Um Cupido (quase) Flechado escrita por Gaby Molina


Capítulo 15
Capítulo 15 - Essa sorte que eu tenho


Notas iniciais do capítulo

Passando pra dizer que
~rufem os tambores~
EU LI HUSH HUSH
EEEEEEEE O/
Tudo por causa de vocês.
Apenas uma coisa: Quero que a Becca Fitzgerald vá tomar no cu, porque eu me senti a pessoa mais criativa do mundo quando pensei no Chris chamar a Celeste de Anjo. Aí me falaram "Isso é de Hush Hush" e eu quis me matar. Ainda quero me matar toda vez que o Patch diz "Anjo". Obg.
Outra coisa
Comecei Crescendo, e quero deixar meu grande vai tomar no cu para a srta. Nora Grey, que está dando uma de Bella Swan agora. Misturado com Luce Price. Duas que eu não suporto.
Então, hum, é isso.
Ah!
Quase me esqueci!
Estou sendo perseguida por primeiros beijos, esses dias as meninas num grupo do whats que eu participo (mais ou menos) tavam falando sobre isso, e a fic também tá nessas, então, quero me sentir melhor:
QUEM MAIS PERCEBEU QUE TAVA COM BAFO ANTES DO PRIMEIRO BEIJO E SAIU TRAFICANDO HALLS POR AÍ? O/
QUEM MAIS NÃO FAZIA A MÍNIMA IDEIA DO QUE ESTAVA FAZENDO E COMEÇOU A PENSAR QUE DEVERIA TER LIDO MAIS CAPRICHO? O/
QUEM MAIS CORREU PRO BANHEIRO A LA ARGENT LOGO DEPOIS? O/
E é claro que aconteceu totalmente do nada e você ficou com aquela cara de WTF acidental, certo?
...
Só eu? Ok. Enfim, se alguém mais tiver uma história dessas, esse capítulo é para você.
E, é claro, também vai para a Apaixonada Por Palavras, que me concedeu uma recomendação :333 Sobre a sua pergunta sobre de onde eu tiro as coisas que a Serena fala: eu já falei metade. A outra metade eu não falei porque não sou tão desbocada assim, mas pensei. Ô se pensei.
Sobre primeiras experiências frustradas: desgosto viver, amo escrever sobre.



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Thomas

Eu estava me cagando por dentro, mas ninguém podia saber disso. Heath se oferecera para me emprestar um terno, que ficava um pouco largo nos braços e pernas, já que ele era mais encorpado que eu e um pouco mais alto. Fitei-me no espelho, bagunçando e arrumando o cabelo umas vinte vezes. Fechei a janela para o caso de Piper estar espiando e suspirei. Merda, merda, merda.

Houve uma batida na porta. Eu soube na hora que não era Serena, pois ela não era muito do tipo que batia.

— Sua irmã quer saber se já podemos ir — disse Heath, e acho que não consegui esconder minha cara de pânico rápido o suficiente, porque ele sorriu. — Ah, entendo.

— Não sei do que está falando.

— Eu te entendo — ele cravou os olhos escuros em mim. — Somos parecidos, você e eu. Serena pula de cabeça no perigo sem pensar duas vezes, mas nós analisamos tudo demais. Nos torturamos com cada possibilidade.

— Espero que essa não seja sua tentativa de fazer com que eu goste de você.

— Não, eu também não gostaria de mim se fosse você. Não gostaria de nenhum cara que fizesse minha irmã chorar. Ou de qualquer cara, mesmo.

— Você tem irmã?

— Não, mas cresci com um cara que considerava muito meu irmão — ele desviou o olhar e baixou o tom de voz.

— E o que houve?

Ele hesitou, e então sorriu como se nada tivesse acontecido.

— Vou dizer à Argent que ela não vai no carro com a gente, ok?

— Ela vai ficar tão brava.

— Eu sei. Entendo se você não me perdoar de cara, mas tome isso como o primeiro passo — ele piscou e saiu do quarto.

Heath

Ah, ela estava incrivelmente brava.

— Seeler, ele é meu irmão! É o primeiro baile do meu irmão! Nós não...

Eu a beijei. Com vontade. Eu a pressionei contra a parede, de propósito, e apertei sua coxa. Tentando manter o foco, ergui uma sobrancelha para ela.

— Então, você queria que seu irmão tivesse visto isso? — Ela não respondeu. — Exatamente. Volto em quinze minutos.

