12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 74
Capítulo 72


Notas iniciais do capítulo

Oi leitoras! Me desculpem por esses longos dias, mas eu estava impossibilitada de escrever e postar. MAS, enfim, aqui estou com mais um capítulo e espero que gostem. AVISO desde já para aguardarem pelo próximo que estará mais legal ainda! Beijos ❤😘



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Amam-se novamente, implorando a cada movimento que o dia passe devagar para que cada beijo, cada carícia possa ser repetida cada vez mais.

– Pulinha...- deita-se de frente para ela.

– Oi...- o olha diretamente.

– O que faremos agora?

– Você realmente não sabe? - se aproxima dele o beijando.

– De novo!? - ri. E eu pensando que você pudesse não gostar...

– Vitor! - riem. Estou falando sobre dormir... Mas... Por que pensou que não gosto? Só porque faço charme não quer dizer que eu não goste. Não quero parecer oferecida, fácil demais assim! E na correria do dia, das coisas que nos acontece tudo vai ficando... Depois que Vitória nasceu, então!

– Paula... Somos casados. É cômico você se preocupar em parecer oferecida! - ri.

– Não ria disso! Você sabe muito bem porque digo isso... Sabe muito bem de todas as vezes que cedi a você e não deveria. Você sempre tem o que quer de mim, quando quer e do jeito que quer!

– Também não precisa falar assim... O que quero de você não te faz mal.

– Eu sei... Só estou falando.

– Ok...- faz carinho em seus cabelos. Vou precisar trabalhar um pouquinho mais tarde...

– Não Vi... Por favor. Vamos ficar juntinhos hoje... Tirar o dia para nós, para ficar com Vitória. Podemos ir pescar mais tarde...

– Vamos então... Vamos tirar o dia para nós. Mas, depois você me ajudará!

– Ajudo...- o acaricia, aconchegando-se nele. Tudo que mais quero é um dia tranquilo, sem nada de ruim, de confusões acontecendo...

– Estamos precisando, né?

– E muito...- respira fundo. Nossa vida tem sido turbulenta, sempre um novo problema para resolver.

– Não diga isso, Pulinha... Podemos enfrentar inúmeros problemas, mas nossa vida tem sido feliz. Tem sido tão nossa quanto nunca foi...

– Eu sei, meu amor... Só estou dizendo que não queria mais dor alguma que pudesse separar a gente.

– Paula...- a encara. Não tem nada separando a gente!

– Você não entendeu... Olhe...- o beija. Deixe esse assunto para lá e vamos dormir? Estou cansadinha...- ri. Depois que acordamos podemos passear com Vitória pela fazenda... E mais tarde eu e ela iremos acompanhar o homem das nossas vidas pescando! - sorri.

– Eu amo muito vocês! Amo mais que a mim mesmo...- sussurra.

Se beijam, aproximando-se mais ainda um do outro. Se entrelaçam como se fizessem parte de um só corpo, adormecendo na paz daquele amor, daquele cheiro de amor puro que iniciava o dia. Do lado de fora do quarto, Cintia chega na Fazenda e vai direto ver Vitória, que passa passeando com Lucy. Dulce, na piscina enquanto lê, avista a chegada de mais um carro e se levanta curiosa.

– Oi...- Cintia se aproxima.

– Oi sumida! - diz, ainda observando o carro. Quem é?

– Não sei...- olha. Vamos lá...

– Vamos...- fecha a revista e vai com Cintia aguardar quem é.

O carro estaciona e Diva vem de dentro da casa ver quem está chegando. Lucy também se aproxima junto de Elias que desconfia do carro, por nunca ter visto na fazenda.

– Bom dia... Quem é?

– Bom dia Elias, não sabemos!

– Esse carro nunca esteve aqui! Vitor não vai gostar nada disso...

– E o porteiro nem avisou!

– Não!? - olha para Diva. Lucy, é melhor entrar com a menina... Se Vitor souber que ela estava aqui com a chegada de gente estranha na casa, ele me demite. Vou lá ver... Fiquem aqui...

– Não precisa! - Dulce vê quem sai do carro. Não estou acreditando nisso!

– Meu Deus...- se espanta.

– Quem é esse!? - indaga Elias.

– Nem queira saber! - vai até ele.

Dulce se aproxima nervosa, tentando manter o controle.

– O que está fazendo aqui? - o encara. Exijo que saia imediatamente daqui, antes que Paula seja obrigada a vê-lo!

– Não vim falar com você! - a ignora, andando até a sede.

– Osvaldo! - o segura pelo braço. Chega de desgraça... Chega de fazer Paula sofrer, a deixe em paz! Deixe a gente em paz...- começa a chorar.

– Só saio daqui depois que terminar o que vim fazer! - se solta, retornando a caminhar.

Cintia ao ver que é Osvaldo, se vira para Lucy.

– Lucy, entre de uma vez! - a segura pelo braço, empurrando para dentro da casa.

– Tudo bem...- sai.

– Quem é Cintia?

– É o pai de Paula, Elias.

– Meu Deus! Esses meninos não terão paz nunca!?

– Já nem sei o que dizer, Diva...- o vê se aproximar.

– Olá...

– Oi...

– Bom dia...- dizem Diva e Elias.

– Quero falar com Paula, Cintia!

– Você não irá falar com ninguém! Diva...- olha para ela.

– Sim, Dulce?

– Ligue para os seguranças imediatamente!

– Não sairei daqui! - vai até a porta.

– Por favor...- se coloca na frente. Por favor... Não! Não sem autorização do Vitor ou da Paula...

– Chame o Vitor... - encara.

– Não irá chamar ninguém! Você irá embora...- o puxa.

– Eu não vou embora! - a empurra. Eu vim ver Paula e vim ver a menina!

– Você não verá Vitória nem por cima do meu cadáver!

