Yu-Gi-Oh! Destiny Changer – The Sanders Academy escrita por Greed the Ambitious


Capítulo 1
O duelo às escondidas – Novos colegas de quarto


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo da primeira temporada da trilogia “Destiny Changer”. Este capítulo cobre os dois primeiros capítulos da minha obra original. Vamos a ele!



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???_______________________________________________

Atravesso a passos lentos os corredores do Dormitório Branco, com uma expressão desinteressada no rosto e nenhuma emoção aparente em meus olhos azuis. Meus cabelos cinzentos que caíam até um pouco abaixo do pescoço balançavam com a brisa que vinha de algumas janelas entreabertas. Neste exato momento, nesta noite sem lua, está acontecendo a cerimônia de início do ano letivo na Academia Sanders. Teoricamente, todos os alunos matriculados (e especialmente os calouros, como eu) deveriam estar presentes para ouvir as palavras do diretor, Arnold Sanders, mas eu não tenho nenhum interesse nesse tipo de solenidade.

A Academia Sanders é sem dúvidas uma das melhores Academias de Duelo dos Estados Unidos, quiçá do mundo. Ela foi fundada oito anos atrás, em 2137, por Arnold Sanders, que foi o vencedor do Campeonato Americano de Monstros de Duelo por sete anos consecutivos antes de se aposentar dos duelos profissionais. Conta com uma equipe de profissionais de excelentíssimo nível, além de uma estrutura física invejável, com diversas salas de aula bem equipadas e quadras de duelo. O curso dura quatro anos, como o da maioria das Academias de Duelo, e ela ainda possui parceria com diversas universidades de áreas como tecnologia holográfica e desenvolvimento de programação. Ou seja, além de preparar os alunos para os duelos profissionais (e, é claro, oferecer também uma excelente instrução tradicional), ainda pode ajudá-los a se estabelecerem financeiramente fora das arenas.

No entanto, uma característica importante da Academia Sanders, infelizmente compartilhada por diversas outras Academias pelo mundo, é a divisão hierárquica do corpo discente: de acordo com seu desempenho nos testes de admissão – há dois testes, uma prova escrita de conhecimentos e uma prova prática, onde o candidato deve duelar contra um examinador –, o aluno é enviado para um dos três Dormitórios da Academia, nomeados a partir dos monstros rivais de alguns dos maiores duelistas da história: o mais alto é o Dormitório Vermelho, baseado no Red Daemon’s Dragon de Jack Atlas, o rival de Yusei Fudou. Abaixo dele está o Dormitório Laranja, baseado no Armed Dragon de Jun Manjoume, rival de Judai Yuki. E o nível mais baixo é o Dormitório Branco, nomeado a partir do Blue-Eyes White Dragon de Seto Kaiba, o rival do primeiro homem chamado de Rei dos Duelistas, Yugi Mutou.

É dito que essa classificação é feita para separar os alunos mais bem preparados daqueles com mais dificuldades, para que se possa trabalhar melhor os estudantes mais necessitados. Mas na prática, a maior consequência dessa hierarquização é a segregação e o preconceito. Por mais que os Alunos Brancos se esforcem e deem duro para melhorar suas habilidades, eles são desprezados e marginalizados por professores e alunos dos Dormitórios mais elevados. Por mais que os Alunos Laranjas se orgulhem merecidamente de suas habilidades, acabam sendo ignorados por serem a classe intermediária, e não se lhes dá a devida atenção. E os Alunos Vermelhos, é claro, sendo os melhores da Academia, são idolatrados por todos, além de serem os favoritos dos professores. É uma situação caótica que precisa ser mudada. E bem, talvez eu tente mudá-la enquanto estiver aqui dentro.

Como eu sei tanto sobre essa Academia, se sou um calouro e nunca estudei aqui antes? Simples: eu pesquisei a fundo diversas Academias de Duelo antes de escolher me matricular nesta aqui. Apesar do problema da hierarquização (que, na verdade, está presente em quase todas as Academias), a Sanders é um internato e possui uma segurança impecável. Ou seja, é perfeita para que eu me esconda.

