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Capítulo 43
Capítulo 43




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Paula retorna ao escritório com Dulce e Cintia, ligam para a Jeito de Mato e preparam o contrato de Vitor. A tarde passa rápido e quando chega a noite, eles começam a se preparar para o jantar...

– Vitor já se arrumou?

– Já... Está te esperando na sala.

– Ajude mamãe cuidar, dela... ok!? Lucy tirou folga. Não esqueça de me telefonar pra qualquer coisa! Chego antes da próxima mamada dela. - a beija. Tchau meu amor, mamãe já volta.

– Está bem, não se preocupe.

– Certo... Estou bem!? - ri.

– Está linda... - sorri. Agora vai antes que Vitor se revolte...

– Sim! Tchau...

– Até!

Paula vai até a sala onde Dulce e Vitor a aguarda mexendo em seu celular.

– O quê está mexendo aí?

– Que linda! Só estava tirando uma selfie minha pra você.

– Mais besta, impossível. - riem. Mãe, Cintia está com Vitória no quarto.

– Tudo bem, daqui a pouco irei pra lá.

– Já expliquei tudo pra ela, me liguem qualquer coisa.

– Está bem... Agora vai. - a beija. Tchau...

– Beijos... Vitor!?

– Você viu onde está a chave do meu carro!? - grita da cozinha.

– Ah não Vitor! - vai até ele. Por que você não é menos bagunceiro com suas coisas!?

– Uai, eu tenho culpa? Não sei onde está, eu coloquei aqui Paula. - bate no balcão.

– Olha aqui... - levanta a chave. Vamos!

– Não é do meu carro, é do seu.

– Não vou perder tempo brigando com você sobre sua falta de cuidado. Vamos logo!

– Eu dirijo.

– Está bem, mas vamos...

– Vou pegar meu celular.

– VITOR! Está aqui... Vamos logo!

– Pra que pressa, bicho!?

– Bicho é seu cavalo, vamos... - sai da casa. Vai buscar o carro que espero aqui.

Vitor busca o carro de Paula e eles saem rumo ao restaurante na cidade. Durante o caminho, Paula demonstra a empolgação por Vitor agora trabalhar com ela e ele conta sobre a semana tribulada de trabalho que teve.

– Vamos lançar um novo CD, em breve...

– E você só me diz agora?

– Não tive tempo, amor.

– Você nunca tem tempo pra me falar suas coisas, incrível né!? - ironiza.

– Porque temos coisas mais relevantes pra conversar... - coloca a mão nela.

– Presta atenção na estrada.

– Eu estou... Liga pro Bambola e confirma.

– O quê? Você não confirmou que iríamos? Vitor eu... Não aguento você, me estressa com essa lerdeza.

– Estava brincando... - ri. Claro que confirmei, conheço o chefe, ele é ótimo...

– Quem você não conhece aqui?

– Muita gente. O Barolo é um restaurante que frequento há muito tempo... É muito familiar, harmônico e, por isso, conheci várias pessoas que lá trabalham.

– Não dá pra se jantar sozinho lá, né!?

– Não... - ri. Ia com minha família!

– Hum... - ironiza.

– Paula... - olha pra ela.

– Oi!? - se vira pra ele.

– Deixe seu celular ali. - aponta.

– Vitor, preciso saber da Vitória.

– Dulce e Cintia irão ligar para o meu. Paula, você não larga disso...

– Desculpe... Fico preocupada. Mas, se vão ligar pra você, eu desligo e guardo.

– Tudo bem.

– Amor, é... - pensa se deveria falar.

– O quê!?

– Sobre mostrar a Vitória.

– Ah... - respira fundo. Pode escolher alguma revista, algum meio pra darmos uma matéria.

– Posso!?

– Vou fazer o que, né!? Um dia ela terá que aparecer! Mesmo eu não aprovando a ideia.

– Vitor... Temos que fazer isso, em algum momento. Tá bem? - o beija.

– Tá né... Chegamos! - vira o carro e estaciona. Pronto, ah... - segura Paula. A reserva está em seu nome, pegue seus documentos.

– Certo. - Retiram o cinto e saem.