– Pois não seja tão ridícula! Irei ver a menina sim... E você não irá proibir isso.

– Mas é muito abusado...- se indigna. Diva! Vá de uma vez chamar os seguranças!

– Tá...- sai correndo, nervosa.

Diva aciona os seguranças que logo chegam. Dulce ordena que tirem Osvaldo da fazenda, mas ele se nega, se debatendo sobre os braços dos funcionários. Cintia tenta amenizar a situação, pedindo que Dulce tenha calma, que não façam aquilo ser pior. No quarto, Vitor ouve o barulho e mexe em Paula.

– Está ouvindo?

– O que? - diz sonolenta.

– Esses barulhos...

– Não, Vi...- o aperta sobre si. Vamos dormir... Não deve ser nada demais.

– É...- concorda, mas ainda desconfiado.

Osvaldo pede que chamem Vitor, mas Dulce é irredutível ordenando que os seguranças o tirem de uma vez da fazenda.

– A Sra. não acha melhor chamar os patrões!? Se colocarmos ele para fora e os patrões não gostarem, perdemos nosso emprego.

– Não tem que chamar patrão nenhum! Tire-o daqui de uma vez!

– Calma...- se coloca no meio. É melhor chamarmos o Vitor...

– Vitor jamais permitiria...

– Por foi ele mesmo quem me chamou! - interrompe. Ele quem me ligou e pediu que eu viesse vê-las! Vá Cintia, chame ele de uma vez.

– Nunca! Você não vai chamar! - olha para a sobrinha.

– Gente, pelo amor de Deus! Assim não dá... Tenham calma.

– Calma é a última coisa que tenho quando vejo alguém tão desprezível tentando roubar a paz da minha filha novamente! Você não cansa de a fazer sofrer? - chora. Por favor, vá embora... Eu estou implorando que vá embora, que deixe Paula!

– Vá chamar Vitor, por favor!

Diva observa a situação e decide ela mesma chamar Vitor para resolver a confusão. Corre pela casa, abrindo as portas dos quartos para ver onde estavam, até abrir uma e se deparar com os dois na cama.

– Que isso, Diva!? - se cobre, assustado. O que houve para entrar assim?

– Olhe...- se aproxima. Depois vocês briguem comigo, mas andem logo... Está a maior confusão lá fora!

– Confusão!? - se levanta, vestindo um roupão. Paula, fique aqui.

– Não! - faz o mesmo. Não vou te deixar ir sozinho...- saem.

Ao passarem pela sala, Vitória está chorando. Paula a pega e vão para fora...

– Mas, o que está havendo aqui!? - Vitor questiona até avistar Osvaldo.

– Gente, o...- Paula chega atrás e o observa. Pai! - tenta se controlar.

– Mande ele ir embora daqui! - Dulce vai até ela. Ande Paula!

– Vitor, diga a ela de uma vez que foi você quem me chamou!

– Isso é um absurdo, além de tudo é mentiroso!

– Soltem ele! - ordena aos seguranças.

– Sr. Vitor, nós...

– Está tudo bem, podem ir.

– Com licença...- saem.

– Todos vocês, podem voltar às funções! - diz ao restante dos funcionários.

– Vitor! Vitor... O coloque para fora daqui! Ele vai usar a sua filha como...

– Dulce, se acalme...- a segura. Por favor... Nós vamos conversar.

– Conversar!? - se solta dele. Você me decepcionando mais uma vez, Vitor! Me dê Paula...- se vira tentando pegar a neta.

– Não Dulce! Ele veio ver a neta...

– O que!?

– Mãe...- a olha emocionada. Por favor...

– Estou indo embora....- sai enfurecida.

– Cintia...Tente falar com ela!

– Vou tentar...- vai atrás.

– Osvaldo... Nós conversamos que...

– Eu sei! Mas... Tive a oportunidade de vir antes e vim.

– O Sr. não deveria ter feito isso! Deveria ter me comunicado antes, para evitar tudo isso!

– Que não seja esse o problema, eu vou embora...

– Não! - Paula se aproxima. Por favor...

– Paula...- a segura. Vá se trocar... Me dê Vitória! - a pega.

– Eu já volto... Fique aí, por favor! - sai correndo.

– Bem...- a olha saindo. Me acompanhe, por favor...- vão até a sala de estar. Sente-se...- aponta, sentando-se também.

Vitória não parava de olhar para o senhor sentado à sua frente. Deitava a cabeça em Vitor, como se estivesse envergonhada e logo voltava, ainda o olhando.

– Vivi...- a olha. Esse é o Osvaldo...- a bebê olha para Vitor e sorri ao vê-lo falar. É seu avô... Papai da mamãe. Quer...- pensa. Pegá-la...? - o olha.

– Posso!?

– Claro...- se levanta a levando até ele. Vai filha...- entrega.

– Oi...- se emociona. Como você lembra sua mãe...- a observa atentamente. É incrível...- acaricia o rosto da neta. Meu Deus...

Paula se aproxima em silêncio e o vê com sua filha. Emociona-se ao ver Vitória no colo dele, o observando como se o conhecesse há tempos.

– Vou me trocar...- segura no braço dela. Qualquer coisa me chame...- sussurra, a beijando em seguida.

Vitor se retira e ela permanece quieta, somente observando. Ele brinca com Vitória, que sorri a cada "aviãozinho" feito com a bonequinha dela.

– Ela adora brincar...- se aproxima devagar, sem saber como agir.

– Você também gostava! - diz, ainda frio. Acredito que toda criança goste...

– É...- senta-se.

O silêncio ocupa toda a sala, sendo cortado somente pelos risos de Vitória. Se observam, mas não sabem muito bem o que falar...

– Sinto muito...- a olha. Pelo outro bebê...

– Como soube!? - estranha.

