Amor internacional escrita por Walker


Capítulo 14
Nunca vá ao Havaí


Notas iniciais do capítulo

Hola muchachos do meu coração!
Cá estou eu com um capítulo recém saído do forno pra vocês, e nas notas finais temos alguns relances do próximo. Espero que gostem e bom carnaval, flores de laranjeira.



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O diretor do colégio se deu o trabalho de ligar pra todas as famílias dos alunos que foram para a excursão dizendo que iria reembolsar o dinheiro (imagino ele chorando nessa hora) e que teríamos a segunda feira de folga depois do que ele nos fizera passar.

Como o prometido, no dia seguinte eu iria com Kim para o médico, e ela estava tão ansiosa que me ligara um milhão de vezes no domingo me contando que precisava saber como era, e perguntando como que contaria aos seus pais. Eu a ajudei, e depois passei a tarde inteira com Peter antes de ele ir para a casa de John para ter uma conversa. E, bem, eu estava muito ansiosa pra saber sobre o que eles conversariam.

– Peter Von Uckerman, me fala! – Exclamei, ficando na sua frente e pondo as mãos na cintura, irritada.

– Eu já disse um milhão de vezes, Celina! Eu só vou conversar com ele, e pronto. – Explicou, tentando enxergar a TV atrás de mim, enquanto apertava botões que nem um macaco adestrado.

– Não disse, não. – Bufei, e tirei o cabo USB da TV, fazendo o joguinho bobo dele desligar e Peter começar a ter um chilique.

– Você está parecendo uma menininha, Peter. Senta aí, vai, e me fala exatamente o que vai falar. – Pedi, com um sorriso afetado, sentando ao seu lado.

– Eu te conto depois. Ah, e por falar nisso, já são duas horas. Tô indo pra lá, tchau, Pouca Sombra. – Antes que eu pudesse protestar ele me deu um selinho e saiu de casa.

Ele me tira do sério!

Peter.

Eu tentei me fingir de calmo e acho que Celina acreditou, quando na verdade estava com vontade de furar os olhos do John com um garfo. Ok, ele não tinha culpa da minha fúria, pra falar a verdade, mas enfim. A Celina é linda, legal e divertida, então acho que meu amigo podia muito bem querer sair com ela, principalmente achando que eu nem ligava. Mas eu ligo, e muito, só que ele não sabia, então resolvi me acalmar e respirar fundo umas quarenta e cinco vezes antes de entrar na casa dele.

– Olá, Sra. Waterson. – Sorri ao ver a mãe de John (sua cópia feminina mais velha).

– Peter, querido, entre. John está no quarto assistindo um filme com a namorada. – Sorriu ela de volta. Antes que eu pudesse perguntar ela me levou até a porta do quarto, pediu para eu bater antes de entrar e foi para a cozinha.

Bati na porta e ouvi alguma agitação antes de John aparecer descabelado e vermelho, com a roupa amarrotada. Eu devia estar com uma cara de taxo, já que ele logo perguntou o que havia acontecido.

– Posso entrar? – Perguntei, seco.

– Claro, é claro. – Ele assentiu. – Julia, meu amor, você pode ir ajudar minha mãe na cozinha até eu acabar de conversar com Peter?

– Claro... – Uma voz conhecida disse lá de dentro, e logo vi Julia saindo do quarto com a cor de tomate típica das meninas quando se envergonham. – Oi Peter.

Cumprimentei-a e a esperei ir até a cozinha. Entrei no quarto que, pela primeira vez desde que os dois haviam terminado, estava arrumado e cheiroso. Fiz a minha tática de respirar várias vezes antes de falar algo que me incomodava enquanto John me encarava, sentado na cama.

– Três palavras. – Eu disse, por fim. – Eu. Celina. Você.

Vi seu rosto se iluminar em compreensão e depois John fazer aquela cara de envergonhado típica dele. Quando éramos crianças, toda vez que algo acontecia, nós fazíamos o jogo das Três Palavras. É mais ou menos assim: Quando alguma coisa nos incomoda, falamos três coisas envolvidas no problema e logo o outro entende.

