12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 50
Capítulo 49




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Paula retorna do banheiro e seguem juntos para a área externa da casa. Monteiro não telefona e ela se preocupa, mas tenta não transparecer nada para Vitor, logo ele estaria aí. Diva prepara um café da tarde pros dois e leva até o jardim, onde observam Marisa, Dulce e Beatriz se divertirem com Vitória na piscina.

Mais três meses se passam, Vitor se recuperou muito bem, ainda sobre muitas discussões com Paula.. Prestaram depoimento e ajudaram as famílias dos assaltantes que faleceram, sem revelarem que eram eles quem estavam ajudando. Ambos já retornaram aos palcos, com Paula sofrendo dia após em dia sem a filha junto de si.

– Me falta um pedaço toda hora... Não vou me acostumar nunca? - limpa as lágrimas. Olha essa foto... - mostra. Minha pequeninha... Que saudade!

– Paula... - se aproxima. Hoje mesmo estamos voltando e você vai ver a Vivi e Vitor que inclusive já está lá!

– Eu sei... - tenta sorrir. Falei com ele há algumas horas... Estava com Vitória. - se emociona.

– Me dói te ver assim...

– É que é muito difícil...

– Daqui a alguns meses você se acostuma... Voltamos só faz uma semana! Tenha paciência...

– É que eu que cuido dela... Mesmo que Lucy estivesse ali, eu quem cuidava da minha filha. Fico pensando... Será que ela está comendo bem? Será que deram o bichinho predileto pra ela na hora do banho? Será que fizeram o suco dela com a medida certa de nutrientes que ela precisa? Será que...

– Paula! - a interrompe... Assim fica difícil! Não dá pra você ficar assim...

– Você quer que eu faça o que? - olha as fotos dela no celular. Essa coisinha pequenininha saiu de mim... É um pedacinho meu que cresceu tão rápido. Não me sinto boa mãe longe dela! - chora.

– Você é a melhor mãe... Vivi tem muito orgulho de você! Agora limpe essas lágrimas que já vamos decolar para você matar a saudade!

– É tão difícil isso...

– Sim, mas você sabia que seria assim... Agora vamos, pegue sua bolsa... Estou descendo, nos vemos lá embaixo. - sai.

Paula termina de organizar suas coisas e sai. Ao entrar no elevador, rumo ao hall do hotel, Vitor telefona.

– Oi Vi...

– Já está vindo?

– Estou descendo agora pra decolar...

– Certo, faça uma boa viagem!

– Amor, cadê a Vitória?

– Está aqui brincando... - sorri. Quando você chegar, temos uma surpresa!

– Surpresa? - ri enquanto sai do elevador.

– Sim!

– Oi... - sorri para alguns fãs.

– O que?

– Só um minuto... - posa para fotos, abaixando o celular. Como vão?

Conversa com alguns fãs que ali estavam e retoma o caminho rumo ao aeroporto.

– Pronto...- pega o celular. Vitor?

– Oi... O que houve? Vivi, não... - pega a filha.

– Me encontrei com alguns fãs. - escuta a filha gritar. O que está acontecendo? - ri.

– Ela quer pegar tudo... Se tiro, ela grita!

– Sim, ela está tão esperta, né?

– Está sim... - ri.

– Vitor... - olha no relógio. É hora do suco dela, já deram?

– A Lucy está preparando... Não se preocupe, estão cuidando muito bem dela.

– Mas, não é como eu cuido... - se entristece.

– Você é mãe, Paula... Ninguém vai amar, cuidar e proteger como você! Mas, estamos dando nosso melhor... Lucy é excelente e tem um carinho enorme pela nossa filha, além de paciência que é fundamental.

– Eu sei... Tivemos muita sorte com ela. Mas, é muito dolorido nossa filha não ter a nossa presença sempre!

– Estou fazendo o possível... Retornando para casa todos os dias que é possível!

– Sim, Vitor...

– A Vitória vai crescer sabendo que sempre demos o nosso melhor!