Sim, estou usando a Academia como um esconderijo. Não posso ficar zanzando por aí. Não posso voltar pra minha casa (sequer sei se ainda tenho uma casa...). Na verdade, estar me escondendo é o motivo de eu estar agora no Dormitório Branco: eu tirei a nota máxima no teste escrito, mas deliberadamente faltei ao teste prático. Não posso duelar em um lugar público. O perigo de eles me encontrarem é grande. Pelo menos, durante o período em que estive com “eles” (dois anos, começando três anos atrás, quando deixei minha casa para me unir a seu grupo, e encerrando-se no ano passado, quando fugi dele), pude aprender quase tudo que se precisa saber sobre Monstros de Duelo, incluindo seus segredos mais obscuros. Quem são “eles”? Bem... Isso não vem ao caso agora...

Oh, quem sou eu? Meu nome é Shunsuke Shiraishi, muito prazer.

Eu planejava continuar a andar até o meu quarto, mas um grupo de vozes vindas de uma porta pouco antes da minha me chamou a atenção. Aparentemente, algumas pessoas escaparam da cerimônia antes de mim. Minha curiosidade falou mais alto e eu me aproximei. A porta estava entreaberta, então eu a empurrei e observei a cena.

Ninguém lá dentro me notou. Dois garotos estavam no centro do quarto se encarando, com os Discos de Duelo nos braços, prontos pra jogar. Lá dentro também estavam mais três pessoas. Oh não, quatro: quase não vi um deles. Está em cima de um beliche, um garoto ruivo deitado. Tem o rosto virado para a parede, de modo que não posso vê-lo. Observando o duelo, os outros três são dois garotos e uma garota, que estavam sentados nas camas em volta. Eles pareciam empolgados com o que ia acontecer.

—Taiki, eu já imaginava que fosse ser assim, mas esse quarto é pequeno demais pra nós dois. – fala um dos garotos que estava em pé. O inglês dele era perfeito, parecia ser americano. Tinha cabelos escuros curtos e meio despenteados, e olhos azuis por trás de óculos de armação também azul. Olhando bem, o quarto tinha uma cama de casal, três camas de solteiro e um beliche. Considerando que é um quarto do Dormitório mais baixo da Academia, ele é realmente bastante grande.

—Bom, Presto, como vamos resolver isso, então? – pergunta o garoto que seria o oponente do que falou primeiro. A voz dele tinha um sotaque japonês no fundo, mas não era muito evidente, o que significava que ele já tinha alguma experiência falando inglês. Tinha uma aparência mais selvagem. Os cabelos eram pretos e bem revoltos, e desciam até os ombros, mas eram pintados de verde na parte da frente, combinando com os olhos dele. Tinha uma expressão provocadora no rosto. Qualquer que seja o motivo pra esses dois estarem duelando, eu poderia apostar que a culpa é do tal Taiki.

—Que tal adicionarmos outra regra àquele tradicional Duelo do Dormitório? Quem perder esse duelo vai ter que deixar o quarto! – sugere Presto.

—Hum... Por mim, tudo bem. 4000 Pontos de Vida?

—Perfeito. Vamos acabar rápido com isso. (Presto: 4000 Pontos de Vida)

—Só não venha chorando depois que eu chutar seu traseiro. (Taiki: 4000 Pontos de Vida)— ambos compram cinco cards de seus Decks, prontos para começar o duelo.

—Duelo do Dormitório? É uma tradição por aqui? – pergunta a garota, que estava mastigando uma goma de mascar. Tinha olhos azul-escuros e cabelos pretos curtos com uma grande franja, que tinha mechas pintadas de rosa. A voz dela estava carregada com um sotaque japonês.

—Exatamente, Ayumu. – responde Taiki.

—Se não se importa, vou começar. Aliás, começaria mesmo que se importasse. Meu turno! – anuncia Presto, comprando seu sexto card – Eu Invoco o Night’s End Sorcerer (Mago/Regulador/Efeito/TREVAS/Nível 2/ATK 1300/DEF 400)! – um garoto segurando uma grande foice surge em frente a Presto – Então, eu vou Baixar dois cards, e finalizo meu turno.

—Muito bem então, é meu turno! – Taiki compra um card, e olha para sua mão. Ele faz uma expressão descontente.

—Hahaha! Você é muito fácil de ler, Taiki... Quando sua mão não tá boa, isso fica evidente no seu rosto.

