Um Cupido (quase) Flechado escrita por Gaby Molina


Capítulo 5
Capítulo 5 - Argent manja da Grécia


Notas iniciais do capítulo

OOOOOI :333 HOJE É UM DIA MUITO ESPECIAL
SABEM POR QUÊ?
"É dia de São Valentim?"
Sim, mas...
"E dia internacional do amor?"
Também, mas é que...
"E dia do amigo?"
É MEU ANIVERSÁRIO O/ YAY
VIVA EU
O/
Entao, de presente pra vocês, aqui está um capítulo, e de presente pra mim, que tal um review? Hue.



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Celeste

— Não tem um tamanho maior? — perguntei, tentando puxar a saia do uniforme da torcida para baixo.

— Mas esse está perfeito em você! — Audrey sorriu. — Fora que as cores ficam ótimas com o seu cabelo, que é perfeito, falando nisso.

— Obrigada!

Audrey era um amor de pessoa. Christopher era muito sortudo. Eu só tinha de achar um jeito de me livrar de...

— Por que o estresse, querida? Todos os petit gateau ou sei lá o que o seu povo come deixaram muita celulite? — Layla Sonencler fingiu um sorriso compadecido.

— Já que estamos no clima, o que você come para deixar sua cara com celulite? — indagou Serena, inocente, a Layla. — Ou ela é assim mesmo?

— O vestiário é só para a equipe de torcida, Argent — Layla rosnou.

O olhar de Serena dizia claramente "Querida, eu posso fazer o que eu quiser", mas por sorte Audrey estava ali.

— Eu a convidei — disse Audrey.

— Bem, você não é a capitã. Eu sou.

Audrey

Inspirei fundo.

— É claro.

Serena me fitou, provavelmente tentando decidir se eu ia explodir ou deixar para lá. Eu ainda estava um pouco ressentida com a treinadora por ter dado o posto de capitã à Layla depois que Leslie Hills se formou. E mesmo que isso não fosse culpa de Layla, seria mais fácil lembrar disso se ela fosse menos insuportável.

— Garotas, campo! — ordenou Layla. — Agora!

Quando eu estava saindo do vestiário, Celeste me puxou.

— Audrey, eu não faço ideia de o que estou fazendo.

— Mas você foi ótima nas audições!

— Eu... Hum... Sou flexível. Você votou a meu favor?

Sorri.

— Claro! Fui o voto decisivo.

— Então... Layla votou contra mim?

— Ela te odeia — falei, entregando-lhe um par de pom pons. — Mas, é, esse é um jeito de descrever.

Observei o rosto de Celeste ficar branco como papel.

— Vamos, você vai se sair bem — prometi, puxando-a comigo.

— Argent, o que ainda está fazendo aqui?! — Layla encarou Serena, que estava sentada na arquibancada.

— Não sei se sabe, mas decidi que vou ser quem eu realmente sou — ela fingiu estar emocionada. — Então estou decidindo qual de vocês vou assediar no vestiário.

— Serena, sem piadas! — pedi, apontando meu pom pom para ela impetuosamente.

— Qual o problema das piadas?

— A vida é uma piada — falei. —, mas ser líder de torcida é coisa séria.

Serena revirou os olhos, como sempre que eu falava sobre torcer.

— Não faça com que eu me arrependa de ser sua amiga!

Sorri.

— Você me ama, S.!

Foi quando o time de futebol invadiu a arquibancada. Por que o time de futebol invadiu a arquibancada?

Enquadrei Christopher Jacobs.

— E aí, Miller? — ele sorriu.

E que sorriso. Foco, Audrey. Foco.

— Estamos treinando, Jacobs.

— Viemos assistir. Sabe, fazer companhia para a Argent.

Vá se ferrar! — Serena gritou da arquibancada.

Christopher riu.

— Então... Podemos ficar?

— Bem, a capitã já deixou claro que eu não mando em nada aqui — murmurei. — Peça a ela.

— Querido! — Layla sorriu. — Não vai se sentar?

— Já vou! — respondeu Christopher.

— Acho que isso resolve — revirei os olhos.

Ele sorriu.

— Bem... Quebre a perna, Miller.

— Que coisa legal para se dizer a alguém que está prestes a ser lançada cinco metros acima do chão!

— Ei, cadê o seu espírito teatral? — ele me censurou.

