Um Cupido (quase) Flechado escrita por Gaby Molina
Notas iniciais do capítulo
I'M BACK, BITCHES O/
Vocês ficam me perguntando por que eu não tenho feito notas iniciais, e o motivo é bem simples, na verdade: eu não tenho o que falar. Então não achei útil ficar enchendo a página com uma enrolação do inferno.
MAS CONTINUE LENDO, PORQUE HOJE EU TENHO O QUE FALAR
Obg. Então, gente, a Radioactive (já recomendei uma fic dela, vocês talvez se lembrem... http://fanfiction.com.br/historia/434534/As_Fitas_da_Retaliacao/ ) fez um quiz sobre Um Anjo (Quase) Caído :3333 Linda, né? Então, eu vi e achei bem legal. Deem uma passadinha lá ;) vou deixar o link aqui e nas notas finais.
http://quizsoup.com/blog/2014/02/23/O-quanto-voc-sabe-sobre-Um-Anjo-Quase-Cado-3787
Depois me digam se vocês foram bem, haha (e não vale roubar!)
Serena
É um dia triste, triste mesmo, quando uma garota não pode se sentar no pátio e comer pão de queijo enquanto assiste Os Feiticeiros de Waverly Place (não me julguem, é engraçado) no celular sem que, você sabe, Deus resolva lembrá-la de que, haha, a vida dela deixou de ser a mesma depois que ela descobriu a existência de anjos.
— Eu preciso da sua ajuda — Celeste sentou-se ao meu lado, afastando uma mecha do cabelo ruivo do rosto. Seus grandes olhos acizentados estavam cravados em mim.
— O que te faz pensar que eu faço parte de uma espécie de ONG para anjos?
— Olha, eu sei que você não vai muito com a minha cara, mas...
— E em que mundo pedir favores vai me fazer mudar de ideia?
Ela suspirou.
— Estou tentando ser legal. Por que não pode tentar também?
— Pare — murmurei, mexendo no colar que Heath me dera de forma inquieta. — Apenas pare. Seja lá o que tem que fazer, faça e dê o fora daqui. Eu não quero nenhum envolvimento.
— Você já está envolvida, Serena.
— Tem certeza? — resmunguei, me levantando.
Estava me distanciando dali quando Celeste gritou:
— É a Audrey!
Parei. Encarei a Nefilim.
— O que é a Audrey?
— Meu trabalho. Audrey e Christopher. Sou um cupido. Preciso da sua ajuda para me aproximar da Audrey. Talvez possamos fazer compras ou sei lá.
— Ruiva. Eu sinto muito, de verdade. Mas não posso — falei, sem olhar para ela, e corri para longe.
Heath
— Qual o seu problema?
— Eu não tenho um.
— É claro que tem. Você sempre tem um problema, Argent. Esse deve ser grande, se está se dando ao trabalho de negar.
— Porque eu geralmente só despejo meus problemas nos outros?
— Não foi o que eu quis dizer.
— Eu sou egoísta.
— Hmmm... Quê?
— Ouviu bem. Eu sou. Sou mesmo, não é? Merda. Você sempre disse, e sempre teve razão.
— Eu já disse muitas coisas.
— Então agora mudou de ideia? Não acha mais que eu sou uma pessoa detestável?
— Não acho que você seja uma pessoa detestável. Acho que é sensível demais. Deixa seus defeitos tomarem conta de você.
Serena revirou os olhos, deitando no sofá.
— Ótimo, lá vem a sessão de psicanálise.
Sorri.
— Você tem tanto medo de que as pessoas usem seus defeitos contra você mesma — concluí. —, que faz questão de não escondê-los.
— Não gosto de ser egoísta.
— Então não seja.
— Não consigo. Ela é meu maior pesadelo encarnado, Heath. Não consigo.
— Celeste. É disso que se trata. Argent, eu já disse que eu e ela...
— Não, não é sobre vocês dois. É só que... — ela suspirou. — Esqueça. Não faz sentido, de qualquer modo.
Aproximei-me dela.
— Sou bastante bom com coisas que não fazem sentido.
— Não quero falar disso.
Inspirei fundo, tentando manter o tom de voz neutro.
— Certo. Se alguma hora precisar conversar...
Ela assentiu.
Serena
Eu já estava esmurrando a porta por cinco minutos quando Thomas a abriu. Os olhos azuis inquisidores me encararam.
— Sim?
— Desembucha.
— "Desembucha"? — ele abriu um sorriso presunçoso. — Quem fala isso? Você está ficando velha, Serena.
Revirei os olhos.
— Não pode me distrair com ofensas, você aprendeu isso comigo. Não pode vencer o mestre em seu próprio jogo.
— Mas posso fazer isso.
Ele estava prestes a bater a porta em minha cara, mas eu a segurei.
— O que aconteceu ontem à noite, porra?
— Eu te fiz um favor. Mentindo para a mamãe sobre o seu namorado. E disse que ia precisar desse favor de volta — ele piscou. — Estou cobrando.
