Every Life escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Parte 03




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Every Life

Kaline Bogard

Parte 03

– Aff. Mamãe me disse que estavam metidos em trapaças com assombração. Eu preciso de gente séria me ajudando, não de dois tratantes. Agradeço terem vindo aqui, mas já arrumei ajuda especializada.

Tarika e Erik que estavam observando o interior da casa se entreolharam.

– O que? – o loiro perguntou.

– “Ajuda especializada”? ‘Cê ta de brincadeira comigo, Alex...

– Não... – o tom de voz do rapaz tornou-se muito solene – Tem um fantasma nessa mansão. Vocês precisam acreditar em mim.

– Fantasmas não existem! – Tarika gargalhou – Você não pode estar falando sério...

Erik ergueu uma sobrancelha. Os olhos castanhos relancearam mais uma vez pelo interior da mansão, que era tão velho e feio quanto o exterior.

– Concordo que esse lugar está um horror, irmão. Mas daí a ter fantasmas... espera.. como assim “ajuda especializada”? Vai me dizer que contratou uma equipe de caça-fantasmas...?

Alex desdenhou com um gesto de mão.

– Não contratei nada. Ele chegou aqui hoje pelo meio do dia... venham aqui. Eu os apresento e aproveito para contar toda a história de uma vez. Quando ele chegou estava meio estranho, sabem? Acho que é a casa... – moveu as mãos indicando os móveis, todos cobertos com lençóis brancos – Niat e eu nem tivemos tempo de arrumar tudo.

– Niat? – Erik se interessou – Sua namorada nova?

– Não, irmãozinho. Nós empacamos muita grana aqui pra abrir uma hospedaria. Esse lugar é um paraíso, não concorda? Vamos ganhar muita grana com turistas. A casa foi bem barata agora eu sei por que...

– E cadê sua sócia?

A expressão de Alex ficou meio sombria.

– Tivemos um acidente. Niat fraturou uma perna e está no hospital. Vou visitá-la depois que expulsarmos o fantasma daqui.

Erik e Tarika se entreolharam de novo. A idéia de construir uma hospedaria era boa. Mas a mansão estava tão danificada que seria muito dispendioso deixá-la habitável.

– Na hora do jantar colocamos o assunto em dia. Eu queria resolver logo esse lance de assombração, sabe... enquanto não exorcizarmos essa casa meus planos não saem do papel. Como vou chamar turistas com um fantasma aqui?

Tarika mordeu os lábios e segurou a risada. Não podia acreditar que Alex acreditava mesmo nesse tipo de coisa do além. Mas tinha que dar um desconto... a mansão era mal conservada, cheia de teias de aranha e de aspecto sombrio. Isso apenas naquela espécie de hall de entrada. A escada de acesso ao segundo andar parecia tão frágil que subir por ela parecia um risco e tanto. O local lembrava verdadeiramente o cenário de um filme de terror.

– Por aqui – Alex indicou uma porta a direita.

Os recém chegados descobriram que levava a cozinha. E aquela parte da casa já sofrera uma melhoria significativa. Estava pintada de branco, e pelo cheiro de tinta acontecera a pouco tempo. Os armários apresentavam remendos bem feitos em madeira. O piso estava limpo e cheirava a detergente. Nada mal.

Na mesa de seis lugares estava sentado um rapaz. Ele mantinha os olhos castanhos fixos em um copo com leite, mas os ergueu quando os três passaram pela porta.

– Esse é Ed Montibeler. Ed, esse é Alex, meu irmão e Tarika, nossa amiga de infância.

Erik ergueu as sobrancelhas com a figura peculiar. O tal Ed aparentava ter a idade de Tarika, possuía cabelos curtos e negos, os olhos castanhos estavam contornados por olheiras acentuadas.

– Prazer – Ed disse. Todos intuíram pelo tom de voz dele que não havia prazer algum naquela apresentação.

– Sente-se melhor?

O moreno olhou para o dono da casa e acenou com a cabeça.

– Sim, obrigado. Desculpe o transtorno. Posso ouvir sua história agora.

– Sentem-se! – o dono da casa convidou os outros para juntar-se a conversa – Ed chegou aqui sentindo-se mal. Não temos hospital nessa cidade.

– Ah, claro – Tarika foi dizendo enquanto se sentava – Esse garoto é um caça fantasmas...

Ed olhou para ela e não respondeu.

– Não ligue pra Tarika – Alex suspirou – Ela e meu irmão não acreditam em fantasmas e... bem, deixa pra lá.

Não ia dizer a um estranho que aqueles dois eram farsantes e picaretas, que sobreviviam enganando e explorando incautos.

Erik imitou os demais tomando um lugar a mesa. Observava aquele rapaz de aparência frágil. Como ele podia ser um “caça fantasmas” se mal parecia ter condições de ficar em pé? Ou ele era um ator muito bom ou suas vitimas eram realmente crédulas. Então olhou Alex. Seu irmão mais velho nunca fora dado a crendices...

Sua observação acabou incomodando Ed, que retribuiu o olhar, mas desviou as íris antes que o contato se prolongasse. O ato divertiu o loiro, mas ele resolveu suavizar e prestar atenção nas palavras do mais velho.

– Niat e eu compramos essa mansão há mais ou menos um mês, – o loiro mais velho começou – e pelo estado daqui vocês podem perceber que foi a preço de banana. O segundo andar tem doze suítes, muito grandes. Quando reformamos será dar um espaço confortável. A idéia é reformar aos poucos, e abrir para turistas. Não vamos bombar logo de começo, eu sei, mas planejamos tudo tão bem que eu acho que vai dar certo...

– E em que ponto o fantasma atrapalhou tudo?

– Desde o começo – Alex voltou o rosto na direção de Tarika – Mas não notamos logo de cara. Eram ferramentas que sumiam, portas que abriam e fechavam do nada. Tabuas subitamente soltas no assoalho. Pequenos detalhes que não chamaram atenção até...

Alex fez uma pausa para respirar. Estava visivelmente incomodado.

– Até o que? – Ed incentivou.

– Bem... eu... eu estava descendo a escada. Senti algo estranho, como um empurrão... juro que senti. Sorte que estava nos lances finais...

– Você caiu da escada? – Erik ficou tenso.

– Não me machuquei. Irmão, você sabe que gosto de beber, mas eu não estava bêbado nem nada...

– Não tropeçou em algo? – Tarika também pareceu preocupada.

– Não – ele balançou a cabeça – Não foi a única vez que senti como se me empurrassem, mas foi a única que realmente cai.

– O que aconteceu com sua amiga? – Ed perguntou antes de dar um gole no leite.

Erik e Tarika desviaram os olhos do moreno e os cravaram no dono da casa.

– Ela caiu da escada? – Tarika perguntou.

– Não. Foi um armário. Um que não estava tão danificado... ele... simplesmente caiu em cima de Niat. Se ela não fosse rápida... teria sido muito pior.

– Aff, Alex. Essa casa é velha. Viver aqui dentro é um risco enorme.

A voz incrédula da única garota denunciava o que pensava daquele caso. Fantasma era a última das coisas em que acreditaria.

– Não é um caso difícil. – Ed explicou sem olhar a ninguém especificamente – Só preciso descobrir o ponto de ruptura onde o espírito está alojado e fazer o exorcismo.

Um silêncio tenso seguiu essas palavras. Alguns segundos depois Tarika forçou uma tossinha.

– E quanto vai custar?

continua...


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Notas finais do capítulo

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