Um Cupido (quase) Flechado escrita por Gaby Molina
Notas iniciais do capítulo
Para quem queria Seath, lá vai:
Serena
— Bom dia — Acordei com um beijo na testa.
— Vá à merda — disparei, enfiando a cara no travesseiro.
— Eu também amo você, Argent.
Ergui a cabeça, deparando-me com aqueles olhos dourados perfeitos e aquele leve sorriso entretido.
— Você não é mais meu anjo da guarda. Não precisa ficar entrando pela minha janela.
— E você ainda não aprendeu a trancá-la — Heath revirou os olhos. — Falando nisso, preciso descobrir quem é o babaca que está tomando o meu lugar.
— Ninguém pode tomar o seu lugar — soltei, sorrindo. — Você vai ser sempre o mais babaca de todos.
— Bom mesmo — ele sorriu e me beijou nos lábios.
Quando nos separamos, sussurrei:
— Muito melhor do que aquele beijo na testa miserável.
— Eu sei, certo? Sou um excelente anjo da guarda e beijador. Basicamente um super-heroi.
— Super-herois são menos convencidos — recordei, levantando-me e abrindo meu guarda-roupa.
— Não necessariamente. Tem o Tony Stark, o...
Joguei uma blusa nele.
— Gosto dessa blusa — comentou ele. — Deixa seus seios maiores.
Joguei uma bota nele.
— Babaca.
Em trinta minutos, estava pronta. Heath deu a volta e me encontrou na porta da frente.
— Olá, sra. Argent — ele sorriu para a minha mãe.
— Bom dia, Heath. Serena já deve estar...
— Estou aqui — fitei meu namorado. — Oi — beijei sua bochecha.
— Oi — ele sorriu. — Gosto dessa blusa.
Dei um tapa nele e o empurrei para fora, enquanto ele se despedia aos berros de Patricia. Entramos em seu carro. Tenho quase certeza de que ele usou seu Charme Angélico para conseguir a carteira de motorista, pois era ainda pior do que Damien.
Não falávamos sobre Damien. Era um assunto delicado para Heath.
— Amo essa — sorri, aumentando a música. — I... I will be king! And yooou... You will be queen...
— Nothing! Nothing will drive us away! — ele me acompanhou, perfeitamente desafinado.
— Para de estragar a música! — zombei, sorrindo, mas deixei ele cantar o refrão comigo.
— We can be heroes! Just for one day...
Chegamos à escola rapidamente. Saímos do carro.
— Pronta para o seu primeiro dia? — ele sorriu.
Assenti lentamente.
— Ganho um beijo de boa sorte?
— Você ganha quantos beijos quiser, e quantos mais eu conseguir roubar de você — ele sussurrou e me beijou.
Ficamos ali por algum tempo, até aquela voz aguda berrar para mim:
— Ei, bonitinhos! A loira aí precisa ir para a aula! Último ano, querida!
Relutante, afastei-me de Heath.
— Audrey! — sorri e a abracei.
— Oi, Aubrey! — Heath acenou. A coisa do "Aubrey" tornara-se uma piada nossa.
— Tá gato, hein? — ela provocou, batendo de leve nas costas dele.
Eu não me importava quando ela fazia isso, porque era a Audrey. Mas me importaria se fosse qualquer outra pessoa do universo. Mesmo que fosse a vó dele. Mas a Audrey não. Ela tinha essa carta branca, porque eu sabia que ela era a pessoa mais obcecada no mundo pelo o quanto eu e Heath éramos perfeitos um para o outro.
Além do mais, Heath estava mesmo gato naquela jaqueta de couro.
— Tchau — beijei-o levemente nos lábios. — Até as três.
— Ou quatro — ele zombou, referindo-se à detenção.
— Olha a macumba — empurrei-o em direção ao próprio carro. — Tchau, babaca.
— Tchau, sádica.
— Eu amo você.
— Eu também amo você.
E então apenas observei enquanto a picape dele desaparecia.
— Pronta? — Audrey sorriu. Assenti.
Celeste
— Oi! — aproximei-me de uma garota loura antes de a aula começar. — Sabe onde posso pegar meu horário?
— O corredor das patricinhas sem nada no encéfalo é por ali — ela apontou para a direita.
— É lá que eu pego meu horário?
A Loira soltou um riso debochado e me fitou com seus grandes olhos azuis.
— Desculpa aí — uma outra garota, morena, colocou-se entre eu e ela. — Ela é muito mal-educada com novatos, mas no fim sempre se apaixona por eles.
— Merda, cale a boca! — a Loira revirou os olhos, mas pude ver que havia enrubescido.
— A secretaria é no final do corredor — a Morena abriu um leve sorriso gentil.
— Você não é daqui, é?
Eu aprendera Inglês aos treze anos, mas ainda tinha um pouco de sotaque. Balancei a cabeça.
— França. Intercâmbio.
— Seja bem-vinda — ela acenou com a cabeça e empurrou a Loira para a classe.
A diretora foi meio ríspida comigo, mas me entregou o horário. Perguntei a ela sobre Christopher Jacobs e ela me disse que eu era a oitava no dia. E não me deu nenhuma informação. Perguntei sobre Audrey Miller. Adivinha só?