— Está me deixando preocupada, Tom.
— Estou bem, maninha. Estou bem. Você, por outro lado, não parece nada bem.
— Já sentiu como se não conseguisse controlar sua própria vida?
— Hmmm... Não.
— Bem, não é uma sensação agradável — encarei-o. — Se cuide, está bem?
— Você também. Camisinha sempre.
Empurrei-o tentando parecer a irmã mais velha malvada, mas ele começou a rir e eu não consegui evitar. De qualquer forma, ele era mais alto do que eu, então meu empurrão não foi muito efetivo.
Quando eu estava indo embora, ele me chamou:
— Ei. Serena.
— Sim?
— Está passando aquela série cheia de drogados e palavrões que você ama. Quer assistir?
Franzi o cenho.
— Qual temporada?
— Primeira.
Invadi o quarto dele gritando.
— ANTHONY STONEEEEM!
Thomas riu.
— Vou pegar pipoca.
* * *
— Esse cara trai a namorada idiota dele o tempo todo. E ela volta rastejando toda vez. Sinceramente, o que você vê nele?
Enfiei mais pipoca na boca, ignorando Thomas.
—... E por que todo mundo é tão obcecado por essa Michelle? Ela nem é tão gostosa assim. A Effie sim é gostosa. Ela...
— Cala a boca — ordenei, empurrando-o para fora da cama.
Ouvi o barulho de seu corpo contra o chão, e logo depois:
— Ei, você não pode me empurrar para fora da minha própria cama!
— Acabei de fazer isso.
— Sério, deve ter alguma coisa contra isso no Código de Irmãos.
— Não existe um Código de Irmãos.
— É claro que existe. Como você saberia dizer, de qualquer modo?
Abri a boca, mas depois fechei. Por fim disse:
— Cala a boca.
Thomas riu.
— E ainda tem coragem de dizer que é a irmã mais velha.
* * *
— Então, se o sino toca toda vez que alguém entra na loja, e a câmera não captou o barulho do sino... — encarei o advogado, esperando que ele completasse por si mesmo.
— Sanders não entrou na loja pela porta da frente. E a câmera da porta dos fundos estava funcionando, então saberíamos se ele tivesse entrado por lá — concluiu Richard, o advogado.
— Então ele é inocente. Eba — Patricia ironizou. Ela não ficava muito feliz quando eu começava a falar muito. Queria que eu assumisse a posição de “Cale a boca e aprenda”. — Vou pegar um café.
E então saiu da sala. Richard começou a procurar alguma coisa na própria mala.
— Foi muito astuto o que você fez. Todo mundo ficou procurando imagens da câmera, mas não conseguiram porque ela caiu. Mas ela continuou gravando o áudio. Foi muito inteligente lembrar disso.
— Bem, obrigada — abri um leve sorriso, secretamente feliz com o elogio.
— Pensa em faculdade de Direito?
— Talvez.
— Olha, conheço um cara que dá aula em Sophsmith University. É a melhor do país em Direito, você sabe.
— É, mas é, tipo, impossível entrar lá.
— Pensando nisso, ele coordena um sistema de estágios de meio período. Quem tiver o melhor desempenho ganha uma bolsa integral. Direto. Se estiver interessada...
— Está brincando?! É claro que estou interessada!
— Ótimo! Tenho um panfleto com alguns dados — ele me passou o papel. — Precisa fazer a inscrição pessoalmente, e precisa ter a recomendação de algum advogado formado — ele deu de ombros. — O que você tem, se depender de mim. E, no caso, depende de mim. Então parabéns, Argent. Podemos ir lá amanhã, se estiver tudo bem com a sua mãe.
Patricia abriu a porta.
— Se o que estiver bem comigo?
* * *
— Mas mãe...!
— Serena Victoria Argent! Você já mal deu conta da escola ano passado, acha mesmo que eu vou permitir que...
— Mas ano passado foi diferente! — choraminguei. — Heath ia embora, mãe.
— Não importa, Serena! Você desaba completamente quando algo ruim acontece, como vai dar conta da escola e de um estágio? Ainda mais um tão exigente quanto esse?
— Bem, não foi feito para ser fácil — fitei-a, suplicante. — Mãe, eu sou boa nisso. Você sabe que eu sou. E Richard reconheceu isso. Sabe de quanto em quanto tempo uma oportunidade dessas aparece? Uma vez na vida. Posso ter uma chance de verdade nisso.
— Pode ter uma chance de verdade no que for que quiser fazer.
— Não foi o que me disse quando me ouviu falar sobre uma carreira em Música.
Patricia suspirou.
— Está bem. Faça o maldito estágio. Mas se qualquer uma de suas médias começar a cair, ou se você começar a fumar maconha para desestressar, ou qualquer merda dessas...
— Entendido. Pode me levar amanhã para conhecer o lugar? Heath vai estar trabalhando.
— Posso. Mas não se atrase.
— Pode deixar.
Christopher
—... E ela provavelmente nem é ruiva de verdade.