– Vitor... Ele me ligou do hospital no dia em que aconteceu.

– Ele te ligou!? Mas...

– Me ligou para vir até aqui...

– Ah... Quer dizer que Vitor já sabia que o Sr. viria?

– Não exatamente...

– Não entendo!

– Ele ia me dizer o dia, o momento certo para vir. Mas, eu quis vir antes...

– Ah...

– Qual o nome completo dela?

– Vitória Fernandes Zapalá...- sorri.

– Fernandes...

– Sim!

– O que era o outro bebê?

– Não cheguei a saber...

– Entendo...

– Com licença...- Diva se aproxima. Aceitam algo?

– Você quer algum chá, suco?

– Não... Muito obrigado.

– Me traga dois sucos laranja com acerola, Diva... Sem gelo e sem açúcar.

– Claro, só um minuto...- se retira.

– É seu suco predileto...- sorri. Sem gelo, sem açúcar.

– Até porque naquela época não tínhamos gelo, tão pouco muito açúcar para desperdiçar assim!

– Eu...- não sabe o que dizer. Foi uma época difícil!

– Para mim, ainda é! - a encara.

– Porque o Sr. quer! Eu te ofereci tudo... Tenho tentado te oferecer...

– Mas, eu não quero nada que você tenha conseguido!

– E porque não!? Pai... Eu consegui tudo isso para dar conforto a minha família.

– Sua família é seu marido e sua filha...

– E a do senhor!? Que é e quem foi sua família? Se é marido, esposa e filhos, porque abandonou sua família quando mais precisávamos de você!?

– Não vim falar disso! - não a olha.

– Mas, eu estou falando! - vai até ele. Eu preciso entender porque o Sr. fez isso! - começa chorar. Foi por minha culpa? Foi por minha culpa que nos deixou? Foi eu ter feito nos mudarmos para SP e perdemos tudo? Eu preciso saber! - o toca.

– Pai!? - Nilmar chega. Eu não posso acreditar! - vai até eles. É o senhor mesmo e com Vitória...! Pai, eu...

– Preciso ir...- se levanta entregando a neta.

– Mas, agora que eu...

– Outro momento conversamos. Esse tipo de conversa não é apropriada para agora! - sai.

– Não é apropriada porquê!? - Paula o segue com a filha nos braços. Pai, olhe para mim! - chora. Eu sou a Pedrica... Eu ainda desenho lembrando de tudo que me ensinou! - soluça. Eu... Eu sinto tantas saudades! Do meu chinelo de borracha...- sorri entre as lágrimas. Eu gostaria tanto que Vitória tivesse um!

– Para que!? - vira-se. Ela não se veste como você se vestia! - segue.

– Eu....

– Paula! - Vitor a puxa novamente. Entre... Entre com Vitória!

– Não! - chora. Me deixe ir até ele... Eu preciso acabar com isso.

– Aqui não vai dar! Agora não vai dar! Não é momento, tente entender... Entre com nossa filha! Nilmar, a leve...

– Vem Paula...- a leva para dentro da casa.

– Nilmar, eu nunca vou entender!

– Tenha calma... Se sente aqui.

– Não...- entrega Vitória para ele. Cuide dela! - volta para fora. Pai! - corre até ele, passando por Vitor que não consegue detê-la. Não sei o que aconteceu que fez com que a gente se afastasse tanto! Não sei o que está acontecendo, mas eu continuo sendo a Paula de antes...- chora. Continuo sendo sua filha, te esperando pro jantar, te esperando para me levar no rio! Eu continuo aqui, mesmo que o senhor não queria me ver...- o abraça.

– Paula - se assusta com o gesto. Eu...- respira fundo e a abraça. Eu gostei muito de conhecer sua filha!

– E eu tenho certeza que ela amou te conhecer! Ela fará um ano em breve, gostaria que pudesse vir...

– Preciso ir...- se afasta. De um abraço na menina, por mim...- entra no carro.

– Tchau...- se despede.

– Paula...- Vitor se aproxima.

– Ele adorou Vitória! - sorri, se agarrando a ele.

– Quem não a adora!? - beija a cabeça dela. Vamos entrar...- a traz para a sede.

– Ele vai voltar!?

– Tudo que planejei, deu errado... Preciso falar com sua mãe, preciso organizar as coisas e depois veremos tudo novamente, mas sem tanta dor ou confusão.

– Sobre minha mãe...- se vira para ele. Eu vou falar com ela! Nilmar...- vai até ele. Nem pudemos conversar! - o abraça.

– Levei um susto quando cheguei... Ele nem falou comigo!

– Ah...- entrelaça seu braço sobre o dele e vão até o sofá. Temos que ter paciência...- sentam-se. Ele adorou Vitória...- sorri, acariciando a filha.

– Eu imagino! - beija a sobrinha. Estava morrendo de saudades...

– Faz tempo que você não vem nos ver...

– Muito trabalho no escritório... Desde que você virou mãe e deixou de ser empresária, muita coisa aconteceu!

– Estou com saudades de ser empresária também... Cuidar de tudo mais pertinho como antes. Mas, não quero deixar Vitória...

– Paula... Cadê mamãe? Ela estava aqui quando ele chegou?

– Infelizmente sim...- se entristece.

– Imagino como ela tenha reagido...

– Sr. Vitor...- chama-o pela janela, quando o vê mexendo nos livros da sala enquanto ouve Paula conversar com o irmão.

– Oi...- olha para o funcionário.

– Avise a Sra. Paula de que toda a limpeza já terminou!

– Tudo bem... Muito obrigado! - sorri. Pulinha...- se aproxima. A limpeza já terminou...

– Ah... Está bem, amor.

– Eu vou andar um pouco... Já volto!

– Paula...- Nilmar se levanta. Vá com ele.... Vou procurar por mamãe e conversar com ela.

– Ela não quer nem...