Em alguns minutos já estão dentro do restaurante, lotado, aguardando a vez de serem levados para mesa reservada.

– Boa Noite! - sorri. Reserva em nome de quem!?

– Paula Fernandes Chaves.

– Só um minuto Sra. Chaves; seu documento. - o pega. Certo, por favor... - os acompanha. A primeira mesa, à esquerda, em frente a vidraça! - aponta. Tenham um bom jantar!

– Muito obrigado!

Caminham até a mesa.

– Por favor, Sra. Chaves! - Puxa a cadeira rindo.

– Muito obrigado, Sr. Chaves, pelo cavalheirismo. - sorri.

– Não foi nada! - senta-se e passa o sinal para o maître* que se aproxima. Posso indicar nosso prato!?

– Pode, vou confiar em você! - sorri.

– Boa Noite! - sorri. Como vai, Vitor!? Quanto tempo...

– Muito bem, Paulo... Te apresento a minha Paula. - sorri.

– Prazer, Sra.Chaves... - a cumprimenta.

– O prazer é todo meu... - sorri.

– No que posso ajudar vocês!? - entrega a cartela de vinhos e cardápio.

– Vou harmonizar hoje!

– Por favor... A entrada!?

– Camarão da baía com linguini fresco e azeite de oliva português, cortes de cima, ok!?

– Certo!

– Para beber, um champagne Cristal Louis Roederer Brut, 2002. - folhea o cardápio. De prato principal, um "Confit de Canard" com puré de batatas e maçã caramelizada, com um dos meus vinhos prediletos, "Domaine de la Romanée Conti" La Tâche, 2007. - sorri.

– Excelentes harmonizações, Vitor. Gostariam de pedir a sobremesa desde agora?

– Escolha, Pulinha. - passa o cardápio para ela.

– Petit Gâteau de goiabada com creme de queijo, Serra da Estrela.

– Harmonização!?

Paula olha para Vitor, sem muito entender. Ele sorri e responde...

– Champagne Jacques Selose Grand Cru “Contraste” Blanc de Blanc.

– Perfeito... Tenham uma boa noite. - se retira.

– Vitor... O que foi isso!?

– O que, amor!?

– Essas harmonizações, eu nem sabia o que fazer. - ri.

– Você vai adorar.

– Não dúvido disso... Mas, onde você aprendeu?

– Na França.

– Ah... Durante sua lua de mel com Claudia.

– Quero dizer, alguns pratos aprendi lá. Os vinhos foi lendo...

– Enfim, o importante é que me senti a mulher mais importante por ter um marido tão culto.

– E eu aqui me sentindo estranho...

– Por que!?

– Esses homens olhando pra cá. - sorri.

– Onde? - olha pros lados.

– Não olha, Paula.

– Uai, por que?

– Pra não permitir que eles continuem olhando.

– Que coisa mais besta... - respira fundo.

– Que esquisito... - Vitor olha pra entrada.

– Esquisito!? Só estão olhando. Deixem que olhem... É bom que vejam que estou acompanhada com você. - sorri e segura sua mão.

– Não é isso... - aperta a mão dela.

– Vitor... Você está gelado. - ri. Está tudo bem!?

– Aqueles homens da entrada...Não olha. - adverte.

– O que tem? Você está me assustando.

– Eles estavam atrás do nosso carro.

– Estavam vindo pra cá, como nós.

– É... - disfarça.

Vitor sente-se desconfortável, desconfiado com a maneira que aqueles homens olhavam pra sua mesa, mesmo depois de estarem na deles. Tenta não transparecer que ficou nervoso com a presença daquelas pessoas. Passam-se alguns minutos e a entrada chega.

– Muito obrigado Paulo...

– Fiquem à vontade. - se retira.

– Muito gentil...

– Extremamente, trabalha há muito tempo aqui.

– Que delícia... - experimenta. Tenho que beber pouco vinho... Gostou? - olha pra ele. Vitor?

– Oi... - olha pra ela que se vira na direção em que ele estava olhando.

– Meu amor, que homens são esses que te deixaram assim?

– Uns conhecidos, só estou observando se realmente são quem penso. - mente.

– Entendi. - sorri. Esse vinho é maravilhoso!