Ele se perdeu um pouco quando eu achei que você ia me chamar para sair e em vez disso você começou a namorar a Layla, pensei. Mas, ei, sem ressentimentos.

Eu queria bater nele tanto quanto queria beijá-lo, o que talvez indicasse que eu estava passando muito tempo com a Serena.

Sorri.

— Tente não babar muito.

E corri para o campo antes que ele pudesse replicar ou demonstrar reação.

— Eu fico com a dianteira? — o tom de pergunta foi simplesmente por educação.

— Não — Layla não pareceu entender a educação.

— Eu sei a coreografia melhor, sou veterana.

— E eu sou a capitã — ela sorriu.

Bufei.

— Treinadora! A treinadora ainda se sentia um pouco culpada por ter roubado o meu posto e dado para Layla, então disse:

— A Miller tem razão.

Isso era tudo o que eu precisava.

Celeste

Eu ainda estava tentando entender por que Audrey não era a capitã. Ela era muito boa nisso. Uma música pop qualquer estourou nos auto-falantes e ela gritou:

— Um, dois, três, quatro; cinco, seis, sete, oito! — e então deu um mortal para trás.

Eu fingi que não tinha percebido que a coreografia tinha começado para fugir do fato de que meus conhecimentos acrobáticos se resumiam a estrelas e cambalhotas.

Superstar, where you from?

How's it going?

I know you got a clue what you're doing

You can play brand new to all the other chicks out here

But I know what you are, what you are, baby

Começou simples, mas foi complicando. Inspirei fundo, mas Audrey fazia com que parecesse muito mais fácil do que realmente era. Os movimentos dela eram natos e graciosos, até sutilmente sensuais em alguns pontos, mas não vulgares. Eu queria aplaudi-la apenas por conseguir não parecer vulgar naquele uniforme, porque eu estava me sentindo uma stripper (procurei o termo na internet depois que Thai comentou sobre meu nome).

Como a letra do refrão basicamente só repetia a mesma coisa e os movimentos mudavam, era complicado decorar.

Womanizer, woman-womanizer, you're a womanizer

Oh, womanizer, oh, you're a womanizer, baby

You, you-you are, you, you-you are

Womanizer, womanizer, womanizer

Na ponte da música, desacelerou novamente. Audrey fechou os olhos e deixou uma parte do cabelo cair no rosto. Fiquei imaginando se deveria fazer o mesmo, mas aí eu não conseguiria ver o que ela estava fazendo, então decidi que não. Ela fazia um movimento com o quadril que eu estava tendo problemas em repetir.

You got me goin' (You!)

You're oh so charmin' (You!)

But I can't do it (You!)

You womanizer

E então voltou ao refrão maluco. Eu agradeci a Deus quando a música acabou. Audrey sorriu para nós.

— Ótimo trabalho, gente! Cinco minutos de descanso!

Layla, surpreendentemente, não retrucou. Corri até a arquibancada para pegar minha garrafa d'água. Sentei-me, afastando o cabelo do rosto, e tomei metade dela em um gole só.

— Bom trabalho — disse Christopher, sentando-se ao meu lado.

— Bem, obrigada. Eu não fazia ideia de o que estava fazendo.

Ele riu.

— Você se saiu bem. A Miller coloca as expectativas muito altas.

Fitei-o, feliz com a compreensão.

— Como ela faz aquilo?!

— Eis a questão cuja resposta nunca saberemos.

— Bem, eu preciso melhorar, ou vou ser chutada para fora do time.

— Relaxa.

— Eu nem deveria estar falando com você, na verdade. Layla não exatamente simpatiza comigo.

— É, eu sei. Mas, bem, ela não pode dizer com quem eu posso conversar ou não.

— Mas ela pode decidir quem fica no time ou não. Só precisa de um motivo.

— Bem, eu acho que você é uma garota legal, e tenho certeza de que o resto do time pensa assim.

— Eu preciso continuar no time.

— Uou. É tão importante assim para você? — ele me fitou. Assenti. — Tudo bem, vou mexer uns pauzinhos.

— Não cause nenhuma briga, por favor.

Ele sorriu.

— Relaxa. Ei, acho que seus cinco minutos de descanso acabaram.

Suspirei ao ver o resto da equipe voltando para o campo.

— Deseje-me sorte.