– Ela quer sim! É só difícil para ela... Mas, logo estará aqui de novo. Querem levar Vitória!?

– Sim...- pega a filha. Depois irei conversar com ela...

– Faça isso! Mas, antes se acalme... Descanse!

– Tá bem...- sorri.

– Até mais...- a beija e sai.

– Até...- Vitor se aproxima de Paula. Eu sei do que você precisa...

– Do que? - encosta sua cabeça no peito dele.

– De se abastecer com um pouco de você que está lá fora...

– De sol...- sorri.

– De sol...- a pega e olha. Vem...- a leva para fora com Vitória.

Caminham abraçados pela fazenda, com Vitor segurando a filha. Andam em silêncio no início, apenas observando a natureza, os cavalos, os cachorros e até as argolas que cantavam de longe.

– É gratificante ouvir esse barulho em vez de carros buzinando em um estacionamento apertado de um prédio. A melhor ideia que tivemos, foi morar na fazenda...

– Também acho! Sem contar que aqui a gente respira ar puro de verdade...

– Cheiro de terra até de cocô de cavalo!

– Sim! - riem. Sempre que eu vinha nessa fazenda montar com Leo, quando ela ainda era dele, sentia algo por ela inexplicável. Era como se minha alma morasse aqui... Mas, na verdade acho que era porque você estava aqui sempre me olhando montar! - ri.

– Eu não podia perder...- ri. Mas, sempre senti que essa fazenda fosse tua mesmo! Sua cara... Por isso a comprei do Leo. Ele queria comprar a Paraíso e estava vendendo essa... Resolvi comprar, porque tinha algo aqui que também me prendia.

– Nossa filha vai crescer aqui... Essa fazenda será dela, depois dos netos, depois dos bisnetos e assim vai indo... Nossa marca de amor nessa terra de Deus e tão nossa!

– É engraçado como nunca pensei em morar aqui! Como nunca pensei em uma vida assim, por mais que eu achasse que vivia...

– Como assim, Vitor?

– Sempre que estive com alguma mulher, pela minha impulsividade pensava em casamento e coisas do tipo. Mas, eu não pensava nessa vida! Nessa vida que a gente tem junto e que era óbvio que eu não pensava porque eu só viveria com você. Essa vida quieta, mansa, de campo, do fogão a lenha, do ovo cru no microondas, do sair de casa e se deparar com mato em vez de prédio! Viver uma vida da gente... Poder sentar para comer no jardim, poder levar nossa filha a hora que quisermos para observar os bichos... Essa vida é a minha alma!

– É nossa alma...- encosta a cabeça no ombro dele. Por falar nisso, almoçamos no jardim!?

– Claro...- sorri. Depois peço a Diva para colocarmos tudo lá.

– Já percebeu também o quanto as pessoas são felizes ao nosso lado!? São felizes pela gente...

– Tivemos tantos fãs torcendo...- riem.

– Pessoas com alma, com sensibilidade... Pessoas que jamais se importaram em nós agradar, elas nos amavam mesmo e sabiam o quanto seríamos felizes juntos! Temos ao nosso lado só pessoas de bem, porque nosso amor atrai isso...

– E sempre vai atrair, pequena...- coloca Vitória no chão, segurando as mãos dela.

– Faz tanto tempo que não me chama de pequena...

– Faz!? - sorri. Nem percebi... Te chamo tanto de Pulinha! - riem.

– Sim...- ri. Vivi, vem...- vai até a frente da filha e a chama. Vem, meu amor... Vem andando!

– Vai filha...- a solta.

Vitória dá um passo, mas logo cai. Os pais riem, alegres...

– Logo ela estará andando...- sorri, levantando Vitória.

– Comprei um brinquedo para ela, mas ainda não chegou...

– Comprou onde? - caminha, segurando ela.

– Em uma loja de brinquedos do Shopping. É um brinquedo de montar, com um monte de bichinhos...- sorri para a bebê que se vira para o ver falar.

– Que legal! É bom que ela desenvolve...

– Sim! Brinquedos didáticos, nada de tablet e essas palhaçadas todas...

– Por enquanto tudo bem... Mas, quando ela crescer? Como iremos controlar isso? - se preocupa. Todos os amigos vão ter tablets, celulares...

– Ela não é todo mundo! - puxa uma laranja de um pé.

– Descasque que darei a ela...

– Vitória irá aprender a importância de tudo e terá tudo que quiser, com merecimento no seu devido tempo...- começa descascar.

– Vitor...- senta-se no chão com a filha. Se ela quiser ser cantora?

– Não posso dizer que iria adorar a ideia...- faz o mesmo. Sempre que penso nisso, me dói o coração... Não quero essa vida para Vitória! Ela já irá crescer com o peso de ser nossa filha, as pessoas confundem muito as coisas.

– Eu sei... Também me preocupo! Mas, se ela quiser... Eu irei apoiar.

– Eu irei apoiar qualquer sonho dela, Paula! Gostaria muito que ela fizesse um curso superior, que tivesse uma profissão bem sucedida... Mas, se ela não quiser isso, eu vou ficar feliz pelo que ela escolher. - entrega a tampa da laranja para ela.

– Você sempre quis fazer uma faculdade, né!? - dá para Vitória.

– Sim... Viajo pensando em como seria se tivéssemos seguido outro caminho. Como seria nossa vida?

– Apertada, mas feliz! - riem.

– Talvez não fosse apertada...

– Com a profissão que iríamos seguir, as coisas não seriam fáceis. Ser professor é difícil... Não digo pela condição financeira, mas sim pela dificuldade que é seguir a profissão!

– Isso é! É estranho e confortante ao mesmo tempo pensar que nós dois teríamos sido professores... Iríamos se encontrar da mesma maneira em algum lugar.

– Nós encontrarmos seria e é algo inevitável!