– É tudo que quero... - indicam para ela que já chegaram, sai do carro.

– Estou com saudades de você...

Paula sorri. Em meio a tudo que passam, Vitória sempre é o assunto principal, a preocupação principal e acabam deixando eles para os vagos momentos em que a filha dorme ou está com alguém. Ouvir ele falando dela, mesmo que uma palavra ou uma frase a fazia sentir viva, digna e em paz, segura pra enfrentar tudo.

– Eu também estou... Muitas saudades.

– Então vem logo...

– Estou indo! - entra no avião. Vou precisar desligar, vamos embarcar... Te amo muito!

– Nós também! Fala com a mamãe Vitória... - segura a filha no colo. Não... - ri puxando o celular dela. Bem... Você já sabe que ela está tentando comer o celular, então não vai dar muito certo. Te amo muito e estamos esperando por você!

– Beijos... - ri e desliga.

– O que foi?

– Vitória aprontando...

– Meu Deus... - riem.

Embarcam para Uberlândia, pousando cinquenta minutos depois. Vitor, sempre que retorna dos shows, dedica a maior parte de seu tempo para Vitória. Não deixa que um segundo a filha sinta a falta do carinho deles ou se sinta desprotegida sem os pais. Acompanha Lucy em tudo, mas faz questão de dar a comida, os lanches da tarde, o banho e levar para ver os bichos. Vitória amava os bichos da fazenda.

– Lucy...? - sussurra.

– Sim Vitor...

– Ela dormiu... - cobre a filha. Vou para o estúdio e qualquer coisa pode me chamar...

– Não se preocupe... - sorri.

– Até mais... - sai do quarto.

– Vitor... - vem de encontro a ele. Telefone parpa você no escritório...

– Obrigado Sol... - sorri.

Vai ao escritório e resolve pendências da dupla. Recolhe as canções da Paula que irá produzir e vai para o estúdio. Não demora muito e ela chega na fazenda.

– Obrigado Elias...

– Pode deixar que eu levo para senhora lá dentro... - carrega as malas.

– Está bem...

– A Cintia ficou na cidade?

– Ficou sim... - estranha a pergunta. Por que?

– Por nada... - entram.

– Pode deixar aqui...

– Tá certo... Qualquer coisa é só chamar!

– Está bem, obrigado. - sorri.

– Tchau... - sai.

– Tchau... - vai para a cozinha. Diva? Sol?

– Paula! - sorri.

– Oi Sol... - a cumprimenta.

– E como foi voltar aos shows?

– Energizante! Cadê meu bebê?

– Paula, faz algum tempinho que a casa está em silêncio... Não sei onde estão. - ri.

– Vou no quarto dela... - sai.

Paula vai até o quarto de Vitória e vê Lucy organizando algumas roupinhas dela.

– Oi... Está dormindo?

– Sim... - sorri.

– Ôh meu deusu... - a beija. Cresceu tanto... Ai Lucy que vontade de pegar ela, agora entendo o Vitor! E eu ficava brigando com ele para não acordá-la... - riem.

– Ele passou o dia com ela!

– É!? - sorri. Onde ele está?

– No estúdio...

– Vou lá e já retorno aqui... - observa mais uma vez a filha. Faz tempo que ela está dormindo?

– Um pouco...

– Então daqui a pouco ela acorda! - sorri. Vou lá... - se vira e sai rumo ao estúdio. Ao chegar vê Vitor sentado, escrevendo.

– Aqui... - fala sozinho, sem perceber ela ali.

Paula se aproxima da mesa, ele concentrado ainda não vê até que ela puxa caneta.

– Nossa... Nem me vê!

– Paula! - se levanta, a abraçando.

– Oi... - ri. Que saudade... - o beija.

– Eu também... - a olha. Muita saudade... - a segura, fazendo-a pular em seu colo.

– Cadê minha surpresa?

– Tem que esperar Vitória acordar... - a coloca encima da mesa, entrelaçado em suas pernas.