—Ora, cale a boca! Primeiro, eu ativo o Card de Magia Stumbling (Card de Magia Contínuo)! Agora, toda vez que um monstro for Invocado, ele instantaneamente passa pra Posição de Defesa! E então, eu vou Baixar três cards, e Invocar o meu Gigobyte (Réptil/ÁGUA/Nível 1/ATK 350/DEF 300)! – um pequeno lagarto aparece no campo, passando para a Posição de Defesa graças ao efeito da Magia – Eu encerro meu turno com isso.

—É um monstro meio fraco, não é... – comenta um dos garotos que estava assistindo. Tinha olhos dourados e cabelos pretos curtos, com costeletas no rosto, além de um sotaque francês na voz. O inglês dele não era muito bom.

—Taiki, você não pode estar sério se acha que uma Magia Contínua e uma lagartixa vão ser o suficiente pra me deter. Nem em sonho! Meu turno! Primeiro, eu descarto um card da minha mão, e isso me permite Invocar The Tricky (Mago/Efeito/VENTO/Nível 5/ATK 2000/DEF 1200) por Invocação-Especial! – o enigmático monstro aparece em campo – E então, é hora de elevar o nível desse duelo! Eu sintonizo meu The Tricky de Nível 5 com meu Night’s End Sorcerer de Nível 2!

—Uma Invocação-Sincro... O uso de um monstro Regulador e outros monstros não-Reguladores para Invocar um Monstro Sincro do Deck Adicional cujo Nível seja a soma dos Níveis dos monstros enviados para o Cemitério. – comenta o outro rapaz que assistia. Tinha a pele morena e os cabelos pretos, curtos e lisos, e olhos da mesma cor. Eu não consigo identificar o sotaque dele, mas acho que é alemão.

—Exatamente! – Presto ergue a mão enquanto seu monstro Regulador desaparecia no ar, se transformando em dois anéis verdes que se alinharam. O monstro maior atravessa esse túnel e também se desfaz em cinco estrelas. Presto começa então a recitar um Cântico de Invocação – Apareça, mestre conhecedor das antigas feitiçarias de batalha! Use teus poderes mágicos para conseguir a vitória nesta disputa! – o túnel brilhou, e um novo monstro surgiu desse brilho – Invocação-Sincro! Lute, Arcanite Magician (Mago/Sincro/Efeito/LUZ/Nível 7/ATK 400 → 2400/DEF 1800/2 Marcadores de Magia)! – um feiticeiro vestido com um capuz branco e segurando um cajado mágico aparece em campo – Quando a Invocação-Sincro do Arcanite Magician é realizada com sucesso, ele ganha 2 Marcadores de Magia. E então, pra cada Marcador de Magia, ele recebe 1000 pontos de ATK extras!

—Então você trouxe o seu ás pro campo, Presto... Mas você não se esqueceu da minha Stumbling, não é? Seu monstro não pode me atacar, porque ele automaticamente passa pra Posição de Defesa! – o feiticeiro se ajoelha, entrando na defensiva – E monstros não podem alterar suas posições de batalha no mesmo turno em que são Invocados.

—Acha que eu sou um amador, Taiki? Eu já estava preparado pra isso! Eu ativo o efeito do Arcanite Magician! Removendo um Marcador de Magia de um card que eu controlo, eu posso destruir um card que você controla! Eu removo os dois Marcadores de Magia do meu monstro pra destruir a sua Stumbling e o seu card Baixado do meio! (Arcanite Magician: 2 → 0 Marcadores de Magia/ATK 2400 → 400)

—Grr... – os dois cards de Taiki são destruídos sem reação. O card invertido se revela como Draining Shield.

—Hum, pretendia negar meu ataque e absorver os pontos do meu monstro pra sua Vida, não é? Sinto muito por ter que frustrar os seus planos.

—A situação não mudou, Presto... Seu monstro continua em Posição de Defesa, e além disso, ele perdeu os Marcadores que deixavam ele mais forte.