– Sim! - sorri, chupando a outra parte. Nunca vi uma criança gostar tanto de laranja igual Vitória...- riem.

– É mesmo...- observa. Tritura uma laranja em segundos... Vá descascando outra para ela.

– Tem que pegar aqui...- se vira e puxa mais uma do pé.

– Vitor, comprei algumas sementes, mudas de flores... Gostaria de plantar no jardim ainda hoje.

– Claro! Eu te ajudo depois...

– São flores brancas e vou plantas em um cantinho em homenagem ao nosso filho...

– Paula...- a olha. Você acha isso uma boa ideia? Sempre que olhar para as flores, vai se lembrar! Não quero mais sofrimento...

– Vitor, não vou sofrer a cada que vez que olhar... Pelo contrário, vou me sentir feliz por ter um pouquinho dele aqui.

– Você sempre falando como se fosse menino...- se volta para a fruta, descascando.

– Porque eu achava ser... Te incomoda?

– Não! Por que incomodaria?

– Ás vezes penso que você só queria ser pai de menina...

– Pois não deve pensar nada disso! - entrega a laranja. O que devemos pensar agora é na Vitória... É em cuidá-la e no momento certo outro filho virá, sendo ele menino ou menina!

– Sim...

– Vamos voltar para casa...- se levanta.

– Mas, já!?

– Vou pedir para Diva colocar nosso almoço no jardim...

– E minha mãe...? - se levanta com Vitória.

– Eu vou conversar com ela depois...

– Tá...

– Vem filha! - a pega. Iupi! - a joga para o alto. Vamos papa... Qual o suco da Vivi hoje? - ela aponta para o cachorro. O auau! - sorri. Chama ele...- ensina. Flokinho...- ela resmunga chamando a atenção.

Caminham até a casa e conversam com Diva sobre o almoço. Vão até o jardim e levam as sementes das flores que Paula comprou.

– Vai ser aqui?

– É...- procura pelo jardineiro. Norberto! - o avista e chama.

– Só um minuto! - coloca a pá no chão e vai até eles. Pois, não!?

– Oi...- sorri. É aqui o canteiro que lhe pedi?

– Sim, Sra. Quer que eu arrume para plantar?

– Não... Só nos traga as coisas para plantar que nós mesmos plantamos.

– Ok... Só um minuto! - sorri e sai.

– Muito gentil, né!? - se abaixa, cerrando os olhos pelo sol.

– Sim! Não é atoa que cuida de flores. - o observa.

Vitor mexe nas flores já plantadas, mostrando para Vitória que tenta arrancá-las.

– Não, Vivi! - puxa a mão dela. Não pode fazer isso! Tem que deixar ela aí... Se você arrancar, ela morre. E aqui, viva, você vai poder voltar para vê-la quando quiser...- olha para a filha que está o observando falar.

– Parece até que entende...- sorri.

– E ela entende... Alguma coisa ela deve entender! - riem.

– Já percebeu como ela te observa quando fala?

– Já... Ela é muito curiosa.

– Quando crescer vai ficar perguntando tudo!

– E a gente tem que responder...

– Aqui está! - retorna. Qualquer coisa me chamem! - entrega.

– Muito obrigado, chamaremos sim! - sorri e ele sai.

Paula pega Vitória e Vitor prepara a terra do canteiro. Ela coloca a filha no chão, próximo a eles e começa a mexer com as sementes. Vitor faz o mesmo, a ajudando. Concentrados no que fazem, não percebem que Vitória se afasta para perto das outras flores, com paçoca atrás dela, a lambendo. Norberto percebe que Paula e Vitor não estão vendo Vitória, então começa a observá-la. A bebê sorri a cada vez que o cachorro a lambe, mexendo os pés e a as mãos achando graça. Engatinha até um canteiro, chamada a atenção pela cor da flor, mexendo na terra e levando na boca até que o jardineiro corre até ela.

– Não, mocinha! - a pega. Não pode comer terra...- leva ela até Vitor e Paula.

– Uai! - observa. Onde você estava? Meu Deus...- ri. Nem vi você saindo, menina...

– Ela estava comendo terra! - fala preocupado.

– Não tem problema! - ri, quando vê a preocupação do empregado. Qual criança não comeu terra, Norberto?

– Isso é verdade, Sr. Vitor...- ri. Mas, achei melhor trazê-la, o paçoca estava lambendo ela.

– Êh paçoca! - briga com o cachorro.

– Não faz assim Vitor! Ele só queria brincar com ela...- pega a filha. Sapequinha, se sujou toda! - ri. Vamos tirar uma foto da bebê...- pega o celular no bolso e tira a foto. Olha isso...- mostra rindo. Primeira vez que come terra! - bate palmas e Vitória ri.

– Está toda suja agora! - riem. Norberto, muito obrigado pela preocupação... Mas, ela está bem!

– Não precisa agradecer, qualquer coisa estarei ali! Tchau Vitória...- olha para a bebê que sorri, ele sorri em resposta e sai.

– Acho que ela gostou do Norberto...- passa a mão na roupa dela para tirar um pouco de terra.

– Poderíamos colocar um parquinho para ela.

– Sim... Mas, ela ainda está muito novinha, daqui a algum tempo mexemos com isso.

– Ok...- volta a mexer na terra. Deixe ela se sujar, Paula... Depois tem que dar banho do mesmo jeito. - pede quando vê a filha se irritando querendo ir para a terra. Coloque ela aqui no canteiro... Daí conseguimos vê-lá!

– Tá bem...- coloca a filha perto de Vitor.

– Tome...- dá uma colher a ela. Não saia daí! - riem.

Continuam a plantar enquanto Vitória mexe com terra, volta e meia caindo neles pelo movimento que ela faz com a colher. Algum tempo depois terminam o trabalho, jogando água sobre a terra, com a filha ainda dentro do canteiro.

