Every Life escrita por Kaline Bogard


Capítulo 1
Parte 01


Notas iniciais do capítulo

Foi betada pela Agnostic, com quem costumo jogar RPG com esses personagens.

Temos dois universos paralelos, e eu misturei os personagens de ambos. Ela sempre acha surpreendente essa minha paixão por U.A. xD

IMPORTANTE: a capa foi feita pela fofa da Srta Masen, qualquer coisa é só falar com ela. Perfil: http://fanfiction.com.br/u/332963/

Boa leitura!



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Every Life

Kaline Bogard

Dez anos atrás

Ed esperou pacientemente que o sinal se abrisse para só então atravessar a longa avenida. A mochila pesava em seus ombros. Havia tanta lição de casa para ser feita que não sabia por onde começar...

Mas sua maior preocupação não era com o dever. Era com o tio, sua única família.

A piora do homem era visível. Desde a morte do avô, seu tio se afundara no alcoolismo, recorrendo às bebidas como se fosse uma forma de consolo, de salvação. Haviam se mudado de cidade duas vezes em três meses. Agora que estavam naquela droga de lugar, Ed esperava que pudessem ficar por um tempo mais longo.

Estava cansado de largar tudo as pressas, quase como se fugisse. Abandonara seus grandes amigos, e não tinha tempo de fazer novos.

E não era apenas isso que o deixava preocupado. Ver seu tio, antes tão correto e centrado, se destruindo com bebidas era desesperador. O homem não conversava, não explicava o que se passava, e Ed acreditava que a perda do avô fora o estopim para a queda que jogara seu tio ao fundo do poço.

Quase suspirou ao ver o prédio de apartamentos onde moravam atualmente. Nada muito grande ou sofisticado, mas habitável. Não vira adolescentes da sua idade pelas redondezas, talvez porque o próprio bairro fosse uma das partes antigas da cidade.

Subiu as escadas e entrou em casa sem bater.

– Cheguei – exclamou desanimado.

A sala estava uma bagunça. Ele estudava e não tinha tempo de arrumar as coisas, apenas aos domingos. Seu tio trabalhava o dia todo e parte da noite, porém andava faltando nos últimos dias, apenas para beber mais e mais...

– Tio? – perguntou desviando de uma pilha de roupas sujas que não deveria estar ali. Pensou em recolhê-las antes de começar o dever de casa.

Entrou na cozinha e parou surpreendido. O adulto estava ali, sentado à mesa onde se viam as vasilhas do café e do almoço ainda sujas, empilhadas de qualquer jeito. Entre a louça acumulada era visível uma garrafa com bebida abaixo do meio. E o homem chorava.

– Tio Henrique...? – Ed ficou assustado. Era a primeira vez que via aquele tormento na face tão amada – O que foi?

O jovem senhor olhou para o adolescente, grossas lágrimas corriam pela face encovada.

– Meu sobrinho... – a voz saiu rouca, estranha; mas apesar disso não parecia alcoolizado, e sim perfeitamente lúcido – Não me odeie por isso.

– Tio? – alguma coisa apitou na cabeça do garoto. Aquilo estava errado, muito errado.

– Não suporto mais isso... – Henrique falou baixinho. Sem compreender o que fora dito, o adolescente deu um passo à frente. Foi o único, pois se congelou ao perceber, pela primeira vez, a arma na mão de seu responsável.

– Por favor... – alarmado, pediu.

– NÃO SUPORTO MAIS ISSO! – o grito arrepiou Ed de cima a baixo. Antes mesmo que pudesse raciocinar viu seu tio enfiar o cano da arma na boca e puxar o gatilho.

O som não foi tão alto quanto nos filmes, mas teve um efeito infinitamente maior no garoto. Ed não gritou. Não conseguiu fazer nada além de ver o tio inclinar levemente para o lado, a arma escapando-lhe dos dedos mortos e caindo ao chão com um baque abafado.

O coração batia velozmente. A respiração falhou. É um pesadelo. É só um pesadelo! Fechou os olhos com força, permanecendo assim por meio minuto. Reabriu lentamente os olhos. Encarou a dura realidade. Seu tio continuava ali, morto; pingando sangue ainda quente junto com algo mais no chão sujo. Os olhos arregalados, presos em Ed.

