Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 22
O início da vigilância


Notas iniciais do capítulo

yoo pessoal, voltei! - leva tomatadas



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Rudy bebia uma taça de vinho importado quando ouviu algumas batidas na porta de sua casa. Olhou para o relógio. Mal fazia duas horas desde que Yukira chegara. Caminhou até a porta e arregalou os olhos ao ver quem o esperava.

— O que fazem aqui? – ele tentou não ser rude, porém a desconfiança tornou tal tentativa inútil.

— Desculpe-nos, senhor, mas temos que conferir uma denúncia. – Masao informou, envergonhado.

Nenhum dos policiais sentia vontade de estar ali, porém o tom de voz de Chikao não deixara espaços para que revidassem. Afinal, não passavam de subordinados.

— De minha esposa, suponho?

Rudy suspirou teatralmente e ergueu uma sobrancelha, claramente confuso. Avisara-os sobre os perigos que ela representava, e sabia que todos tinham acreditado.

— Hai. Ela afirma que o senhor bateu na menina. – Osamu respondeu.

A expressão de surpresa no rosto de Rudy fez os policiais se acharem ainda mais burros do que antes. Sabiam o quão manipuladora Misty Waterflower era, mas a preocupação que fingira ter com a filha aparentara ser tão real que, por um momento, a decisão de Chikao parecera razoável.

— Que absurdo! Por que iria recorrer à justiça para ter a minha filha comigo se não a amasse? Isso é um absurdo!

Eles não poderiam estar ali. Se estivessem, seus planos para com Yukira não poderiam ser concretizados.

— Perdoe-nos, senhor. Podemos dar uma olhada na menina? – Masao pediu.

A resposta de Rudy foi automática e impensada.

— Têm um mandado?

Os policiais estreitaram os olhos. Começando a desconfiar – os policiais sabiam que inocentes não faziam perguntas como aquela –, Osamu perguntou:

— Precisamos de um?

Rudy sabia que pedir por um mandado seria praticamente se acusar. Permitiu que os dois homens entrassem e informou onde era o quarto da garota. Observou-os subindo as escadas e quase quebrou o copo que estava sobre a mesinha de centro, mas se controlou. Misty conseguia estragar seus planos com tanta facilidade… Sentou-se no sofá e encheu a taça com vinho até que esta quase transbordasse. Os policiais não o importavam. Queria apenas Misty. Fechou os olhos e permitiu que a bebida lhe descesse, doce, pela garganta.

~~xx~~xx~~xx~~xx

Masao e Osamu caminharam lentamente pelo corredor; ambos criavam coragem para lidarem com a menina escandalosa de outrora. Chegaram em frente a uma porta branca bem trabalhada.

Após trocarem um olhar significativo, Masao bateu na madeira.

— VAI EMBORA! EU ODEIO VOCÊ!

O grito angustiado que ouviram de dentro do quarto quase fez com que recuassem. Masao suspirou. A menina não parecia mais com seu anjinho, que deveria estar indo para a escola naquele momento.

— Hãn… não é o seu pai – Osamu informou inseguro.

Olhou para Masao, querendo saber o que fazer, porém o ruivo se encontrava tão perdido quanto ele. O ruivo apenas deu de ombros, sem saber mais o que fazer. Sua menininha não era parecida com a que enfrentavam.

Uma pequena fresta da porta foi aberta, e a menina os encarou com seus enormes olhos esmeraldinos brilhantes pelas lágrimas presas. Ela os observou por vários segundos, esperando qualquer reação deles. Foi Masao quem primeiro agiu. Ele se abaixou e sorriu.

— Oi… viemos ver como você está…

A morena fechou a porta na cara deles, deixando o ruivo a falar com a porta.

— Vão embora, quero ficar sozinha. – conseguiram ouvir a voz abafada dela, que parecia ainda estar perto da porta, apesar de suas palavras.

— Queremos te ajudar… – Osamu tentou ser gentil.

— Vão embora!

— Mas… – voltou a tentar.

