Amor internacional escrita por Walker


Capítulo 30
Pouca sombra


Notas iniciais do capítulo

OI, EU DISSE QUE IA DEMORAR MAS NÃO DEMOREI HUE.
E então gente, chegou o momento fatídico. O fim de Amor Internacional.
Eu caprichei nesse capítulo, gostei dele. Espero que gostem também.
Ainda vou postar os agradecimentos, mas esse aqui foi o final (choremos)...
Até lá embaixo.



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– Cinco cinco cinco, vinte e quatro sessenta e dois. Grava esse número, grava! - Eu praticamente berrava.

– Cala a boca, Celina! - Berrou de volta meu querido marido.

Sim, é. Eu, Celina Gusmão, casada. Megan nunca mais olhou na nossa cara, e nós noivamos cinco anos até o fim da faculdade.

Estávamos no nosso apartamento, novinho. Era bem pequeno, mas dava pro gasto até que nós conseguíssemos mais dinheiro para financiar um maior quando os bebês chegassem (ou que eu pelo menos os concebesse, né). As caixas estavam espalhadas por todo o canto e eu estava arrumando uma delas na sala de estar enquanto Peter via alguma coisa no nosso quarto.

– Anotou? - Berrei novamente.

– Qual era o número mesmo?!

Bufando e praguejando eu me levantei, fazendo contorcionismo para me desviar das caixas até a porta do nosso quarto.

Bem, ele já tinha a cama lá. Tinha algumas estantes cravadas na parede, mas sem nada em cima, e parecia que iríamos demorar um tempinho para que nossa casa fosse uma "casa" e não um galpão. Vi Peter sentado na cama retirando algumas coisas de uma caixa. Ele agora estava mais amadurecido, isso se percebia também pela sua expressão e suas roupas, tanto pela minha magnífica influência quanto pelo fato de ter arranjado um novo emprego na Apple de Miami. Sim, Apple! Ele melhorou consideravelmente nas notas e também na faculdade, fazendo engenharia da computação, e mexendo alguns pauzinhos conseguiu entrar na empresa.

– Me dá essa porcaria de bloquinho de notas, você não sabe fazer nada. - Resmunguei, pegando com força o bloquinho ao seu lado. - Esse aqui é o número da decoradora.

– Mas porque decoradora? Nós estamos bem com a nossa decoração. - Ele me olhou, fazendo cara de desentendido.

– Só porque quem faz tudo sou eu! - Exclamei, jogando as mãos para o alto. - Inclusive limpar o banheiro. Você sabe quanta água sanitária foi necessária para tirar o cheiro de xixi de lá? Hein? Vou ter que comprar um funil ou o quê? Faz xixi sentado! Alô? - Alguém atendeu do outro lado. - Sim, é. Gostaria da decoradora, meu endereço está no sistema. Celina Gusmão. Isso. Dez minutos? Maravilha! Até lá.

– Celina, você tá bem? - Perguntou Peter, cauteloso, se levantando para ficar na minha frente. Por intervenção divina eu crescera uns dois centímetros e não estava mais tão baixa quanto antes. - Está muito estressada, mais do que o normal.

– Eu estou, é só a mudança mesmo. - Respirei fundo. - Vou fazer até um esforço para comprar um funil bonito pra você.

Ele riu e me deu um beijo, para depois se separar e continuar sua tarefa enquanto conversávamos. Logo depois, a campainha tocou.

– Olha só, que eficiente! Peter, eu disse para anotar o número, né? Essa decoradora chegou em um piscar de olhos e... - Quando eu abri a porta, minha alma foi até o céu e voltou.

Lá estava ela, a Loira Peituda com cabelos mais curtos. Agora parecia que estava malhando, então estava tão bonita que até me dava vontade de jogá-la escada à baixo. Seus cabelos agora platinados estavam em estilo Chanel, estava com um batom carmim confrontando a pele branca e usava um vestido florido. O sorriso só fez aumentar ao me ver.

– Celina, oi! - Me abraçou. Essa menina é doida, por acaso? - Como você está?

– Oi, vac... Tracy. - Sorri. - Cadê a decoradora?

Ela fez o movimento ridículo que parecia mostrar a si mesma.

– Voilá. Posso entrar? - Pediu ela, já entrando, e eu lhe lancei um olhar a laser.

Não me entendam mal, sério, eu não guardo rancor daquele tempo. Nem da Megan. Mas é que, quando nos casamos uma semana atrás, a doida da Tracy apareceu para nos cumprimentar e por acidente derrubou uma das velas da igreja no meu vestido. Apaguei a tempo, mas chamuscou o meu vestido de casamento! "Tudo bem, calma, não foi nada" ela me acalmou. Ah, eu queria mesmo é chamuscar a cara dela pra ver se não ia ser nada.

– Nossa, vocês vão precisar de uma bela ajuda, mas não se preocupe. Eu.. --

– Amor, a decoradora já chegou? - Peter apareceu do quarto e encarou Tracy, atônito. - Tracy, que surpresa!

Ela se jogou em um abraço mais que desnecessário nele, e cheguei perto para marcar território.

Nesse momento eu senti um enjoo súbito e terrível, e não foi só pelo perfume enjoativo dela. Antes que eu pudesse fazer algo, senti que iria vomitar e comecei a suar frio. Para a infelicidade dos sapatos Prada de Tracy, toda a comida do mês inteiro foi parar bem em cima de seus pés. Ela gritou.