– Gostou? Fico feliz, depois pedimos pra nossa adega.

– Certo... Até porque agora não posso beber muito. - riem.

– Sim...

– Ah, não...! - respira fundo. Quem é aquele homem que está com ela?

– Com quem!? - limpa-se.

– Erica! Disfarçadamente, olhe para a entrada.

– Lucas, estava imaginando...

– Quem é Lucas?

– Meu sócio. Erica é esperta, Paula... Ela não sairia por menos e muito menos Lucas.

– Antes ele do que você.

– Como se eu quisesse... - ri.

– Já passei o recado pra ela.

– Não quero você se estressando por conta disso, muito menos dela. Não há nada que pensar sobre isso... Acho um absurdo ainda falarmos sobre.

– Eu sei... Só não quero nossa relação com esses fantasmas.

– Não há nada de fantasma nisso... Já conversamos sobre. Agora come...

– Sim... Será que vão nos ver aqui?

– Se verem vão querer desviar, Lucas não vai querer ser demitido.

– Como assim!?

– É proibido o relacionamento entre funcionários.

– Mas, ela foi demitida.

– Foi contrata hoje, pela manhã, novamente.

– Que ótimo...

Após a entrada conversam sobre a escolha da revista para apresentar Vitória. Não demora alguns minutos e o prato principal chega.

– Vou engordar tudo que estou tentando emagrecer!

– Você é linda.

– Aquele dia não consegui falar sobre o presente... Você é muito atencioso, Vitor.

– Hã!?

– As coisas foram tão corridas entre nós que nunca consegui deixar claro certas coisas...

– O que foi Pulinha?

– Você é muito importante pra mim! - segura a mão dele. Não consigo pensar que é só meu marido, sendo que se mostra sempre bem mais que isso. Parece que... - respira. Estive pensando em todos os momentos você esteve comigo, Vitor. Nos piores, principalmente. Você me aceitou mesmo eu também tendo errado e me perdido por certos caminhos, com pessoas que não me respeitavam como mulher. Você sempre junta meus cacos, faz por mim coisas que eu não paro pra pensar e quando penso, é indescritível. Você é atencioso com tudo que faço sem precisar ficar me dizendo toda hora... Eu te amo. Mesmo quando sou tão dura com você...

– Sua dureza nunca quis dizer que não me amasse.

– Mas, ás vezes penso só em mim sendo tão dependente de você que acabo não dizendo sempre tudo que quero.

– Não precisa se preocupar com ficar me dizendo... Agora coma, antes que esfrie.

– Está bem... Antes... - se levanta e vai até ele. Um beijinho... - o beija e retorna.

– Te amo... Sua maluca.

– Por você. Vamos comer...

– Vamos... - Vitor olha mais uma vez para os homens que o observam. Paula...

– Oi... Que delícia.

– Fica com meu celular... - entrega a ela. Depois vá até o banheiro e o guarde em um local que ninguém vai pegar em você.

– Que isso Vitor!? - ri. Está maluco!?

– Não amor... Faça isso depois, mais tarde eu te explico.

– Vitor agora não era um bom momento pra falar dessas coisas...

– Paula... Por favor, não estou falando sobre o que você está pensando. - ri. Faça o que peço e mais tarde te explico.

– Está bem, depois da sobremesa faço isso. Não pode ser na minha bolsa!?

– Não, amor... Coloca no sutiã, algum lugar.

– Não estou usando Vitor... Essa roupa não usa. Por que essa maluquice?

– Paula... - segura a mão dela. Faz isso sem ficar me perguntando... Depois, te explico.

– Você está me assustando...

– Não se assuste, Pulinha. Você vai guardar o meu e quando chegarmos no carro, guardarei o seu em mim.

– Mais maluquice ainda.

– Você quer guardar o seu? Daquele tamanho, onde você vai colocar!?

– Não é isso... Ai Vitor... Me irrita não saber o porquê das coisas.

– Você vai saber... Agora termine pra pedirmos logo a sobremesa e irmos.

– O quê foi Vitor!? Estava tudo bem...

– Ainda está. É que estou com pressa pra chegarmos em casa e ficarmos juntos... - mente.

– Certo... Vai com calma.

– Sim...

