Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 18
Finalmente, a liberdade




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A luz do sol invadia aos poucos a caverna em que Ash e Misty se encontravam. Ela entrava de um teto de vidro quase imperceptível na escuridão da noite. No canto da caverna era possível distinguir dois corpos. Um homem e uma mulher. O homem estava deitado com a cabeça da mulher em seu peito, o braço musculoso do moreno segurava possessivamente a cintura da ruiva, mesmo que ambos ainda dormissem.

Misty sucumbira aos seus desejos na noite passada, sim, porém o segredo continuava bem guardado dentro de sua garganta. E agradeceria a todos os santos possíveis quando aquela viagem insana acabasse e ela se visse entre quatro paredes novamente, com sua filha nos braços.

A luz despertou a jovem ruiva que abriu vagarosamente os belos orbes esmeraldinos. A mulher bocejou e esfregou os olhos, mas levou um susto ao ver o moreno ao seu lado. Misty acordara certa de que havia sonhado. Um sonho um tanto longo e mirabolante, mas apenas um sonho. Felizmente ou infelizmente, como poderia decidir num momento desses?, não fora um simples sonho. Olhou para o belo rosto que sempre lhe encantara. Ele estava ali. Estava ali por ela e somente por ela. O mais belo dos sorrisos enfeitava-lhe o rosto. Em algum momento da noite ela teve certeza de ter ouvido algum dos dois dizer “eu te amo”. Se fora Ash ou se fora ela mesma a ruiva não saberia dizer. Talvez os dois tivessem dito ao mesmo tempo, ou então isso fora apenas algo da cabeça dela.

Mas a razão falou mais alto do que a emoção de novamente estar protegida por aqueles braços fortes e aconchegantes. A razão falou mais alto do que qualquer outra coisa. Como poderia ser diferente? Yukira não era fruto de sua imaginação. Yukira não poderia nem sonhar que seu pai não fosse Rudy. O que aconteceria se a sua princesinha descobrisse que seu pai, na verdade, era Ash? Talvez ela aceitasse, mas conhecia o moreno o suficiente para saber que ele jamais a perdoaria. Ash iria querer participar da vida da filha, o que significava que um moreno tiraria Yukira dela. Não. Isso jamais suportaria. Com muito custo conseguiu viver sem Ash, mas jamais conseguiria viver sem a sua princesinha. E se a única forma de continuar a viver com a sua filha seria desistir de Ash, então era exatamente isso que Misty faria. Com esse pensamento a ruiva se vira para livrar-se dos braços fortes do amigo. Ou seria amante? Mas o mesmo não permite.

— Ah Misty, fica aqui mais um pouquinho, vai – ele sussurra rouco puxando a ruiva para perto. Ela parece ter novamente regressado no tempo. Como essa fase poderia continuar soando-lhe tão natural se não a ouvia há mais de seis anos? Odiou-se por tremer.

Quase sucumbiu novamente, porém a luz do dia a deixava mais sã e o que ouvira ontem do marido voltou a lhe assombrar os ouvidos.

— Me solta agora. – ordenou Misty.

Ela se livrou dos braços dele e Ash esfregou os olhos, confuso.

— Misty? – perguntou como se não conseguisse acreditar. Mas quando abriu os olhos, percebeu que ela já estava com suas roupas intimas e procurava uma calça decente em sua mochila.

— Não, é a minha avó – falou irritada.

As palavras ríspidas doíam mais em si do que em Ash. Mas sabia que era o certo. Era sua única opção. Ash levantou os cobertores e espiou para baixo, querendo ter certeza de que haviam realmente feito o que ele achava que tinham feito.

— Misty, nós…

— Eu sei o que fizemos. – ela foi fria.

Sabia. Cada segundo da noite anterior ficava voltando à sua mente, e as palavras de Ash não a ajudavam a esquecer.

Um sorriso bobo se formou nos lábios do moreno.

— É um erro que eu estou disposta a nunca mais cometer – complementou, enquanto o sorriso de Ash desaparecia a cada palavra.

— Erro? – perguntou Ash, em uma mistura de irritação e confusão.

— Erro, sim!

O maior e mais pecaminoso erro de todos.

— Eu não te obriguei a nada, você também queria. – ele resmungou, levantando-se e colocando sua roupa íntima.

— Eu não falei o contrário, Mané. Só falei que erramos. – ela provocou, tentando evitar o tom divertido em sua voz. Há quanto tempo não brigavam?

Tempo demais.

— Vai dizer que não gostou? – Ash perguntou malicioso, mordendo o rosto e se aproximando lentamente por trás dela.