— VÃO EMBORA! – ela o interrompeu.

Em uma atitude quase desesperada, Masao resolveu arriscar:

— Sua mãe nos mandou.

O silêncio reinou por quase meio minuto antes de a pequena reabrir uma pequena fresta. Ela os encara com os olhos estreitos, magoados. Os policiais estranharam. Há poucas horas ela parecia disposta a ir a qualquer lugar com a mulher.

— O que ela quer? – a forma rude com a qual ela proferiu aquelas palavras discordava completamente da aparência delicada que ela possuía. Masao se levantou, envergonhado.

— Podemos entrar? – Osamu foi ofensivo.

Yukira pareceu pensar por um momento antes de abrir a porta para os dois policiais.

Quando já estavam todos dentro do quarto, ela correu para sua cama e se sentou ali, observando cada passo que os oficiais davam com toda a atenção do mundo.

— O que ela quer? – voltou a perguntar.

Os policiais ficaram em pé, ainda perto da porta, e encararam o quarto ao redor. O quarto de uma princesa de contos de fadas, com cama com dossel e paredes cheias de desenhos de Pokémons. Masao sentiu seus olhos brilharem. Sua menininha simplesmente iria amar um lugar como aquele.

— Por que agora parece não gostar mais tanto dela? – perguntou Osamu, curioso. A voz da menina não demonstrava mais todo o afeto de antes ao falar na mãe.

Masao voltou seu olhar para a garota, que puxou os cobertores cor-de-rosa e se escondeu embaixo deles. A voz, quando saiu, era tão triste que fez o policial ruivo desviar o olhar. Ele detestava trabalhar com crianças.

— Ela disse: "Ninguém vai me tirar de você"! Prometeu que ficaríamos juntas − lágrimas começaram a escapar dos olhos da pequena − e agora ela me deixou. Ela me entregou pra vocês e não veio atrás de mim como prometeu. − as lágrimas aumentaram. Yukira as limpou para que pudesse continuar a narração. − Ela me deixou aqui sozinha com esse monstro e não veio aqui me proteger. Ela não me ama mais! A mamãe não me ama mais, eu sou só um problema pra ela, a mamãe não se importa mais comigo! Ela não me quer mais junto dela!

As lágrimas aumentaram e, junto delas, vieram os soluços. Nem mesmo Togepi viera vê-la.

Osamu e Masao se entreolharam assustados. A pequena se desfazia em lágrimas na frente deles e nenhum dos dois sabia o que fazer. Osamu tomou coragem e se aproximou um pouco. Sabia que, nesses momentos, a mentira era sua melhor amiga.

— Não se preocupe, tenho certeza de que a sua mãe te ama. Ela nos mandou aqui − ele falou.

Mas Yukira já convivera com atrizes por tempo suficiente para saber que ele mentia.

— Você está mentindo – acusou, fazendo as lágrimas da menina aumentarem.

— Claro que…

— Fiquei a minha vida inteira observando e participando das peças da mamãe e das minhas tias, sei quando alguém mente. – ela tentou parar o choro, porém foi em vão. E detestava chorar. − Vão embora. – pediu.

Masao começou a se dirigir para a porta quando percebeu que um lado do rosto de Yukira estava bem mais vermelho que o outro. Uma pequena linha arroxeada começava a se formar. Ele estreitou os olhos; não percebera anteriormente por causa do choro da menina, mas agora percebia com clareza.

— Seu pai te bateu?

A pergunta pegou a ambos os presentes de surpresa. Osamu piscou, confuso, e se virou para Kira, que apenas assentiu com a cabeça antes de voltar a chorar.

— Ela não veio me proteger!

Masao se recordou da cena que presenciara na delegacia. Misty não os matara apenas porque o Pokémon a segurou. Ele quase viu a Pokébola daquele dragão gigante saltar das mãos dela. Engoliu em seco. Independente do que soubessem ou não, era irrefutável que Misty estava disposta a vir proteger a menina. Ou, ao menos, fingir fazê-lo.