– Entendi... - olha ao redor. O que estava fazendo?

– Produzindo... - não tira os olhos dela.

– Então vai passar o resto da tarde aqui? - se entristece.

– Um pouco da noite e da madrugada também... - a acaricia.

– Que pena, também tinha uma surpresa pra você... - abre um dos botões da camiseta dele.

– Ah... - respira fundo fazendo careta. Tinha?

– É... - o empurra pra descer da mesa. Vou tomar um banho, me trocar e esperar Vivi acordar... Você ao menos pode jantar conosco?

– Paula, não fala como se eu não quisesse ficar com você... Estou trabalhando para você!

– E estou começando a me arrepender... - sai do estúdio.

Vitor respira fundo e continua a trabalhar, ceder as chantagens de Paula era um péssimo caminho. Sai do estúdio já é noite e ela está sentada na mesa da sala de refeições dando comida para Vitória que estava sentada em sua cadeirinha.

– Nhame! - ri. Tem que papar tudo...

– Já viu a surpresa? - se aproxima.

– Não... - o observa.

– Uai... - vai até Vitória. Mostra pra mamãe filha, aaaa... - abre a boca dela. Meu primeiro dentinho está nascendo...

– AAAA! - se levanta. DEIXA A MAMÃE VER! - se aproxima dela. Como não vi antes?

– Está nascendo ainda...

– Meu amô tá "quecendo"... - beija ela. Deixa a mamãe ver de novo! - abre a boca da filha que reclama.

– Rápido demais... - se senta. Eu não vou comer?

– Uai, achei que ficaria trabalhando... - volta ao seu lugar.

– Ao menos pra comer eu paro...

– Pra comer sim, pra mim...

– Não vamos começar uma discussão, né...

– Como quiser. - continua dando comida pra filha.

– Diva? - grita.

– Ela não está aí.

– Como assim?

– Eu dispensei ela e a Sol.

– Você sempre faz isso sem me perguntar! E se eu preciso de alguma delas?

– Que? - começa rir. Nem vou comentar...

– Tá... - se levanta.

– Espera... Separei sua comida, está no lugar de sempre.

– Perdi a fome! - sai.

Paula o observa sair, quieto e inflexível. Volta-se para a filha, afastando o mal estar que ficou entre ela o marido.

– Não quer mais, amor? - a limpa. Tem que papar mais um pouquinho... - insiste. Isso... "vrum..." - coloca a comida na boca dela. Oba... - sorri ao ver Vitória batendo palmas.

Termina de alimentar a bebê, organizando a bagunça e a leva para brincar no quarto. Recolhe os livros que Vitor comprou e se senta no chão para os ler para a filha...

– Quer esse? - Vitória pega os livros. Não filha... - os pega. Assim estraga... Olha que linda a princesa... - sorri e mostra pra ela.

O telefone toca e Paula corre para atender...

– Oi?

– Paula, é o Leo...

– Oi cunho...

–Oi... Vitor esta por aí?

– Está no estúdio.. Você parece apreensivo, tudo bem?

– É que tivemos um problema no estúdio daqui... Precisava que ele viesse pra resolvermos.

– Ah... Vou passar a ligação para o estúdio... - passa, desligando o telefone. Papai não pode ir... Vai deixar a gente aqui sozinhas? - respira fundo e volta pra filha. Quer levantar? - segura nas mãos dela. Isso... - ri. Logo, logo você já estará andando.

– Paula... - Vitor aparece no quarto minutos depois.

– Oi...

– Onde estão os documentos que te pedi para guardar?

– Na primeira gaveta... - indica. Você vai para cidade...?

– Não... Eles estão vindo para cá.

– Eles?

– Leo e alguns produtores.

– Esta hora?

– Você quer ficar aqui sozinha?

– Nossa Vitor... - o observa. Por que fala assim?

– Desculpa... Estou nervoso com todas essas coisas!

– Mas, não temos culpa... - segura a filha.

– Eu sei... Me perdoa. Onde estão minhas bebidas?