— Uhum.
— Chris, está me ouvindo?
— Claro, querida — menti, observando um pássaro que pousara perto de uma árvore. — Acha que os Yankees levam esse ano?
— Monkeys?
Revirei os olhos. Layla sempre seria uma negação em qualquer coisa que não envolvesse moda.
— Esqueça. Olha, a Celeste é legal, está bem? Não implique com ela. Preciso ir. Fiquei de levar o rádio para a Miller.
Layla torceu o nariz.
— Ok. Nos falamos depois.
Beijei-a nos lábios e me afastei. Peguei o rádio na sala de música e corri até o campo, onde Audrey cantarolava baixinho alguma música da Selena Gomez enquanto tentava ensinar algum passo totalmente impossível a Celeste. Acho que só dançar músicas ruins era um pré-requisito para líderes de torcida. Entreguei o rádio a Audrey.
— Valeu — ela abriu um leve sorriso e colocou um CD chamado "Merdas da Audrey" no rádio. Eu não sabia se o "merdas" era possessivo ou descritivo, mas achei melhor não perguntar. — Pode dar o fora agora. Agradeço.
— Me obrigue — sorri, sentando-me na arquibancada.
Audrey revirou os olhos e se voltou para Celeste, demonstrando um movimento com as mãos na introdução da música. Depois fez uma jogada de cabelo e foi para o refrão, enquanto Celeste tentava tirar o próprio cabelo do rosto. Eu sorri.
— Então, tipo, a cintura vai para a direita, e depois para a esquerda... — Audrey demonstrou. — Aí abaixa um pouco, levanta de volta e faz o primeiro movimento do refrão...
— Hã...
— Qual é. Confiança. Tente.
Celeste fechou os olhos e fez a tal jogada de cintura, depois invertendo um pouco a ordem das coisas. Havia algo nela. Uma espécie de luz inconsciente, um brilho diferente. Eu não conseguia entender, mas havia algo nela.
Ela parou e abriu um dos olhos, erguendo uma sobrancelha ao encontrar os meus cravados nela.
— Audrey, ele está fazendo com que eu me sinta vulgar, faça ele parar.
— Você não é vulgar, Celeste — prometeu Audrey. — Chris é tarado, só isso.
— Ei! — protestei e a morena riu. — Você fica colocando a menina no Caminho da Perdição e a culpa é minha?
Audrey colocou as duas mãos na cintura e me encarou.
— Eu coloco ela no Caminho da Perdição?
— Quero dizer, aposto que eles não fazem as coisas assim na França.
— Vou ignorar sua presença agora.
— Eu sou legal demais para ser ignorado.
— Observe.
Serena
— Isso parece... ótimo, Argent.
— Você não entendeu nada do que eu disse, não foi?
— Eu me perdi em "o sino não tocou".
— Bem, de qualquer forma, estou indo lá agora.
— Boa sorte! Tenho que desligar, minha chefe já está gritando em galês e eu não estou entendendo nada, mas parece sério.
— Boa sorte também, então. Tchau, Seeler. Amo você.
— Também amo você, Argent. Depois me conte como foi.
— Pode deixar.
Patricia parou o carro.
— É aqui.
Fitei o prédio alto e espelhado da Evans & Grimmie. Ajeitei minha jaqueta e entrei no edifício. A secretária me encarou.
— Posso ajudar?
— Meu nome é Serena Argent, eu me inscrevi para o estágio de...
— Ah, claro — ela abriu um leve sorriso. — Vou pedir que Harper lhe acompanhe.
Harper era uma associada de primeiro ano da Evans & Grimmie, voraz para provar seu valor, então estava ligada no 220 durante toda a visita.
— O estágio será realizado primordialmente no 11⁰ andar. Estas aqui são as salas onde o treinamento acontecerá — ela apontou para algumas salas num corredor. — No fim do corredor ficam os escritórios dos advogados que estão coordenando o estágio, mas você não pode ir lá sem agendar uma visita.
— Claro — abri um leve sorriso. — Onde eu assino?
* * *
— Em resumo, eu começo na segunda — contei a Audrey, que estava totalmente concentrada no próprio celular e totalmente não-concentrada em mim. — Drey? Ouviu alguma coisa que eu disse?
— Não — respondeu ela, enfiando um punhado de Doritos na boca. — Ei, o que sabe sobre a Celeste?
— Hummm... Intercâmbio. França. Segundo ano.
— Já viu o jeito que Chris olha para ela?
— Na verdade, não.
— Não é, tipo, como se ele tivesse uma queda ou algo do tipo — ela me fitou, franzindo o cenho. — É como se ela fosse uma deusa absoluta e ele tivesse recebido a benção de poder observá-la. É estranho.
Peguei um pouco de Doritos também, mesmo que não fosse muito fã de salgadinho.
— Acha que eles se pegam?
— Sei lá. Acho que Layla está com problemas.
— E como você se sente?
Ela deu de ombros, desviando o olhar.
— Estou acostumada a ser deixada de lado.
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