A discussão acabou ali, e devo admitir que eu estava me sentindo muito bem, pois nunca ganhava as discussões. Thomas desceu as escadas depois de cinco minutos, com uma flor branca em mãos. E sim, direi "flor branca", porque essa é a melhor descrição que posso fazer. Talvez houvesse mais descrição se Serena estivesse narrando. Provavelmente haveria um parágrafo só para isso.

Eu abri a porta e ele me acompanhou para fora de casa.

— Acha a flor demais? — Thomas me perguntou.

— Não, garotas gostam dessas merdas.

— Não sei se Piper gosta dessas merdas.

— Bem, você dá a ela uma flor porque é o que se faz. Não pense demais nisso.

— Impossível.

— Eu sei. Estou uma pilha de nervos hoje também.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Não espere que eu acredite que você se importa tanto assim comigo.

Eu ri.

— Não é sobre você, pequeno Argent.

Eu e Serena não dissemos em voz alta. Foi uma sugestão quase silenciosa, apenas "Thomas só volta de madrugada".

Eu estava me sentindo a garota da relação. Eu sabia que aquela noite acabaria de dois jeitos, e um deles era comigo estragando tudo com minha total falta de, hum, experiência e, bem, noção, e essa alternativa parecia cada vez mais provável.

E parecia muito errado pensar nisso com Thomas ao meu lado, mas, como dissera a ele, eu tendia a analisar demais.

Eu não perguntara a Serena se ela já tinha feito isso antes. Eu não me importaria se ela tivesse feito, ou talvez me importasse muito, pois ela teria um padrão a manter. Talvez eu devesse saber disso. Mas não havia exatamente uma hora favorável para perguntar, havia?

Não era agora, eu achava.

— E, cara... — chamei.

— O que foi?

— Tenta não fazer merda, beleza?

— Você também, mano.

— Fechado — estendi minha mão e ele a apertou. — Sem merdas.

— Sem merdas — ele concordou.

Thomas contou até dez em Francês e bateu na porta. Eu sorri.

— Não seja o pai, não seja o pai, não seja... — ele murmurava, como um pequeno mantra.

Piper abriu a porta e seu sorriso se estendeu. Tinha um sorriso bonito, notei. Eu a vira poucas vezes, e nunca prestara muita atenção nela, mas ela estava bem bonita, com os cabelos escuros soltos e os olhos cor de âmbar contornados com alguma maquiagem que os destacava mais. Seu vestido ia até um pouco acima do joelho, verde e um pouco rodado. Ficava bem nela. Cutuquei Thomas para que ele parasse de babar, pois eu gostaria que houvesse alguém para me avisar que eu estava babando quando eu o fazia.

Mas Piper não tirou proveito da situação, o que, para mim, era uma diferença crucial entre ela e Serena. Thomas ficara com a parte fácil, onde a garota apenas fica corada e sorri em vez de erguer uma sobrancelha e perguntar se ele quer um sanduíche, porque está com água na boca.

E eu não o invejava nem um pouco, o que talvez dissesse algo sobre a minha sanidade mental.

— Você... Você está linda — Thomas conseguiu dizer, por fim.

— Você também não está nada mal — cumprimentou ela, e tinha razão. Ela se voltou para mim. — Ah, oi. Heath, não é?

— Isso aí. Serei vosso motorista esta noite.

— Você só deveria saber que ele dirige como um míope com labirintite — Thomas ressaltou.

— Para de reclamar, pequeno Argent.

— Pare de me chamar de pequeno Argent.

— Não consigo, é divertido. Agora vamos — comecei a andar, mas logo me voltei para Piper. — Ei, você notou o perfume dele? É muito bom.

Thomas me chutou discretamente e Piper riu.

— Notei, sim.

Serena

Heath abriu a porta. Eu me esquecera de trancá-la.

— Como foi? — perguntei, ansiosa.

Ele abriu um sorriso preguiçoso.

— Foi bem. Eu posso ter gritado Linkin Park no carro sem querer, mas foi bem.

— Obrigada por ajudar com Thomas. Meu irmão jamais vai admitir, mas ele ouve você — o sorriso de Heath tornou-se travesso. — O que foi?

— Hum, você vai ficar brava se eu disser que roubei o CD do The Civil Wars do seu irmão?

Ergui uma sobrancelha.

— Na verdade, vou ficar bem impressionada por você ter roubado o do The Civil Wars.