Nada. Então apenas fui resmungando para a aula de Estudos Sociais. Não havia nenhuma Audrey ou Christopher na minha classe. Nem a Loira, nem a Morena. Eu não conhecia ninguém. Estava plenamente perdida. Costumava aprender rápido, mas tive dificuldade em grande parte das matérias, com exceção de Literatura — eu levava livros mortais clandestinamente para o Céu quando vinha para cá fazer alguma tarefa (raramente, mas tinha dois ou três Nefilim que sempre levavam livros para mim) — e Francês. Resolvi inscrever-me na aula de Latim também.
Eu estava saindo da sala quando vi um cartaz.
VENHA PARTICIPAR DA EQUIPE DE TORCIDA! CONTAMOS COM O SEU TALENTO E DEDICAÇÃO!
Por que não?, pensei, e estava indo assinar a lista quando trombei em alguma coisa. Ou alguém.
— Ei, calma lá — vi um pequeno sorriso de canto, e grandes olhos verde-escuros focaram-se em mim. — Nunca vi você por aqui.
— Eu sou... nova. — sorri, enrubescida.
O rapaz afastou os cabelos castanhos bem claros do rosto.
— Isso aí é um sotaque?
— Francês — especifiquei. Estava tão na cara assim?
— Parabéns — ele apertou minha mão.
— Por quê?
— Pela proeza de conseguir fazer Inglês soar sofisticado — ele riu um pouco. — Qual é o seu nome?
— Celeste.
— Nome de anjo.
Arregalei os olhos, mas depois percebi que ele estava apenas fazendo uma comparação ingênua.
— Hã... É, talvez. Eu... tenho que ir.
— Vejo você depois?
—... Claro!
Estava correndo quando ouvi aquela voz grave e rouca novamente:
— Ei, Celeste!
— Sim? — virei-me.
— Você não ia assinar aquela lista ali? — ele apontou para a lista da torcida.
— Eu... estou considerando.
— Bem, eu acho que você deveria.
— Vou levar isso em consideração — acenei levemente com a cabeça e saí correndo de vez.
Abri a porta de meu armário e fiquei tentando me esconder atrás dela.
— Por que você estava falando com aquele cara? — disse uma voz aguda levemente conhecida ao meu lado.
— Hã... Oi — acenei para a Loira, que me lançava um olhar fuzilador. — Você... gosta dele, ou algo do tipo?
— Eca, não — ela fingiu vomitar. — Atleta. Odeio atletas
— Você parece odiar muita coisa. Então, qual o problema de eu ter falado com ele?
Ela me fuzilou com os grandes olhos azuis por um longo minuto antes de suspirar e dizer:
— Certo, está vendo aquela menina ali? — ela apontou para a Morena. — Aquela é minha melhor amiga. E aquele cara lá é a paixonite dela desde a sétima série. E você é uma ruiva fofinha e intrometida que provavelmente vai se inscrever para as líderes de torcida e pegar o cara mais popular em uma festa, e formar seu próprio grupinho de amigas sem nada na cachola e eu estou realmente cagando para tudo isso. Mas eu me importo com a minha melhor amiga. Então cai fora.
— Alguém já te disse que você fala muito? — ergui uma sobrancelha. — Eu deveria odiá-la, mas na verdade simpatizo com você, porque foi a única que não disse nada sobre o meu sotaque o dia todo.
— É, bem, meu namorado é americano. Estou acostumada com sotaques, e não é o tipo de coisa que sinto a necessidade de ficar ressaltando.
— Sinto que conheço você de algum lugar — semicerrei os olhos, confusa. — Não sou louca, antes que pergunte.
A Loira suspirou.
— Passei por tanta coisa no último ano que acredito até em Fada do Dente.
— E em destino?
Ela sorriu. Tinha um belo sorriso.
— Não há nada em que eu acredite mais. Está no primeiro ano?
— Segundo.
— Estou no terceiro. Audrey também.
— Audrey?
— É, minha melhor amiga — ela apontou para a Morena.
— E em anjos? Acredita em anjos?
A Loira arregalou os olhos e me encarou por um longo minuto, como se algo a incomodasse. Depois apenas assentiu lentamente e saiu correndo, mesmo que estivesse de salto. Eu ia atrás dela, mas ouvi um sussurro.
— Ei! Celeste!
Deparei-me com Damien, que tentava se esconder.
— O que está fazendo? — franzi o cenho. — Afinal, por que não está estudando aqui?
— Porque... me formei ano passado.
— Tá, mas os mortais não sabem.
— Medo de ser reconhecido, só isso.
— Quem diabos reconheceria você aqui?!
Foi só então que ele pareceu perceber o que havia dito. Mordeu o lábio.
— Certo, descobriu quem são Christopher e Audrey?
— Só a Audrey — apontei para a Morena.
Damien bufou.
— Inferno. A Miller.
— Por quê? Ela é chata?
— Audrey? Não, ela é um doce — ele desviou o olhar. — É com a amiga dela que você deveria se preocupar.
Sem mais informações, ele saiu andando.
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