– Que meleca, Vitor! - ri. Não jogue nela...

– Só um pouquinho...- ri, enquanto vira o regador, levemente, nos pés da filha. Passa a mão assim...- esfrega a terra.

– Vitor! - riem.

– Vem! - a pega, sujanto toda sua camiseta. Vou comer assim mesmo... Depois tomo banho...

– Não! Você vai pro banho agora e depois você come... Aproveite e dê banho na Vitória antes.

– Tudo bem...- passa os pés da Vitória na roupa de Paula.

– VITOR! - ri, batendo nele.

– Mais um pouquinho aqui...- passa no rosto dela e sai correndo com a filha no colo, que começa a gargalhar.

– Eu vou pegar a Vivi! - corre atrás.

Chegam a parte de serviços da casa, e Dulce está sentada separando algumas roupas.

– Mãe...- tira a terra da sua roupa. O que está fazendo?

– Nada de importante...

– Vitória estava comendo terra! - sorri para ela que olha e não responde. Enfim... Pedimos para servir o almoço no jardim, depois se senta lá conosco.

– Pegue Vitória e vá para dentro...- entrega para Paula.

– Ok...- sai, triste.

– Dulce...- vai até a sogra.

– Você não precisa me dizer nada!

– Preciso sim... Preciso te dizer que Paula e Vitória não tem culpa alguma. Por mais dor que se tenha causado, ela ama o pai dela e ninguém pode querer privar ela disso!

– Você entende bem disso, né!? - o encara. Por isso acha fácil esse tipo de coisa... Acha fácil porque você também fez Paula sofrer, você também a feriu e mesmo assim virou o marido dela. Você diz isso Vitor - volta a mexer na roupa - porque só vê um lado da história! Pensa que todo mundo tem esse direito, só porque você precisou dele também... Mas, esqueça! Esqueça que eu vá entender sua atitude...- volta-se para ele novamente. Você e o pai dela você foram as pessoas que mais a fizeram sofrer e já que você ela já aceitou, quer agora que ela aceite o pai também! E quem garante que ela não vai sofrer de novo?

– Com licença...- sai, sem saber o que dizer.

Quando passa peça cozinha, Diva percebe que ele não está bem e o chama.

– Não houve nada, está tudo bem! Licença...- vai para o quarto.

Chega no quarto, escuta Paula brincando com Vitória na banheira e vai até elas.

– Estou quase terminando de banha-la...- sorri para ele. Espere aí que você a pega e leva para Lucy...

– Tá...- aguarda na porta, pensando em tudo que ouviu.

Paula termina de limpar a filha e entrega para Vitor, que a leva até o quarto dela onde Lucy está organizando as roupas.

– Lucy... Troque Vitória e depois a leve para almoçar.

– Sim...- a pega.

Vitor retorna ao seu quarto, tira a roupa e vai para a ducha. Paula que o aguardava na banheira, estranha.

– Ué... Por que não vem aqui?

– Desculpa... Nem me lembrei.

– O que conversou com minha mãe...? - sai da banheira e vai até ele.

– Nada demais...

– Hum...- o acaricia, beijando.

– Paula...- a afasta. Agora não, tudo bem? - retorna a se banhar.

– O que aconteceu, Vitor?

– Nada...

– Você ficou estranho de uma hora para outra! Me diz o que aconteceu...

– Já disse, nada! - se enxagua, já lavando os cabelos.

– Quem nada é peixe... Quero saber o que aconteceu que te deixou assim! Foi a conversa com minha mãe, né!? Vitor, me diz...

– NADA! Caramba... Você me tira do sério! - sai da ducha, se enrolando em uma toalha.

– Não seja estúpido! - vai atrás dele. Não grite comigo! Quantas vezes vou ter que falar isso? Não sei o que te faço para perder a paciência e começar a gritar! - chora.

Vitor a encara, mas não diz nada. Paula retorna ao banho e quando sai ele o aguarda sentado na cama.

– Paula, me...

– Não fale nada! - o encara. Não quero saber...- vai ao closet.

Ele sai do quarto e vai para o jardim, senta-se e a aguarda para almoçar. Não demora muito e ela chega, serve-se e começa a comer sem olhar para ele.

– Desculpa incomodar... Acabou de chegar essa caixa.- mostra.

– Deixe aqui Diva...- puxa a cadeira. Depois vejo...

– Está bem...- coloca e sai.

– Está no nome de quem? - pergunta, mas ela não responde. Paula... Não seja infantil. -- ela ainda não responde. Tudo bem...- se levanta. Tenha um bom almoço...- joga o guardanapo na mesa e sai.

Paula o observa sair, voltando a comer logo em seguida. Ao terminar, leva a caixa para dentro de casa e abre.

– Que lindo! - sorri, retirando.

– O que é? - Nilmar se aproxima.

– Um brinquedo para Vitória... Acho que foi o que Vitor comprou!

– Que legal...- pega as peças.

– Você já almoçou?

– Já...

– Por que não foi almoçar no jardim?

– Resolvi deixar você e Vitor sozinhos...

– Antes tivesse ido...

– Vou sair...- surge na sala, pega as chaves do móvel, a avisando.

– Onde vai?

– Tchau...- sorri.

– Vitor...- coloca a caixa no sofá e vai atrás dele. Onde você vai?

– Agora você fala comigo? - destrava o carro.

– Por favor...- corre para alcançá-lo. Não me deixa aqui sozinha...

– Seu irmão está aí! Não ficará sozinha...

– Vitor, mas... Caramba Vitor, você grita comigo e quer que eu aja normalmente?

– Me desculpa por ter gritado! - para na porta. É que ás vezes não quero te dizer certas coisas e você insiste... Perco a paciência.

– Nós nunca temos segredos um com o outro!

