Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 12
Uma raiva fora do comum




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Ash P.O.V

— Então, o que aconteceu com a Misty?

Pra terem me procurado, ela deve estar muito mal. Ela deve me odiar da mesma forma que eu deveria odiá-la.

Yuki respirou fundo e mordeu o lábio inferior, para então começar a me contar o que aconteceu.

— Bem, eu fui pra escola. – ela fez uma pausa, para que uma careta aparecesse. Ri ao perceber que ela gosta tanto da escola quanto eu. – E, do nada, entram o tio Brock, a tia Lily, o dindo Drew, a dinda May, o dindo Paul e a dinda Dawn. – ela respira fundo, tentando recuperar o fôlego. Realmente, é bastante gente pra invadir a sala. – No inicio a gente pensou que fosse porque a gente tinha ficado conversando na aula do chato do sor Harley. – ela comentou casualmente, como se fosse um ato corriqueiro. Meu sorriso cresceu um pouquinho, mas só um pouquinho. – Mas, aí, eu não vi minha mamãe nem meu papai. Não liguei muito quando não vi o bobo do Rudy…

A interrompo.

— Como assim “bobo do Rudy”? Ele é seu pai não é?

Ah, pequena, se você soubesse como me deixa feliz só com essas simples palavrinhas… afinal, a vida dele não é tão perfeita assim.

— Era meu pai. Era!

Ôpa! Agora passou um pouquinho da birra infantil que toda criança tem. Não que eu saiba tudo sobre crianças, mas convivo bastante com meus afilhados, então sei que uma rebeldia, de vez em quando, é normal.

— Por quê?

— Se você calar a boca e me escutar, eu explico.

Arregalo meus olhos. “Calar a boca”? Pensei que ela não falasse palavrões! O que a Misty anda ensinando pra essa criança?!

Franzo os lábios e não respondo. Se ela quer silêncio, é isso que terá.

— Continuando… mas a minha mamãe não estava lá, e isso me deixou preocupada, muito preocupada. – ela respirou fundo de novo, como se tentasse se impedir de chorar. Minha carranca se desfez. Por que ela está tão triste? É bonita demais pra ficar triste. – Eu quase chorei quando a minha mãe não apareceu, porque eu sabia que tinha alguma coisa errada… – e eu também, Misty nunca deixaria os outros falarem por ela, pelo menos, não quando ela mesma pudesse fazê-lo. Além disso, ela adora dar bronca nos outros. – Eles tiraram a gente da aula, o que foi ótimo, porque ninguém mais suportava as aulas do sor Harley, e nos levaram pra minha casa. Quando a gente chegou, todos nós já sabíamos que tinha algo errado, porque minha mãe nunca ia deixar de me dar um sermão. Essa é uma coisa que ela adora fazer.

— Concordo plenamente – não consigo evitar o comentário, quebrando minha promessa interna de não voltar a falar com ela até eu saber da história toda.

— Então eles nos mostraram esse bilhete. – ela me entregou um bilhete todo amassado; tinha uns pingos nele também, mas já estavam secos.

Li o bilhete e entendi o porquê dos pingos; Misty estava chorando. Lembrei-me de quando a vi no carro, o brilho mínimo em seus olhos, as bochechas vermelhas, a tristeza no olhar… ela não queria viajar.

Lembro-me que ela estava massageando os braços, que estavam vermelhos. Reli o bilhete e percebi a mensagem secreta. Não havia percebido antes, pois estava preocupado demais em saber o que havia acontecido com ela. Não percebi os detalhes. Tinha alguma coisa na geladeira. Tem que ter, mas eu sei que o Brock já percebeu, e que provavelmente está com Yuki.

— Yuki, pode me entregar o quer que sua mãe tenha colocado na geladeira?

Ela sorri, como se eu acabasse de provar que ela estava certa – mesmo que eu não saiba o porquê –, e me entregou uma carta.

Pisco algumas vezes no decorrer da carta. “Digamos que ele não aceitou muito bem…”. Os braços vermelhos.

“Digamos que ele não aceitou muito bem…”; “Digamos que ele não aceitou muito bem…”; “Digamos que ele não aceitou muito bem…”; “Digamos que ele não aceitou muito bem…”.

Eu vou matar o Rudy.

— Certo – é tudo o que consigo dizer, antes de devolver a carta para Yuki.

Fecho meus punhos, tentando impedi-los de tremer. Aquele desgraçado… ele…

Respiro fundo mais uma vez, tentando me controlar. Yuki provavelmente vai ficar assustada se eu chamar Charizard e subir nele, em direção ao lugar que Rudy está neste presente momento. Respiro fundo novamente. Um, dois, três, quatro, cinco… CONTAR NÃO AJUDA ESSA VONTADE ASSASSINA DO CARALHO A SAIR, PORRA!