– Vão beber opu fazer reunião?

– Paula... - a fita.

– Eu não sei... E aaa... - adverte. Não quero charutos aqui dentro... Então se pensa nesse negócio, faça reunião lá fora!

– Não vou dizer nada... - respira fundo.

– É melhor...

– Quando eles chegarem, vou fazer a reunião na sala de refeições, então... - se aproxima e pega a filha. Se você estiver de camisola ou coisa assim, não fique passando por lá, tá...?

– Não gosto quando você começa com isso...

– Paula, só tem homens... Não é legal você ficar andando semi nua pela casa...

– Pela minha casa! - o interrompe.

– Desisto... O recado está dado.

– Não vou fazer isso... Mas, se eu precisar de algo não vou trocar de roupa para ir lá!

– Me grita que eu te trago...

– Me viro... - pega a filha dele.

– Paula, pare com isso...

– Estou muito chateada com você! - sai do quarto e ele a acompanha.

– Mas, eu preciso trabalhar...

– Tudo bem, tendo tempo para Vitória não posso reclamar.

– Também quero ter tempo pra você!

– O telefone... - diz pra ele. Está tocando, deve ser ra você...

– Vou atender... - beija a bebê e sai.

Vitória já demonstra cansaço, o que faz Paula banha-lá, colocando-a para dormir logo em seguida. Enquanto a filha adormece toma seu banho; retornando para o quarto onde não há nenhum sinal de Vitor. Resolve não incomodá-lo, os amigos já deveriam estar para chegar. Deita-se e logo adormece também. Durante a noite tem um pesadelo horrível, acordando assustada e indo até o berço ver se estava tudo bem com Vitória, que permanece dormindo.

– Nossa, já são 3:10H da manhã e Vitor não voltou... - sai do quarto rumo a cozinha beber água.

Sente medo de Vitor estar com os produtores na sala de refeições, mas precisa se acalmar e segue sem ouvir um ruído.

– Talvez estejam no escritório... - diz pra si mesma.

Ao chegar na cozinha, estavam todos reunidos envolta da mesa discutindo sobre um contrato; um deles a reconhece na porta e sorri.

– Como vai Paula?

– Bem... - sem outra alternativa acaba entrando.

– Que bom...

– Por favor, eu só vim beber água... Podem continuar.

Teme a reação de Vitor, já que saiu do quarto da maneira em que estava, assustada por conta do pesadelo.

– Teria levado para você... - se levanta e vai até ela.

– Pensei até que ninguém estava aqui, não ouvi nada... - vão para um lado onde ninguém os ouviria. Vitor, me desculpa... Eu juro que pensei que ninguém estava aqui. Tive um pesadelo e não tinha água no nosso quarto, só segui porque não ouvi ruído nenhum, pensei que estavam no escritório.

– Tudo bem... - diz calmamente. Você está bem?

– Sim... - respira aliviada. Foi só um pesadelo...

– Que pesadelo para te deixar assim?

– Com a Vitória...- pega a água.

– É até engraçado...

– O quê?

– A cara que te olharam. Você foi a distração em meio a tensão que estava ali...

– Me perdoa...

– Está tudo bem, Paula... Agora volta para o quarto e leve água.

– Você vai demorar? Não vou conseguir dormir...

– Não... Espero que não. - respira fundo.

– O que está havendo?

– O contrato do novo disco... Deu tudo errado e Leo está furioso!

– Estão todos ali de cabeça quente? - os olha.

– Fervendo... Por isso você foi uma distração.

– Fui uma distração pra você também? - se aproxima.

– Ainda está sendo... - a beija.

– Vai lá, volta logo para sua reunião! Vou precisar de você para dormir...

– Eu já irei... Estou exausto!

– VITOR? - Leo grita. Desculpa interromper aí, mas vamos terminar logo...

– Está vendo!?

– Vai... - arruma a blusa dele. Por que vieram para a cozinha?

– Queriam charutos...

– Nem falo nada...