– Cara... Ela está triste comigo e você veio tirar satisfações? – Perguntou.

– Não, idiota. Eu vim aqui pra te dizer que gosto dela e não quero mais que você chegue perto dela daquele jeito. – Disse, vendo que a minha tática da respiração havia funcionado ao perceber minha voz só um pouco alterada.

– Você? Gosta... Meu Deus, Peter, você finalmente está gostando de alguém! – Exclamou ele, e fez uma festa antes de sentar novamente. – Mas não se preocupe amigo. Como percebeu, eu e a Ju voltamos. Mais felizes do que nunca.

– Isso é ótimo, cara. – Sorri, sincero.

Contei para ele da noite passada e John ficou bem feliz, além de me deixa aliviado ao dizer que não sentia nada forte por Celina. Perguntou se namorávamos e eu neguei. Mesmo sentindo algo próximo a amor por ela, queria esperar mais pra namorar, por que... Bem. É uma longa história, mas eu conto.

Eu tinha quatorze anos. Lembra que eu disse que eu nunca havia me apaixonado? Mentira. Me apaixonei sim, uma vez apenas, por a garota mais linda que eu já havia visto no auge da minha oitava série. Ela era ruiva, tinha os cabelos longos e cacheados, a pele branca como papel e um leve rosado no rosto. Os olhos dela eram de um cinza tão profundo e gelado que, sinceramente, eu me sentia no meio da tempestade mais forte e apaixonante do universo.

Nós começamos a sair. Não foi o sentimento mais forte do mundo, como uma paixão real e gigante, assim como eu vi que poderia sentir por Celina, mas foi o mais forte que a idade permitiu. Eu era como se fosse sua mascote, não seu namorado, mas mesmo assim eu não tentava me proteger porque para mim, aquilo era o jeito dela de demonstrar que me amava também. E então, quando chegaram as férias, Dalilah (o nome da tal) viajou para o Havaí e, depois que voltaram as aulas, todos menos eu sabiam que ela havia ficado com 13 meninos.

Eu não acreditei, é claro, até ir falar com ela. Dalilah me encarou com aqueles olhos frios e tempestuosos, e ouvi da sua boca pintada de vermelho todas as palavras que haviam me dito. E eu me lembro até hoje, tudinho. Ela riu que nem uma bruxa de desenho e disse:

– Ah, por favor, Pet. Você achou mesmo, de verdade, que eu ia gostar de alguém como você? – Me olhou de cima a baixo. – Você beija bem, mas por favor, eu valho mais que isso.

– Você está me machucando, Lilah. – Eu consegui dizer, mesmo com um nó gigante na garganta.

– Baby, – Ela disse, passando a mão pelo meu rosto com um sorriso compassivo e dizendo a frase que me fez chorar durante dias. – I was made to break your heart*.

Parece frase de novela mexicana, mas me afetou tanto porque era da nossa música, *Suck it and See. Depois disso, parei de usar meu cabelo-cuia e fiz um penteado legal, passei a usar roupas descoladas e ficar com várias garotas. Então, dois anos depois, soube que Dalilah havia se mudado para o Havaí com a família para viver com o pai do seu segundo filho.

Moral da história: Nunca vá para o Havaí. Ou, nunca seja tão cruel com alguém que não merece. Você escolhe.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Recommends?
No próximo capítulo:
"- Você vem feito bem à ele, Celina. - Disse Sadie, me olhando fixamente. - Não o magoe" " A menina entrou na sala tão levemente que era como se flutuasse. Os cabelos ruivos cheios de movimento se mexiam quase que em câmera lenta, como em um filme. Pele perfeita. Sorriso maravilhoso. Não gostei dela de cara, principalmente ao ver o olhar de deslumbro que Peter a lançava.
— Megan. Mas pode me chamar de Meg."



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