– Não fala de boca cheia! Você sabe tanta coisa, mas é um homem das cavernas pra outras! - ri.

– Desculpa...- riem.

Terminam o prato principal e a sobremesa chega. Assim que acabam o jantar, Paula se dirige até o banheiro para fazer o que Vitor pediu.

– Paulo... - chama o maître que está na mesa ao lado.

– Sim, Vitor... Algum problema!?

– A conta.

– Aqui está...

– Isso de ser tudo digital é um máximo.

– Facilitou nossa vida...

– Tudo pronto...

– Muito obrigado e volte logo!

– Paulo, espera...

– Sim...

– Aqueles homens, na mesa à frente... Você os conhece?

– Não... Achei muito estranho quando chegaram.

– Também já pediram a conta?

– Já... Acredito que estejam aqui apenas terminando o vinho.

– Obrigado...

– Vitor, você sabe que não posso falar nada sobre os clientes...

– Sei, meu amigo... E agradeço novamente. Fique despreocupado! - sorri.

– Obrigado... - se retira.

– Cheguei...

– Nem sente Pulinha, vamos...- se levanta.

– Está bem... - segura a mão dele e se retiram.

Passam pela mesa de Erica e Lucas que não sabe como agir ao ver o sócio. Vitor pisca pra eles e sai rindo da reação do colega de negócios. Enquanto aguardam o carro chegar com o manobrista, ele observa por todos os lados e Paula não entende, mas não quer questioná-lo.

– Entre...

– Vitor, está tudo bem?

– Sim... Me passe seu celular.

– Está ali... - aponta.

– Certo... - Vitor pega e coloca dentro da calça.

– Que isso!? Vitor... - ri.

– Vamos, agora. - colocam o cinto e partem.

– Você está correndo... Não precisa. Estava pensando que poderíamos parar em algum lugar antes de ir pra nossa casa... Temos tão pouco tempo juntos.

– Outro dia...

– Você de uma hora pra outra fica estranho, frio...

– Paula, estou dirigindo. Vamos entrar nesse atalho...

– Tem certeza que quer ir por aí!?

– Sim... - olha no retrovisor e percebe que o mesmo carro voltou os seguir. Está bem escondido o celular!?

– Está...

– Se segure... - acelera o carro. Paula, independente de qualquer coisa, NÃO FALE, NÃO REAJA.

– VITOR! Vai devagar... - se assusta. Por que está dizendo isso!?

– Por que... - solta o volante e puxa Paula pra si.

Um carro cruza a frente do carro deles. Inconsciente pisa no freio e batem a cabeça devido ao impacto. Os seis homens que estavam no restaurante descem do carro da frente rumo ao deles.

– Vitor... O que está acontecendo!? - chora.

– Me escuta... - coloca as mãos sobre o resto dela limpando o sangue. Eu amo você... Muito. Pense na nossa filha, não faça e nem fale nada!

– Vitor... - segura ele.

De maneira abrupta abrem a porta do carro.

– Desçam... Os dois!

– Aí... - grita enquanto um homem a puxa.

– Por favor, levem tudo... O carro, tudo que há dentro... Mas, deixem a gente.

– Quietos... Ajoelhe!

Vitor, um pouco tonto ainda do impacto, não entende corretamente o que dizem o que faz com que um dos caras que o segura bata a arma na cabeça dele para se ajoelhar.

– NÃO! - Paula grita.

– Você não entendeu ainda!? - tapam a boca dela.

– O quê fazemos com os dois...?

– Vocês sabem o que fazer com ele. Ela... Eu vou levar comigo.

– Levar!? Isso não estava combinado!

– Você quer que os deixemos um perto do outro!? Faça o que estou mandando... E você - olha pra Paula. Se ajoelha ali na frente do carro! - a empurra.

Paula tenta ir até Vitor, mas outro homem vem e puxa pra frente do carro.

– Você esta brincando com fogo... - Puxa o cabelo dela. AJOELHE AÍ!

– Tudo bem... - sente dificuldades pra respirar. Não faça nada conosco, por favor... - Implora chorando.