—É, mas eu não me lembro de ter dito que terminei a minha jogada. Eu ativo o meu card Baixado, Buster Mode (Card de Armadilha Normal)! Com isto, oferecendo como Tributo um Monstro Sincro apropriado, eu posso Invocar do meu Deck um monstro “/Buster” equivalente! Eu ofereço o meu Arcanite Magician! – um círculo de magia negra surge em volta do Arcanite, e seu manto branco começa a se desintegrar. Presto novamente inicia um cântico, chamando seu novo monstro – Desperte seu verdadeiro poder mágico, glorioso mago guerreiro! Com o poder da sua armadura de batalha, use as artes secretas da feitiçaria para destruir seus oponentes! Buster Mode, ativar! Lute, Arcanite Magician/Buster (Mago/Efeito/LUZ/Nível 9/ATK 900 → 2900/DEF 2300/2 Marcadores de Magia)! – o ritual se completa, e o mago revela a Armadura que vestia por baixo do manto – Assim como o Arcanite Magician original, o Arcanite Magician/Buster também ganha 1000 de ATK pra cada Marcador de Magia que está nele, e ele automaticamente já tem 2.

—Incrível... Ele conseguiu Invocar um mago ainda mais poderoso... – comenta o garoto francês.

—Grande coisa... Meu Gigobyte ainda tá em Posição de Defesa, o que significa que mesmo que você ataque, meus Pontos de Vida estão a salvo.

—Aí é que você se engana. Quando eu disse que tava preparado para essa situação, é porque eu tava mesmo! Eu ativo o meu segundo card Baixado, Final Attack Orders (Card de Armadilha Contínuo)! Com esse card, todos os monstros em campo são forçados para a Posição de Ataque!

—Oh-oh... – o pequeno lagarto de Taiki se põe de pé.

—Vá, Arcanite Magician/Buster! Ataque o Gigobyte! Arcane Extermination! – o feiticeiro dispara uma esfera de energia por seu cetro, destruindo o lagarto. A diferença dos pontos de ATK é subtraída dos Pontos de Vida de Taiki (Taiki: 4000 → 1450 Pontos de Vida)— Com um único golpe, eu já tirei mais da metade dos seus Pontos de Vida... Você já era!

—Isso é o que você pensa... Acha que é o único que consegue planejar movimentos pro futuro?

—Como é?

—Eu já conheço o seu Deck, Presto, a gente estuda junto nessa Academia há um ano... Eu já sabia que você ia Invocar o Arcanite, por isso me preparei com esse card! Vai, Damage = Reptile (Card de Armadilha Contínuo)! Uma vez por turno, quando eu sofro dano de uma batalha envolvendo um monstro do Tipo Réptil que eu controlo, eu posso Invocar por Invocação-Especial do meu Deck outro Tipo Réptil com um ATK igual ou menor ao dano que eu sofri! Como eu sofri 2550 pontos de dano, eu posso Invocar um monstro com 2550 de ATK ou menos! Apareça, Giga Gagagigo (Réptil/ÁGUA/Nível 5/ATK 2450/DEF 1500)! – um grande lagarto mecanizado aparece no campo de Taiki.

—Isso devia me assustar? Seu monstro ainda tem menos ATK que o meu Arcanite/Buster!

—Será que isso é verdade mesmo?

—O que disse?!

—Seu monstro só tem 2900 de ATK por causa dos dois Marcadores de Magia que estão nele. Ou seja, essa não é a verdadeira força dele! Eu não vou perder pra um monstro que usa poder emprestado! Meu turno! E eu pago 500 Pontos de Vida pra usar o Card de Magia Counter Cleaner (Card de Magia Normal)! Esse card remove todos os Marcadores do campo! (Taiki: 1450 → 950 Pontos de Vida)

—Não pode ser! Você colocou esse card no seu Deck só pra me enfrentar?! (Arcanite Magician/Buster: 2 → 0 Marcadores de Magia/ATK 2900 → 900)

—Como eu disse, eu conheço o seu Deck. Vá, Giga Gagagigo! Pegue o monstro dele agora! – o lagarto mecanizado ataca o feiticeiro com suas garras, destruindo-o. (Presto: 4000 → 2450 Pontos de Vida)

—Não pense que isso lhe dá uma grande vantagem! Como você bem sabe, um monstro “/Buster” nunca deixa o campo vazio! Quando ele é destruído, eu posso Invocar por Invocação-Especial o Monstro Sincro usado para a sua Invocação do meu Cemitério! E mesmo que ele venha em Posição de Ataque por causa da minha Armadilha, você não pode me atacar novamente este turno! Retorne, Arcanite Magician! – um círculo de magia aparece no chão do quarto, e o feiticeiro começa a se levantar dele.