— Isso… isso não – o rosto da ruiva estava um pimentão – não vem ao caso.

Ash a abraçou, colando seu corpo semi-nu ao corpo dela, que não tivera tempo de colocar algo além de um top e um shorts.

— Claro que vem ao caso… – sussurrou contra o ouvido dela, enviando arrepios por todo o corpo delicado.

Misty escapou dele com suavidade, mantendo uma distância segura e impedindo-se de, novamente, sucumbir aos desejos que não mais deveriam existir.

— Não, não vem. E se você já tiver se esquecido, vou te lembrar: Estamos em uma ilha com um maluco psicótico atrás da gente, querendo nos matar. Então vamos logo, porque eu quero ver a minha filha e quero sair daqui.

Atrás da gente… ela se arrepiou. As palavras que Rudy dissera na cama, quando dormiram juntos, ainda ressoava em sua mente. Usou toda a força de vontade que tinha para afastá-las, mas não teve muito sucesso.

— Sim, eu sei, mas… – Ash tentou se aproximar novamente, porém foi interrompido.

— Sem “mas”, Ketchum. Vamos logo – Misty pegou suas coisas e o olhou de forma fria.

Misty não podia sucumbir novamente, não quando alguém tão importante estava envolvido. Escondeu seus sentimentos mais profundos – a carência, principalmente – e não desviou o olhar de Ash até este suspirar, convencido, e terminar de se vestir.

Em um silêncio irritantemente prolongado, eles saíram da caverna com Eevee numa Pokebola.

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— Vocês acham que aquele idiota foi atrás a mamãe, sozinho? – perguntou a pequena Yukira, irritada.

— Não acho, eu tenho certeza, meu anjo – Brock respondeu enquanto fazia um grande café da manhã para eles.

O mais velho agia com tanta tranquilidade que era quase como se não estivessem em uma missão de resgate.

— Daqui a pouco eles chegam e nós vamos ir embora, ok? – Lily tentou tranquilizar a sobrinha ao acariciar-lhe os cabelos negros.

— Mas e se não chegarem? – Diego perguntou nervoso, andando em círculos ao redor de Julia, que estava sentada na grama, igualmente nervosa.

— Vão chegar, amor. Vão sim. – May sorriu para o filho, tentando acalmá-lo.

Todos estavam em uma clareira no meio da floresta, exatamente onde Ash os havia deixado. Estavam sentados no chão. Os adultos perambulavam para lá e para cá, mas parecia haver uma proteção invisível ao redor deles, pois, por mais que os guardas passassem perto, eles não conseguiam vê-los.

Pietra e Paula brincavam de fazer caretas para os guardas que não estavam a mais de dez passos delas. Dawn e Paul estavam nervosos com a brincadeira, e já estavam com Piplup e Electabuzz fora das Pokébolas, preparados para o ataque.

Brock riu da preocupação deles, completamente à vontade com a proximidade dos homens.

— São os Pokémons psíquicos. – informou aos pais preocupados. – Eles nos protegem, pois eu já vim aqui muitas vezes e eles já me conhecem. Prometo a vocês que voltaremos aqui em um dia melhor, sem precisar resgatar ninguém, entendem?

As crianças apenas assentiram com a cabeça, concordando.

— Você quer fazer o favor de calar a boca? Eu realmente não quero te bater agora – uma voz feminina é reconhecida por eles.

— Nós temos que falar sobre isso! – uma voz masculina exclama irritadamente. – Não podemos agir como se nada tivesse acontecido!

Mas ninguém realmente se importou com a segunda voz. Vinham do lado oposto ao qual Pietra e Paula se encontravam, e suspiros foram soltos assim que os dois vultos começavam a aparecer.

— MAMÃE! – Kira gritou.

A garotinha saiu correndo de seu local de vigia, tropeçando várias vezes no caminho. Os olhinhos verdes brilhavam em expectativa.

— KIRA! – a mulher saiu correndo de perto do moreno e se atirou ao chão, aos pés da filha que corria em sua direção.

A pequena se atirou nos braços da mãe e a abraçou com toda a força que possuía. Misty sentiu as lágrimas lhe invadirem os olhos e deixou que elas escapassem. Kira estava bem! Rudy não colocaria suas mãos imundas nela, porque sua princesinha estava em seus braços, e ninguém a tiraria dali.

Em qualquer outro dia, Kira teria reclamado da força com a qual era abraçada, porém aquele dia era diferente. As outras crianças logo se juntaram as duas e se envolveram todos em um enorme abraço coletivo.