– É melhor mesmo.

– VITOR? Vocês estão com algum problema?

– Não Leo! E fale baixo que minha filha está dormindo... - vai até onde possam o ver, puxando Paula. Minha esposa só veio beber água e eu estava a ajudando... - ele olha pra ela que não entende nada. Ela é linda, não é?

– A gente pode responder? - diz um dos produtores.

– Não!

– Imaginei...

– Tá bem... - Paula se solta dele rindo. Agora já vou, fiquem à vontade...

Sai envergonhada da cozinha, os deixando terminar os problemas. Ao retornar para o quarto, Vitória está acordada.

– Meu amor... Você acordou. - coloca a água na bancada e pega a filha. Que foi? - Vitória deita no ombro dela. Tá com soninho...? Nossa...

Paula coloca a mão sobre a filha que está com a temperatura elevada, a deixando preocupada.

– E seu pai que não termina aquilo logo... - vai até o quarto da filha. Vamos ver essa temperatura... Fica aqui que mamãe já pega... - a coloca no berço, o que não é uma boa ideia. Não minha filha... A mamãe tá aqui... - procura o termômetro. Calma Vivi...

Procura pelo termômetro e não o encontra, o que a deixa mais nervosa. Vitória não para de chorar, ela retorna e pega a filha novamente, indo em direção a cozinha.

– VITOR! - todos a olham.

– O que houve? - se levanta preocupado.

– Ela está com febre!

– Paulinha, febre é perigoso... - Leo se levanta.

– Acho melhor continuarmos isso em outro momento! - um dos produtores propõe.

– Sim, por favor... Me desculpem qualquer coisa.- Vitor pede. Paula, vamos para o hospital...

– A gente entra em contato depois! - diz Leo.

– Ela não quer parar de chorar, Vitor...

– Me dê ela... - a pega. Vá se trocar que vamos levá-la...

Paula se arruma ao mesmo tempo que os produtores saem, restando só Leo que os acompanharia. Retorna a sala onde estão aguardando; Vitor ainda tentando distrair Vitória que não parava de chorar.

– Vamos! Vem com a mamãe... - a pega. Pega sua chave, está no lugar de sempre, vou esperar no carro.

Vitor arruma suas coisas e pega as chaves; minutos depois já estão na estrada.

– Calma meu bebê... - coloca a mão na filha.

– Ela começou chorar de uma hora para outra, Vitor... Ela sempre faz isso!

– Ela estava tão bem hoje pela tarde... - olha para ela. Já estamos chegando Vivi...

– Shiu... - a segura sobre si, balançando. Calma...

– Onde vamos?

– Para a clínica do Ricardo!

– Paula, são 3:20h da manhã.

– Vitor... - começa a se desesperar. Vamos então até o hospital onde ele atende... Onde a Vitória nasceu. Não sei, faz alguma coisa!

– Calma Paula! - olha para Vitória. Ela vai ficar bem! Já chegaremos...

Vitor tenta não demonstrar que também está se desesperando. Leo segue logo atrás e minutos depois chegam ao hospital.

– Vamos... - retiram o cinto e saem. Quer me dar ela?

– Não... Tudo bem, leva a bolsa. - entrega pra ele.

– Vem...

– E Leo?

– Passou direto, foi pra casa... Ele só veio nos acompanhando com o carro. Besteira dele...

Entram no hospital e perguntam sobre Ricardo e Carolina. A recepcionista encaminham eles até a ala em que atendem.

– Dra. Carolina foi avisada, está à caminho.

– Obrigado...

– Ela acalmou... - sentam-se.

– Sim... Ainda bem.

– Me dê ela um pouco. - a pega. A febre não passou...

– Não... Estou preocupada.

– Não podemos nos desesperar...

– Olá família linda... - Carolina chega. O que houve com essa pequena?

– Oi Dra. - se levantam. Ela está com febre e não parava de chorar...