—Você falou bem, eu já sabia disso. E já me preparei também! Vai, Divine Wrath (Card de Armadilha de Resposta)! Com isso, descartando o último card da minha mão, eu posso negar a ativação de um efeito de monstro e destruí-lo! O seu Arcanite Magician vai continuar na tumba!

—Essa não! – a Invocação é parada na metade, e o feiticeiro desaparece – Você já tinha esse card no campo desde o começo do duelo! Por que só ativou agora? Podia ter usado quando o Arcanite foi Invocado e ganhou seus Marcadores de Magia, ou quando eu destruí o seu Draining Shield e a sua Stumbling!

—Se você tivesse mirado nesse card com o efeito do Arcanite, eu teria ativado. Mas eu resolvi guardar para depois de você usar o Arcanite/Buster. Se eu destruísse seu Sincro antes da evolução dele aparecer, eu não teria Invocado o Giga Gagagigo.

—Foi uma boa estratégia. – parabeniza o alemão. Ele fala num tom monótono, como se não estivesse realmente interessado. Mas seus olhos mostram que ele quer continuar a ver o andamento do duelo.

—Eh... Eu pensava que você era só um idiota, mas parece que você tem um cérebro. – diz a garota, soprando uma bolha da goma de mascar.

—Quem é o idiota aqui?! – reclama Taiki, nervoso.

—Grr... Como você não tem mais cards pra jogar, suponho que seja meu turno! – Presto compra um novo card – Agora eu ativo Double Cyclone (Card de Magia Rápida)! Isso destrói dois Cards de Magia ou Armadilha no campo, um que eu controlo e um que você controla! Eu vou destruir Final Attack Orders e Damage = Reptile! – os dois cards deixam o campo.

—Cansou de brincar de Posição de Ataque, é? Vai começar a se defender?

—Cale-se! É só uma questão de tempo até que eu me recupere! Eu Baixo um monstro e encerro meu turno!

—Que defesa ridícula... Meu turno! – Taiki compra um card, e então, olha satisfeito para ele – Eu ativo Monster Reborn (Card de Magia Normal)! Isso me permite Invocar por Invocação-Especial um monstro de qualquer Cemitério, como o que eu descartei com a minha Divine Wrath! Apareça, Gagagigo (Réptil/ÁGUA/Nível 4/ATK 1850/DEF 1000)! – um jovem guerreiro lagarto aparece.

—Essa não! – Presto olha entristecido para o seu monstro em Posição de Defesa.

—Vá, Gagagigo, destrua o monstro invertido dele! – o homem réptil avança e destrói o monstro, que revela ser Road Runner (Besta Alada/Efeito/TERRA/Nível 1/ATK 300/DEF 300)— Ah, entendi... Esse monstro não pode ser destruído por monstros com 1900 de ATK ou mais. Que pena pra você! Por 50 pontos de ATK, ele não conseguiu te proteger! Giga Gagagigo, ataque diretamente e encerre esse duelo! – o lagarto maior ataca Presto, acabando com seus Pontos de Vida. (Presto: 2450 → 0 Pontos de Vida)

—He, belo duelo, os dois! – parabeniza o francês.

—Tsc... – Presto parecia irritado.

—Se não quiser sair do quarto, pode ficar. – diz Taiki, com um sorriso no rosto – Eu já ganhei o que eu queria com esse duelo mesmo.

—Nem pensar! Depois de ter perdido esse jogo, eu não vou conseguir conviver no mesmo quarto que você de jeito nenhum! – Presto finalmente vira o rosto na direção da porta, notando a minha presença – Ei você, desde quando está aí?! – todos viram o rosto para me encarar. Exceto o ruivo do beliche.

—Bem do começo, eu acho. – respondo.

—Ótimo. Quer trocar de quarto comigo? Quero sair daqui o mais rápido que eu puder.

—Ei, ei, pode parar! Pra começo de conversa, quem é você?! – pergunta Taiki. Ele parece nervoso comigo por algum motivo.

—Aparentemente, sou seu novo colega de quarto. – respondo, com um sorriso provocador.

