Salsa. Salsa realmente era o problema de Piper. Ela não tinha nada com o que se basear a não ser vídeos de dança que ela nem ao menos conseguia imitar o passo.

O grande problema era o requebrado da dança, você tinha que manter seus quadris rebolando sem parar enquanto mexia as mãos em um ritmo mais lento e sensual. Não era algo realmente fácil para uma descendente de Cherokees cuja a melhor tentativa de lambada fazia a parecer uma minhoca praticamente morta.

Ela estava na sala de dança, uma das salas mais escondidas do colégio entre o ginásio e o espaço para as Cheerleaders treinarem ao ar livre. Ela respirou fundo enquanto bebia água gelada e selecionava a playlist de salsa mais uma vez.

A música começou, ela não fazia de qual era o seu nome, mas a energia latina a fazia ter mais ânimo para dançar.

Começou a mexer os quadris sem fazer nenhum sequer movimento com as mãos olhando-se no espelho para tentar efetuar o passo com perfeição, mas foi em vão.

Uma risada veio da porta semi-aberta do local. O coração dela de imediato disparou, pois a voz só poderia ser de uma pessoa.

– Sinto dizer que está fazendo errado. – era Jason falando. Ele usava calça moletom e uma regata branca, estava levemente suado.

– Hã? – foi tudo o que ela conseguiu responder tentando sem sucesso não encarar o loiro.

– Você está tentando dançar salsa, estou certo?

Ela assentiu como uma cachorrinha ao dono.

– Você não está conseguindo sentir o ritmo do jeito certo, na boa, parece que está dançando uma mistura de hip hop com samba. É realmente inacreditável te ver dançando. – ele falou se aproximando dela enquanto a mesma tentava não parecer afetada pelo jeito como sua voz a fazia sentir-se derretendo por dentro.

“Relaxa Piper.” disse para si mesma “ É apenas o fogo da música que está te afetando desse jeito.”

– O que está fazendo?

Jason escolhera uma música e a puxava para uma parte livre. Ele estava a puxando para si, a distância era quase nula, dando espaço apenas compartilhar a respiração um do outro. Ela estava tentando não se afundar na imensidão dos olhos claros do garoto e ele puxava a coxa de Piper colando-a ao seu corpo que ela percebera ser bem atlético.

– Eu vou te ensinar a dançar salsa. – ele sussurrou apertando um botão do controle para logo em seguida jogá-lo longe.

A música começou e Jason começou a guia-la com o corpo e a voz.

– Não fique rebolando tanto, rebole apenas os quadris e não o corpo todo. A música precisa estar em seu corpo e você a está expulsando. É um jogo de sedução. – ele dizia lentamente. Ele a estava seduzindo e ela parecia um anelídeo em convulsão.

Ela riu envergonhada e ele abriu um de seus sorrisos hipnotizantes.

– Está pronta? – ele perguntou depois que Piper finalmente entendera o melhor jeito de requebrar ao ritmo da música, a pergunta a fizera ficar confusa.

Jason a levantou com um impulso e a jogou para um lado de seu corpo fazendo a dar uma volta ao redor de seu corpo. Ela percebeu o quanto ele era atlético e o quanto era estranho dançar com um garoto que fazia fogo a queimar por dentro.

Ele a colocou no chão novamente e continuou a estimulando a rebolar e requebrar pondo as mãos em sua cintura. Puxou novamente a coxa esquerda de Piper acariciando-a de leve em direção ao seu corpo e conduzindo os corpos de ambos a se inclinar.

– Acho que aprendi a dançar salsa. – ela disse quando as bocas dos dois roçaram de leve.

– Então deixe que eu pegue algo em troca.

Não houve tempo para expor suas dúvidas, pois Jason juntou seus lábios. A música latina agitada estava ao fundo e com certeza o fogo latino fizera daquele beijo algo interessante.

Passos apressados de sapatilhas de jazz ecoaram na sala inteira. Era Reyna correndo e balbuciando algo de cabeça baixa. Ela não havia visto em que situação estava a amiga agora, se não, com toda a certeza, não teria entrado.

