frios estava próximo.

– Katniss, - disse Peeta enquanto entrava em casa. – eu vou preparar o almoço para nós. Por que você não vai colocar uma roupa confortável e eu te encontro na cozinha?

– Eu vou tomar um banho e vou descer aqui para ler essa carta junto com você, tá bom? – disse ela ansiosa.

– Pra mim está perfeito.

Katniss subiu as escadas como uma criança arteira. Peeta sabia o quanto ambos eram jovens, mas depois dos jogos e de todos os acontecimentos suas idades não pareciam ser algo relevante. Aparentava que a idade adulta atingira seu coração após seu nome ser chamado por Effie naquela colheita.

Peeta estava decidido a fazer uma receita muito antiga que aprendera com sua avó. Viu que tinha todos os ingredientes para preparar um delicioso Canelloni e arregaçou suas mangas. Primeiro cortou tomates, cebola, alho e manjericão. Tudo para o molho ficar uma delícia. Separou azeites e orégano, uma série de especiarias que sabia que ser o toque principal da receita. Alcançou uma tábua e foi picando em cubinhos queijo e presunto para o recheio. O molho já estava no fogo, quase pronto só faltava separar a massa. Enquanto Peeta fazia rolinhos com a massa recheada de presunto e queijo, escutou o grito de Katniss do quarto.

– AI QUE CHEIRO MARAVILHOSO, PEETA.

– É algo delicioso que a minha avó me ensinou a fazer, tomara que você goste. – Gritou de volta com um tremendo sorriso no rosto.

Katniss desceu as escadas e Peeta não pode esconder sua surpresa. Ela estava com uma camisola de seda preta, justa ao corpo na altura aproximadamente das coxas. Ela pareceu se envergonhar ao ver o modo como ele a olhou, mas era inevitável. Rapidamente Peeta se virou para se focar no que estava fazendo.

– Então você gostou do cheiro? – Disse ele tentando não olha-la.

– Está uma delícia, eu faço uma ideia do gosto que isso tem. – Katniss o abraçou por trás, olhando sorrateira pelos lados para ver o que ele estava preparando. – O que é que você está fazendo exatamente?

– Eu... – Peeta suspirou ao sentir as mãos em sua barriga. Obviamente que estavam por cima de sua camiseta, mas só de saber que ela estava tão próxima de si o fez arrepiar. – É um Canelloni! Você está vendo esses enrolados? Então, eles são recheados de queijo e presunto, banhados no molho. Vão ao forno por 40 minutos e ficam um espetáculo. É rápido e prático.

– Como foi que você adquiriu essa habilidade para cozinha?

– Na verdade, eu sempre me interessei por essas coisas. Minha avó era muito paciente comigo e eu vivia em sua saia pedindo mais informações sobre os pratos que ela preparava. Ela me contava histórias sobre os nossos ancestrais e o que eles preparavam de comida. Nana nunca me contou seus segredos e nem como ela tinha aquele livro de receitas tão velho, mas para mim, era mágico o que ela fazia com as mãos. – Suspirou Peeta ao recordar. – Eu, como não podia nem sonhar em tocar naquele livreto, tive que me contentar com a minha memória e decorar o máximo possível de seus passos.

– Sua avó deveria ser a pessoa mais especial para se conhecer. – Disse Katniss se soltando carinhosamente de Peeta.

– Ela era.

Katniss ajudou Peeta a preparar a mesa e ambos se deliciaram e comeram até seus estômagos doerem de satisfação. Peeta havia separado um vinho tinto que Greasy comprou no mercado e Katniss retrucou.

– Eu não gosto de vinho, isso é seco e esquisito. – Disse ela criticando.

– Eu também não gosto mas esse vinho é especial. Ele é doce como as uvas pequeninas. Você vai gostar. – Disse ele abrindo a garrafa.

– Mas vinhos não são feitos para beber a noite? – Disse Katniss duvidosa. – Effie uma vez me falou algo parecido.

– Não sei dessa tradição porque nunca fui de tomar essas coisas, mas achei que hoje seria um dia especial e mereceria algo assim. Greasy, aparentemente pensou como eu e trouxe essa delícia para cá. – Disse Peeta sorrindo.

O vinho estava realmente delicioso, tanto que a garrafa tinha acabado e nenhum dos dois percebera. Pela conversa, não era aparente, mas os movimentos de Peeta estavam ficando um tanto lentos e esquisitos, sua boca estava quente e não sentia absolutamente nenhuma timidez em relação a Katniss. Não que ele fosse uma pessoa de se sentir dessa forma, mas era a primeira vez que ele estava vendo ela com uma camisola, uma roupa absurdamente íntima com pouco tecido e muita renda. Antes do vinho ele pôde jurar que não estava a tratando normal, suas palavras estavam entrecortadas e ele mal conseguia olhar em seus olhos. “Meu Deus, nem é de noite por que ela está vestida assim? Melhor não reclamar.” Mas agora o vinho parece ter dado um superpoder a ele, o que o fez se sentir aliviado.