—Ótimo. – Presto pega uma mochila de costas e uma bolsa de viagem e se dirige até mim – Onde é o seu quarto? Leve-me até lá.

—É o quarto número 12, fica logo aqui, nesse mesmo corredor. Tenho que pegar minhas coisas também. – dou passagem para Presto, e fecho a porta depois de me dirigir ao pessoal lá dentro – Volto já, novos colegas de quarto.

—Como são meus novos colegas de quarto? – pergunta-me Presto, enquanto andamos pelo corredor.

—Não sei, não fiquei muito tempo no meu quarto, e ainda não vi nenhum. Só sei que são mais três pessoas além de mim.

—Entendo...

Abro a porta do quarto para Presto, e começo a arrumar as poucas coisas que tirei da mochila para me mudar para o outro quarto. Parece que achei algo divertido nesse meu primeiro dia na Sanders.


Taiki______________________________________________

Tsc... Maldito albino... Ele acabou mesmo levando o Presto com ele... Apesar de vê-lo como um rival, Presto é o único amigo que fiz nessa Academia no ano passado. Esperava mesmo poder passar esse ano junto dele novamente, por já ser um conhecido, mas pelo visto, vou ter que me acostumar com esses calouros.

—Quem será aquele cara? Pelo visto, a gente vai dividir o quarto com ele. – pergunta o francês. Esqueci o nome dele e do alemão.

—Você não o conhece, Taiki—kun? – pergunta Ayumu. A garota foi a única cujo nome eu consegui decorar.

—Não. Provavelmente é um calouro, não tava na Academia no ano passado. – respondo.

—Se ele não fosse um calouro, você o reconheceria? – questiona o francês, com um fio de desconfiança na voz.

—A menos que ele seja um transferido de séries mais acima, sim, provavelmente. – respondo, um pouco irritado. Que foi, não inspiro confiança? – Eu tenho na minha memória informações sobre a maioria do corpo discente da Sanders. Todos os alunos importantes, como os Laranjas Lendários ou a Tríade Vermelha, estão documentados na minha cabeça. – remarco, batendo com dois dedos na minha testa.

—E quem são esses aí? – questiona Ayumu, mostrando interesse.

—Olha, eu tô cansado, e não muito a fim de falar sobre toda essa gente...

—Então, esse Duelo do Dormitório aparentemente tinha um significado a mais. Qual era? – pergunta o alemão, com a mesma voz séria que vem usando desde que entrou no quarto.

—Tá vendo a cama de casal? – aponto pra ela – Todo ano, os veteranos dos quartos duelam pelo direito de tê-la só pra ele. Eu e Presto éramos os veteranos desse quarto, e portanto, como eu venci, a cama maior é minha.

—Ei, ei, o duelo era pra isso? – reclama a garota. Era o que eu temia, calouros insubordinados... – Nada disso, eu também quero o direito de duelar por essa cama.

—Vocês são calouros... A tradição diz que o direito pertence aos veteranos. Só lamento.

—“Só lamento” uma ova! Ei, vocês dois, vão ficar calados? Isso não é justo!

—Eu não me importo de fato com a cama, mas isso realmente não me parece muito justo... – comenta o francês.

—Ora, chega de reclamações! É assim que funciona e pronto! Façam como o ruivo ali, que não deu um pio pra reclamar! – aponto pro cara no beliche.

Damare, baka senpai... Nemuritai yo...— diz o ruivo, em japonês, numa voz quase inaudível.

—Como é?! – pergunto, irritado. Fui insultado por um calouro!

—Eh... O que ele disse? – pergunta o garoto francês. Lógico que ele não entendeu.

—Hahaha! Ele disse, “cale a boca, veterano idiota, eu quero dormir”. – responde Ayumu – Ei, ruivinho—kun, não estamos no Japão, então você devia começar a falar em inglês.

Hai, hai...— responde ele, ainda em japonês.

—Ora, seu ruivo maldito... – me irrito e resolvo ir até o beliche pra dar uma surra nesse cara, mas nesse momento, o albino abre a porta do quarto, trazendo a bagagem dele.

—Olá, já voltei.

—Deu pra perceber. – respondo. Ainda estou irritado. Espero que esse cara não me arrume problemas – Então, qual é a sua? Por que veio pra cá?