– Deuses! Desculpe Piper, eu me atrasei um pouco. A culpa é da estúpida da Hécate que tem o recalque do tamanho do mundo. Temos que mudar uma parte da coreo... – ela então finalmente levantou a cabeça e viu Piper com um menino loiro, ambos suados e em uma posição um tanto constrangedora para serem apenas amigos. – Atrapalhei algo? Me digam que não.

Piper se desvencilhou dos braços de Jason e foi até a amiga com um sorriso envergonhado no rosto.

– Hã... Rey, esse é o Jason, ele estava me ensinando a dançar salsa. – ela falou apontando pra Jason depois de abraçar Reyna, depois apontou pra Reyna se virando pra Jason – Jason, essa é a minha amiga, Reyna.

– Serei a madrinha do casamento de vocês. – Reyna interrompeu fingindo falar seriamente. Jason abriu um sorriso amistoso.

– Depende apenas de sua amiga. – ele respondeu. O sorriso dele era similar ao de Leo, parecia até idênticos se o de Jason não fosse mais inocente e altivo.

– Você conhece Leo Valdez? – ela perguntou de súbito.

– Leo Valdez? Claro. Somos melhores amigos, por que?

– Sou amiga dele também. – ela falou e se virou para Piper mexendo os lábios discretamente em “vai nessa”. Piper rolou os olhos – Bom, Piper e eu temos que ensaiar uma coreografia e você tem meio que, hum, ir embora.

Jason assentiu e saiu silenciosamente dando uma piscadela para Piper.

– Se fosse você, eu investia. Acho que ele está na sua. – Reyna lhe aconselhou.

Ela suspirou.

– Acho que esse é o problema. Eu acabei de conhecer ele, ele deve achar que eu sou mais uma daquelas meninas atiradas, fala sério, eu beijei ele por causa de uma dança. Eu mal conheço ele. O que meu pai vai dizer quando descobrir que Jason quer namorar comigo?

Reyna riu.

– Ele ainda não te pediu em namoro. Calma. A dança ás vezes faz a gente ficar um pouco fora de si, ela é como uma garrafa de vodka para os bêbados. – a amiga falou.

– Mas nós não bebemos. – respondeu confusa.

– É apenas uma comparação. – Reyna avisou. – Vem. Vamos dançar, depois eu tenho uma notícia pra te dar.

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Elas terminaram de dançar a mesma coreografia pela enésima vez e as pernas de Piper estavam quase a fazendo desabar.

Assim que a música acabou por completo já eram 16 e 30 da tarde. Reyna foi até o computador plugado na caixa de som e fechou a aba da música.

– Tenho que ir. – Reyna avisou – Tenho detenção hoje por causa de Hécate e seu recalque do demônio.

Piper abriu a boca para falar, já que Reyna nunca em toda a sua vida havia ficado de detenção. Reyna a interrompeu antes que pudesse emitir um som.

– Longa história. Antes que eu vá... Você pode me ajudar em uma coisinha apenas?

– Em que?

Reyna olhou pro lado.

– Minha mãe piorou. Vai ter que fazer cirurgia ou se não, bem, e-ela.... Enfim, eu descobri um jeito de conseguir o dinheiro.

– Como?

– Um concurso de dança, topa?

Piper hesitou. Já era difícil mentir para o pai sobre dançar escondida todos os dias, já era difícil reprimir o seu desejo por dança dentro de casa. O que faria para esconder de seu pai um concurso que passaria na TV em rede nacional.

– Eu preciso pensar. Depois eu te respondo, ok? – Piper respondeu pensando em todas as coisas horríveis que aconteceriam se seu pai descobrisse.

– Claro.

E Reyna saiu, deixando Piper na sala de dança sozinha.

– O que eu faço agora? – ela perguntou em voz alta para ninguém em especial.

– Quieres bailar salsa... novamente? – perguntou Jason atrás dela.

Sim. Era clichê, mas ela estava começando a gostar disso.