— Sua mãe disse que isso iria acontecer, mas ninguém acreditou nela. – Osamu revelou, ainda confuso. – Não viemos antes porque pensamos que Chikao estava blefando quando disse que você seria vigiada vinte e quatro horas por dia. Apenas quando ela mandou o Togepi dela para cá que começamos a pensar no assunto. Começaria amanhã, mas quando ele voltou ela ficou tão irada que eu pensei que fosse nos matar ali mesmo. Disse que seu pai tinha te batido. Tivemos que vir correndo.

O homem não sabia por que estava dizendo aquilo, apenas pareceu o certo a se fazer. As lágrimas foram interrompidas e os olhinhos verdes voltaram a brilhar. Yukira limpou o rosto – fazendo uma pequena careta de dor ao passar a manga sobre o roxo em sua bochecha – e perguntou, sorrindo:

— Ela estava irada?

Masao sorriu ao ver a mudança repentina da garota. Mesmo que ela estivesse daquela forma por uma mulher manipuladora e desmerecedora de crédito, era bem melhor ver a garota rindo do que vê-la chorando.

— Muito. Pensei que ela me mataria. Chegou a pegar a Pokébola daquele Gyarados e tudo. – confirmou o ruivo.

Yukira sentiu suas forças renovadas. A mãe não a odiava, afinal. Pensou em Togepi e em Gyarados, e se perguntou por que não possuía nenhum deles consigo. Mas aquela questão poderia ficar para outra hora. Tinha uma pergunta mais importante a fazer para os policiais.

— Vocês acham… que ela me ama?

Os dois policiais se entreolharam. Pelo que haviam ouvido falar da ruiva, ela não parecia ser capaz de amar alguém além dela mesma. Mas o choro da garota ainda ecoava nos ouvidos deles e não queriam ouvi-lo novamente.

— Bem… acho que sim – mentiu Masao.

Yukira percebeu, mas riu e se levantou, pulando na cama e girando antes de se deixar cair novamente. Estava feliz e leve novamente.

— Vocês não a conhecem. – informou-os. − Ela ainda me ama, caso contrário estaria bem longe, vocês estariam inconscientes ou mortos e não me protegendo. Não sei por que fui tão idiota antes − agora que as lágrimas haviam sumido, apenas a vermelhidão no rosto da pequena indicava que ela chorara.

Osamu sorriu, mas havia um assunto mais urgente a ser tratado.

— Iremos ter uma palavrinha com o seu pai, mas já estamos voltando. – falou ele.

A pequena assentiu com a cabeça, seus pequenos olhos brilhando novamente. Naquele momento, nada mais importava. Sua mamãe a amava mais do que tudo, mesmo que estivesse longe. Remexeu-se em sua cama, sentindo o cheirinho que ainda exalava de seus travesseiros – Misty borrifava o próprio perfume neles, para que Kira sempre se sentisse próxima de si.

~~xx~~xx~~xx~~xx

— O que ela lhes disse? – Rudy parecia estar despreocupado, principalmente porque suas mãos estavam dentro de seu bolso, impossibilitando que seu suor fosse visto.

O moreno, já um pouco bêbado, apenas queria os policiais fora de sua casa.

— Nada que não esperássemos ouvir. Quando entramos, ela parecia irritada com a mãe. – foi Osamu quem falou.

Masao observava atentamente à postura de Rudy. Sabia que era errado e, talvez, até mesmo pouco profissional, porém a marca no rosto de Yukira era escura demais para que pudesse se dar ao luxo de acreditar que ele não batera nela.

— Não me surpreende – mentiu Rudy. – Sempre imaginei que, se ficasse tempo o suficiente longe de Misty para perceber o que sua mãe andava fazendo, minha pequena começaria a entender tudo. Ela é muito inteligente.

Parecia até mesmo orgulhoso dela. Osamu sorriu um pouco; Rudy parecia ser um bom pai.

— Ela disse que o senhor bateu nela. – a fala de Masao foi quase uma acusação.