Katniss estava rindo e conversando soltamente, Peeta respirou suave ao perceber que o efeito da bebida não estava somente nele.

– Então Mellark, pronto para me mostrar seus segredos? – Riu ela maliciosamente. – Vamos ler essa carta? – Disse ela tirando o envelope de baixo da cadeira e lendo em voz alta.

“Oi Katniss,

Eu não sei bem como escrever algo para você porque você provavelmente vai achar estranho, né?

Você nem me conhece, quer dizer, você deve ter me visto na escola, mas toda a vez que me olha eu vejo o ódio pintado em seu rosto. Acho que você me odeia.

Meu pai disse que a gente tem que aprender a ser corajoso e a dizer o que pensamos das pessoas ai eu decidi escrever isso pra você.

Eu acho você a pessoa mais bonita da escola, no sentido literal da coisa mesmo. Não sei se você me nota ou me acha bonito (acho que não porque você abertamente me odeia), mas se isso serve pra alguma coisa: Eu não odeio você.

Aliás, não tem como eu odiar a pessoa que eu sou apaixonado.

Desde o primeiro dia em que ouvi você cantar, eu sabia que ia gostar de você pra sempre. Só que isso é a minha sina, possivelmente. Eu te vejo sozinha nas aulas e quando você não está na escola, tá sempre com aquele Gale. Ele é seu namorado? Se for eu vou passar a maior vergonha do mundo te entregando isso.

Bom, eu só queria te dizer isso mesmo. Você não precisa ficar sozinha na escola, eu posso ser seu amigo se quiser. Mesmo eu gostando de você, se você não gosta de mim, eu prometo que vou respeitar você e não vou encher seu saco como os outros meninos fazem quando estão apaixonados.

Se você precisa de uma prova disso, aqui está: Eu gosto de você desde os cinco anos de idade e nunca enchi seu saco. Então, você pode me dar crédito.

Aqui está um desenho que eu fiz de você. Espero que goste.

Com carinho (e amor),

Peeta Mellark

Obs:. Não me odeie por eu te amar, por favor.”

Após ler a carta, Katniss não conseguia conter a risada, ou melhor, a gargalhada. Ela ria tanto que teve que se inclinar e colocar a mão no estômago por rir em demasia.

– Nossa Katniss, todos os meus pesadelos da adolescência estão se realizando agora. Meu maior medo: Te assistir rindo de mim.– Disse Peeta chateado.

– Ai Peeta, me perdoa, – Ria Katniss. – mas isso é a coisa mais deliciosa que eu já li na vida. Você era tão inocente e bonitinho.

– Você acha mesmo? – Peeta fica surpreso. – Acha que eu deveria ter entregado essa carta pra você.

– Ah, isso não Peeta. Eu era uma babaca e provavelmente te ignoraria para o resto da vida. – Disse ela sinceramente. – Mas agora, que eu estou lendo isso, sei o quanto eu era boba.

– Era uma boba mesmo. – Disse ele concordando.

– É. – Riu maldosamente. - Peeta, eu posso te fazer uma pergunta? – Disse ela claramente alta do vinho.

– Claro. – Disse Peeta ponderadamente.

– Quantas mulheres você já beijou? – Disse ela com um olhar desafiador

– Katniss, isso é mesmo necessário? – Disse ele cuidadoso.

– Claro que é. Você sabe que eu só beijei você e o Gale. E ah, Chaff que me roubou um selinho. – Ria ela abusada.

– Katniss, eu acho que você está alta do vinho e não sabe o que está falando direito – Peeta disse devagar. – Vamos deitar?

– Não, não foge do assunto. Quantas? – Disse ela agora furiosa.

– Por que quer saber?

– Porque você era popular na escola, garanto que beijou a Delly! – ela disse acusatoriamente.

– Não, Katniss! Claro que não! Delly era minha amiga.

– Ah, conta outra Mellark. – Disse ela enciumada.

– Nunca na vida eu beijaria a Delly, Kat.

– Tá bom, então quem foi?

– Eu beijei três meninas da escola e uma menina que era cliente da padaria. Satisfeita? – Disse ele irritado.

– Ah então esse amor por mim não era tão forte assim, hein? – disse balançando a carta.

– Katniss, eu não sabia se iríamos ficar juntos. Para mim, você e Gale eram namorados e você nunca deu sinal nenhum de que, se quer, me achava bonito. Eu não tinha coragem para te entregar essa carta e muito menos falar com você. – ele explicava.

– E elas beijavam bem, Peeta? Tentaram alguma coisa a mais com você? – A voz de Katniss balançava infinitamente o que demonstrava seu alterado humor pelo álcool.