— Boa sorte, Anjo.

Gelei.

— Do que me chamou?

— Seu nome. Celeste. "Do céu". Eu só... pensei nisso.

— Ah — meu coração voltou a bater. — Obrigada.

Corri para o campo.

Serena

— Vai fazer alguma coisa à tarde? — Patricia invadiu meu quarto, cravando os olhos azuis em mim.

— Ler O Teorema Katherine pela vigésima vez, eu acho.

— Estou indo tentar um acordo para um caso agora, quer vir?

— Como segunda cadeira?

Ela revirou os olhos.

— Você não é formada, não pode ser segunda cadeira. Vou dizer que é minha assistente.

— Nepotismo é o que há — zombei.

— Quer vir ou não?!

— Claro. Já estou indo.

— E coloque uma roupa adequada. Não está indo a um desfile do colegial.

Heil, Hitler — provoquei baixinho.

Patricia me encarou uma última vez e fechou a porta. Peguei um vestido preto até um pouco acima do joelho e sapatos com salto baixo. Penteei o cabelo e desci as escadas.

— Estou pronta.

— Ótimo, vamos.

Peguei um bloco de anotações e uma caneta que estavam sobre a mesa de centro da sala e a acompanhei até o carro. Ela dirigiu por uns quinze minutos até seu escritório.

— O acordo é importante. Se conseguir um acordo bom, não precisa ir ao julgamento. E ninguém quer ir ao julgamento, é desgastante.

Anotei no caderno.

Evitar julgamento por meio de um acordo viável

Subimos de elevador até o décimo quinto andar. Patricia sorriu para a secretária.

— Diane, esta é Serena, minha filha.

— Ah, olá! — a moça sorriu para mim. — É um prazer. Patricia fala muito de você.

— Bem ou mal? — franzi o cenho.

— Érrr... Depende do dia. Mas ela sempre fala de você.

— Publicidade é o que importa — zombei.

Patricia me encarou, séria.

— Não use seu humor seco no ambiente de trabalho.

— Bem, não é o meu ambiente de trabalho. Afinal, qual o seu grande problema com o meu sarcasmo?

— Não é educado.

— Alguns povos não acreditam que seja educado para uma mulher falar sem a autorização de seu marido.

Ela suspirou.

— Vou ver se o advogado já chegou, sente-se na sala de espera.

Assenti e sentei-me no sofá surpreendentemente confortável. Havia apenas uma mulher ao meu lado, com não mais de trinta e poucos anos. Baixinha, com cabelos escuros. Ela lia uma revista com muitas fotos.

— Já saiu do país? — ela perguntou a mim do nada.

— Na verdade, não.

— Deveria ir à Austrália. O clima é melhor e as pessoas são mais gentis.

Eu ri.

— Ouço muito isso. Acho que britânicos são apenas incompreendidos.

— Se pudesse escolher, para onde iria?

Pensei por um momento.

— França, talvez. Suiça. Cancun também seria divertido, mas só para fazer meu namorado comer tacos e cuspir tudo.

Ela balançou a cabeça.

— Definitivamente não entendo britânicos. Eu iria à Grécia. É meu sonho.

— É mesmo?

— Sou professora de História. Os povos antigos são todos muito interessantes, mas os gregos são insuperáveis. Seus monumentos, sua literatura, sua mitologia... É tudo impressionante. Ficar diante do templo de Atena, imaginando quantas promessas foram feitas lá. As ruínas.

— Então, por que não pode ir?

— Meu marido está sem dinheiro por causa de um processo e meu salário não paga. Sou Erica, falando nisso. Erica Kent.

— Serena Argent — apresentei-me.

— Argent... Como em Patricia Argent?

— Conhece minha mãe?

— Ela é uma pedra no meu sapato — Erica sorriu, e então se levantou.

Estamos prontos — ouvi a voz de minha mãe enquanto ela se aproximava de nós. — Vejo que já conheceu minha filha, sra. Kent.

— Ah, sim — Erica sorriu.

— Bem, vamos?

Erica saiu na frente e eu segurei Patricia.

— Ela é...?

— Quem está processando nosso cliente. Na verdade, a companhia do marido dela, Rodrick, está. Ele está na sala. Fazemos um acordo e tudo fica bem.

