Abri os olhos sonolento. Meu celular estava tocando, e ao ver a hora constatei que eram seis horas da manhã. Quem é a criatura que me ligaria às seis da manhã?! Esfreguei os olhos e peguei o celular, focalizando a tela e vendo o nome "Tracy" piscando. Bufei, refleti se deveria atender ou não, e finalmente atendi.

- Príncipe! Bom dia, meu amor! - Falou a voz ativa e aguda do outro lado da linha.

- Bom dia, boneca... Por que me ligou tão cedo?

- É que estava com saudade de ouvir a voz do MELHOR NAMORADO DO MUNDO! - Berrou, e até afastei um pouco o celular do meu ouvido. Respira, Peter, conta até dez...

- Boneca, minha princesa, gatinha... A gente não namora, sabe... - Comecei, mas ela me interrompeu.

- Ainda né, amor! Agora que já falei com você tenho que ir, príncipe, beijão. - Ela falou, desligando.

Soltei o celular, irritado, e fiquei me perguntando o porquê de eu ainda ficar com ela. Ah, sim, lembrei. É porque ela era super popular e tinha um corpo, bem... Podemos dizer avantajado. Era a maior gata! Mas a partir do momento que abria a boca pra falar... Minha nossa, alguém cala essa senhora, por favor?

Levantei e fui tomar um banho. Me vesti e dei uma arrumada rápida no cabelo antes de sair pra ir tomar café com meus pais.

- Bom dia, meu filho. - Falou minha mãe, virando e dando seu sorriso matinal pra mim.

- Bom dia, mãezona. - A abracei e sentei na mesa. - E o papai?

- Tá dormindo, hoje ele não trabalha. Enfim, filho, hoje você pode pegar carona com o John? É que eu tenho bastante coisa para fazer hoje. - Pediu ela, me servindo.

Assenti e devorei meu café da manhã. Depois de estar totalmente pronto, peguei minhas coisas e passei na casa do meu melhor amigo John Waterson, que também era meu vizinho. Seguimos juntos e conversando até a escola, onde já estavam todos.

- Como vai com Tracy, cara? - Perguntou ele, estreitando os olhos por causa do sol.

- A mesma coisa, ela continua... Ah. Olha ela aí. - Suspirei. Vindo em nossa direção estavam Tracy e Julia, a namorada super hiper mega legal do John.

Antes mesmo que eu pudesse dizer uma palavra, Tracy se jogou contra mim me dando um beijo. Abracei sua cintura e então nos separamos.

- Estava morrendo, morrendo de saudades bombonzinho! - Falou, me enchendo de beijinhos. Sorri amarelo e entramos na sala.

O dia se estendeu até o fim, e então fui para casa. Minha mãe e meu pai estavam sentados na mesa, discutindo animados. Assim que me viram meu pai me deu um abraço e sorriu.

- Filho, temos uma notícia muito legal! - Exclamou minha mãe.

- Ah não. Ah. Não. Não me diz que você está... - Comecei, e ela assentiu animada. Comecei a suar frio e sentei na cadeira. - Preciso de água.

- Meu Deus filho, por que reagiu assim? - Meu pai se preocupou.

- Como assim porque? A mamãe já está com quarenta anos e vai ter um filho? É claro que eu iria reagir assim! - Exclamei. Um momento de silêncio e meus pais começaram a rir. - O que que foi?

- Não, não é nada sobre gravidez, meu amor! É que eu estou inscrita em um programa de intercâmbio. E vamos receber nossa primeira inquilina.

- Hã?

- É o seguinte, vamos receber uma hóspede durante seis meses. - Explicou meu pai. - Vai dividir o quarto com você. Ela se chama Celina, é brasileira e vai estudar aqui.

- OI? Pai, pensa bem, como assim você vai colocar uma menina desconhecida de outro país pra ficar na nossa casa durante meio ano, e pior, no meu quarto? Eu posso ser um psicopata, pai, não vai ser legal ela ficar lá! - Exclamei, apelando.

- Não, você não é um psicopata, acredite. Psicopatas não choram em filmes de cachorros, meu filho. Ela vai sim vir aqui e vai sim ficar no seu quarto, pensamos em você principalmente, você também precisa se disciplinar. Pode ir se acostumando, ela chega amanhã. Antes de você voltar da escola ela já vai estar aqui. Agora vá pro seu quarto.

- Vocês estão todos contra mim. - Bufei e fui pro quarto.

Ninguém merece.