– Mas, existem coisas que são irrelevantes para serem ditas! Que não irão nos fazer bem e não há necessidade de se ficar falando delas.

– Seja como for...- vai do outro lado da porta. Não quero que me esconda nada!

– Tudo bem...

– Vai me dizer o que houve?

– Paula...- tira a mão dela da porta e fecha. Esqueça ao menos isso! Se você não quiser saber, eu não saio...

– Que coisa mais infantil, Vitor! Você vai me dizer e vai ficar em casa! Entre agora... Vamos...- o pega pelo braço e sai. Você vai aprender que não sou suas ex's!

– Mais infantil que eu, só você! - entram na casa.

– Vou à cozinha pegar uma água e depois vou para o escritório... Esteja lá! - sai.

– Brava né...

– Nem me fale...- joga as chaves no móvel.

– E NÃO JOGUE AS CHAVES ASSIM! - grita da cozinha ao ouvir o barulho.

Vitor olha para Nilmar, ironizando, retira as chaves e coloca no bolso.

– Você falou com sua mãe?

– É... Tentei... Mas, deixe esse nervoso repentino passar que tudo se resolve.

– Tomara.

Dulce chega na sala e Vitor fica sem graça, sem saber como reagir depois de tudo que ouviu. Sorri educamente, para que ninguém precisasse saber do que havia acontecido mais cedo.

– Vou até o escritório, fiquem a vontade...- sai.

– É impressão minha ou você e Vitor...?

– Vitor não tinha o direito de fazer o que fez...- senta-se.

– Tia...- Cintia chega. Foi inevitável não ouvir... Desculpe me intrometer, sei que essa história toda a magoou muito, mas você e todo mundo precisa entender que Vitor não é como outros namorados que Paula teve. Ele não vai se preocupar em agradar a gente e ele passa por cima de qualquer coisa para ajudar a Paula... Ela queria esse encontro, era importante para ela e ele quis ofertar isso, mesmo sabendo que a senhora não gostaria nada.

– É, mãe... Cintia tem razão! A preocupação do Vitor é com Paula... Sempre foi. Ele gosta muito da gente, nos ajuda muito, mas ele ama a Paula e vai fazer por ela o que for preciso. Você sabe disso muito mais do que nós aqui...

– Ele nunca quer agradar ninguém... Ele quer apenas que Paula tenha paz! Foi uma vontade dela e ela tem esse direito!

– Tanto ela, quanto eu! Não significa que nosso amor e gratidão por você é menor... Isso nunca! Mas, ele, tenha feito o que fez, é o nosso pai!

– Tia... Você disse algo a Vitor? Vi ele e Paula no almoço, mal se falaram... Eles estão brigados novamente por alguma coisa.

– É algo que Vitor não quer dizer a ela... Eles estavam brigando quando ele quis sair.

– Disse...- se arrepende. Coisas que eu não deveria dizer, que...

– Como assim, mãe? - Paula escuta e vai até a sala. O que foi que você disse a Vitor...?

– Sobre ele e seu pai terem sido as pessoas que mais te feriram... Me desculpe, Paula. Eu falei sem pensar!

– Mãe! Como você pode dizer isso pro Vitor? Logo para Vitor... Meu Deus...- vai até o escritório e a deixa na sala.

– Demorou...- vira a cadeira, a vendo entrar. O que quer falar?

– Vitor...- vai até ele. Desculpa pelas coisas que minha mãe disse...

– Que tem falou? - se levanta.

– Ela... Meu amor, você...

– Ela não estava errada... Todo esse passado dolorido parece que não passa para ninguém.

– As únicas pessoas a quem isso interessa somos eu e você!

– Mas, infelizmente não há uma vida somente entre eu e você! Todos ali vivenciaram... Entretanto, só se recordam de mim dessa maneira.

– Claro que não Vitor! - o abraça.

– Você também... Você também só se recordava de mim dessa maneira!

– Vitor...- o encara.

– Está tudo bem... Vou passear com Vitória na casa da minha mãe, mais tarde eu retorno.

– Não Vi... Por favor... Não quero que fique pensando isso, que saia daqui assim...

– Eu amo você, Paula... Eu sempre amei, mesmo com todas as burradas que cometi. Meu jeito é torto, mas meu amor sempre foi imenso, diferente do jeito que amei qualquer outra mulher...- se vira e sai do escritório.

Vitor passa pela sala, mas não olha para o lado. Vai para o quarto de Vitória e pede para Lucy arrumá-la para sair.

– Paula irá?

– Não Lucy...- coloca uma fralda da filha na bolsa. Levo isso? - levanta uma pomada.

– Leve sim, estou passando para evitar assadura...

– Ok...- guarda.

– Aqui está sua mocinha...- entrega Vitória.

– Vem, meu amor...- sorri, a pegando. Vamos passear! - ela sorri para ele.

– Ela adora você! - sorriem. É tão bonito ver essa relação...

– E eu a amo! - beija Vitória. Dê tchau para tia Lucy...- riem quando ela obedece.

Vitor sai do quarto e Paula o aguarda na sala junto da mãe, irmão e prima.

– Vitor...- vai até ele.

– Sim? Pegue minhas chaves no meu bolso, não consigo pegar nada!

– Aqui...- pega e entrega.

– Mais tarde voltaremos...

– Tudo bem...- se entristece.

Vão até o lado exterior da casa e ela o ajuda a colocar Vitória na cadeirinha.

– Tome cuidado...

– Tomarei!

– Posso esperar que venha para o jantar?

– Claro...- entra no carro.

– Pensei que podíamos fazer algo diferente...- vai até a janela.

– Diferente como? - coloca a chave na direção.

– Por meu irmão estar aqui... Um jantar em família.

– Ah... Tudo bem, pode fazer. - liga o carro. Tchau...- a beija rapidamente e sai.