– VIRE ELA PRA CÁ! - com uma arma aponta pra Paula, falando. VOCÊ ESTÁ SENDO MUITO TEIMOSA! VAI VER O QUE ACONTECE COM GENTE QUE NOS PROVOCA! PODEM COMEÇAR! - grita.

Dois homens, de preto assim como os outros, começam a chutar Vitor. Paula se desespera, mas a cada vez que tenta se aproximar dele um outro homem a puxa pelo cabelo.

– PAREM! POR FAVOR... MEU DEUS! PAREM... ELE ESTÁ DESMAIADO, PAREM!

– CALA A BOCA! COLOQUEM ELA NO CARRO.

– NÃO! - a fazem levantar. MEU VITOR...

Jogam-a dentro do carro, amarrando suas mãos e pés e retornam pro lado de fora, permanecendo só um a vigiando.

– Moço...- sussurra sem forças. Por favor... Não faz isso. O que vão fazer com ele!? - chora.

– Fique quieta... Não quero matar ninguém.

– Eu... Vitor... VITOR!

– Não grita... Eles vão matar você se continuar gritando!

– Não me importa... - cada vez mais lágrimas caem. O que estão fazendo com ele já me mata... Ele não vai resistir... Meu Vitor não vai resistir!

– Eles não irão matá-lo...

– Batendo assim!? Meu Deus... Parem... - Implora.

– Por favor...

– Você já amou alguém? Vocês não amam ninguém... NINGUÉM!

– COLOQUEM UMA FITA NA BOCA DELA! - gritam. PODEM PARAR, COLOQUEM ELE NO CARRO.

Jogam Vitor, desmaiado e extremamente machucado dentro do carro ao lado de Paula que se desespera mais ainda ao vê-lo. Três assaltantes entram no carro e saem rumo ao centro da cidade. Seguindo eles vai o restante no carro de Paula.

– QUANDO CHEGARMOS NA CIDADE VOCÊ IRÁ FAZER UMA TRANSFERÊNCIA NO BANCO... SEU MARIDO ESTÁ AÍ PRA MOSTRAR O QUE VAI ACONTECER COM VOCÊ CASO QUEIRA REAGIR... MAS, VOCÊ DEVE SER INTELIGENTE.

– Eu não tenho acesso a conta...

– Como!? - sussurra um dos homens colocando uma das armas sobre Vitor. Você falou algo?

– Vou tentar... É que não sei.

– VOCÊ QUER BRINCAR COM A GENTE!?

– Não... - Chora.

– ENTÃO É MELHOR AGIR CORRETAMENTE.

Minutos depois chegam até uma agência do banco. Desamarram Paula e a fazem ir até o interior do local sob a tensão de uma arma sobre si e outra sobre o Vitor; levando de costas, virada para o marido para ver o que aconteceria com ele.

– Bem rápido! - ordena uns dos caras, escondendo a arma por conta das câmeras.

– Certo... - trêmula.

Paula lembra que Vitor não só passou os bens, mas também fez uma conta no nome dela. Como não havia muito tempo, não tinha tanto dinheiro ali quanto tinha em sua conta profissional, resolvendo então transferir daquela. Eles passam os dados da conta pra qual ela tem que transferir e assim ela faz...

– Pronto... Agora deixem a gente em paz.

– Vem... - puxa-a jogando novamente no carro.

– O carro vocês levam... - um dos homens pelo telefone. Eles a gente cuida! - desliga. Vai!

– O quê vocês vão fazer com nós? - passa a mão no Vitor que ainda está desmaiado.

– Levar vocês pra um lugar especial.

– Por favor... - Implora. Ele precisa de um médico! Deixem a gente em qualquer lugar, não iremos contar nada... Por favor...

– Cale a boca! - se vira pra trás e aponta a arma. Se você continuar falando, a situação vai piorar.

Em silêncio, Paula tenta se localizar, mas mal conhece Uberlândia, principalmente pela noite. Observa pela janela um lugar já distante da cidade e baldio... Eles param o carro.

– Desçam os dois! - sai do carro.

– Não fazem assim... - chora ao ver jogarem Vitor.

– Vamos... - puxam-a pra longe de Vitor.

– NÃO!

– QUIETA!

A jogam metros de distância de Vitor, em um matagal do qual ela desconhece. Sem poder agir, apenas reza para que nada façam de mais grave...