– Vamos entrar pra descobrir o que está incomodando... - abre a porta. Vem com a titia... - tenta pegar, mas ela se vira. Não? Tudo bem... - ri. Senta aqui papai com ela... - arruma a maca. Vamos lá... - a examina. Os dentinhos estão nascendo! - sorri, colocando o termômetro.

– Sim, na última consulta falamos sobre isso... Eu pensei que nasceriam mais tarde!

– Isso é muito relativo, Paula... Uns nascem mais cedo, outros mais tarde, assim como te expliquei. - sorri.

– A febre... - se aproxima. Começou de uma hora para outra! Aliás, ela tem chorado de um hora para outra de uma maneira inconsolável...

– Sim... - respira fundo. Não precisem ficar preocupados! Isso é normal... Anormal seria se ela não chorasse. A gengiva dela está bem irritada e isso está a incomodando muito...

– Ela estava um pouquinho irritada há alguns dias...

– Isso... Eles ficam estressados, querem morder tudo! E esse estresse é responsável por baixar a imunidade... Não é a questão de nascer dentes que causa a febre, mas sim a irritação que os deixam nervosos, vulneráveis, mais propícios a febre, a infecções... Coisas do tipo.

– Sim... O choro é por conta disso também?

– O choro é uma maneira de chamar atenção a algo que esteja ocorrendo com ela. Ela quer colo, quer dizer que está com dorzinha, fome... É normal.

– Entendi... Então, tudo bem?

– Tudo ótimo! A febre vai baixar, não se preocupe. Talvez nos próximos dias ela ainda continue assim... Um pouco mais irritada, um pouco menos, vai variando. É possível estimular a dentição dela aliviando a irritação com mordedores... Eu indico sempre aqueles que vão ao refrigerador porque ficam geladinhos e eles se acalmam. Assim como a alimentação, dêem coisas geladinhas quando verem que ela está muito irritada!

– Certo... Existe alguma pomada que podemos passar?

– Existe Paula, mas não indico. Quando espalha a pomada na gengiva, ela vai para garganta através da saliva podendo anestesiar e causar um mal estar na criança que não vai sentir o que engolir, podendo se engasgar. É óbvio que, se nada funcionar para aliviar eu vou medicá-la com algo, mas faço em último caso. Vocês podem, depois de higienizar o dedo, passar ele sobre a gengiva inchada até ouvirem um barulhinho de fricção... Isso vai distrair o bebê além de causar alívio. São coisas básicas, de curto tempo de duração, mas o bebê agradece!

– Tudo bem... - sorriem.

– Ela já está virando, né?

– Já sim! Não para mais quieta...

– Acabou o sossego papais... - ri. Tomem muito cuidado, ok!? Não deixem ela em lugares altos. É uma fase muito gostosa, eles querem chamar atenção com barulho, querem pegar tudo! Ela já ouve e vê bem, por isso é importante conversar com ela, imitar as palavras que ela diz, pra estimular a fala... Já lêem pra Vitória?

– Sim... - sorri. Vitor já lê pra ela desde os três meses...

– Isso é muito importante! Estou feliz com vocês, para papais de primeira viagem se saem muito bem. - riem. Aqui está alguns medicamentos para último caso... Último mesmo, somente se a febre permanecer por essa noite. Sabem que sou muito natureba, não gosto que minhas pacientes se encham de remédios... Prefiro os métodos mais naturais. Ao chegarem em casa, dêem um banho nela e a coloquem para dormir prestando sempre atenção, ok?

– Ok...

– Pode descer, Vitor... - os ajuda. Ela já está com soninho... - passa a mão no cabelo de Vitória. Que cabelos mais lindos... - ri e olha pra Paula. Meu Deus...

– E amanhã será o primeiro dia que irá cortar... - sorri. Ou melhor, hoje! - ri.

– Tem que vir aqui para tia ver o resultado... Paula, - retira o termômetro da bebê. A febre baixou! Faça o que falei que amanhã ela já estará livre disso. - sorri.

– Tudo bem...