O garoto abriu os lábios e nenhum som escapou-lhe. Foi então que teve um pressentimento. Confuso com a estranha sensação olhou em volta. E, pela primeira vez na jovem vida, Ed viu os outros...

oOo

Uma pequena cidade do interior

Tempos atuais

– SEUS DESGRAÇADOS FILHOS DE UMA PUTAAA!! – o grito ecoou pela ruazinha até então calma e quase em seguida dois jovens surgiram correndo, depois de pular agilmente o muro baixo. Isso lhes deu tempo de atravessar mais da metade da rua antes do homem furioso passar pelo portão, ainda a jogar pedras contra eles.

– Corre, Tarika!

– O que... arf... Acha que... arf... Estou fazendo... Erik?! – a garota perguntou sem fôlego.

– Corre mais! – o loiro de cabelos curtos abaixou-se desviando de uma pedra particularmente grande.

A morena de cabelos longos e trançados não teve tanta sorte e acabou atingida no ombro. Gemeu baixo, sem deixar de correr. Na verdade, correu ainda mais rápido.

– Merda! – Tarika resmungou quando ultrapassou Erik e deixou o loiro pra trás.

– NÃO VOLTEM NUNCA MAIS!! – o perseguidor era bem mais velho e cansou-se logo, desistindo de continuar a caçar os jovens.

Nem por isso a dupla parou a fuga. Correram desesperadamente até os limites do vilarejo. Quando se sentiram seguros, Erik parou de correr, cansado e sem fôlego. Caiu de costas no chão de terra e abriu os braços.

– Conseguimos! – comemorou sorrindo, banhado pela luz do sol poente.

Tarika também parou de correr, caiu de joelhos no chão, levando uma das mãos ao ombro dolorido.

– Foi por pouco.

Erik percebeu o ato e sentou-se, arrastando-se pelo chão até aproximar-se da amiga.

– Machucou? Deixa eu ver isso.

A morena permitiu que Erik lhe examinasse as costas.

– Aii! – gemeu quando sentiu o loiro tocando-lhe o ombro dolorido.

– Hn. Vai ficar uma marca feia. E a gente nem pode voltar na farmácia. Passamos no próximo vilarejo.

– Aquele vovô ficou muito bravo... – Tarika riu – Que azar! Pensei que poderíamos aproveitar a “hospitalidade” por mais alguns dias.

– Isso está ficando arriscado. O que acha de umas férias?

– Não, não. – Tarika deitou-se, sem se importar em sujar as roupas na poeira do chão de terra – Temos muito que explorar por aí, antes de tirar férias. Ah, Erik, como anda nossa verba?

O loirinho meteu a mão no bolso e tirou a carteira. Conferiu quanto dinheiro tinha. E era bastante, sem contar que tinham outro tanto bom depositado num banco.

– Dá pra gente se manter um tempo.

– E pra onde vamos agora?

Erik pegou o pequeno aparelho celular. Vasculhou até encontrar uma mensagem.

– Meu irmão mandou um SMS.

– Alex? – a morena aproximou-se e tentou ler a telinha – O que houve?

– Problemas com a casa onde ele está morando. Mas ele não especificou exatamente o quê. Podíamos passar por lá, não?

– OBA! Se for problemas com fantasmas pode deixar que a grande Tarika exorcizará a casa de Alex – afirmou petulante, como se realmente pudesse fazer tal coisa.

– Farsante – Erik riu, contagiando-se com o bom humor da morena – Escapamos por um fio, por que o tio descobriu que estávamos fingindo... Você é uma péssima atriz!

– E o que importa? É só seguir uma regra...

– Pagamento sempre adiantado – Erik completou. Eram dois jovens, que iam de cidade em cidade “resolvendo” mistérios fantasmagóricos. Cobravam caro por seus supostos serviços e, às vezes, tinham que escapar as pressas porque eram descobertos. Como ocorrera daquela vez.

Mas fugiam deixando a bagagem, porém com o pagamento cobrado antecipado, é claro.

– Fantasmas não existem – a morena, que era mais velha e mais alta, ficou em pé – Se eles pagam pra gente expulsar espíritos, paciência.

Erik concordou com a cabeça e ficou em pé, imitando a amiga. Ambos começaram a caminhar, com Tarika fazendo mil e um planos para sua próxima atuação, depois que passassem pela casa de Alex. Seguiriam, confiantemente, rumo a mais dinheiro fácil.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E lá vão os dois para mais uma aventura... o que o destino lhes reservará?

Espero que tenha gostado!

Posto o próximo em breve.



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