— Ótimo — ele tirou o CD do bolso da jaqueta e o colocou para tocar.

Why are you so far from me?

In my arms is where you are to be

How long will you make me wait?

I don't know how much more I can take.

Ele sorriu quando percebeu que eu estava cantando junto e pôs a jaqueta no sofá. Peguei o isqueiro que separara e acendi uma vela enquanto Heath apagava a luz elétrica.

Ele deitou-se ao meu lado no sofá e me beijou devagar. Ficamos ali por um minuto, bem juntos para não cair no chão. Fitei-o por um momento enquanto ele afastava meu cabelo do rosto. Seus olhos dourados eram como dois faróis na escuridão, e para mim era um pouco solitário descrevê-los, pois ninguém mais no mundo os via.

Fiquei com um pouco de dormência na perna, então tentei rolar para ficar em cima, mas acabamos rolando demais e eu caí no tapete em cima de Heath. Ele riu.

— Não sei por que ainda acreditamos que isso não aconteceria.

Dei de ombros e o beijei, rindo também enquanto rolávamos pelo tapete. Subi as mãos por seu tórax, tirando sua camisa. Parei por um minuto para observar seu abdome. Aproveitando minha falta de foco, Heath me empurrou para frente e apertou minha bunda. Quando tentei protestar, ele me beijou e tirou minha blusa, descendo os lábios para o meu pescoço antes de olhar para mim de novo. Ele precisava de confirmação, e eu o amei por isso.

Então, foi mais ou menos assim que nossa conversa mental aconteceu:

– Estamos mesmo fazendo isso?

– É... Acho que estamos.

– Lá vamos nós.

– Cala a boca, retardado.

– Eu amo você.

– Eu também amo você.

Quando senti sua mão descendo por minha cintura até a minha calça jeans, a campainha tocou.

— Isso é o que eu penso que é? — ele franziu o cenho.

— Vamos só ignorar — pedi, e então a campainha tocou de novo.

E de novo. E de novo. Levantei-me de mau humor e olhei pela fresta da porta. Bailey Maxwell. Soltei um palavrão.

— Rápido, vai para a cozinha — sussurrei, apontando.

Heath franziu o cenho, mas pegou sua camisa e correu. Vesti a jaqueta dela, fechando o zíper todo. Apaguei a vela, liguei as luzes e abri a porta.

— Boa noite — sorri.

— Boa noite, Serena — a sra. Maxwell sorriu também. — Atrapalhei alguma coisa? Estava cozinhando?

— Ah, não, só estava lendo um pouco. Por que a pergunta?

— Nada, só um pouco de cheiro de queimado — Demorei a responder, mas por sorte ela continuou falando: — Soube que Thomas a abandonou hoje, hein?

— Pois é — suspirei, fingindo estar entediada.

— Essa jaqueta aí é sua? Ela parece meio grande.

— É... É de Thomas — menti, sorrindo.

Ela esticou o pescoço.

— Aquela ali é sua camiseta no chão?

Merda. Olhei para trás fingindo surpresa.

— Ah, droga, deve ter caído quando fui colocar as roupas na máquina de lavar.

Ouvi um ruído vindo da cozinha, e soube que era Heath comprimindo uma risada. Tratei de fingir um ataque de tosse.

— Perdão — falei quando parei de tossir.

— Você deveria tomar algo para isso.

— É... Não deve ser nada, só um pouco da mudança climática. Bem, você só veio ver como eu estava em minha noite de solidão, mesmo?

Bailey riu.

— Basicamente. Boa noite, Serena.

— Boa noite, sra. Maxwell.

Fechei a porta e solucei. Ah, não, tudo menos isso.

— Você ficou com soluço? — Heath indagou, saindo da cozinha.

— Claro, com o ataque de tosse falso que tive que criar ali, babaca.

Ele riu.

—... Que tal assistirmos um filme? — sugeri.

Ele sorriu.

— Eu estava pensando nisso também. Que tal A Corrente do Bem?

— Sabe que eu odeio o fim desse filme.

— Sabe que eu amo esse filme.

— E daí?

— E daí que você me ama.

Ergui uma sobrancelha.

— Espera, quem é a garota dessa relação mesmo?

Ele me deu um beijo estalado na bochecha e me puxou pelas pernas me carregando como um saco de farinha, coisa que adorava fazer, mesmo que soubesse que eu odiava, antes de me jogar no sofá.