E não importa que eu não saiba onde que ele tá. Eu acho. Vou até o inferno se for preciso… AAAH! FILHO DA PUTA!

QUEM AQUELE FILHO DE UMA PUTA PENSA QUE É PRA BATER NA MINHA RUIVA, CARALHO?! QUEM ELE PENSA QUE É PRA TOCAR NELA?!

Mas Misty não é inocente também. Como pôde se deixar levar assim, porra?! Ela é uma das melhores treinadoras Pokémon do mundo! Se ele a atacou no ginásio, ela devia estar cercada pelos melhores Pokémons que tinha. POR QUE A VADIA NÃO REAGIU?!

Levanto e me viro de costas pra Yuki, usando todo o autocontrole que eu tenho pra não jogar a merda do abajur na parede. Filho da puta. Ah, Rudy… ah, Rudy, como eu quero te matar. Apertar meus dedos ao redor do seu pescoço até que você fique roxo e caia no chão, morto. Pra suas mãos imundas nunca mais chegarem perto da minha mulher.

Pikachu aparece no meu campo de visão e sobe no meu ombro, acomodando sua cabeça junto à minha. Ele me acalma, ou, pelo menos, tenta.

— Pika Pi Pikachu, pika? “O que houve, Ash?”

— Ele bateu nela, Pikachu. Aquele filho da puta bateu nela. – sussurrei baixinho, para que apenas ele ouvisse.

Não sei se Yuki conseguiu concluir isso sozinha ou se Brock resolveu omitir isso dela. E essa não é a melhor hora pra se falar disso. Respiro fundo uma última vez e volto a me sentar. Continuo lendo a carta, sentindo meu ódio crescer a cada instante.

Não basta o filho da puta bater nela, tem que sequestrar também. Porra, ela não me queria ajudando? Sério isso? Prefere ficar presa a esse desgraçado, filho duma égua, a ser ajudada por mim? Além de vadia é burra.

Desvio os olhos da carta e a jogo meio longe, tentando manter minha sanidade. Percebo que Pikachu compartilha da minha raiva, mas ele finge estar calmo. Sabe que, se eu ver que ele compartilha da minha ideia de matar Rudy – e eu sei que ele compartilha – nada vai me parar. Talvez eu deva agradecer a ele por fingir tão bem. Mas não agora. Agora, tudo o que eu quero é sangue. O sangue dele.

— A Myst foi raptada. – concluí, sem acrescentar nada a mais.

A raiva que eu sinto não pode ser presenciada por uma criança tão nova quanto ela. Seria traumatizante.

Yuki assente lentamente com a cabeça, tão triste que chega a apertar meu peito.

Brock, onde você tá pra tirar ela daqui e me deixar quebrar algumas coisas?!

— PIKAAAAAAAAAAAA? “O QUÊ?!”

Finalmente ele perde a calma. Que lindo. Consegue se controlar quando descobre que ele bateu nela, mas fica puto ao saber que ela foi sequestrada? Ah, Pikachu, aprende a ter prioridades!

Tento me controlar para não demonstrar o ódio gigante que eu sinto, mas não dá muito certo. Meu sorriso é falso, assim como as palavras que saem da minha boca.

— Calma, Pikachu. A gente vai achar ela.

— Pika pi? “Podemos matar?”

Sorri para ele com os dentes cerrados, deixando claro que eu desejo isso com toda a vontade que se pode ter.

— Pensarei a respeito.

Mas, para bons entendedores, isso é um sim.

— Pi, pika pi pikachu kapi pichuka “Eu, o Bulbassaur, Chikorita¹ devemos ir, com certeza”. – ele parou para pensar, mas continuou, antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa. – Pi kachupi pikaaaaaa pichu pikakapiiii pikaaa. “Chame o Charizard e o Squartle também, acho que a Buterfree² adoraria ir também”.

Ah, Pikachu, com a raiva que eu ‘tô, nocauteio ele sozinho. Não preciso de tanta ajuda assim. Solto uma risada nervosa, tentando relaxar e fazê-lo relaxar também. Mas tá difícil. Realmente preciso quebrar alguma coisa. Qualquer coisa.

— Calma, Pikachu. É só o Rudy, pra que esse batalhão todo? Acho que a Chikorita não vai gostar muito de ir…

Preciso me distrair. Falar banalidades normalmente ajuda a esquecer a raiva.

— Pika pika piiii pikaaa “ela não tem mais ciúmes de você”

Pikachu faz o mesmo que eu. Falar banalidades para esquecer a raiva. Me interessar em algo banal pra esquecer a raiva. Esquecer… “Digamos que ele não aceitou muito bem…”

— Acha mesmo?