– AMARREM ELA!

– Por favor... Não consigo andar direito, nem falar... Estou desesperada. Não conheço esse lugar, não vou conseguir sair daqui.

– SÓ OS PÉS! Ela não vai sair daqui e se sair, vai demorar muito pra encontrar ajuda, será o nosso tempo. - conversam entre si.

– O quê vão fazer com Vitor? Por favor...

– VOCÊ ABUSA! - chutam-a.

Paula grita de dor e agora permanece ilesa no chão.

– Vamos! - saem a deixando sozinha ali.

Tenta controlar sua respiração e sua dor pra ouvir algo. Escuta batendo portas e uma coisa da qual jamais queria ouvir, o disparo de um arma... Nesse momento a dor é mais forte que qualquer outra que já tenha sentido na vida, como se um pedaço seu estivesse sendo arrancado da maneira mais cruel que existe. Por um minuto vê tudo acabado, perde o sentido, a respiração, como se o tiro tivesse acertado a si.

– VITOR...! - O grito mais longe e doloroso que deu na vida. Vitor... - controla a respiração. O celular! - lembra-se.

Se esforça pra levantar e pegar o celular dele dentro de si. Com as mãos livres, derramarra os pés, já marcados pela força e brutalidades dos assaltantes. Tenta ignorar a dor física que a faz cair a cada minuto pra suportar uma possível fratura.

– Leo! - resolve ligar pro cunhado. Atende... - Chora, deitada no chão revirando-se de dor.

– Vitor!? - atende.

– NÃO... A PAULA.

– Paulinha!? Por que está chorando?

– Leo... - Tenta reunir forças. Nós fomos assaltados, estou perdida em um lugar baldio e o Vitor está muito ferido em outro local que não sei onde é!

– MEU DEUS... ESPERA... TENTA ME DESCREVER O LOCAL!

– NÃO SEI LEO, ESTÁ ESCURO! Eu ouvi o barulho de um disparo... EU PRECISO VER O VITOR- se desespera.

– Não... Paula, isso não pode estar acontecendo! Com meu irmão, não... - Começa chorar.

– Leo, o que houve? - Tatianna se preocupa.

– Tati, ligue pra um hospital o mais rápido possível! Paulinha segura a linha... Tenta só me dizer o que vê em sua volta, de onde vocês saíram.

– Mato, só tem mato... Saímos da primeira agência, saindo da BR 365, a da nossa casa. Andamos uns 15 minutos em uns 80km, por aí... EU NÃO ME LEMBRO! FAZ ALGUMA COISA... PELO AMOR DE DEUS.

– Isso já ajuda... Vou te pedir uma coisa, agora! Sei que você deve estar muito machucada, mas quero que se esforce e vá procurar Vitor. Precisamos saber se o disparo foi... - não se contém.

– NÃO! - Paula grita. NÃO FOI... NÃO PODE TER SIDO!

– Não vai ser Paulinha... Não vai. Tenta se acalmar e faça o que estou pedindo, estou indo pra aí com uma ambulância! Por favor...

– Está bem... - Tenta se levantar novamente.

Em pé, Paula sente-se tonta, mas segue naquela escuridão, tentando recordar por onde a trouxeram. Não demora muito, consegue enxergar as luzes da estrada e vai em sentido a elas, observando os lados a procura de Vitor.

– Vitor... - chama. ME RESPONDE!

Paula escuta o barulho das folhas se mexendo e teme que alguns dos homens pode ter ficado ali. Permanece imóvel e em silêncio até perceber que não era barulho de alguém andando sobre as folhas, mas sim movendo-se sobre elas. Segue na direção em que ouve e encontra Vitor...

– VITOR... - Ajoelha-se, mexendo nele. Vitor... É sua Pulinha! - segura sua cabeça. Olha pra mim.... ACORDA! ACORDA VITOR... - se desespera. MEU DEUS... - olha pro céu. NÃO ME TIRE ELE ASSIM! POR FAVOR...

– Paula... - esforça-se, gemendo de dor.

– Vitor... Vitor, estou aqui... Estou aqui, meu amor... Aguenta firme, só mais um pouquinho, já vem vindo ajuda! Vitor, o tiro...