— A Corrente do Bem será, então — revirei os olhos, deixando que ele me abraçasse.

Celeste

ChrisRocks13 diz: Pizza, talvez?

Não respondi. Não sabia como ele conseguira meu número. Não conseguia parar de repassar aquele dia em minha cabeça. Não fazia sentido. Nada fazia sentido.

Queria ligar para Heath, mas não sabia se Heath entenderia. Era difícil admitir que ele era melhor em sua tarefa do que eu na minha. Quero dizer... Serena fora atropelada e tal. Mas eu estava tentando olhar para o retrato inteiro, e não apenas um pedacinho.

Christopher não podia ter resistido ao Charme Angélico, até mesmo Nefilim de categoria mais baixas acatavam o que eu dizia. Eu não o usava com frequência, mas o usei para impedir que Christopher fosse meu parceiro de Biologia.

Ou, bem, tentar. Agora ele queria comer pizza e conversar sobre a dissecação de sapos. Ou algo assim.

Eu saberia se ele fosse um ser alado. Sabia que sim. Então... Como?

Peguei um livro sobre anjos na biblioteca, mas não era exatamente o que eu procurava.

"Os olhos de Patch eram como órbitas negras. Absorviam tudo e não devolviam nada. Não que eu quisesse saber mais sobre ele. Se não gostei do que vi só por fora, duvidava que fosse gostar do que espreitava lá no fundo."

Talvez eu devesse ter lido a contracapa antes. De uma coisa eu tinha certeza: Becca Fitzgerald, a tal autora, era humana. Joguei o livro (Sussurro) de lado e soltei um longo suspiro. O baile. Sim, o baile na semana seguinte seria minha chance. Eu só precisava convencer Damien de que não era uma ideia tão ruim. Não entendia por que Caius o recomendara tanto, já que a última coisa que Damien parecia querer fazer era me ajudar. Ele sumia, fechava a cara para tudo e não me respondia nada. E ai de mim se tocasse no nome de algum mortal.

Meia hora depois, chequei minhas mensagens de novo.

ChrisRocks13 diz: Ei, Anjo, um psicopata serial killer arrancou meu braço com uma serra elétrica.

Ergui uma sobrancelha.

CelesteD. diz: Oh, eu te salvo!

ChrisRocks13 diz: Tarde demais, já sangrei até a morte. É isso o que acontece quando você demora meia hora para responder a uma mensagem.

ChrisRocks13 diz: Pessoas morrem.

Não consegui conter um sorriso. Mais tarde descobri que aquela era uma piada comum, mas na hora me pareceu brilhante.

Thomas

— O ponche é uma merda — falei, e então fitei-a. — Você quer ponche?

— Sim, eu vou querer o ponche de merda — Piper sorriu.

— Beleza, só assine aqui o bilhete suicida... — fingi pegar algo no bolso, e então apenas ri e entreguei-lhe uma taça.

Peguei um salgadinho e mordi. Logo um gosto forte invadiu minha boca. Salsa? Cebola? Eu não sabia. Eu estava amaldiçoando todas as religiões de que conseguia me lembrar (até as extintas, foi mal aí, Zeus) quando ela murmurou:

— Thomas... Olha a música.

— Olhar a música? — repeti, com um sorriso presunçoso no rosto.

Ela me empurrou de leve.

— Você entendeu!

Olhei a música.

Good times for a change

See, this luck I've had

Could make a good man turn bad

Nos fitamos por um momento, e então eu apenas segurei sua mão e corremos até a pista de dança. Ela pôs as mãos no meu ombro e pus as minhas em sua cintura. Com o salto baixo, ela estava basicamente da minha altura.

Meus olhos não deixaram os dela, exceto quando se desviavam para a luz, os outros casais, o chão, a mesa de comida, o DJ, a professora de Química rebolando num canto, e... Hum, esqueça o que eu dizia.

Eu sabia o que aconteceria se olhasse para ela por tempo demais, e eu sentia o gosto da cebola na minha boca. Ah, merda.

Era o momento perfeito. Era The Smiths. Ela estava lá. Eu estava lá. Nossos corpos se tocavam. Estávamos no baile. Era para ser perfeito, e eu estava com bafo.

— Já volto — murmurei, soltando-a devagar. — Preciso de, hum... Prometi que ajudaria Victor com uma coisa, e já estou atrasado.

Corri, de fato, até Victor, largando Piper na pista de dança ao som de uma de nossas músicas favoritas no universo.