—Vocês me chamaram a atenção. – responde ele – Assim como eu, vocês não estavam na cerimônia de abertura. Então, quem são vocês? Não nos conhecemos ainda.

—Bem, eu sou uma novata. Meu nome é Ayumu Yamada, muito prazer.

—Yamada? Do Clã dos Pássaros do Japão? – pergunta o albino. Eu não tinha reconhecido o sobrenome dela.

—Agora que você falou... O que faz nos Estados Unidos? Seu Clã não é bem restrito quanto à saída das pessoas de lá?

—Bem, eu poderia contar a história, mas levaria algum tempo... – a garota cospe a goma de mascar que tinha na boca numa lata de lixo próxima – Por que não terminamos de nos apresentar?

—Bem, eu sou do primeiro ano também... – diz o francês – Meu nome é Cirano Trichet. Na França, meus amigos me chamavam de Arc en Ciel, “Arco-íris”.

—Apelido curioso. Chamavam-me de Wasserfarben na Alemanha. Significa “Aquarela”. – apresentou-se o outro garoto – Meu nome é Adolf Ebert, primeiro ano.

—Já eu sou um veterano do segundo ano. Meu nome é Taiki Gouto. – me apresento – Você ainda não disse quem é.

—Bem, no Japão, costumavam me chamar de Orochi, “Grande Serpente”. Também sou um calouro, meu nome é Shunsuke Shiraishi.

—Shunsuke?! – a voz do ruivo no beliche. Ele se levanta bruscamente e salta para o chão, encarando o albino com espanto – É você, irmão?

—H-Hatsuharu?!

Hatsuharu__________________________________________

Não acredito... Shunsuke?! Meu irmão, que saiu de casa há três anos, também está aqui, na Academia Sanders?! Mas como? Como ele veio parar aqui? Três anos atrás, ele simplesmente deixou nossa casa... O que ele fez durante todo o tempo em que estava longe de nós? Por que não voltou para nossa casa? Por que...

—Ok, vocês dois, saiam da tela azul da morte agora. Já estão me irritando. – o veterano chama a nossa atenção. Aparentemente, eu fiquei encarando meu irmão por um bom tempo. E ele parece tão surpreso em me ver quanto eu.

—Vocês são irmãos? E não sabiam que estariam juntos aqui? Nossa, que coincidência... – comenta Cirano.

—Qual é a história por trás de vocês? – pergunta Ayumu.

—Sim, Shunsuke, qual é a história por trás de tudo isso? – pergunto. Minha surpresa foi substituída por irritação. Contra a vontade de nossa mãe, Shunsuke saiu de casa pra se juntar a um grupo de duelistas do submundo. E então, depois de três anos sem que ele mandasse nenhuma notícia sequer, finalmente estou frente a frente com meu irmão.

—Tsh... Eu não esperava encontrá-lo aqui...

—Responda a pergunta, Shunsuke.

—Olha, pra mim realmente não importa. – comenta o veterano, me interrompendo de novo. Eu quero calar a boca desse idiota de uma vez – Eu vou é pra minha cama dormir. Discutam o quanto quiserem.

—Ei, ei, sua cama nada! A gente ainda não decidiu isso! – responde a garota. Se não me engano, eles estavam mesmo discutindo algo sobre a cama grande antes do meu irmão aparecer.

—Presto me disse enquanto eu pegava minhas coisas que o duelo entre vocês estava apostando a cama de casal. – intromete-se Shunsuke. Está tentando mudar de assunto? – Isso não foi uma decisão de todos?

—Não. Ele disse que era uma tradição apenas entre os veteranos. – responde Adolf.

—Não me parece algo muito certo. – comenta meu irmão. Ora!

—Não tente se esquivar, Shunsuke! – exclamo.

—Ah, vamos, deixem pra discutir depois... Vamos resolver isso aqui primeiro. – diz a garota. Como é o nome dela? Ayumu? Ah, pouco me importa!

—Não tem essa de resolver! A cama é minha e pronto! – insiste Taiki.

—Por que não jogamos uma Battle Royale para decidir? – sugere Shunsuke. Ele está mesmo decidido a ficar calado e não me explicar a situação? Bem, que seja... Posso deixar isso pra depois do duelo. Até porque, nem quero a cama, mas me serve pra enfrentar meu irmão novamente depois de tanto tempo, e também posso dar uma surra nesse veterano idiota.