– Não...

– Não foi em você!? - Mexe nele, revirando-o e ele reclama de dor. Me desculpe... - sorri, aliviada. Vai ficar tudo bem, meu amor! Não foi em você o disparo... Vai ficar tudo bem!

– O quê fizeram com você!?

– Nada... Não se esforça Vitor, fica quietinho...

– Estou sentindo muito frio...

– Eu vou te esquentar... - coloca a cabeça dele sobre si e se curva nele. Vai ficar tudo bem... - sussurra tentando limpar o sangue da cabeça dele.

– Estou tonto... Não consigo te ver direito.

– Você vai ter muito tempo pra me ver... Agora, não se esforça... Por favor, faça o que estou pedindo.

Minutos depois Paula escuta carros chegarem e Leo gritar por ela. Responde o cunhado que chega no local em que estavam.

– O quê fizeram com vocês!? - Chora. Vitor... Meu irmão, nós vamos te tirar daqui!

– Você trouxe uma ambulância!?

– Sim, vou chamá-los...

Enfermeiros chegam e imobilizam Vitor, colocando-o em uma maca e levando até a ambulância. O mesmo fazem com Paula que não suporta mais a dor. À caminho do hospital ela tenta conversar com Vitor, mas ele não a responde, deixando-a mais nervosa e desesperada.

– Minha senhora, ele está desacordado. Está tendo lapsos... Você não conseguirá falar com ele agora.

– Mas, ele tá bem!? - Chora.

– Nós faremos de tudo, esteja certa disso.

Chegando ao hospital, Paula pede que a coloquem no mesmo quarto que o dele. Levam-o para uma sala distante e a atendem numa enfermaria.

– Nenhuma fratura... Isso é ótimo! - a avaliam.

– E essa dor!?

– Foi a pancada. Você tem um porte físico frágil, o impacto com o chão e com a maneira que te chutaram, acabaram ferindo... Mas, nada que quebrasse ou fraturasse algo.

– E o Vitor...? Me falem dele... - Implora.

– Ele teve algumas fraturas e o impacto na cabeça... - olham-se entre si. Enfim, ele ficará bem, já o levamos para o centro cirúrgico.

– Quanto tempo isso vai durar!?

– Não muito, logo ele estará no quarto com você e o médico irá te informar tudo.

Assim é feito, horas depois, sob o efeito de sedativos, Paula dorme, despertando com sua mãe já no quarto.

– Mãe...

– Paula... O que foi isso!? Meu Deus!

– Está tudo bem... O Leo te avisou!?

– Sim...

– E a Vitória? O que deram de comer a ela...?

– Somente o leite de compleento em uma dosagem maior... Ela está bem, filha. Tatianna foi cuidar dela com Cintia...

– Cadê o Vitor!? - olha ao lado. Por que ele não está aqui ainda!?

– O médico acabou de sair daqui, Vitor vem para o quarto daqui a pouco.

– Por que tiveram que levá-lo ao centro cirúrgico?

– Na verdade, não chegaram a levar... Haviam pensado que devido a fratura seria preciso. Mas, graças a Deus, não foi... O deixaram de observação devido ao...

– Ao...?

– Paula... O Vitor teve um traumatismo craniano leve. Ele perdeu a memória e estava inconsciente.

– Não! - chora. Ele falou comigo...

– São lapsos... Ele foi muito forte. Mas, agora já fizeram todos os procedimentos necessários e ele já virá pro quarto, ficará em observação até se recuperar totalmente. Já fui vê-lo e está tudo bem...

– Mãe... Fiquei com tanto medo de perdê-lo.

– Paula, vocês estão aqui e estão bem. Isso é o importante... - segura a mão dela.

– Com licença... - entram com a maca.

– Ele está bem!?

– Sim... Só está dormindo devido aos medicamentos, logo acordará.

– Olá...

– Ricardo...

– Diria que é bom te ver, senão fosse por essa situação.

– Digo o mesmo...

– Mas, vocês são muito fortes e tudo está sob controle, já conversei com o médico responsável.

– Esse traumatismo...

– É leve, só ficará em observação. Não se preocupe...