Victor dançava com uma garota de nossa sala, Georgia, uma loura com peitos incrivelmente abastados para a idade. Desculpe, sei que esse não é o tipo de comentário que eu deveria fazer, e nem sei se "abastados" significa o que eu acho que significa.

— Ei, Hogsmith — chamei.

Victor ergueu uma sobrancelha.

— O que você quer?

Corei um pouco e me aproximei mais.

— Você teria... Hum... Uma bala?

— Cê tá falando sério?

Eu bufei nele, que se afastou.

—... Mas que caralho!

— O salgadinho era uma armadilha!

Georgia se esforçava para não rir, e eu a ignorei.

— No meu armário, no vestiário — disse Victor. — A senha é 3443.

— 3443... Beleza. Valeu, cara.

— Disponha.

Corri para o vestiário e fui até o armário de Victor. Pus 3443 na fechadura, mas ela não abriu. Será que era o armário certo? Eu deveria ter perguntado o número. Testei os armários ao redor, mas também não funcionaram. Até que...

— Ei, você.

Virei-me mesmo já reconhecendo a voz.

—... Fugindo de mim? — Piper sorriu.

Mais ou menos, é, pensei.

— Eu estava só, hum...

Ela se aproximou mais.

— Perdeu a melhor música.

— Não tem problema, posso cantá-la para você.

— Não! — ela riu, fingindo desespero. — Tudo menos isso.

— E você vai me impedir? Porque sinto o ritmo me invadindo...

Ela pôs a mão direita no meu ombro.

— Você parece um pinguim de terno.

— E você parece uma daquelas penetras em bailes de gala dos filmes, do tipo que quebram a lâmpada e são postas pra fora.

Ela riu.

— Certo, você até que não fica tão mal de terno.

Eu fitei seus olhos cor de âmbar.

— E você está absurdamente linda.

E então ela me beijou. Eu travei, mas tentei corresponder, de algum jeito. Muitos pensamentos me ocorreram naquele momento:

Merda, eu deveria ter roubado as revistas adolescentes da minha irmã

Não, espera, a Serena não tem revistas adolescentes

Isso é uma língua? Ah, merda.

E aquilo de "Vem naturalmente" que eles dizem? Por que ela não me afastou ainda?

Será que ela é algum tipo de masoquista fissurada em cebola?

Finalmente, ela me afastou, e teve a pior reação possível (digo, além de sair correndo): Ela riu.

Mas ela ficou.

— Você não faz a mínima ideia do que está fazendo, faz?

Dei de ombros.

— É claro que...

Ela tirou algo do bolso: um pacotes de Halls preto. Eu peguei uma bala sem dizer nada, e ela pegou uma também.

— Confissão — disse ela. — Metade do gosto de cebola veio da minha boca.

Fitamo-nos por um momento, e então apenas rimos.

— Somos um desastre!

— Realmente somos — e então nos beijamos novamente.

Puxei-a mais para perto, tentando mover meus lábios junto com os dela, e eventualmente entramos no ritmo. Apenas ficamos ali por um minuto, minhas mãos na cintura dela e as dela em volta de meu pescoço. Seria uma cena perfeita, não fosse pelos ocasionais:

— Você me mordeu!

— Eu... Desculpe.

— Não, tudo bem, é que você meio que meteu o dente com tudo no meu lábio.

E logo estávamos rindo. E nos beijando de novo. E parávamos o beijo frequentemente porque não conseguíamos parar de sorrir. Olhávamos um para o outro por um momento, e então nos beijávamos de novo. Eu não sabia dizer se os sorrisos eram uma coisa ruim, mas para mim parecia a melhor do mundo.

— Thomas.

— Eu não te mordi.

Imaginei que ela estivesse sorrindo, mas eu ainda não abrira os olhos para ter certeza.

— Tá com o seu iPod aí?

Dei de ombros. Sempre estava com o iPod. Tirei-o do bolso e entreguei a ela. Ela desenrolou os fones de ouvido e me entregou um.

Good times for a change

See, this luck I've had

Could make a good man turn bad

— Vai me largar sozinha de novo? — ela ergueu uma sobrancelha.

Abracei-a com força.

— Não conte com isso.

Senti seu sorriso em meu ombro.

— Bailes até que não são tão merdas assim.

— Ei, bailes são o máximo. Não fale assim dos bailes.

Ela riu e me puxou mais para perto de si.


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