* * *

Havia seis pessoas na sala. Eu, Patricia, um homem chamado West que foi processado, Erica, Rodrick e o advogado deles. Por algum motivo, eles não falavam o valor em voz alta. Escreviam em um papel e passavam para o outro, que ria e escrevia outro valor.

Resumidamente, Rodrick queria três milhões e Patricia estava disposta a pagar um milhão.

— Isso é um absurdo — o advogado deles, que usava um terno engraçado que o deixava parecendo um pinguim, motivo pelo qual comecei a chamá-lo de Kowalski, protestou.

— É um valor bem razoável — Patricia insistiu. — Metade disso já paga todos os danos.

Fitei Erica.

— Sobraria dinheiro para a Grécia. Até mesmo para ir a Roma depois! E voltar várias vezes. Ou talvez nem mesmo voltar. Que lugar melhor para estudar mitologia do que no berço dela?

— Podemos conseguir esse dinheiro na corte — retrucou Rodrick.

— Talvez. Depois de meses. Anos. Estamos oferecendo algo real. Certo. Absoluto. Na verdade — peguei o tablet da mão de minha mãe sem pedir permissão e entrei em um site de viagens. — Podemos prover isso agora mesmo — selecionei um pacote para a Grécia e estendi o tablet para Erica. — Tudo o que você tem de fazer é aceitar.

— Vamos pensar no assunto — disse Kowalski.

— Não ligue para o Kowalski — meu olhar continuava cravado em Erica. — Todo mundo sabe que ele sempre foi o mais esperto dos pinguins, mas não estamos em Madagascar. Já não acha que pensou o suficiente, Erica? Faça isso por si mesma. A vida em si é no máximo razoável — eu sorri. — Cabe a você transformá-la em algo extraordinário.

— É uma ótima quantia de dinheiro, sra. Kent — disse Patricia.

— Tudo o que você tem de fazer — apontei para o botão escrito "Comprar". — é dar uma chance a si mesma.

Erica me analisou por um minuto. E então sorriu.

— Britânicos e suas ideias mirabolantes.

— Exatamente. Somos terríveis. Livre-se de nós e vá com os gregos. O clima é melhor e as pessoas são mais gentis — sorri.

Erica riu e pressionou o polegar contra o botão "Comprar". Senti minha mãe suspirar aliviada.

— Ainda temos que assinar um contrato, certo? — os olhos dela brilharam.

— Sim — minha mãe pegou alguns papéis e entregou a Rodrick.

— Tem certeza quanto a isso? — Rodrick ergueu uma sobrancelha para a esposa.

— E você não?

Ele não respondeu, mas assinou.

* * *

—... E não coloque apelidos nos advogados.

— Ok, mãe.

— Nem no réu.

— Tá.

— E, pelo amor de Deus, nem no juiz!

— Eu entendi, mãe.

Patricia suspirou e me fitou por um minuto.

— Você foi bem.

Sorri.

— Obrigada. E ele parecia mesmo o Kowalski.

Patricia escondeu um sorriso, revirando os olhos, e disse:

— Preciso conferir as assinaturas e adiantar a audiência para dizer que conseguimos um acordo. Vai levar algum tempo, quer esperar na sala?

— Eu marquei de sair com o Heath.

— Bem, eu não posso te levar agora. Ele pode vir te buscar?

— Acho que sim. Bem, boa sorte.

— Obrigada. Vou ver se consigo trazer você aqui mais vezes.

Sorri.

— Eu adoraria!

Fui até a recepção e disquei o número de Heath.

Cabaré da Shaniqua, em que posso ajudar?

Revirei os olhos.

— Ainda vamos sair hoje, né?

Se você não arranjou nada melhor...

Eu ri.

— Não finja que é humilde. Você não me engana, Seeler. Estou na firma da minha mãe, vim acompanhá-la num caso. Pode me buscar aqui?

Érr... Como eu chego aí?

Boa pergunta. Olhei em volta, até que me lembrei de Diane, a secretária.

— Ei! Diane! — aproximei-me, estendendo o telefone. — Pode explicar a ele como chegar à firma?

Diane estreitou os olhos, cética, mas pegou o telefone.

— Alô? Ah, prazer, Heath. Não, ela não falou de você. É perto... Sabe onde é o Mc Donald's da Golden? Golden Avenue, quero dizer.

Depois de algum tempo, ela se despediu e me devolveu o telefone.


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