Três semanas depois.

– Mas porque ela?! – Exclamei, jogando os braços para o alto e andando pelo meu novo quarto na minha nova casa.

– Eu adoraria que fosse você, Celina, mas a professora escolheu a Meg. O que eu posso fazer? – Tentou apaziguar a situação.

– Meg? Meg? De onde surgiu essa intimidade, Uckerman?

– Ai, Celina, para com ciúmes, beleza? Caraca, chega! – Peter exclamou. – Tô saindo pra minha aula, depois eu volto pra gente jantar.

– Vai, tô nem ai. – Disse, na defensiva. E ele foi mesmo. Ah, eu ia matar esse menino.

Eu estava tão chateada assim com Peter naquele dia por causa da “Give me a teach”. Esse programa tinha sido inventado pela escola para que os alunos mais inteligentes dessem aulas para os mais desleixados, tipo o Peter. Eu tinha dado umas aulas pra ajudar ele antes, mas nós sempre fazíamos de tudo menos estudar, então a professora designou a mais nova aluna da nossa classe, Megan A Nojenta, pra dar aula pra ele. Nem pra ser aquela amiga dela, a Lori, que era um doce de pessoa. Mas a Megan... Ela era tão... Perfeita. Sim, essa era a palavra, e me irritava tanto!

Dei uma última arrumada no meu quarto pra então sair e ir tomar um sorvete com meus pais. Estava tão melhor com eles ali, se era possível, e eu estava adorando. Ficamos conversando enquanto eu tomava meu mais que tradicional sorvete de queijo quando meu celular tocou.

– Alô? – Atendi.

– Celina, amor da minha vida! – Kim disse. Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios. Kim já estava muito melhor, e mais algumas semanas ela estaria cem por cento. Ela já havia tirado alta fazia uns dois dias, e eu estava super feliz.

– Kim, oi! Como você tá? – Perguntei.

– Tô ótima, eu liguei pra... Ei, espera, Lori... Larga o celular, deixa eu... – O celular caiu e logo foi apanhado. – Celina, mia bella! Eu e Kimberly queremos saber se você quer vir pra tomar um gellato com a gente.

– Oi, Lori. – Ri. Lori e Kim caíram na mesma classe de biologia, e se tornaram bem amigas. No início fiquei com ciúmes, mas Lori era bem legal, então baixei a guarda.- Eu já estou na sorveteria, mas podemos ir no shopping pra comprar uns livros, o que acham?

Nós marcamos, e uma hora depois dei um beijo estalado em cada um dos meus pais e lá fui para um dos shoppings da cidade, onde havíamos marcado. As meninas sempre se atrasavam, e só fui me lembrar disso quando já havia chegado (dez minutos antes do horário marcado). Ou seja, eu iria apodrecer ali antes que elas chegassem. Então saí da fachada do shopping, entrando no local, e fui ver algumas lojas. Logo na segunda, vi um vestido perfeito que com certeza ficaria mais perfeito no meu corpo de modelo (tá, nem tanto assim), e entrei.

Experimentei ele e vi que tinha ficado bonito mesmo, e como o preço estava bem em conta, resolvi comprar.

– Crédito ou débito, moça? – Perguntou o cara que estava no caixa, que me pareceu bem familiar.

Ele era louro e tinha olhos cor de mel, um piercing no nariz e um sorriso bem bonito. Usava o cabelo bagunçado e alargador pequeno, e era bem bonitinho.

– Débito. – Dei um sorriso cordial.

– Hum... Celina, não é? Não sei se você lembra de mim, mas eu sou do curso de fotografia onde a irmã do seu namorado dá aula. – Ele sorriu. E lembrei dele.

– Ah, oi! Acho que ainda não sei seu nome.

– Sou Carlos.

– Carlos. Gravei seu nome.

Ele riu, educado.

– Pronto, aqui está. – Ele me entregou a sacola, e eu estava indo embora quando ele me chamou de novo. – Eu saiu daqui a uma hora, você gostaria de tomar um café, ou sei lá?

Pensei. Bem, isso não era um encontro, e ele não parecia ter muitas segundas intenções, então não vi muito problema.

– Claro. Eu estou com umas amigas, mas quando sair você pode me mandar mensagem e eu respondo dizendo se estou livre ou não, combinado?

Ele assentiu e dei meu número pra ele. Alguns minutos depois Kim e Lori chegaram, e nós papeamos um pouco. Carlos me mandou mensagem, mas eu não estava livre ainda, então tive que deixar pra outro dia. Quando deu sete horas, resolvi ir buscar Peter. Eu sabia onde a Ruiva Nojenta morava, já que uma vez ela tinha tentado dar uma de legal e me convidado pra ver um filme com ela, e eu tive que ir já que Peter também tinha sido convidado e eu definitivamente não iria deixar ela sozinha com ele. Eu confiava em Peter, mas nela... Era mais fácil que Osama Bin Laden ressuscitasse do que eu confiasse naquele arroto de Fanta Laranja.

Peguei um táxi e parei lá na frente. A mãe dela, Dona Melissa, atendeu. Ela tinha os cabelos negros presos em um rabo do cavalo e era bem legal. Logo me deixou entrar e disse que os dois estavam na piscina. Piscina. Biquínis. Sungas. Corpo demais. Não curti a informação.

P.O.V Peter.

Nós estudamos por umas três horas, e como ainda tinha tempo ficamos de bobeira. Megan tinha dois irmãos homens, Louis e William, e eles ficaram jogando videogame comigo.

– Ei, meninos! – Megan chamou, lá de fora. – Vamos pra piscina? Eu vou me trocar.

Não achei uma ideia muito boa, mas os garotos insistiram tanto que até me emprestaram um short de banho, e tive que ir. A casa de Meg era gigante, e a piscina também era muito legal. A água era aquecida e tinha umas luzes que brilhavam cores diferentes, o que dava um efeito super psicodélico

Nós ficamos jogando vôlei, apostando corridas, brincando de marco polo, e eu já estava pensando em ir embora quando...

– Vamos brincar de briga de galo? – Louis sugeriu, e os outros apoiaram. – Eu vou com Will e vocês vão juntos, beleza?

– Ah, não sei se é uma boa ideia... Não acho que Celina vá gostar. – Disse, duvidoso. – Ela diz que não é pra eu ter muito contato físico com outras meninas.

– Poxa, Peter... Mas ela sabe que somos só amigos! – Fez beicinho Meg.

– Acho melhor não, Meg.

– Tá. Que coisa... É bem chato quando a namorada manda no namorado.

Ok, pera aí. A Celina não manda em mim.

– A Celina não manda em mim. – Eu disse, convicto.

– Mas ela não disse pra você “não ter contato físico com outras meninas”? – Fez aspas com a mão.

– Não vai ter problema.

Eu abaixei pra deixa-la subir nos meus ombros. Nós formávamos um bom time, na verdade, e ganhamos várias vezes dos irmãos dela.

– Peter! – Uma voz conhecida me chamou. – Vem cá, um segundo?

Olhei e gelei. Celina me fuzilava com os olhos da borda da piscina.

Estou morto.