– Não, Katniss sem mais respostas para as tuas perguntas. Vou te colocar para deitar. Você tira um cochilo e toma um banho quando acordar. Vai se sentir outra. – Ria Peeta entre os dentes.

– Me responde Mellark! Se eu tô bêbada que nem o Haymitch ficava eu não vou me lembrar da resposta. – Disse ela o fitando seriamente.

– A Natalie tentou. Eu não quis. Está feliz agora? – Disse ele a olhando atentamente, querendo ver cada reação que sua face fosse apresentar.

– A NATALIE? A popularzinha? Aquela loira? Você ficou com ela, Peeta? ARGH! QUE NOJO DE VOCÊ. – Disse ela não se contendo. Nunca em toda a vida Katniss teria uma reação assim. Se ela não tivesse tomado aquele vinho, provavelmente a conversa seria outra.

– Ai meu Deus, Katniss. Você está com ciúmes! – Disse Peeta não escondendo o sorriso de ponta a ponta. – Nunca pensei te ver desse jeito.

– Ciúmes é diferente de nojo! – Disse ela cuspindo as palavras.

– Não, você não tem nojo de mim. – se aproximou. – Você está com uma pontinha de ciúmes. – sussurrou em seu ouvido.

– N-não. – disse ela perdendo o ar. – S-sai daqui, Peeta.

– Vem. – Peeta a pegou no colo. – Vou te jogar no chuveiro de roupa e tudo.

– Você não precisa me dar banho com a camisola, Peeta. Pode tirar se quiser. – provocou.

– Ah senhorita Everdeen, você realmente não está em si. – gargalhou. – É engraçado te ver desse jeito, parece que não é você.

– E você gosta desse novo eu? – ela disse esparramada em seus braços.

– Não posso te responder com sinceridade. O fato de você ter dito que posso tirar a sua camisola não vai me fazer te responder com sinceridade. – Disse ele ciente de que ela não se lembraria de nada, levando-a vagarosamente pela escada.

– Então você gostou da minha proposta. Verdadeiro ou falso?

– Verdadeiro. Mas eu não vou fazer isso, vou te deixar somente em baixo da água fria e esfregar as partes do seu corpo que estão expostas.

– HÁ-HÁ. Interessante. – Disse ela debochada.

Peeta a carregou até a banheira e deixou a água cair sobre seu corpo. Katniss não parava de reclamar de como estava horrível o banho e ao mesmo tempo não interrompia suas provocações tentadoras. Peeta em nenhum segundo cogitou a possibilidade de se aproveitar da situação. Nunca! Se acontecesse algo tão íntimo com eles, ele queria que ela estivesse sã e plenamente consciente de seus atos. Queria que fosse romântico e bonito, afinal, seria a primeira vez de ambos e esse momento com certeza faria história.

– Venha pentelha, vou te secar e colocar na cama. – Disse ele secando seu corpo – Eu trouxe meu casaco de moletom e a minha calça. Eu vou ter que te despir Katniss, porque você não se aguenta em pé mas eu vou fechar os meus olhos, tá?

– Tá bom. – Disse ela entorpecida de bebida e sono.

Peeta fechou os olhos o mais forte que pode, aquilo era tão esquisito. Ele levantou a camisola dela lentamente, evitando encostar em qualquer parte de seu corpo mas inevitavelmente sentiu uma parte ou outra indescritíveis e indefinidas pelo seu péssimo senso. Ficou aliviado por sua percepção ser horrível, ele não queria supor absolutamente nada de seu corpo, aquele não era o momento.

Rapidamente colocou nela suas calças e o moletom. Katniss estava molenga e cansada. Ele tentou fazer uma trança em seus cabelos, mas estava claro que ele era a pior pessoa do mundo para elaborar penteados.

Pegou ela no colo novamente e com muito cuidado a colocou na cama, ela resmungou alguma coisa mas ele não conseguiu compreender.

Peeta deitou ao seu lado e como pela manhã, ficou horas a observando. Estava quase adormecendo quando ouviu uma frase sair da boca daquela linda mulher.

– Eu.. te... amo, Peeta. – Suas palavras saíram tropeças e balbuciadas. Mesmo sabendo que ela estava fora de si e sonolenta demais para compreender o que havia dito, decidiu responder.

– Eu amo demais você, minha linda.

Como não havia mais espaço para a felicidade caber em seu peito se sentia somente entorpecido por tamanha sorte. Peeta adormeceu no mesmo instante em que seus músculos relaxaram. Feliz e completamente apaixonado.


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Notas finais do capítulo

Que capítulo mais AWWWN
Espero que vocês tenham amado o tanto quanto eu!
Não se esqueçam de comentar e me mandar reviews!
É sempre importante .
Beijos amores.



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