Não está funcionando. Falar banalidades não funciona! Preciso pensar em outra coisa. Não posso pensar no Rudy agora,

Chikorita sempre foi carinhosa comigo e eu pensei que ela iria matar Misty quando nós começamos a namorar, mas assim que ela tinha aceitado Misty e elas estavam ficando amigas, nós terminamos e eu ouvi muitas juras de morte à Misty vindas por parte dela.

Mesmo assim, ela é uma boa opção. Seus chicotes devem fazer um belo estrago em Rudy. Gostando ou não de Misty, Chikorita detesta Rudy. E tudo isso porque eu o detesto.

“Digamos que ele não aceitou muito bem…”

Não o detesto. Eu o odeio.

— O que o Pikachu está dizendo? Eu só estou vendo o Togepi quase cair aqui do sofá de tanto rir – ela também sorriu ao ver seu querido Pokémon no sofá, rolando.

Qual a graça, Togepi? Ah, sim. Pikachu convocou todo mundo. Relaxe e sorria, Ash. Ela tem seis anos, não pode saber que quer o sangue do pai dela e suas mãos. Mesmo que queira desesperadamente isso.

— O que houve, Togepi? Não é assim tão engraçado. – eu ri, mas ou ele fingiu que não me ouviu, ou literalmente não me ouviu.

Risada bem falsa, a minha. Ainda bem que a mini não me conhece. Cadê o Brock pra tirar ela daqui?! Preciso quebrar esse abajur. Ele tá implorando pra ser quebrado.

— Pikaaa Pikachu, pika chupi, chupika, pipipi! Pikachuuuuuu pika!!! Pika Chu Chu piiii pikaaaaaa pika? “Pare de rir, temos que nos organizar para ir atrás do Rudy, Togepi! Os melhores Pokémons da Misty devem estar com a Yuki! Temos que nos organizar para sairmos logo, ok? Eu quero o sangue dele.”

Togepi parou de rir e eu forcei uma risada. O clima ficou tenso, mas o desejo sanguinário não era apenas de Pikachu. Era meu e de Togepi também.

Mas o assassinato de alguém não deve ser planejado na frente de uma criança de seis anos.

— Você realmente não perde tempo, Pikachu. – tentei descontrair novamente.

— O que ele está dizendo? – Yuki perguntou confusa, sem perceber que Togepi já não ria mais.

— Não se preocupe, sua mãe será salva rápido. Pikachu já está organizando as tropas Pokémon – eu comecei a rir, tentando tornar tudo uma brincadeira.

Mas não era. Pikachu convocava meus mais antigos e treinados Pokémons. Uma tropa de elite. Uma equipe vencedora. Uma morte certa ao Rudy.

— Tropas? – perguntou assustada.

— Togepriiiiiiiii toge toge piii togeeeeeeeee! Toge pri to, toge toge pri, togepriiiii, toge pri toge toge priii “Calma, Pikachu, ainda estamos esclarecendo tudo a vocês! Mas sim, Yuki está com os melhores Pokémons da Misty, mas acontece que ainda nem sabemos onde Misty está.”

Franzo minhas sobrancelhas. Togepi sempre sabe onde Misty está.

— Por que não faz contato com ela, Togepi?

— Toge, toge prii!… Togepi Toge to, ge ge togepri “Tem algo bloqueando a gente!… Estou confuso, não sei o que pode fazer isso.”

Não tive tempo de me assustar com a nova informação; Pikachu logo achou a solução para o problema.

— Pikaaa, pika chuuuu pika Chu pika piiiii pika pika? “Sem problemas, o Ash resolve isso, certo Ash?”

— Pode deixar comandante! – eu coloco minha mão na testa e depois a retiro, fingindo que o Pikachu é um general ou coisa do tipo – descobrir onde a Misty está não é tão difícil, tenho até as minhas suspeitas.

O carro. Ah, Rudy, eu juro que você vai pagar caro pelo que fez com a minha ruiva. Muito caro.

— ONDE?! – ela parecia tão desesperada, mas eu não iria dizer, não tão facilmente.

Não sabendo que tenho a opção de ficar sozinho por alguns segundos.

— Chame os outros, vamos falar com todos de uma vez.

Esperei que ela corresse até o lado de fora e atirei o abajur contra a parede. O alívio que senti não foi o suficiente para diminuir a raiva, mas ajudou. Peguei o copo que tinha esquecido ali perto há alguns dias e ele seguiu a trajetória do abajur.

Talvez, se eu destruir a minha casa inteira, essa raiva diminua.

Continua…


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Notas finais do capítulo

yoooooooo people!!!!!
o q acharam???
e agr... onde Misty está?
vlw pelos revieeews! qero maaaaaaais
Bjs e teh + ^3^/


Obs (05/05/2014): Esse capítulo demorou, eu sei. Mas logo, logo vai ficar mais simples. Só preciso que tenham paciência. Meu tempo anda cada vez menor, sério, perdão, gente ;c
Alguém acompanhando os capítulos reescritos?



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