—Não tenho interesse real na cama, mas me parece uma boa ideia. Já vai ajudar a nos conhecermos melhor. – concorda o alemão. Adolf, ou algo assim.

—É... Interessante. – assente o francês. Acho que é “Shihano”, sei lá.

—Vocês vão mesmo continuar com essa teimosia, não é? – pergunta Taiki, e todos acenaram com a cabeça – Ótimo! Vamos jogar! Vou derrubar todos vocês e mostrar a diferença entre o primeiro e o segundo ano!

—Mas uma Battle Royale com seis lados do campo vai ficar muito comprida... – aponta Ayumu.

—Que tal adicionar regras extras? Podemos jogar um Duelo Relâmpago. – sugiro.

—Boa ideia, Hatsuharu. – concorda Shunsuke. Agora que mudei de assunto, você fala comigo, não é...

—O que é um Duelo Relâmpago? – pergunta Adolf.

—É um tipo de duelo especial que nossa família criou. – respondo – Cada jogador tem apenas 2000 Pontos de Vida. Nenhum jogador pode utilizar o Deck Adicional, e o Deck Principal só pode contar com monstros de Nível 4 ou menos. Não se pode atacar diretamente, exceto com monstros com 1000 de ATK ou menos. Não se pode causar dano de efeito ao seu oponente, apenas a si mesmo. Todos jogam contra todos, e o último a jogar é o primeiro a poder atacar.

—Entendi. Parece uma boa ideia.

—Então, temos cinco minutos para alterar nossos Decks e adequá-los às regras do jogo. – anuncia Shunsuke.

Todos abriram suas mochilas e pegaram cards para trocar pelos monstros de alto Nível e cards que causam dano de efeito. Após finalizarem as edições nos Decks, todos se reúnem já com os Discos de Duelo nos braços. Nós seis afastamos as camas e criados-mudos para criar um espaço onde pudéssemos jogar.

—Como a gente decide a ordem? – pergunta “Shihano”.

—Peguem um monstro de Nível alto que deixaram de fora do Deck. Vamos decidir pela ordem de ATK deles. Quem tiver o maior ATK vai primeiro. – instrui Shunsuke. Todos escolhem um monstro – Ok, revelem suas cards.

Adolf escolheu Sillva, Warlord of Dark World (Demônio/Efeito/TREVAS/Nível 5/ATK 2300/DEF 1400). Ayumu escolheu Harpy Lady Sisters (Besta Alada/Efeito/VENTO/Nível 6/ATK 1950/DEF 2100). “Shihano” escolheu Gravi-Crush Dragon (Dragão/Efeito/TREVAS/Nível 6/ATK 2400/DEF 1200). Taiki escolheu Gogiga Gagagigo (Réptil/ÁGUA/Nível 8/ATK 2950/DEF 2800). Shunsuke escolheu Great Tengu (Besta-Guerreira/Espírito/Efeito/TREVAS/Nível 5/ATK 1900/DEF 1700). Eu escolhi Toon Daemon (Demônio/Toon/Efeito/TREVAS/Nível 6/ATK 2500/DEF 1200).

—Ótimo. Então, Taiki vai primeiro, depois Hatsuharu, depois Cirano, depois Adolf, depois Ayumu, e eu sou o último. – anuncia Shunsuke. Nós seis nos organizamos num círculo na ordem anunciada – Vamos nos divertir! (Todos: 2000 Pontos de Vida)

—Duelo!!— dizemos todos em uníssono.


Adaptação dos nomes (Nome usado → Nome no TCG)
Red Daemon’s Dragon → Red Dragon Archfiend
Buster Mode → Assault Mode Activate
Arcanite Magician/Buster → Arcanite Magician/Assault Mode
Roar Runner → Sonic Chick
Harpy Lady Sisters → Harpie Lady Sisters
Great Tengu → Great Long Nose
Toon Daemon → Toon Summoned Skull

 


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Notas finais do capítulo

Já devo avisar que eu não consigo manter um ritmo de escrita constante. Não haverão atualizações periódicas nessa fanfic. Eu posto assim que terminar de escrever. Bem, o que acharam deste primeiro capítulo? Reviews seriam altamente gratificantes. :)