– MEU DEUS! VOCÊ FICOU DOIDA?! ERAM NOVINHOS! - Berrou na minha cara, enquanto Peter vinha para me ajudar. - QUER SABER? ESPERO QUE ISSO AQUI FIQUE QUE NEM UM CORTIÇO, EU VOU É EMBORA.

E saiu espalhando vômito nojento por todo o apartamento até a porta, fechando com força.

– Cê tá bem? - Peter me perguntou, tirando a blusa (que físico - e só pra mim!) e limpando meu rosto com ela. Tinha seu cheiro.

– Sim, estou, mas não vou ficar se continuar exibindo esse seu peitoral aí. Tá sentindo calor ou sou só eu? - Brinquei. Ele riu.

– Espera aí, gatinha. Vou pegar uma coisa.

E se meteu por dentre as caixas até nosso quarto. Voltou com um saco de farmácia, tirando de lá uma caixinha.

– O que é isso? - Perguntei, para logo depois ler "teste de gravidez".

– Sabe, eu já suspeitava. Seu ciclo está atrasado, você está estressada, vomitando nos sapatos alheios... - Ele pareceu envergonhado, pondo a mão na nuca. - Sei lá, você não acha que poderia estar grávida?

Minha mente gritava: "Como você não pensou nisso antes, sua idiota?!" mil vezes por minuto, assim como as batidas do meu coração. Ele havia juntado todas as pistas e eu aqui, achando que não era nada.

Corremos para a suíte.

– Espera aqui. - Disse, afobada, e entrei no banheiro.

Três minutinhos, só três. Passou um segundo, dois, três, quatro... Pareciam ser três milênios. E finalmente deu o resultado. Meu sangue gelou.

– Parabéns, papai. - Sorri ao sair do banheiro e corri para abraçar Peter.

***

Peter.

Treze anos, já? Não acreditava que a minha filha, que parecia um amendoim minúsculo que nem a mãe, já ia fazer treze anos.

– Per la Madonna, que vestido é esse, mia bella? Tua mãe escolheu, né? - Lori tagarelava. Virou-se para o marido, o menino que conhecera no sítio.. - Olha pra essa decepção de vestido, Antony, e me diz se Celina tem bom gosto.

– Tá tão ruim assim? - Perguntou Alice, com olhos gigantes que nem o do Gato de Botas. - O senhor acha, tio John?

– Bem, querida... - John começou, torcendo o nariz. Ele e Júlia haviam namorado por mais uns anos, mas agora ele estava com outra, Amanda. Vi que ele ia falar alguma besteira e logo interferi.

– Tá lindo, meu amor. - Sorri para Alice, que me olhou satisfeita com aqueles olhos tão parecidos com os da mãe e dei um beijo na sua cabeça, que ostentava cabelos louros como os meus. - E vocês calem a boca, era isso ou aquele short menor que a vida. Cadê a Celina?

– Ela foi receber a tia Kim e os amigos. Seus pais e os pais dela já estão chegando também.

De repente, vi um garoto entrando na festa decorada com balões rosas e uma pista de dança com músicas "da moda".

Não gostei dele de cara.

Descolado, uma camisa Polo verde, calças baixas jeans e escuras, um sorriso despretensioso, relógio bonito e presente na mão. Era mais alto que Alice e tinha algum parentesco com coreanos, percebia-se pelos olhos e pelo cabelo preto espetado. Já a pele era morena. Ele, tenho que admitir, era quase mais bonito que eu com doze anos. E eu não era feio.

– Droga. - Alice praguejou do meu lado enquanto ele cumprimentava os nossos familiares.

– O que foi, é pra eu pegar minha pistola? - Perguntei, alerta, e ela riu.

– Não é necessário. Mas bem que poderia. Esse aí é o Jack. - Ela sussurrou pra mim. - Não gosto muito dele. É bem irritante, vive implicando comigo. Mas o convidei por educação.

Antes que eu pudesse falar algo, o menino chegou até nós e sorriu para mim, apertando minha mão.

– Olá, Sr. Uckerman. - Sua voz ficou um pouco mais fina quando apertei o cumprimento. Larguei sua mão. - Feliz aniversário, Pouca Sombra.

Fiquei atônito. Eu conhecia esse filme.

– Beleza, Hamoy. - Ela aceitou o presente.

– Vou ali, falar com os meninos que chegaram. Se cuida, Leprechaun.

Alice revirou os olhos e virou-se pra mim de novo.

– É um idiota, né? - E deu uma risada. Ele se parecia tanto comigo em personalidade quando mais novo.

– É sim, filha, é sim... Mas assim como sua mãe, acho que você dá um jeito.

E que tudo comece novamente.

Fim.


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Notas finais do capítulo

ÊÊÊÊ CABÔ.
Feliz e triste aqui, pessoal. Obrigada por tudo! Vocês são demais. Vou logo escrever os agradecimentos.
Espero mesmo que tenham gostado, eu gostei particularmente, deixem suas opiniões.
Alice Uckerman: http://thelegendofthecrystalskulls.com/wp-content/uploads/2013/12/baby-katy-perry-childhood-rockstars-310a-260908.jpg
Como vocês imaginam o Jack?
Beijoos.



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