Ela retorna para a casa e avisa sobre o jantar, cabisbaixa.

– Está tudo bem?

– Sim...- sorri forçosamente.

– A gente sabe que não... Deixe esse jantar para outro momento.

– Não! Será hoje... Nilmar, vou levar você para guardar suas coisas no quarto de hóspedes. Vamos...- saem.

– A mamãe está arrependida por ter dito aquelas coisas...

– Do que adianta isso agora? O problema é que tudo reflete na minha relação com ele.

– Logo vocês estarão bem! - entram no quarto. Ual! Que quarto...- admira.

– Gostou!? - sorri.

– É mais bonito que o meu! - deita na cama.

– Não exagera...- puxa a bolsa dele.

– Mamãe disse que a noite essa casa faz muito barulho! - Paula ri quando ele fala.

– Fique despreocupado... É Vitor!

– Mas... Ela não me falou que é Vitor... E sim, Vitor e Paula!

– Que besteira! - riem.

– Se está fazendo barulho, é porque está bom... Não há problema!

– Me respeite! - riem.

– Adoro sua casa... É acolhedora, é imensa... Você já havia pensado que teria uma casa assim?

– Não...- se senta na cama.

– Quem paga todas as despesas?

– Vitor...- arruma um travesseiro.

– Ele paga tudo? Absolutamente tudo?

– Desde funcionários aos sucos de Vitória...

– Imaginei... Porque desde que casou não faz mais retiradas.

– Ah...- se vira para ele. Por falar nisso, depois me mande o extrato da conta?

– Mando sim... Pensei que Vitor ia querer cuidar do seu dinheiro.

– Não! Ele não cuida nem do dele... Odeia parte empresarial de tudo.

– E quem cuida?

– Eu!

– Você cuida de todo o dinheiro dele?

– É... Na verdade, é uma longa história.

– Me conte...

– Ele tem quem cuide no banco, uma pessoa responsável só pela administração do dinheiro dele. Mas, quando nos casamos ele fez um contrato e eu assinei, sem ler, de que eu quem coordenaria todos os bens e a aplicação do dinheiro.

– Pera aí... Por mais que ele seja dono, é você quem cuide?

– Exato... Óbvio que ele sabe cada passo do dinheiro dele, eu nunca opinei em nada. Apenas autorizo e assino tudo que o banco envia.

– Ele não te deixa pagar as despesas...

– Não... Se dependesse dele eu não pagaria nada meu.

– Você sabe o quanto ele tem em conta?

– No Brasil sim, mas nunca quis saber do exterior...

– Como assim? Paula... Eu nunca imaginei que ele tivesse tanto dinheiro.

– Ninguém imagina! - se levanta. Vitor sempre levou uma vida simples, nunca gastou com coisas desnecessárias...

– Mesmo assim!

– É... Ela não deixa transparecer. Ele ganha muito com direitos autorais... Quando digo muito, é muito além do que podemos pensar!

– Nós mesmos pagávamos uma pancada para ele, até ele se negar a receber seu e no fim, ficou tudo entre os dois.

– Pois é...- abre as cortinas.

– O admiro por ser tão simples...

– Eu também! - sorri.

– Ele é controlador com o dinheiro?

– Não...- escora na janela. Pelo contrário... Mas, também não exageramos em nada. O que não precisamos, não temos! Meu único problema com Vitor é em relação a Vitória...

– Por que? - vai até ela.

– Ele fala muito sobre ensinarmos ela a saber o valor de tudo, mas ele é quem mais abre a mão em relação a ela.

– É a única filha...

– Por isso eu tenho medo!

– É linda a vista daqui! - olha pela janela.

– Essa fazenda é toda linda! - sorri.

– Ele já a tinha, né?

– Já... Mas, nem usava.

– Desperdício!

– Claro que não! Ele estava aguardando nos casarmos...

– Ah... Então tá né...- riem.

– Enfim... Se quiser andar a cavalo, pescar, correr, ir à academia fique à vontade. O banheiro é aquela porta e pode usar a banheira, sem problemas! Só não demore demais no banho, para não gastarmos tanta água e energia. - o beija na bochecha.

– Ok... Vir para sua casa é um tipo SPA!

– Você realmente exagera! - ri. E ah... Tire aquele carro da minha grama! Tem um garagem ao fundo, guarde lá! Estarei por aí, qualquer coisa que precisar me chame ou fale com alguém... Tchau...- sai.

Paula vai para seu quarto, deita-se em sua cama e pega o tablet, para organizar o jantar de mais tarde. Resolve ligar para Vitor...

– Oi... Já chegou?

– Estou chegando...

– Então ligo quando chegar...

– Não, estou pelo viva voz do carro. Algum problema?

– Nenhum... Só queria te pedir para trazer sua mãe para o jantar.

– Você falou com a sua mãe?

– É... Nem temos o que falar... Mas, está tudo bem!

– Entendi...

– O que Vivi está fazendo?

– Dormiu assistindo aos desenhos dela.

– Meu Deus...- ri. Vou desligar para não te atrapalhar, não demore muito na cidade.

– Quer algo daqui?

– Quero sim... Me traga aquelas balas da Erlan, estou morrendo de vontade.

– Está bem...

– Tchau...

– Tchau Pulinha...

– Eu te amo, Vitor!

– Eu sei...

Ela desliga e coloca o celular contra o peito, respirando fundo e desejando que toda maré de azar fosse para longe da vida deles. Vitor chega a casa de Marisa, tira a filha do carro ainda dormindo e entra...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Não ficou um dos melhores, mas logo tentarei recompensar a falta. Por falar em capítulos melhores, comentem, mandem mensagem, façam como possível me dizendo qual o capítulo predileto de vocês! Não deixem de fazer isso... Gostaria muito de saber. Beijos ❤



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