YUKIRA P.O.V.

Não aguento mais! Eu quero a minha mãe! Não quero mais ser forte, não quero mais ficar sozinha, eu quero a MINHA MÃE! Nem acredito que eu comecei a chorar na frente do bobalhão do Ash. As meninas da minha turma têm razão… eu nunca vou ser forte sem a minha mãe. Eu nunca vou conseguir ser forte.

Alguém me abraça. Abro meus olhos. Yuri está em cima de mim. Eu retribuo seu abraço; realmente tava precisando disso. Um abraço pode fazer milagres, ainda mais quando estamos tristes.

Logo Julia atirou-se em cima de nós, fazendo-me rir. Pietra e Paula foram as próximas. Então Diego sentou-se ao meu lado e me abraçou também. Tentei incluir todos nos meus braços, mas infelizmente eles são muito pequenos, mas isso não importa, afinal, pelo menos, estamos todos juntos. E todos eles moram no meu coração.

Assim que nos separamos, nos sentamos em uma rodinha.

— Como foi com o Ash?

— Não sabemos, assim que você saiu, nós viemos correndo atrás de você. – Di respondeu.

— Hm.

Acho que minha decepção ficou meio que na cara. Yuri sorriu e segurou minhas mãos.

— Não se preocupe, conhecendo o Ash como eu conheço, ele vai ir só pra provar pra você que ele não é covarde, Kira.

— Eu concordo com o Yuri. Ele é muito orgulhoso, assim como a maioria dos homens que eu conheço!

Eu começo a rir. Julia é muito engraçada, além de todos os meninos serem a fim dela. E ela fala fazendo careta.

— Nem esquenta com isso, amiga. Qualquer coisa a gente arrasta ele pelas pernas. – Pietra tentou me animar.

— Isso aí! – Paula concordou, só pra variar.

Eu rio novamente. Como pude pensar que ficaria sozinha?

Togepi se senta em meu colo e o abraço. Nunca estarei sozinha. Sempre terei os meus amigos. Eles são minha segunda família.

— Você sabe que sempre pode contar com a gente, né, Kira? – Diego perguntou levantando os pelinhos que ele tem em cima dos olhos.

— Sei sim, Di. E vocês não têm ideia de como isso me deixa feliz.

Todos nós sorrimos uns para os outros. Eles são simplesmente incríveis. Será que os mereço? Eu sou tão fraca… perdi a coragem tão fácil…

— Nem pense em escutar o que a Melina disse. – Como o Yuri sempre consegue ler a minha mente?

— Ela e as cobras não merecem nossa atenção. Você é forte sim Kira, que nem a sua mãe. – Julia concordou.

Eles ainda estão sorrindo. Mordo meu lábio de baixo, mas acabo me rendendo.

— O que seria de mim sem vocês?

Voltamos a nos abraçar em grupo.

Então Brock sai da casa. Depois Lily, Violet, Dayse. Assim que elas pisam fora da casa Dawn e Paul saem de mãos dadas, com May e Drew atrás deles. Ash não veio.

Acho que a minha mágoa ficou no meu rosto, porque meus amigos me abraçaram de novo.

— Ele vai vir. Eu sei que vai. Deve ter ido buscar alguma coisa Kira. – Yuri sussurrou.

— Ele não vai vir Yuri. Vamos aceitar os fatos. – sussurrei de volta.

— Não se preocupe, se ele não vir com a gente, nós entramos lá e o puxamos pelas pernas. – Paula.

— Vai ser facinho, facinho. Além do que, eu to com o Machoke aqui comigo. – a cópia dela concordou.

Elas piscam pra mim e eu apenas abro um sorrisinho. Será que nós conseguiremos salvar a minha mãe sem o Ash? Será que todos nós iremos voltar? Tenho medo. Mas não posso deixar que meus amigos percebam a minha fragilidade. Não posso. Não de novo.

Nós começamos a nos levantar quando escuto um barulho de porta sendo fechada. Olho para a porta da casa de Ash e vejo ele saindo com uma pokébola na mão. Então ele realmente vai junto. Abro um enorme sorriso. Yuri olha para mim com um olhar de “eu te disse” e eu o abraço.

— Nunca mais duvido de você.

Ele sorri e nós corremos até onde os adultos estão. Lily pega Yuri no colo, Drew pega Diego, May pega Julia, Paul pega Paula, Dawn pega Pietra e tio Brock me pega.

Ash se junta á nós e olha pra mim.

— Eu não sou covarde.

Ele entra no carro e eu começo a sorrir. Tio Brock parecia preocupado, mas depois de me ver sorrindo ele sorri também. Amo o meu tio.

Todos nós entramos nos carros. Eu vou com Tio Brock, Yuri, Lily, Dayse e Violet.

Drew, Julia, Diego e May vão com outro carro.

Paul, Pietra, Paula e Dawn vão com outro carro e Ash vai sozinho no carro dele.

Nós vamos até a praia. Será que a ilha Esmeralda é assim tão próxima daqui? A viagem é rápida. É como se eu nem estivesse aqui. Me sinto… vazia.

Todos nós saímos dos carros.

— Bem gente, agora nós temos que decidir quem vai ir com quem. – tio Brock começou falando.

Todos assentem, mas dindo Drew discorda.

— Primeiro temos que levar nossos carros para casa. Não podemos deixá-los aqui.

— E como faremos isso? – tia Lily pergunta.

Paul, Drew e Ash se entreolharam.

— Bem… digamos que nós temos nossos métodos.

Paul tirou Electivire da pokebola, Drew tirou Roserade e Pikachu pulou do ombro de Ash.