Cada um de seus poros gritava que Yukira falara a verdade.

— Aquele machucado no rosto? – Rudy parecia despreocupado. A mentira saiu tão facilmente de seus lábios quanto uma respiração. – Não fui eu. Ela entrou em casa correndo e acabou tropeçando no tapete e bateu o rostinho no chão, por acidente. Gritou que a culpa era minha e se trancou em seu quarto. Estou preocupado, ela não comeu nada desde que chegou e se nega a vir aqui falar comigo.

Osamu sorriu, solidário, porém Masao se manteve mais atento. A história parecia fazer sentido, porém algo dentro dele lhe dizia que as coisas não haviam ocorrido como Rudy dissera.

— Levaremos a comida para ela. – Osamu prometeu. – Temos ordens expressas de ficar de olho na sua filha vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.

Uma gota de suor escorreu pela testa de Rudy. Aquilo, definitivamente, estava fora de seus planos. Bêbado, perdeu um pouco a noção do perigo e quase explodiu.

— Não acredito que estão aceitando as loucuras de minha ex-mulher! Como querem que eu me reaproxime de minha filha se ela estará cercada o dia inteiro, com esperanças de que a mãe ainda volte?!

Não poderia deixá-los ficar. Precisava estar sozinho com Kira para que tudo desse certo.

— Não estamos aqui para impedir a reaproximação de vocês, senhor. Mas a menina precisa de proteção, pelo menos até o dia do julgamento, visto que agora ela não tem um tutor legal. – Masao informou, desconfiado.

O tom que Rudy usava para com eles o incomodava.

— Eu sou o tutor dela! – quase gritou.

Masao estreitou os olhos novamente, e cruzou os braços.

— Sim, senhor. Mas não legalmente. Quando conseguir a guarda de sua filha no tribunal nós iremos nos retirar.

Foi o tom de voz do policial – meio acusatório, meio desconfiado –, que trouxe Rudy de volta à razão. Mesmo que ainda não estivesse completamente sóbrio, conseguiu suspirar e recuperar o controle. Assentiu com a cabeça. Tinha medo do que a convivência deles com Kira poderia causar. A garota podia ser tão convincente quanto Misty – senão mais.

— Certo. Tudo bem.

Rudy sabia que Osamu e Masao não haviam acreditado na menina quando ela lhes disse que havia apanhado, mas isso não significava que ele estava completamente inocentado. Masao parecia desconfiado, e Rudy tinha pleno conhecimento de que, se não andasse na linha, seria preso no primeiro segundo. Ainda não conseguira enganar todos os policiais, apenas um, ou talvez dois. Mas o benefício da dúvida ele sabia que ganhara. E isso era tudo o que precisava naquele momento.

Afinal, seu plano não estava tão perdido quanto parecia.

Continua…


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Notas finais do capítulo

boooooa noite *--*
eu sei, demorei pra ca...ramba u-u
miiil desculpas por isso, mas agora eu voltei. Cooomo dito antes, um cap por semana, de qalquer fic. Não me abandonem, voltem pra mim ;-;
gente, preciso de uma/um beta. Não precisam betar todas as minhas fics, n se preocupem, n vou fazer isso com vc. Maas eu gostaria de saber se algum gostaria de betar essa fic aqui pra mim. Pode ler os caps antes de todo mundo u-u
n sei se é um incentivo, maaaaas, nunca se sabe
podem mandar reviews ok? Mesmo se n quiserem se candidatar pro cargo. VCS SÃO DEMAIS *----*
cap saído direto do forninho :3
gente, n acho q a fic ta acabando, mas estamos entrando no final, visto que a parte do meio já passou, mas nem esqentem, ainda tem muuuuito o que acontecer u-u
qualquer dúvida é só falar no review. SE alguém se irritar com a demora, podem me apressar por MP q n tem problema nenhum
=*
Bjs e teh + ^3^/

Obs: Não passou o meio porra nenhum viajei legal nessas notas u-u



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