Quando eu voltei pra casa já estava um pouco tarde, e vi que Peter me observava quando entrei no quarto. Nós nos encaramos por um segundo e eu crispei os lábios. A conversa com Carlos ainda estava fresca em minha mente, e eu me lembrava claramente dele dizendo que talvez eu estivesse sendo dura demais.

Tá, eu admito que eu era a menina mais ciumenta da face dessa Miami, mas poxa, a Megan era linda e estava caidassa pelo Peter, vocês precisam me entender. Só que eu também sei que preciso confiar no Peter. E eu estava sendo idiota por não confiar. Meu queixo tremeu um pouco, me segurando pra não chorar (TPM sendo sempre presente) e saí correndo pra cima dele.

Acabei o derrubando, mas não tem problema, só quebraram alguns ossos. Senti seus braços conhecidos se fechando ao meu redor e fiquei lá, naquele abraço quente, por alguns minutos.

– Desculpa. Eu sou muito idiota por não ter confiado em você.

Ele me largou e me encarou, com um sorriso de canto típico dele.

– Eu sei. - Peter disse, colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha. - Mas eu te desculpo.

Sorri e o abracei de novo. Nem me lembro quando nem como dormi, mas acordei no dia seguinte ainda abraçada nele. E foi com um susto que percebi que era daquele jeito que eu gostaria de acordar todos os dias da minha vida.

Drámatica, mas o amor é assim mesmo.

P.O.V narradora.

– Olha isso, olha isso! - A ruiva disse, olhando para o casal feliz que chegava na escola. - Lori, olha ali!

Lori, entretida em uma barra de cereal, olhou para onde Megan apontava, para então abrir um sorriso.

– Lindos! Bravo! Sabia que eles não ficariam de mal por muito tempo. - Disse, satisfeita. Megan a olhou como se a fuzilasse com o olhar.

– Mas o quê? Acho que esse sorvete que você come todo dia está te alienando, garota. Eu me esforcei tanto para que eles brigassem e você fica feliz? Fala sério. - Rolou os olhos.

– Praga, Meg. Que coisa, quantas vezes eu já disse que sorvete é uma palavra feia? Gellato é tão mais bonito, elegante... Mas enfim, olha só, qual o problema deles ficarem juntos? O Peter e a Celina são perfeitos. - A menina deu uma última mordida na barrinha de cereal, lançando um olhar recriminador para a amiga.

– Que isso, Lorenza? Peter é perfeito, sim, mas Celina é tão sem sal... Olha, eu não queria fazer isso, mas parece que vai ser preciso. O plano B é o melhor pra trazer ele diretamente pra mim. - Megan deu um sorriso assustador. - Beth! Elizabeth, vem cá!

Uma garota loura com algumas mechas coloridas no cabelo se aproximou, mascando um chiclete despreocupadamente.

– Fala, ruiva. - Ela deu um sorriso. - Qual é a da vez?

– Tá vendo aquele casal bem ali?

– Sim, e daí?

– Faz o seguinte...

P.O.V Peter.

Eu estava de boa conversando com John, Julia, Star e todo o pessoal, quando uma garota meio rockeira chegou. Eliza, Ella, algo assim eu acho, e ficou me cutucando incomodamente até eu olhar. Sério, como odeio que me cutuquem.

– Oi, cara. Legal essa jaqueta sua. - Antes que eu pudesse agradecer, ela me interrompeu sem dó. - Tá vendo aquela ruiva de salto ali? Com um bagulho de glitter na cabeça, ridículo? Pois é, ela tá dando uma festa, e você e sua namorada estão convidados. Sexta feira, de noite, daqui a dois dias. Oito horas. Tá, beijo, tchau.

E saiu, sem me deixar falar uma palavra. Quando ela falou de Meg, fiquei logo apreensivo. Celina já ia ficar chateada de novo. Mas quando olhei pra ela, ela só sorriu e assentiu, como se dissesse que seria legal ir.

Parece que ela estava mais Zen, o que me deixou bem feliz. Entramos na escola, assistindo uma aula chata pra caramba logo no primeiro horário, e o próximo seria a Ed. Física (que eu particularmente gostava bastante). Eu e Celina não tivemos muito tempo pra conversar, já que Kimberly estava bem de novo e ela estava dando bastante atenção pra amiga, então quando acabou a aula de biologia eu me dirigi pro vestiário com John. Nós ficamos conversando bobagens enquanto as garotas passavam dando risinhos e nos encarando.

– Vai ser legal essa festa da ruivinha. - Ele comentou, enquanto nos trocávamos.

– Também acho, embora a Cê não goste muito dela.

Começei a vestir o short de exercício, um cinza com uma palmeira pequena na ponta, super hiper ridículo, sem nem perceber a presença de Lori na porta do vestiário.

– Olha, eu conheço a raça feminina mais do que me conheço,- Aham, tá bom, pensei. - E ela parece estar mesmo afim de ti.

– Toma vergonha na cara, menino, desde quando você conhece a raça feminina? - Eu ri, guardando minha roupa e indo pra quadra, mas Lori me parou.

–Oi Lori! O que foi? - Perguntei, sorrindo.

– Oi, Pet. Eu preciso falar algo com você, bem sério. - Ela estava bem apreensiva. - Não beba na festa de sexta, por favor.

– O que você quer dizer com isso? - Ela se importava se eu ficava bêbado? Não entendi.

– Só não beba, você vai me agradecer.

– Mas...

– Per la Madonna, Peter, só não beba na droga da festa! - Ela se irritou, pisando forte e saindo com seus passos de bailarina.

Ok, isso foi bem estranho, mas Lori era meio doidinha mesmo então resolvi seguir meu caminho pra quadra.

Porquê eu não fui ouvir ela, meu Deus?