— Mas ainda vai faltar um. – tio Paul falou, meio pensativo.

— Não se preocupem. Charizard cuida do carro de Brock.

Ash retirou Charizard da pokebola.

— Leve o carro de Brock para a minha casa. A minha casa fica mais perto, então acho melhor que todos os carros fiquem lá. O que acham? – ele não parecia realmente perguntar.

Quem que disse que ele vai ser o líder?

— Pode ser.

— Entrem nos carros. – tio Drew manda.

Os Pokémons obedeceram. O que será que eles estão aprontando? Eu ainda não entendi.

Charizard levantou o carro de Brock do chão e alçou vôo! Meu Deus! Ele é forte. Muito forte! UAU!

Pisquei meio confusa e voltei a olhar pro Ash. Pikachu entrou no carro dele, Roserade entrou no carro de Drew e Electivire entrou no carro de Paul. Os Pokémons deram partidas e os carros saíram em direção à casa de Ash. ELES ENSINARAM SEUS POKÉMONS A DIRIGIR?!

QUE DEMAIS! POR QUE A GENTE NUNCA FEZ ISSO?!

— Não me diga que vocês os ensinaram a dirigir! – tio Brock quase gritou e eu me afastei um pouco dele.

— Foi difícil, mas ao menos agora não precisamos nos preocupar. Eles chegam logo. – Ash falou, exibido.

Mamãe disse que é feio ficar se exibindo!

— Togepi poderia ter tele transportado todos os carros para sua casa. – levantei uma sobrancelha.

Aposto que ele só queria aparecer.

— Assim é mais divertido.

Ele falou de modo frio comigo. Não liguei, eu imaginei que seria assim. Só quero minha mamãe de volta.

— Ok, eu espero que o meu carro chegue inteiro à sua casa Ash.

— Charizard sabe o que faz, Brock. Aprendeu comigo.

— Agora sim que eu me preocupo.

Todos nós rimos. Ash não pareceu ter gostado da brincadeira, mas ele fez uma careta engraçada. Esta viagem pode não ser tão chata e com Ash conosco as chances de encontrarmos mamãe aumentam!

— Enquanto isso, nós vamos vendo aonde cada um vai. – tio Paul foi se adiantando.

Graças a Deus pararam de enrolar!

— Boa ideia! – tio Drew concordou.

— Nós vamos com o Milotic. – tia Dayse e tia Vi falaram juntas. É tão engraçado como as tias conseguem falar ao mesmo tempo, às vezes…

Todos fazem que sim com a cabeça.

— Lily, Yuri e eu vamos com o Gyarados. – tio Brock falou.

Eu não vou com eles? Mas… por quê?

— Eu e mais alguém podemos ir com o Lapras. Ele aguenta bastante gente. – Ash murmurou.

Eu não me importo com ele. Por que não posso ir com o tio Brock?

— Certo. Paul, Dawn, Paula e Pietra vocês vão onde? – tio Brock ainda não me olhava, mesmo que continuasse a arrumar tudo.

— Vamos com o Tentacruel, Brock. – tia Dawn.

Se a ideia foi do tio Paul, por que ele não organiza pro tio Brock poder me explicar o motivo de eu não ir com ele?

— Certo. Drew, May, Julia e Diego?

— Vamos com o Blastoise, Brock.

Tio Brock, para de falar com a tia May e fala comigo!

— Certo. – ele demorou um pouco pra falar, mas depois olhou pra mim. – Yuki, você vai com Ash com o Lapras. É melhor. Mais espaçoso. Quando Misty chegar, ela volta com vocês também.

Eu não quero! Formo meu melhor beiço, mas não digo nada. Discussões só vão nos atrasar. E eu só quero achar a mamãe.

Não esperamos muito e os Pokémons deles chegam e Ash coloca Charizard na pokebola. Drew e Paul fazem o mesmo com seus Pokémons. Tia Lily retira Gyarados da pokebola e ela, Yuri e tio Brock sobem nele. O Gyarados entra na água e nos espera. Queria estar com eles…

May tira Blastoise e Drew, Julia, Diego e ela sobrem nele. Blastoise nos espera na água junto de Gyarados. Ou com eles.

Dawn retira Tentacruel da Pokébola e sobe nele. Paul, Pietra e Paula sobem logo depois dela. Com eles também podia ser.

Ash olha pra mim e lança a Pokébola. Com ele eu não quero ir.

UAU! QUE LAPRAS LINDO! Eu nunca tinha visto um antes… é um dos Pokémons aquáticos que eu nunca vi…

Eu me aproximo e ele me cheira. Faz cócegas. Ash sobe facilmente no Lapras, mas eu não consigo. É muito alto. Então eu vejo uma mão na minha frente.

— Quer ajuda?

Não de você! Mas… não consigo subir sozinha. Eu faço que sim com a cabeça. Pego na mão dele e Ash me puxa para cima do Lapras. É difícil sentar nessa casca, praticamente, que ele tem nas costas. É muito difícil de conseguir me equilibrar. Ash virou pra frente, sem se importar em me ajudar a me ajeitar. Ah, obrigada!

O Lapras começa a nadar, assim como todos os Pokémons. Em menos alguns segundos ele fica na frente de todos os outros. Ele é rápido. Rápido demais. EU ACHO QUE VOU CAIR!

Fecho meus olhos. Não sinto mais o Lapras em baixo de mim. Sei que logo sentirei a água em baixo de meu corpo. Espero que eu consiga nadar em alto mar. Mamãe, por que você não tá aqui pra me salvar agora?

Continua…