– Qualquer coisa me telefone ou venha até aqui, não estando eu, estará Ricardo!

– Está bem... - sorri.

– Muito obrigado Carolina...

– É um prazer... - os cumprimentam, levando-os até a saída.

Resolvem o pagamento da consulta e seguem para o carro.

– Coloque ela na cadeirinha Vi...

– Tá bem. Ela já está quase dormindo... - a coloca, prendendo os cintos.

– Sim, por isso... - entra.

– Pronto. - fecha a porta de Vitória e entra no motorista. Vamos pra nossa casinha...

– Vamos... - sorri. Aiai... - suspira. Ainda bem que está tudo bem!

– Sim... - liga o carro e sai.

– Você está cansando, né!? Se quiser eu dirijo...

– Não, está tudo bem.

– Vi, amanhã a Vitória vai cortar o cabelo no Rildo.

– Guarda o que cortar.

– Guardar cabelo?

– Uai, sim. Guarda o cabelinho dela, pra depois ela ver...

– Você tem umas ideias... - ri. Mas, tudo bem! Você vai conosco?

– Que horas vai ser?

– Às 10H. Depois podemos almoçar na sua mãe... Ou no Leo.

– Ok... Me acorde.

– Tá... - sorri. Já dormiu, Vi... - olha para trás.

– Ela estava com sono, só estava irritada.

– É... - se vira. Você realmente não ficou irritado por eu aparecer na cozinha?

– Não...

– Pensei que estavam no escritório.

– Quiseram alguns charutos, então os levei para cozinha.

– Entendi. Tinha acabado a água do nosso quarto, por isso fui.

– Elogiaram sua camisola.

– Assim você me deixa mal...

– Eu concordei dizendo que aquela era a mais comportada que você tinha.

– Seu babaca! - ri. Credo Vitor, vocês ficam falando sobre mulheres?

– Nossa, falo A você já vem com Z.

– Só tenho curiosidade para saber o que conversam.

– Você fala sobre homens?

– Claro que falo!

– O que você fala sobre homens?

– Isso eu não posso falar. - ri.

– Pois é, também não posso!

– Mas, você vai... - olha pra ele.

– Se eu falar, você fala?

– Falo.

– Então tá...

– Diga!

– Falamos sobre serem bonitas, eles falam com quem saíram, ás vezes falando como foi, como a mulher agiu.

– Eles?

– É... Por que eu vou falar o que?

– De mim.

– Não estou saindo com você, estou casado.

– Mas, quando saiu... Você falou de mim?

– Claro que não! Está maluca? Nunca que eu ia falar que estava saindo com você.

– Por que?

– Porque nossa história é totalmente diferente, e eu não ia entregar meu ouro ali numa mesa para ser discutido com um bando de bêbados fumantes.

– Vocês são estranhos... Falam e escondem.

– Aprenda uma coisa sobre o universo masculino... Nós iremos falar das peguetes, das fixas jamais!

– Você fala de peguete? - bate nele.

– Aí Paula! - reclama. Sua doida! Eu falava, hoje não falo mais... Só ouço.

– Você deixou falarem da minha camisola...

– Você apareceu lá, foi inevitável. Mas, se você não dá motivos, nem um A eles podem comentar sobre seus atributos.

– Hum... Sei.

– É diferente, Paula...

– Diferente?

– Eu sei quando um homem fala te desejando ou quando apenas estão brincando comigo, como fizeram. A falta de respeito é a mesma, eu confesso... Me sinto mal por isso. Mas, a maneira de lidar com ela é diferente! Sei que eles jamais te olhariam, porque são meus amigos... Já olharam, mas hoje você tem meu nome. Se por acaso voltarem a olhar de maneira grosseira, não chegarão perto de mim e muito menos de você.

– Você brinca com a mulher deles?

– Não... Cada um tem um jeito. Olha, esquece... Você não vai entender! Agora me diz, o que vocês falam sobre homens?

– Da bunda, da perna, da educação. Tá bem longe do que vocês falam!