Os adultos se aproximaram e a abraçaram também. Misty sorriu, feliz com a recepção de todos.

— Vamos sair logo daqui. – Dayse pediu.

Antes que qualquer um pudesse concordar, Brock interviu.

— Depois. Não fiz omeletes por nada, né?

Ash abriu um sorriso maior que seu rosto, caminhando satisfeito até perto do moreno.

— Não como desde ontem de tarde, to faminto!

Misty quis reclamar, porém estava sozinha. Todos já haviam acompanhado Ash, inclusive Kira, a segunda mais gulosa daquele grupo. Ela sorriu minimamente ao ver a pequena caminhar ao lado de Ash, ambos quase apostando corrida para ver quem chegava primeiro.

Kira parou abruptamente e olhou ao redor, preocupada. Os olhinhos esverdeados se acalmarem ao encontrarem a mãe parada no local de onde saíra correndo. Com um sorriso, abanou para ela, ordenando que viesse.

Sem ter como recusar tal convite, Misty corre até ela, pegando a pequena no colo e vencendo a pequena disputa entre Kira e Ash.

— Há, ganhei! – a pequena comemora do colo da mãe, fazendo Ash abrir um sorriso emburrado.

— Você trapaceou, mini Misty.

O apelido saiu sem sua permissão, e ele não se importou realmente de tê-lo feito. Kira sorriu tão abertamente, de uma forma tão igual à de Ash, que Misty se surpreendeu de o moreno não ter simplesmente arregalado os olhos e gritado: “A filha é minha!”. Como ele não percebia a semelhança?

— Eu gostei do apelido. Mas todo mundo diz que eu sou mais parecida com o papai do que com a mamãe…

Ela parecia triste com o comentário, e Misty quis contrariá-la na hora, porém a mentira ficou presa em sua garganta. Não mentiria mais para Kira. Por isso se limitou a abraçá-la mais forte, apertando o corpinho pequeno contra o seu.

Ash começou a rir, e abriu seu mais sincero sorriso. Aquele que Kira herdara.

— Quem te diz isso é louco, pirralha. Você é sua mãe criança, acredite. Vocês até sentem o mesmo prazer sádico ao me irritarem. E não negue, eu sei que as duas são seres malignos que adoram quando fico irritado. Né, Misty?

Era uma indireta clara sobre o assunto inacabado entre eles. Porque Ash detestava assuntos inacabados. Misty abriu um sorriso malicioso e abraçou Kira mais forte.

— Ainda bem que sabe, Ketchup.

E o apelido realmente não deveria ter-lhe escapado pelos lábios. Ash sorriu satisfeito enquanto Kira se contorcia nos braços da mãe. Adorava o clima relaxado do ar. Adorava ver a mãe sorrindo e brincando. Realmente não entendia por que eles não eram mais amigos.

— Vamos comer – Ash murmurou emburrado.

Ele queria estar na mente de Misty. Queria voltar pra vida dela.

Eles foram. Kira sentou-se entre os dois, apertando o coração de Misty. Precisava afastar a filha de Ash. Precisava mantê-la o mais longe possível dele. Precisava…

Misty sentiu seu mundo parar quando Kira se levantou no banco e abraçou Ash pelo pescoço, depositando um beijo estalado na bochecha dele.

Ash também paralisou e olhou quase apavorado para Misty. E então sorriu um pouco e retribuiu ao abraço que recebia. Fechou os olhos, puxando a pequena para seu colo e deixando que ela apertasse ainda mais o abraço.

— Obrigada por salvar minha mamãe, Ash. Você é meu herói.

Ela sorriu ainda mais e depositou outro beijo na bochecha dele antes de voltar a se sentar com um sorriso satisfeito nos lábios.

Ash sorriu ainda mais, mas sua expressão feliz se desmanchou quando viu o olhar apavorado de Misty. Sentiu as lágrimas voltando a se acomodarem atrás de seus olhos. Realmente era indesejado na vida de Misty. Voltou a olhar para seu prato, completamente sem fome. Estava certo, afinal. Aquela missão estúpida apenas resultara em seu coração partido e mais uma noite para relembrar com o coração apertado.

Um pequeno sorriso lhe escapou por entre os lábios. A missão não fora de todo dolorosa. Ao final dela, se tornara o herói de alguém. Alguém que, ele ainda não sabia, mas viria a se tornar a pessoa mais importante de toda sua existência.

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Após o café da manhã, cada um pegou uma criança no colo, com exceção de Lily e Ash. Sem se comunicarem, correram até onde antes estavam o moreno e a ruiva. A única diferença era que, agora, mais uma pessoa os acompanhava. E estavam indo embora, ao invés de estarem chegando.