Paula conversa com Ricardo e o médico responsável que chega ao quarto minutos depois. Certufica-se de que tudo ficará bem e pede pra não falar ter que falar com o delegado ainda, que aguardem eles saírem e se recuperarem pra prestar queixa sobre o ocorrido. Marisa entra e permanecem somente os quatro ali, aguardando Vitor despertar; o que acaba ocorrendo somente na madrugada.

– Filho...

– Oi... - sorri.

– Meu amor... - se emociona. Está tudo bem, não se esforce... Vou avisar aos enfermeiros que você acordou.

– Paula...

– Estou aqui... - sorri. Está tudo bem...

– Não posso mexer a cabeça que ainda dói...

– Eu sei... Fique quietinho.

– Licença... - entra.

Uma enfermeira confere a pressão e aplica um outro medicamento em Vitor.

– Vai ajudar a eliminar a dor na cabeça. Não se esforce muito, você ainda está em observação... Qualquer coisa nos chame.

– Obrigado...

– Paula... - lê o prontuário dela. Você tem uma medicação daqui a pouco...

– Sim, será necessário? Estou bem.

– Sim... É preciso, pra termos um controle.

– Tudo bem...

– Já retorno...- sai.

– Você não deixa de ser teimosa, nunca?

– E você de encrencar comigo até nesse estado... - ri.

– Estou muito machucado, Pulinha? O meu rosto...

– Sua boca está um pouco inchada... E está tudo um pouco roxo. Nada demais, meu amor... Tudo vai passar logo.

– Você está machucada?

– Não.

– Desde quando você acha que consegue mentir pra mim?

– Desde agora.

– Estou vendo. O que fizeram?

– Não vamos falar disso... Não precisa.

– Precisa, eu quero saber...

– Só me puxaram com força e eu caí, daí me machuquei. - mente. Mas, nem fraturei nada!

– Eles te bateram...

– Não Vitor! Só me... Teve um momento que eu gritei e eles não gostaram, daí me chutaram.

– Tenho vontade de acabar com essa gente...!

– Não diga isso, nunca! Nunca mesmo... Não quero você com esses pensamentos, Vitor.

– É inadmissível... Nunca encostei o dedo em você, sempre te respeitei para vir uns caras e fazerem isso. O que eles pediram?

– Dinheiro. Me fizeram fazer uma transferência... Você já desconfiava, não era?

– Achei muito estranho aqueles homens nos seguindo... Por isso te pedi pra guardar o celular.

– Vamos ter que explicar tudo pro delegado...

– Ele já veio?

– Já... Mas, pedi que esperassem até nos recuperarmos.

– Nossa filha, com quem está?

– Tatianna e Cintia.

– Quero ir pra casa...

– Só depois que estiver totalmente bem...

– Dulce? Não consigo me mexer direito...

– Sim. Não tem problema, estou aqui...

– Obrigado! Minha mãe não voltou ainda?

– Não... Acho que foi tomar um café. Também irei... Qualquer coisa vocês apertem aí pra chamar os enfermeiros.

– Tudo bem...

– Até mais... - sai.

– Sozinhos?

– Sim... - Tenta se levantar e vai até ele. Oi...

– Você é teimosa...

– Estou bem... - passa a mão no rosto dele.

– Te amo. - beija a mão dela.

– Fiquei com medo de te perder...

– Estou aqui, pra encrencar com você ainda por muito tempo!

– Eu sei... É tudo que mais quero. - ri.

– Voltei... - entra. Mas, por que você levantou?

– Eu estou me sentindo bem, acho até desnecessário esses remédios todos.

– Já disse que é preciso pra termos controle... Agora sente-se, por favor.

Avalia Paula e lhe aplica a medicação.

– Se tudo correr bem, logo vocês terão alta. Precisam de repouso absoluto! Licença...

A enfermeira sai e Vitor, em poucos minutos, adormece novamente. Dulce e Marisa retornam para o quarto e conversam com Paula sobre o corrido. Quando o dia amanhece, Vitor já consegue se mover com mais facilidade e Paula se movimenta mais ainda. Ela logo recebe alta, mas ele precisará ficar no hospital por mais alguns dias...

CONTINUA


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