– Se você sai com alguém, não fala como foi?

– Sim...

– Então é a mesma coisa!

– Não, somos mais sutis em certos detalhes.

– Mas fala a mesma coisa!

– Não, você também não entende.

– Você já falou de mim?

– Não e sim... É que as coisas entre a gente sempre foi debaixo dos panos, né? Então não dava pra falar pras amigas. Mas, depois que assumimos, falei sim.

– Falou o que?

– Segredo.

– Nada disso, não temos segredos um com o outro!

– Não mesmo?

– Não!

– Podemos ser extremamente sinceros?

– Podemos.

– Então vou começar minha sessão de perguntas...

– Meu Deus, morro pela minha própria boca!

– Agora não vale voltar atrás!

– Tudo bem, mas eu começo! Quero saber o que falou de mim...

– Ah Vitor... Seu jeito de me amar, só isso. Foi uma conversa informal e eu comentei! Satisfeito?

– Isso é tão importante?

– Isso é extremamente importante pra mim. Pra você não é diferente o jeito que a gente se ama pro jeito que tínhamos relações com outras pessoas?

– Sim, mas nunca falei disso com ninguém... Até porque é óbvio.

– Pros homens é óbvio... Para as mulheres não. Para nós as sensações são mais intensas, a nossa manifestação disso tudo é outra. O prazer não é só um bichinho desconhecido pra gente, é realmente uma realidade quando tem amor, mas é amor de verdade mesmo pra fazer de qualquer toque algo de outro mundo! Entendeu?

– Entendi... - sorri pra ela. Realmente pra homem é muito mais simples quando não se tem amor! Quando se tem a gente é homem de verdade, só um bicho saciando um certo tipo de necessidade.

– Pois é... Por isso é importante.

– E você sente tudo isso comigo?

– Só com você.

– Também sou homem com você.

– Eu sei.

– Nossa Paula... Tudo que digo você já sabe!

– Sei mesmo! - olha pra ele. Agora é minha vez...

– Lá vem...

– Vou te dar um desconto, porque está cansado...

– Obrgado!

– Alguma vez você já sentiu desejo por outra mulher estando comigo?

– O quê? - olha pra ela. Isso era o desconto? Por favor... - se volta para a estrada.

– Vitor...

– Paula já deu, né?

– Só queria saber. Não vejo mal nisso...

– Refaça a pergunta da maneira correta... Que tipo de desejo?

– Então você já sentiu algo por outra mulher....

– Não! Não é nada disso... - ficam em silêncio, até que Vitor o corta. Já fui provocado... Mas, não é nada assim...

– Por quem?

– Pela Erica.

– Quando?

– Pra que falarmos disso? Eu amo..

– Quando? - o interrompe.

– Naquela vez ainda...

– Que você a demitiu?

– Sim...

– Então você a demitiu por isso?

– NÃO! - se exalta. Olha... Vamos parar por aqui

– Você sentiu desejo por ela?

– Não, não senti desejo por ela... Foi só um momento que... Paula, Isso não é sentir desejo.

– Por que não me falou nada antes?

– Porque era irrelevante. Ela me provocou na época, fazendo insinuações, me tocou e quando ela fez isso pedi que ela descesse do carro! Já estava saturado por tudo e foi só um momento idiota...

– Se não fosse por mim, você teria cedido?

– Claro que não, Paula! Independente de qualquer coisa eu não sairia com ela por nada...

– E se fosse outra pessoa? - se chateia. Não... Prefiro não saber. - se vira, olhando para janela.

– Paula... Não aja assim. Não tem nada ver isso aqui conosco... Quantas vezes eu vou precisar te dizer que só tem você para mim? Mesmo que inúmeras outras pessoas, eu irei só olhar para você...

– Tudo bem... - respira fundo.

– Desisto...

– Você se lembra do que te falei quando fui embora de São Paulo? Quando nos dispusemos a ficar juntos novamente?

Continua...


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Notas finais do capítulo

Continua no próximo, com flashback :*



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