Chegando ao rio, todos pararam e retiraram seu Pokémons.

— Vamos do mesmo jeito que viemos. Misty, você e Kira vão com Ash no Lapras. – Paul informa. Estava apressado, queria sair dali. A simples possiblidade de suas filhinhas estarem em perigo o matava aos poucos.

A ruiva não discutiu. Eles não tinham tempo para discussões. Logo Milotic, Gyarados, Lapras, Tentacruel e Blastoise estavam fora das Pokébolas. Os olhos da ruiva começaram a brilhar.

— DAWN! Ele é tão lindo – Misty falou, olhando para o Tentacruel de Dawn. Yukira começou a rir, sua mãe ama Tentacrueis.

— Começou – Ash murmurou irritado.

Misty conseguia gostar ainda mais daqueles Pokémons horrorosos do que dele.

— Calado, Ketchup. – ela respondeu.

A pequena morena soltou uma gargalhada silenciosa. Misty ainda segurava a filha no colo e lhe beijou a testa.

Ash tinha razão. Ambas possuíam um prazer obscuro ao vê-lo irritado.

— Vamos logo! – Dawn apressou, mesmo que estivesse extremamente feliz com o comentário da amiga.

Todos subiram em seus respectivos Pokémons e Togepi se acomodou nos cabelos da dona.

— Também senti saudades, Togepi.

O Pokémon se remexeu, fazendo carinho na dona, que sorriu. Ambos queriam sair logo dali, para que a ligação que compartilhavam voltasse a fazer efeito.

Ash subiu no Lapras, mas não estendeu a mão para a ruiva. Misty conseguiu subir sozinha com Kira ainda em seus braços. A ruiva acomodou a filha entre os cascos do animal e caminhou até sua cabeça, passando por Ash sem nem ao menos olhá-lo.

— Oi, amorzinho. – ela beijou a cabeça do Pokémon. – Que saudades que eu senti de você… – Lapras abriu um enorme sorriso em seu rosto azul. – Obrigada por me tirar daqui, anjinho.

A ruiva beijou novamente a face do Pokémon e voltou para a filha, que a abraçou. Misty conseguiu deitar confortavelmente e ajudou a menina a fazer o mesmo.

— Como você consegue encontrar um lugar assim? – a menina perguntou, confortável, enquanto eles novamente iam para dentro d’água.

— Já andei muito no Lapras, meu anjo. Muito mesmo – segundos depois Pikachu se acomodou na curva de seu pescoço.

Foi a última conversa no Lapras antes de eles entrarem completamente debaixo d’água. Assim que mergulharam completamente, Togepi criou a bolha de ar. A ruiva havia esquecido como a vista era linda debaixo d´água. As esmeraldas brilhavam e refletiam nos olhos da mesma cor da ruiva.

— Eles lembram seus olhos – Ash murmurou. Ele também se deitara, mas bem afastado das outras duas. Pelo menos o mais afastado que poderia estando ambos em cima do mesmo Pokémon.

Ou seja, seus pés se encostavam e Kira conseguiria encostar em Ash se estendesse sua mão.

— Eu sei. Lembra que pensamos em batizar a ilha com o meu nome? Ou como “Olhos da Misty”? Mas eu não quis.

— E tem como esquecer? Aquele dia foi incrível. Você ainda nem sonhava em… – mas se calou. Tocar no assunto do namoro deles era doloroso demais para ambos.

Misty não respondeu. Na época eram apenas amigos. Bons amigos, mas nada além disso. O resto do caminho foi silencioso, mas nem por isso desconfortável. Finalmente estavam livres e com as pessoas que amavam. O que poderia ser melhor? Nada poderia piorar; haviam, finalmente, vencido Rudy. Ou pelo menos era o que pensavam.

“Se eu fizer o que ele mandou, tudo ficará bem” .

Misty pensou, pouco antes que pegasse no sono, com o corpo da filha contra o seu e a perna de Ash quase entrelaçada com a sua.

Continua…


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Notas finais do capítulo

demorei mto?
a fic ainda terá alguns caps, mas n vai ser mto mais ocmprida.
sim, ela tah quase acabaando TT.TT
eu amo vcs

reviews, plix
=*
Bjs e teh + ^3^/

Obs: a fanfic não tá acabando, erro de fanfic iniciante sem plot u-u
Obs²: Prestem atenção no capítulo; há indícios do que tenho acrescentado na fanfic ~~MUAHAHAHAHA



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